🔴 ONDE INVESTIR 2º SEMESTRE – QUAIS AS RECOMENDAÇÕES PARA RENDA FIXA E DIVIDENDOS? ACOMPANHE OS PAINÉIS DO 2º DIA

Será possível retornar à era de ouro dos grandes fundos de ações?

O jogo está estruturalmente mais difícil, por conta da maior competição, das restrições impostas pelo tamanho e pela menor assimetria de informação

25 de julho de 2022
11:47
investimentos
Imagem: Shutterstock

Antes de partirmos para o assunto do dia propriamente dito, precisamos falar de Previdência. 

Se você conversar com qualquer private banker ou gestor de grandes fortunas, ele vai falar da importância desse segmento, falar de suas vantagens tributárias e sucessórias, da evolução do nicho nos últimos anos e da existência de excelentes oportunidades de investimento, para você, seus filhos e netos. 

Patrimônio em previdência

Há uma espécie de regra de bolso dentro do “high net worth" ou no mesmo no “ultra high” (famílias super-ricas) em prol da alocação de cerca de 10% do patrimônio em previdência.

Ainda assim, quando observamos de maneira objetiva os dados, vemos as famílias brasileiras com baixa alocação em Prev. 

Talvez ainda pior, boa parte do dinheiro desse segmento está destinado a fundos ruins, com taxas exorbitantes, gestão pouco eficiente e resultados fracos. 

Semana da previdência

O que acontece? Ontem, fiz uma conversa rápida e efetiva com o Bruno Mérola sobre o tema. Caso você não tenha visto, fica aqui o convite.

Leia Também

O papo representa uma espécie de abertura da Semana da Previdência, em que estamos muito dedicados a estimular o importante (e necessário!) investimento nessa categoria, a partir de um esforço educacional profundo e do oferecimento de vantagens destacadas exclusivas para estes próximos dias.

Se essa pode ser considerada a segunda classe mais essencial para a construção de patrimônio, perdendo apenas para a urgente e impreterível reserva de emergência, havemos de dedicar-lhe a devida atenção.

É como se o futuro da sua família viesse pedir um carinho.

Feitos o preâmbulo e o convite, chegamos ao universo das ações.

Ações e um incômodo a perturbar

Uma dúvida tem me acompanhado nos últimos meses. Mais do que uma dúvida, um incômodo a me perturbar, como uma obsessão dificultando nosso sono, levando o pensamento a um ritmo acelerado demais para aquela hora da noite: 

“E se todos nós estivermos assentados sobre premissas erradas? E se nossas referências estiverem ultrapassadas? E se os ombros de gigantes sobre os quais nos apoiamos já não mais oferecem a capacidade de enxergar mais longe (esclarecimento: seja qual for a resposta, eles continuarão gigantes, sem perder sua genialidade e/ou sua importância histórica)? Será que estamos todos munidos de um mapa errado?”

O value investing brasileiro 

Deixe-me ser um pouco mais preciso. Em alguma medida, todos nós temos em Warren Buffett, Benjamin Graham e Charlie Munger uma espécie de alma mater. 

Toda a indústria de ações brasileira (e talvez mundial) de certa forma bebe desta fonte. 

Claro que devemos muito, especificamente, à Dynamo e à IP, porque sem eles nada disso seria possível. 

Daí derivam basicamente todas as ramificações do value investing brasileiro, com os devidos méritos e referências. Mas, no fundo, como esses também remetem ao trio original do value investing, é quase como se falássemos da mesma coisa. 

Gratidão e confidência

Como testemunho pessoal, eu mesmo devo gratidão, ainda que muitos deles sequer saibam, a essa turma. 

Em paralelo à leitura dos clássicos buffettianos, lia com especial interesse as cartas da Dynamo, da Fama, da Skopos; aqueles “performance attribution” da Verde, falando de Belgo, Sadia e tantos outros. 

Uma confidência: não fossem as geniais cartas da Galleas, em particular aquela com a foto do Gregori Perelman na capa sobre a conjectura de Poincaré (os bons de memória vão se lembrar!), talvez não estivéssemos aqui.

Conversas com financistas brasileiros

Quando a Bia, hoje COO da Empiricus, ia se formar em jornalismo na Cásper Líbero (entre as 12 faculdades que ela fez), conversamos sobre um possível tema para sua monografia. 

