O quebra-cabeça dos investimentos em fundos: saiba como desenvolver as melhores estratégias
Tarefas complexas exigem níveis elevados de processo e estratégia, assim como a análise de fundos, uma vez que esse tipo de investimento é a metamorfose ambulante do mercado
Se você me visitasse em casa quando eu era criança, certamente encontraria um quebra-cabeça sendo montado. Meu irmão, minha mãe e eu adorávamos montá-los.
Lembro-me como se fosse hoje: o despertador nos acordava bem cedo para ir para a escola e aqueles que ficavam prontos primeiro faziam bom uso desse tempo debruçados sobre as pecinhas espalhadas na mesa.
A força-tarefa continuava após o jantar, com minha mãe dedicada às peças enquanto assistia — ou melhor, ouvia — à televisão junto ao meu pai, e meu irmão e eu nos revezávamos jogando no computador e a ajudando.
Tarefas complexas e estratégias
Pouco mais de uma década no futuro, pelo menos dois anos antes da pandemia, me recordo vividamente da felicidade de minha mãe ao ser surpreendida com minha prima nos visitando e deixando em casa um quebra-cabeças de 6.000 peças.
Com mais de um metro e meio de largura e um de comprimento, a complexidade alcançava novos patamares. Começar pelas beiradas se torna obrigatório, e separar as peças em diferentes caixas de acordo com suas características, como cores, se faz essencial para a sanidade do indivíduo.
Tarefas complexas exigem níveis elevados de processo e estratégia e, dentre estas, incluo a análise de fundos.
Leia Também
Análise de fundos e quebra-cabeças
Cada gestora tem uma história, cultura, estrutura operacional e societária, processos, filosofia de investimento, estilo de gestão, políticas de risco e, o mais importante, o trabalho em equipe das pessoas envolvidas.
Todos esses aspectos precisam estar em harmonia com a estrutura do fundo e seu mandato.
Por melhores que sejam as características qualitativas acima, de nada servem caso a gestão não consiga entregar uma boa performance.
Esse retorno não deve ser analisado de qualquer forma, sendo necessária uma análise do cenário no qual foi obtido e uma comparação relativa com seu benchmark e seus pares da indústria.
Organização e lógica em fundos
Tanto o quebra-cabeças como a análise têm como pré-requisito que as peças sejam organizadas e alocadas seguindo uma ordem lógica. Por exemplo, você não monta um quebra-cabeça partindo do centro, e sim pelas laterais.
Já em fundos, não adianta analisar o retorno sem antes entender o estilo do gestor e a sua proposta.
Se você entra em uma corretora e encontra um fundo com ótima performance chamado XPTO FIC Multimercado Crédito Privado, qual é a primeira coisa que lhe vem à mente sobre sua estratégia?
Que ele opera juros, moedas, renda variável e crédito? Se sim, quanto em cada tipo de estratégia e qual a sua especialidade? Ou seria um fundo dedicado apenas a crédito? Se sim, novamente, qual a sua especialidade ou estratégia dentro de crédito?
Os vieses dos fundos multimercados
Um nome gera mais perguntas do que respostas e pode muitas vezes ser ilusório. Talvez seja por isso que os multimercados possam causar alguma confusão entre os investidores.
Afinal, o nome multimercado remete a um fundo que pode ganhar em qualquer mercado, mas as pessoas esquecem que, dependendo das liberdades dadas a esse fundo e da estratégia empregada pela gestão, cada multimercado pode ter um viés diferente, tendo mais facilidade de ganhar mais ou menos retorno em um tipo de cenário ou mercado específico.
Ibiuna Hedge STH
Por exemplo, o Ibiuna Hedge STH FIC Multimercado possui gestores excepcionais em juros e câmbio, renda variável e crédito.
Apesar dessa diversidade, uma análise mais profunda vai te mostrar que a equipe tem um leve viés para estratégias de juros e câmbio, afinal, seus dois gestores principais e sócios-fundadores foram ex-diretores do Banco Central e são especialistas em ciclos de política monetária no Brasil e no mundo.
Occam Retorno Absoluto
Em contrapartida, temos o exemplo do Occam Retorno Absoluto FIC Multimercado.
