O vigésimo segundo dia de guerra entre Rússia e Ucrânia trouxe consigo uma nova onda de incertezas: o Kremlin voltou atrás no anúncio de ontem, de que os dois países caminham para um acordo de paz. Com isso, a velha história se repete — o petróleo volta a disparar e as commodities são destaque na bolsa brasileira..
Perto do meio-dia desta quinta-feira (17), a principal commodity energética do mundo operava com forte valorização, reagindo às notícias do conflito. O barril do petróleo Brent, usado como referência internacional, avançava 8,38%, voltando a ser negociado acima de US$ 100, cotado a US$ 106,23.
A guerra e o petróleo
É verdade que a Super-Quarta ajudou a dar um up no sentimento dos investidores no pregão de ontem, mas o fim do conflito segue como o evento mais aguardado por todos os entes do mercado.
As sanções econômicas à Rússia fazem com que o país também adote medidas que afetam o Ocidente. Entre elas, o fornecimento de petróleo para o mercado internacional e a distribuição de gás para a Europa.
E é por isso que o noticiário da guerra mexe tanto com o mercado de commodities.
Na última segunda-feira (14), o petróleo engatou uma trajetória de queda e chegou a ser negociado em US$ 97 o barril, dados os sinais de cessar-fogo iminente — há alguns dias, a commodity chegou a atingir os US$ 130, o maior patamar de preço em 14 anos.
Então, porque a Petrobras (PETR4) cai?
A volatilidade do petróleo nos últimos dias gerou um mal estar entre os governantes de todo planeta — e, aqui no Brasil não poderia ser diferente.
Como a Petrobras (PETR4) adota uma política de paridade internacional, ela precisa reajustar o preço dos combustíveis quando a commodity sobe, o que obviamente traz insatisfação popular.
Mas, no caso da estatal, a queda das ações tem menos influência internacional e mais política.
Mais cedo, foi noticiado que o presidente da República, Jair Bolsonaro, havia pedido à Petrobras mais um dia antes do anúncio da alta nos preços dos combustíveis. Contudo, o general e presidente da estatal, Joaquim Silva e Luna, em uma demonstração de independência da Petrobras, não acatou a solicitação e deu sinal verde para que o reajuste fosse anunciado no mesmo dia.
De saída da Petrobras?
Assim como em outras ocasiões em que Bolsonaro foi contrariado por algum de seus ministros, correram rumores no mercado de que Silva e Luna seria tirado da presidência da estatal.
Entretanto, o próprio vice-presidente, Hamilton Mourão, tentou apagar o incêndio, afirmando que a Petrobras é independente do governo. Mesmo assim, o mal estar prevalece e os papéis da empresa caem.
E as outras ações das petroleiras?
No mesmo horário em que o petróleo dispara mais de 7%, PETR3 caía 2,52% e PETR4, 2,66%, negociados a R$ 32,94 e R$ 29,99, respectivamente.
Entretanto, Petrorio (PRIO3) avança 7,21%, negociada a R$ 24,83, e 3R Petroleum (RRRP3) sobe 5,65%, cotada a R$ 35,88, e são as maiores altas do Ibovespa. Já que elas não têm o ‘risco estatal’, conseguem capturar a alta do petróleo.
Minério de ferro: em alta novamente
Também na contramão da Petrobras, quem se beneficia da alta do minério de ferro hoje são as siderúrgicas da bolsa.
A commodity metálica subiu 1,13% em Dalian, na China, passando a ser negociada a US$ 150, 35 a tonelada. O país retomou a produção de aço após as Olimpíadas de inverno, o que explica a alta de 5,21% desde 20 de fevereiro deste ano.
Com isso, as principais altas do dia entre as mineradoras eram as seguintes:
ATIVO | Nome | Ult | Var |
CSNA3 | SID NACIONALON | R$ 25,14 | 5,19% |
GOAU4 | GERDAU MET PN ED N1 | R$ 11,75 | 4,35% |
GGBR4 | GERDAU PN ED N1 | R$ 29,30 | 4,05% |
USIM5 | USIMINAS PNA N1 | R$ 14,17 | 3,73% |
CMIG4 | CEMIG PN N1 | R$ 13,10 | 2,91% |
KLBN11 | KLABIN S/A UNT N2 | R$ 25,90 | 2,78% |
VALE3 | VALE ON ED NM | R$ 93,48 | 2,58% |