Minha sugestão foi uma seleção de entrevistas com os gestores de recursos brasileiros, à luz daquela brilhante série do José Márcio Rego: “Conversas com economistas brasileiros". 

Pela maré das circunstâncias, o belo trabalho acabou virando “Conversas com financistas brasileiros''. 

Ficou ótimo, mas ampliou um pouco mais o escopo. A ideia original permanecia lá. 

Anos depois, se transformou no livro “Conversas com gestores de ações brasileiros”, da Luciana Seabra. 

Era uma espécie de homenagem ou, quem sabe, pequena retribuição intelectual e literária aos grandes gestores locais, que, frise-se, são de classe mundial.

Outperformance dos fundos

Por anos e anos, esse pessoal ofereceu retornos espetaculares aos seus cotistas. E todos nós devemos deferências a essa turma. 

No entanto, e falo isso com uma mistura de interesse epistemológico e dor no coração, uma investigação mais profunda identifica uma mudança dessa outperformance típica desses fundos de altíssima qualidade. 

Alguns deles, talvez até a maioria, que continuam brilhantes e admiráveis, têm encontrado notáveis dificuldades em superar o seu benchmark

Se fosse algo de curto prazo, eu não me interessaria tanto pelo tema. Faz parte da própria natureza da coisa. 

Ocorre que, mesmo se estendermos o horizonte para três, quatro, seis anos, encontraremos a mesma conclusão.

Teriam esses gênios perdido seus superpoderes? Seria isso algo conjuntural ou estrutural? O que poderia explicar essa dinâmica?

Algumas hipóteses

Ofereço algumas hipóteses – e são mesmo hipóteses, que precisariam ser submetidas a uma avaliação científica e ao teste do tempo para se verificarem:

1. Tamanho: 

Esses fundos ficaram grandes demais. Uma coisa é gerir R$ 100 milhões. Outra, bem diferente, é tocar R$ 10 bilhões. 

A estratégia que fez o sucesso de muita gente no começo de suas gestoras não pode mais ser replicada com uma escala tão grande. 

Aquelas small caps que se multiplicavam por n vezes agora não cabem mais no portfólio. 

Ao menos, não naquela proporção original.

2. Qualidade do passivo: 

A proliferação das plataformas de investimento mudou a dinâmica do passivo de muita gente. 

Interessado num gordo rebate da taxa de performance, o agente autônomo enfiou no seu cliente um fundo que, muitas vezes, não combina com o perfil do investidor, que mal conhece o gestor em questão. 

Quando a maré baixa (e é justamente quando o gestor precisa de mais dinheiro), o cliente saca, muitas vezes, inclusive, estimulado pelo agente autônomo, porque a marca d’água está distante e o rebate da taxa de performance também. 

O gestor se vê obrigado a vender na hora ruim, gera pressão adicional sobre as próprias cotas, preocupa ainda mais o investidor, que volta a sacar. 

Inicia-se um ciclo vicioso.

3. Aumento da competição:

Lembra daquele discurso do Jeremy Irons no filme "Margin Call"? 

Embora os bons gestores de ações sejam brilhantes (como de fato são!), a verdade é que há muita gente brilhante por aí. 

Quando essa história começou, dava para amarrar cachorro com linguiça. 

Com um terminal Bloomberg à sua frente e dois estagiários do ITA, todo mundo é inteligente. 

A assimetria de informação é muito menor e fica bem mais difícil gerar alpha.

4. Faltam opções: 

Hoje existem mais gestoras do que boas ações para comprar. 

Por mais que o mercado brasileiro tenha se sofisticado e ganhado alternativas, o universo de ações passíveis de investimento pelos fundos maiores é restrito. 

Os portfólios terminam muito parecidos. Todo mundo compra mais ou menos a mesma coisa. 

Com variações do mesmo tema sem sair do tom, compram-se Natura, Lojas Renner, Localiza, Hapvida, Magazine Luiza, Raia, Weg… vem uma onda de resgates na indústria e todo mundo é empurrado a vender as mesmas coisas. 

Bom, deu no que deu.

5. Um ciclo ruim do quality:

Treinados em Warren Buffett e Charlie Munger, toda essa turma carrega um peso grande nas chamadas “ações de qualidade”. 