Mesma classe, porém com viés de renda variável devido ao longo histórico do gestor na classe e por dois terços do fundo serem dedicados a posições long & short (compradas e vendidas) em ações.
Análise de estratégia
Nada em seus nomes deixa óbvio a diferença existente entre as filosofias de gestão e seus vieses. Por isso, é necessária uma análise mais detalhada e assertiva acerca da estratégia do fundo.
Todo esse processo é um pouco proibitivo para o investidor comum fazer sozinho.
Você até consegue usar os materiais gratuitos existentes por aí, mas estes estariam te entregando informações pertinentes para sua tomada de decisão?
Mais ainda, eles conseguem te fornecer um acompanhamento adequado?
O serviço ideal
O serviço ideal que você procura é o de alguém que explora todo o mercado, faz a montagem do quebra-cabeça de cada fundo, seleciona e te apresenta os que se destacam, explicando os detalhes pertinentes para a sua tomada de decisão.
Não só isso, esse serviço precisa te oferecer um acompanhamento contínuo, afinal, fundos são a metamorfose ambulante do mundo dos investimentos: “Se hoje eu te odeio, amanhã lhe tenho amor”. Raul Seixas não poderia estar mais correto.
Hoje, um fundo pode ter uma imagem de respeito e admiração, mas amanhã, devido a uma mudança na gestora, no fundo ou, principalmente, na equipe, essa imagem pode se tornar completamente contrária à visão anterior.
Quem monta o quebra-cabeça somos nós
Em casa, minha prima levou o quebra-cabeça, mas fomos nós que montamos.
Analogamente, nós da equipe dos Melhores Fundos nos dedicamos diariamente a decifrar esse quebra-cabeça do mercado de fundos de investimento, com diligência e entusiasmo para trazer as melhores recomendações para nossos assinantes.
Você não precisa dedicar horas da sua vida para esse tipo de análise e, na minha opinião, não deveria investir em fundos sem entender o que fazem.
Neste jogo, nós fazemos o trabalho árduo e você pode ser o nosso convidado de honra.
Um grande abraço,
Bruno Marchesano
Leia também:
- Falha no ethereum (ETH) tira ânimo do mercado e bitcoin (BTC) deve fechar semana no vermelho enquanto criptomoedas vivem ‘má fase’
- O Japão finalmente está vivendo com um pouco de inflação ‒ mas talvez ela tenha vindo na hora errada
- A kryptonita de Paulo Guedes: “superministério” é ameaçado pela promessa de recriação de mais uma pasta
Economista revela o que espera para a Selic em 2025, e ações ligadas à inteligência artificial sofrem lá fora; veja o que mais mexe com o mercado hoje
Ibovespa renovou recorde antes de decisão do Copom, que deve manter a taxa básica de juros em 15% ao ano, e economista da Galapagos acredita que há espaço para cortes em dezembro; investidores acompanham ações de empresas de tecnologia e temporada de balanços
O segredo do Copom, o reinado do Itaú e o que mais movimenta o seu bolso hoje
O mercado acredita que o Banco Central irá manter a taxa Selic em 15% ao ano, mas estará atento à comunicação do banco sobre o início do ciclo de cortes; o Itaú irá divulgar seus resultados depois do fechamento e é uma das ações campeãs para o mês de novembro
Política monetária não cede, e fiscal não ajuda: o que resta ao Copom é a comunicação
Mesmo com a inflação em desaceleração, o mercado segue conservador em relação aos juros. Essa preferência traz um recado claro: o problema deriva da falta de credibilidade fiscal
Tony Volpon: Inteligência artificial — Party like it’s 1998
Estamos vivendo uma bolha tecnológica. Muitos investimentos serão mais direcionados, mas isso acontece em qualquer revolução tecnológica.
