Copa do Mundo e bolsa: a seleção ideal para a sua carteira de ações
Futebol e bolsa se confundem quando o assunto é composição de um elenco vencedor. Uma carteira de ações, assim como um time, somente será vencedora se conseguir atingir um equilíbrio.
Era domingo, dia 30 de junho de 2002. O país inteiro estava em festa, porque horas antes a seleção brasileira havia conquistado o seu quinto título mundial de futebol.
E foi em um dos vários programas de mesa-redonda esportivos que assisti naquele dia que eu aprendi uma das maiores lições sobre o mercado financeiro que teria na vida.
Em uma certa altura da discussão, os participantes tentavam eleger o "grande herói" do penta. Aquele que despontou como o maior responsável pelo título.
Ronaldo Fenômeno vencia com folga a votação, até que um dos comentaristas protestou: "Gente, eu me recuso a votar em um jogador. Não há sentido em tentar eleger um único herói. O Ronaldo pode até ser o melhor do time, mas 11 Ronaldos em campo não teriam vencido um jogo sequer".
A partir desse dia, comecei a enxergar o futebol de outra maneira.
Equilíbrio no futebol e na carteira de ações
O Ronaldo era indiscutivelmente um atacante genial, mas ele nunca precisou marcar, porque metade dos seus companheiros faziam isso por ele.
Leia Também
De Volta para o Futuro 2026: previsões, apostas e prováveis surpresas na economia, na bolsa e no dólar
Tony Volpon: Uma economia global de opostos
O Fenômeno podia ser a grande estrela naquela seleção ou em qualquer outro time que tenha jogado, mas ele nunca teria sido campeão de torneio algum sem companheiros que trouxessem equilíbrio defensivo ao time.
É interessante como futebol e bolsa se confundem quando o assunto é composição de um "elenco" vencedor. Uma carteira de ações, assim como um time de futebol, somente será vencedora se conseguir atingir um equilíbrio.
Uma parte do portfólio deve ser composta por papéis ofensivos, com beta elevado, e que pegam na veia a melhora das condições macroeconômicas. Nessa categoria estão empresas normalmente endividadas, com alto potencial de crescimento e que dependem fortemente da queda de juros e do crescimento da economia para verem seus resultados melhorarem.
Essas são as ações que se multiplicam por duas, quatro ou dez vezes quando as condições se tornam favoráveis (queda da Selic e crescimento do PIB). São exatamente essas as ações que mais vão ajudar a multiplicar o seu patrimônio no longo prazo.
Mas tem um grande problema. A esse maior potencial de valorização está associado um maior potencial de perdas também. Essas ações "ofensivas" são as que mais vão se desvalorizar caso o cenário piore.
Ataque…
Por exemplo, com a piora que temos observado nas condições de mercado nos últimos meses, a Cyrela (que depende bastante de uma economia forte e de taxas de juros baixas) despencou, enquanto a Hypera, do estável segmento farmacêutico, subiu.

As ações da Cyrela já chegaram a ser cotadas por preços quase 3 vezes maiores do que os atuais. E se as condições futuras voltarem a ficar favoráveis, com queda de juros e retomada da economia, CYRE3 pode voltar a tal patamar.
No entanto, se todos os "jogadores" da sua carteira fossem ações da Cyrela, você estaria enfrentando enormes perdas nas últimas semanas.
…e defesa
Por isso, todo bom portfólio precisa ter ações defensivas também. Aquelas que podem não ter um potencial de dobrar ou triplicar de valor em 12 meses, mas que são capazes de "aguentar o tranco" quando a situação piora.
A própria Hypera é um ótimo exemplo. Ela atua no setor farmacêutico, que depende pouco da economia e que tem crescido bem mais do que o PIB nos últimos 10 anos. A companhia gera bastante caixa, o que faz dela menos dependente da oscilação dos juros, e tem um pipeline extenso de lançamentos, que devem garantir um bom crescimento de receita para os próximos 5 anos.
Esse tipo de estabilidade de resultados faz com que as ações oscilem menos em períodos turbulentos, podendo até se valorizar em alguns casos, quando a procura por ativos defensivos cresce muito em um curto espaço de tempo.
Um rebanho de ações campeãs
Na série Vacas Leiteiras, montamos nosso portfólio pensando justamente nesse equilíbrio, o que tem nos ajudado bastante no ano de 2022, mesmo com toda a piora do sentimento que temos vivido nas últimas semanas.

Nesse rebanho campeão, a Hypera é titular absoluta da defesa, enquanto a Cyrela é a nossa atacante preferida. Mas nessa altura você já deve ter entendido que elas precisam uma da outra para que o investimento faça sentido.
Há outras peças importantes que compõem esse elenco, que vem superando com folga o Ibovespa em 2022. Se quiser conferir todas elas, deixo aqui o convite.
Um grande abraço e até a semana que vem!