Sólidas vantagens competitivas de longo prazo, marca forte, bom management, margens altas, alto retorno sobre o capital investido, altas barreiras à entrada. Por aí vai. 

Dada sua excelência operacional e o bom crescimento dos lucros por ação no longo prazo típicos dessa seleção, ela normalmente negocia com múltiplos bem altos, em especial num mercado que, como vimos, carece de muitas opções. 

Então, chega um ciclo de aumento de taxas de juro e a turma do quality, tradicionalmente mais cara, sofre mais, em especial na comparação com o Ibovespa, muito pesado em bancos e commodities, de múltiplos mais baixos, geração de caixa no presente e menos afetados pelo ciclo de alta dos juros. 

As grandes dificuldades

Em resumo, se o quality voltar a performar bem e o ciclo de alta de juros estiver mesmo perto do fim, talvez possamos ver a volta da era de ouro dos grandes fundos de ações. 

Contudo, o jogo está estruturalmente mais difícil, por conta da maior competição, das restrições impostas pelo tamanho e pela menor assimetria de informação.

A escola buffettiana continua precisa em sua ideia central de que o bom investidor contempla diferenças entre preço e valor intrínseco, calculado com a devida margem de segurança.

A grande dificuldade está na implementação, na execução e na adaptação ao respectivo mercado. 

Se as coisas mudam…

Talvez, no Brasil, as grandes vantagens competitivas estruturais estão nos nomes típicos de quality, mas nas commodities e na histórica vocação agrícola. 

Ou talvez estejamos observando o que aconteceu nos EUA há pouco mais de uma década, quando os grandes hedge funds foram perdendo espaço para os ETFs e para os ilíquidos – não à toa, cada vez mais vemos os grandes gestores de ações locais avançarem sobre o private equity e o venture capital

Talvez, por fim, seja o caso de ainda haver grama verde entre as empresas menores listadas, não penetradas pelos grandes institucionais pelo problema do tamanho. 

Aqui, possivelmente, ainda haja alguma ineficiência.

Se as coisas mudam, eu mudo – e você?

COMPARTILHAR

Whatsapp Linkedin Telegram
EXILE ON WALL STREET

Rodolfo Amstalden: O elogio que nem minha mãe me fez

25 de agosto de 2022 - 12:02

Em mercados descontados que ainda carregam grandes downside risks, ganha-se e perde-se muito no intraday, mas nada acontece no dia após dia

EXILE ON WALL STREET

Degrau por degrau: Confira a estratégia de investimento dos grandes ganhadores de dinheiro da bolsa

24 de agosto de 2022 - 13:57

Embora a ganância nos atraia para a possibilidade de ganhos rápidos e fáceis, a realidade é que quem ganha dinheiro com ações o fez degrau por degrau

EXILE ON WALL STREET

Blood bath and beyond: Entenda o banho de sangue dos mercados financeiros — e as oportunidades para o Brasil

22 de agosto de 2022 - 12:25

Michael Hartnett, do Bank of America Merrill Lynch, alerta para um possível otimismo exagerado e prematuro sobre o fim da subida da taxa básica de juro nos EUA; saiba mais

EXILE ON WALL STREET

Você está disposto a assumir riscos para atingir seus sonhos e ter retornos acima da média?

19 de agosto de 2022 - 13:50

Para Howard Marks, você não pode esperar retornos acima da média se você não fizer apostas ativas. Porém, se suas apostas ativas também estiverem erradas, seus retornos serão abaixo da média

EXILE ON WALL STREET

Rodolfo Amstalden: Qual é o mundo que nos aguarda logo à frente?

18 de agosto de 2022 - 11:45

O mercado inteiro fala de inflação, e com motivos; afinal, precisamos sobreviver aos problemas de curto prazo. Confira as lições e debates trazidos por John Keynes

EXILE ON WALL STREET

Novas energias para seu portfólio: Conheça o setor que pode impedir a Europa de congelar — e salvar sua carteira

17 de agosto de 2022 - 12:55

Para aqueles que querem apostar no segmento de energia nuclear, responsável por 10% da energia do mundo, é interessante diversificar uma pequena parcela do capital

EDUCAÇÃO FINANCEIRA

Está na hora de você virar um investidor qualificado

16 de agosto de 2022 - 15:03

No longo prazo, produtos de investimento qualificado podem ter uma rentabilidade média maior e permitem maior diversificação

EXILE ON WALL STREET

É melhor investir em bolsa ou em renda fixa no atual momento dos mercados financeiros?

