Além do yin-yang: Vale a pena deixar os fundos para investir em renda fixa?
Investidores de varejo e institucionais migraram centenas de bilhões em ativos mais arrojados para a renda fixa, o maior volume de saída da história do mercado de fundos

Um pouco de ciência, um pouco de arte.
O clichê acima é utilizado por muitos gestores de fundos para definir a atividade de cuidar do dinheiro de terceiros, talvez por trazer o conforto cognitivo para a crença de que é cientificamente possível bater o mercado, enquanto a natureza artística restringe essa conquista a poucos — vai saber.
Criação de novos fundos
Mas, entre a decisão de largar tudo para criar um fundo e o retorno final para o investidor, há muito mais do que supõe essa vã filosofia.
E os últimos 15 meses, desde o pico do Ibovespa em 130 mil pontos, têm sido uma lição desafiadora para as novas assets.
Investidores de varejo e institucionais migraram centenas de bilhões de ativos mais arrojados — incluindo fundos multimercados e de ações — para a renda fixa.
Embora menor nos últimos três meses, foi o maior volume de saída da história do nosso mercado de fundos, explicado tanto pelo tamanho do saldo investido anteriormente quanto pela velocidade com que saímos de 2% de Selic para algo próximo a 14%.
Desempenho dos fundos
Ao mesmo tempo, um segundo fator contribuiu para os fundos perderem ainda mais patrimônio: o desempenho negativo ou abaixo do esperado das principais classes de ativos no Brasil — prefixados, indexados à inflação, Bolsa, real.
Nos multimercados, ganharam dinheiro em 2022 até agora aqueles que apostaram no trio de aperto de condições monetárias formado por alta de juros nos EUA, queda da Bolsa americana e fortalecimento do dólar, além da tese de restrição de oferta em algumas commodities, como o petróleo — todas posições gringas.
Os patrimônios das assets
Os gestores de ações, brilhantes no longo prazo, mas com alocações estruturalmente menores nos setores financeiro e de commodities, maiores pesos no Ibovespa, têm ficado para trás do benchmark não apenas em 2022, mas em boa parte dos últimos dois anos.
Resultado: com menos dinheiro e menos desempenho, o patrimônio líquido de assets consolidadas se reduziu bastante e as novatas têm tido dificuldade para captar.
Menos receita e zero de bônus de performance é a fórmula ideal para mudanças na equipe ou na estrutura societária.
Em quais fundos investir?
Esse é o tema mais importante e que tem ocupado no mínimo 10 minutos de toda reunião com gestores de fundos da série Os Melhores Fundos de Investimento nos últimos meses.
Antes da ciência do processo, da arte de interpretar os sinais do mercado, do desempenho no ano e de posições para o futuro, é a sobrevivência do negócio que nos importa.
Temos recomendado a saída de alguns fundos que perderam, de algum modo, a vantagem competitiva que tinham no longo prazo ou que passaram por mudança de controle relevante, alterando o objeto da análise.
No “flight to quality” em fundos, vale concentrar nos maiores, com estruturas mais parrudas e consistência de retornos no longo prazo.
A simplicidade é a maior das sofisticações na hora de investir
Para a tristeza dos estudiosos das Finanças, num daqueles paradoxos do conhecimento, quanto mais nos aprofundamos, parece que cavamos cada vez mais no subterrâneo
Marcas da independência: Vitreo agora é Empiricus Investimentos
Com a mudança de nome, colhemos todos os benefícios de uma marca única, com brand equity reconhecido e benefícios diretos, imediatos e tangíveis ao investidor
Rodolfo Amstalden: Encaro quase como um hedge
Tenho pensado cada vez mais na importância de buscar atividades que proporcionem feedbacks rápidos e causais. Elas nos ajudam a preservar um bom grau de sanidade
Complacência: Entenda por que é melhor investir em ativos de risco brasileiros do que em bolsa norte-americana
Uma das facetas da complacência é a tendência a evitar conflitos e valorizar uma postura pacifista, num momento de remilitarização do mundo, o que pode ser enaltecido agora
Rodolfo Amstalden: O elogio que nem minha mãe me fez
Em mercados descontados que ainda carregam grandes downside risks, ganha-se e perde-se muito no intraday, mas nada acontece no dia após dia
Degrau por degrau: Confira a estratégia de investimento dos grandes ganhadores de dinheiro da bolsa
Embora a ganância nos atraia para a possibilidade de ganhos rápidos e fáceis, a realidade é que quem ganha dinheiro com ações o fez degrau por degrau
Blood bath and beyond: Entenda o banho de sangue dos mercados financeiros — e as oportunidades para o Brasil
Michael Hartnett, do Bank of America Merrill Lynch, alerta para um possível otimismo exagerado e prematuro sobre o fim da subida da taxa básica de juro nos EUA; saiba mais
Você está disposto a assumir riscos para atingir seus sonhos e ter retornos acima da média?
Para Howard Marks, você não pode esperar retornos acima da média se você não fizer apostas ativas. Porém, se suas apostas ativas também estiverem erradas, seus retornos serão abaixo da média
Rodolfo Amstalden: Qual é o mundo que nos aguarda logo à frente?
O mercado inteiro fala de inflação, e com motivos; afinal, precisamos sobreviver aos problemas de curto prazo. Confira as lições e debates trazidos por John Keynes
Novas energias para seu portfólio: Conheça o setor que pode impedir a Europa de congelar — e salvar sua carteira
Para aqueles que querem apostar no segmento de energia nuclear, responsável por 10% da energia do mundo, é interessante diversificar uma pequena parcela do capital
Leia Também
-
A polarização do mercado financeiro, criptomoedas fecham semana no vermelho e outros destaques
-
Day trade na B3: Oportunidade de lucro de mais de 7,5% com ações da JHSF (JHSF3); confira a recomendação
-
No balanço das horas: Payroll, eleições e mais... Confira as notícias que movimentam os mercados e mexem com seus investimentos hoje