Ruy
As vantagens da holding familiar para organizar a herança, a inflação nos EUA e o que mais afeta os mercados hoje
Pagar menos impostos e dividir os bens ainda em vida são algumas vantagens de organizar o patrimônio em uma holding. E não é só para os ricaços: veja os custos, as diferenças e se faz sentido para você
Rodolfo Amstalden: De Flávio Day a Flávio Daily…
Mesmo com a rejeição elevada, muito maior que a dos pares eventuais, a candidatura de Flávio Bolsonaro tem chance concreta de seguir em frente; nem todas as candidaturas são feitas para ganhar as eleições
Veja quanto o seu banco paga de imposto, que indicadores vão mexer com a bolsa e o que mais você precisa saber hoje
Assim como as pessoas físicas, os grandes bancos também têm mecanismos para diminuir a mordida do Leão. Confira na matéria
As lições do Chile para o Brasil, ata do Copom, dados dos EUA e o que mais movimenta a bolsa hoje
Chile, assim como a Argentina, vive mudanças políticas que podem servir de sinal para o que está por vir no Brasil. Mercado aguarda ata do Banco Central e dados de emprego nos EUA
Chile vira a página — o Brasil vai ler ou rasgar o livro?
Não por acaso, ganha força a leitura de que o Chile de 2025 antecipa, em diversos aspectos, o Brasil de 2026
Felipe Miranda: Uma visão de Brasil, por Daniel Goldberg
O fundador da Lumina Capital participou de um dos episódios de ‘Hello, Brasil!’ e faz um diagnóstico da realidade brasileira
Dividendos em 2026, empresas encrencadas e agenda da semana: veja tudo que mexe com seu bolso hoje
O Seu Dinheiro traz um levantamento do enorme volume de dividendos pagos pelas empresas neste ano e diz o que esperar para os proventos em 2026
Como enterrar um projeto: você já fez a lista do que vai abandonar em 2025?
Talvez você ou sua empresa já tenham sua lista de metas para 2026. Mas você já fez a lista do que vai abandonar em 2025?
Flávio Day: veja dicas para proteger seu patrimônio com contratos de opções e escolhas de boas ações
Veja como proteger seu patrimônio com contratos de opções e com escolhas de boas empresas
Flávio Day nos lembra a importância de ter proteção e investir em boas empresas
O evento mostra que ainda não chegou a hora de colocar qualquer ação na carteira. Por enquanto, vamos apenas com aquelas empresas boas, segundo a definição de André Esteves: que vão bem em qualquer cenário
A busca pelo rendimento alto sem risco, os juros no Brasil, e o que mais move os mercados hoje
A janela para buscar retornos de 1% ao mês na renda fixa está acabando; mercado vai reagir à manutenção da Selic e à falta de indicações do Copom sobre cortes futuros de juros
Rodolfo Amstalden: E olha que ele nem estava lá, imagina se estivesse…
Entre choques externos e incertezas eleitorais, o pregão de 5 de dezembro revelou que os preços já carregavam mais política do que os investidores admitiam — e que a Bolsa pode reagir tanto a fatores invisíveis quanto a surpresas ainda por vir
A mensagem do Copom para a Selic, juros nos EUA, eleições no Brasil e o que mexe com seu bolso hoje
Investidores e analistas vão avaliar cada vírgula do comunicado do Banco Central para buscar pistas sobre o caminho da taxa básica de juros no ano que vem
Os testes da família Bolsonaro, o sonho de consumo do Magalu (MGLU3), e o que move a bolsa hoje
Veja por que a pré-candidatura de Flávio Bolsonaro à presidência derrubou os mercados; Magazine Luiza inaugura megaloja para turbinar suas receitas
O suposto balão de ensaio do clã Bolsonaro que furou o mercado: como fica o cenário eleitoral agora?
Ainda que o processo eleitoral esteja longe de qualquer definição, a reação ao anúncio da candidatura de Flávio Bolsonaro deixou claro que o caminho até 2026 tende a ser marcado por tensão e volatilidade
Felipe Miranda: Os últimos passos de um homem — ou, compre na fraqueza
A reação do mercado à possível candidatura de Flávio Bolsonaro reacende memórias do Joesley Day, mas há oportunidade
Bolha nas ações de IA, app da B3, e definições de juros: veja o que você precisa saber para investir hoje
Veja o que especialista de gestora com mais de US$ 1,5 trilhão em ativos diz sobre a alta das ações de tecnologia e qual é o impacto para o mercado brasileiro. Acompanhe também a agenda da semana
É o fim da pirâmide corporativa? Como a IA muda a base do trabalho, ameaça os cargos de entrada e reescreve a carreira
As ofertas de emprego para posições de entrada tiveram fortes quedas desde 2024 em razão da adoção da IA. Como os novos trabalhadores vão aprender?
As dicas para quem quer receber dividendos de Natal, e por que Gerdau (GGBR4) e Direcional (DIRR3) são boas apostas
O que o investidor deve olhar antes de investir em uma empresa de olho dos proventos, segundo o colunista do Seu Dinheiro
Tsunami de dividendos extraordinários: como a taxação abre uma janela rara para os amantes de proventos
Ainda que a antecipação seja muito vantajosa em algumas circunstâncias, é preciso analisar caso a caso e não se animar com qualquer anúncio de dividendo extraordinário