15 de agosto de 2022 - 12:39

A resposta continuará sendo uma carteira devidamente diversificada, com proteções e sob a âncora de valuations suficientemente descontados

EXILE ON WALL STREET

Rodolfo Amstalden: Foi tudo graças à peak inflation

11 de agosto de 2022 - 11:07

Imagine dois financistas sentados em um bar. Um desses sujeitos é religioso, enquanto o outro é ateu. Eles discutem sobre a eventual existência de bull markets

EXILE ON WALL STREET

Beta, e depois alpha: Saiba por que você precisa saber analisar a temporada de balanços antes de montar sua carteira

8 de agosto de 2022 - 12:38

Depois de muito tempo de narrativas sobre juros, inflação e recessão, talvez estejamos entrando num momento em que os resultados individuais voltam a ser relevantes

EXILE ON WALL STREET

Rodolfo Amstalden: Uma ideia de research jamais poderá salvar sua alma

4 de agosto de 2022 - 11:15

Venho escrevendo relatórios de research há quase 15 anos, e ainda não aprendi uma lição: a de que não é possível alcançar consolo para os nossos lutos através da explicação

EXILE ON WALL STREET

Más notícias virando boas notícias? Saiba como queda no PIB dos EUA pode beneficiar seus investimentos

3 de agosto de 2022 - 13:14

Investidores enxergaram nesse dado ruim a possibilidade de o Fed reduzir o aperto monetário. Desde então, os índices americanos valorizaram mais de 10%. Mas será que é para ficar animado?

EXILE ON WALL STREET

Felipe Miranda: Dez lições de um fracassado

2 de agosto de 2022 - 13:10

Após escrever um best-seller sobre o sucesso, hoje resolvi falar sobre o fracasso. Confira uma dezena de coisas que muito possivelmente você não vai ouvir por aí

Educação formal

Por que uma certificação ainda vale muito para trabalhar no mercado financeiro

31 de julho de 2022 - 12:15

Longe de mim desmerecer o conhecimento empírico, mas ter um certificado que comprove a sua expertise ainda é fundamental no mundo dos investimentos

EXILE ON WALL STREET

O que é preciso para alcançar os melhores resultados em investimentos

29 de julho de 2022 - 12:55

Os melhores resultados não costumam vir das nossas melhores intenções, mas das melhores leituras de cenário.

EXILE ON WALL STREET

Rodolfo Amstalden: Como se não bastasse, a crise hídrica nas bolsas mundiais voltou

28 de julho de 2022 - 12:30

O Ibovespa rompeu a barreira dos 100 mil pontos 8 vezes desde junho, sem sair do lugar, e os investidores estão perdendo dinheiro com tantos pregões que não levam a lugar nenhum

EXILE ON WALL STREET

Como lidar com o desconhecido? Saiba como analisar os cenários no mundo e encontrar oportunidades de investimento

27 de julho de 2022 - 12:32

Minha sugestão é a diversificação de seu portfólio de investimentos e a ampliação do seu horizonte temporal para se apropriar dos diversos prêmios de risco ao longo do tempo

EXILE ON WALL STREET

E o Oscar de melhor fundo no curto prazo vai para…

22 de julho de 2022 - 13:26

Nas crises, o investidor inteligente é aquele que sobrevive. Para isso, deve-se preferir a consistência de bons retornos à raridade de desempenhos excepcionais

EXILE ON WALL STREET

Rodolfo Amstalden: Nasci 300 mil anos atrás, sou quase um bebê

21 de julho de 2022 - 11:03

Somos mais frágeis do que gostaríamos de admitir. Mas, se tomássemos em plena conta essa fragilidade, faltaria confiança para seguirmos adiante

EXILE ON WALL STREET

Entrelaçados: Conheça dois ativos para ter na carteira diante da escalada dos juros no mundo e uma possível recessão global

20 de julho de 2022 - 13:32

Com um mundo cada vez mais entrelaçado, não adianta pensar apenas localmente — especialmente quando o assunto é investimentos

Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Fechar