Manter o carro na pista: a lição do rebalanceamento de carteira, mesmo para os fundos imobiliários
Assim como um carro precisa de alinhamento, sua carteira também precisa de ajustes para seguir firme na estrada dos investimentos
Petrobras (PETR4) pode surpreender com até R$ 10 bilhões em dividendos, Vale divulgou resultados, e o que mais mexe com seu bolso hoje
A petroleira divulgou bons números de produção do 3° trimestre, e há espaço para dividendos bilionários; a Vale também divulgou lucro acima do projetado, e mercado ainda digere encontro de Trump e Xi
Dividendos na casa de R$ 10 bilhões? Mesmo depois de uma ótima prévia, a Petrobras (PETR4) pode surpreender o mercado
A visão positiva não vem apenas da prévia do terceiro trimestre — na verdade, o mercado pode estar subestimando o potencial de produção da companhia nos próximos anos, e olha que eu nem estou considerando a Margem Equatorial
Vale puxa ferro, Trump se reúne com Xi, e bolsa bateu recordes: veja o que esperar do mercado hoje
A mineradora divulga seus resultados hoje depois do fechamento do mercado; analistas também digerem encontro entre os presidentes dos EUA e da China, fala do presidente do Fed sobre juros e recordes na bolsa brasileira
Rodolfo Amstalden: O silêncio entre as notas
Vácuos acumulados funcionaram de maneira exemplar para apaziguar o ambiente doméstico, reforçando o contexto para um ciclo confiável de queda de juros a partir de 2026
A corrida para investir em ouro, o resultado surpreendente do Santander, e o que mais mexe com os mercados hoje
Especialistas avaliam os investimentos em ouro depois do apetite dos bancos centrais por aumentar suas reservas no metal, e resultado do Santander Brasil veio acima das expectativas; veja o que mais vai afetar a bolsa hoje
O que a motosserra de Milei significa para a América Latina, e o que mais mexe com seu bolso hoje
A Argentina surpreendeu nesta semana ao dar vitória ao partido do presidente Milei nas eleições legislativas; resultado pode ser sinal de uma mudança política em rumo na América Latina, mais liberal e pró-mercado
A maré liberal avança: Milei consolida poder e reacende o espírito pró-mercado na América do Sul
Mais do que um evento isolado, o avanço de Milei se insere em um movimento mais amplo de realinhamento político na região
Os balanços dos bancos vêm aí, e mercado quer saber se BB pode cair mais; veja o que mais mexe com a bolsa hoje
Santander e Bradesco divulgam resultados nesta semana, e mercado aguarda números do BB para saber se há um alçapão no fundo do poço
Só um susto: as ações desta small cap foram do céu ao inferno e voltaram em 3 dias, mas este analista vê motivos para otimismo
Entenda o que aconteceu com os papéis da Desktop (DESK3) e por que eles ainda podem subir mais; veja ainda o que mexe com os mercados hoje
Por que o tombo de Desktop (DESK3) foi exagerado — e ainda vejo boas chances de o negócio com a Claro sair do papel
Nesta semana os acionistas tomaram um baita susto: as ações DESK3 desabaram 26% após a divulgação de um estudo da Anatel, sugerindo que a compra da Desktop pela Claro levaria a concentração de mercado para níveis “moderadamente elevados”. Eu discordo dessa interpretação, e mostro o motivo.
Títulos de Ambipar, Braskem e Raízen “foram de Americanas”? Como crises abalam mercado de crédito, e o que mais movimenta a bolsa hoje
Com crises das companhias, investir em títulos de dívidas de empresas ficou mais complexo; veja o que pode acontecer com quem mantém o título até o vencimento
Rodolfo Amstalden: As ações da Ambipar (AMBP3) e as ambivalências de uma participação cruzada
A ambição não funciona bem quando o assunto é ação, e o caso da Ambipar ensina muito sobre o momento de comprar e o de vender um ativo na bolsa
Caça ao Tesouro amaldiçoado? Saiba se Tesouro IPCA+ com taxa de 8% vale a pena e o que mais mexe com seu bolso hoje
Entenda os riscos de investir no título público cuja remuneração está nas máximas históricas e saiba quando rendem R$ 10 mil aplicados nesses papéis e levados ao vencimento
Crônica de uma tragédia anunciada: a recuperação judicial da Ambipar, a briga dos bancos pelo seu dinheiro e o que mexe com o mercado hoje
Empresa de gestão ambiental finalmente entra com pedido de reestruturação. Na reportagem especial de hoje, a estratégia dos bancões para atrair os clientes de alta renda
Entre o populismo e o colapso fiscal: Brasília segue improvisando com o dinheiro que não tem
O governo avança na implementação de programas com apelo eleitoral, reforçando a percepção de que o foco da política econômica começa a se deslocar para o calendário de 2026