Ibovespa fecha em leve baixa após dia instável, com piora de NY na reta final; dólar também tem leve queda
Com política monetária do Fed já precificada, mercado andou de lado durante toda a sessão, mas Wall Street aprofundou quedas no fim do pregão
Depois de uma semana e meia de fortes emoções neste início de 2022, hoje foi dia de os mercados andarem meio... de lado. Com os próximos passos da política monetária do Federal Reserve já precificados, os índices de ações ao redor do mundo não encontraram forças nem para subir, nem para cair muito, em geral.
O dia foi de agenda esvaziada, e os poucos dados econômicos divulgados não fizeram muito preço. Restou aos investidores ficar de olho nas falas dos dirigentes do Fed, que até foram duras contra a inflação, mas também sem maiores novidades.
Tanto no Brasil como no exterior, as bolsas oscilaram entre os campos positivo e negativo ao redor da estabilidade. Na Europa, os principais índices de ações fecharam com sinais mistos, e o índice pan-europeu Stoxx 600, que reúne as principais empresas do continente, teve leve alta de 0,03%.
Em Nova York, o dia também foi de bolsas sem sinal único, mas uma piora na reta final do pregão levou os indicadores americanos a fecharem em baixa, contaminando as negociações por aqui.
O Dow Jones fechou em queda de 0,48%, o S&P 500 recuou 1,42%, e o Nasdaq teve perdas de 2,51%. Já o Ibovespa, que lutou para subir durante todo o pregão e chegou a superar os 106 mil pontos mais cedo, acabou fechando em leve queda de 0,15%, aos 105.529 pontos.
O dólar à vista, por sua vez, deu continuidade ao seu movimento de enfraquecimento global, já visto ontem, e passou quase toda a sessão no vermelho. Mas, no fim do pregão, também reduziu as perdas, fechando em leve queda de apenas 0,10%, aos R$ 5,5295.
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Já os juros futuros começaram o dia em alta, mas viraram o sinal, e passaram a operar mistos. Os vencimentos mais curtos subiram, puxados pelo resultado forte e acima do esperado dos serviços em novembro. Os mais longos recuaram junto com a moeda americana e os retornos dos Treasuries, os títulos do Tesouro americano.
Veja o fechamento dos principais contratos de DI:
- Janeiro/23: alta de 11,871% para 11,94%;
- Janeiro/25: queda de 11,213% para 11,205%;
- Janeiro/27: queda de 11,192% para 11,135%.
'Ainda é cedo para ficar otimista'
Apesar da recuperação vista nas bolsas nos últimos dias, "ainda é cedo para ficar otimista", diz João Beck, economista e sócio da BRA. "O Fed vem elevando cada vez mais o tom em relação a necessidade de ajuste de sua política monetária. A alta da taxa de juros lá fora pode pressionar para cima a nossa taxa de juros daqui", diz.
Ele lembra ainda que o maior risco para este ano é o fiscal, que tem sido deixado um pouco de lado neste início de ano, com todas as atenções voltadas para o banco central americano.
"Mesmo tendo observado melhora em alguns dados, o mercado não reagiu positivamente porque anos eleitorais são perigosos do ponto de vista fiscal", diz Beck.
Ele cita como exemplo uma notícia de hoje que pode vir a capturar a atenção dos investidores nos próximos pregões: o decreto de Jair Bolsonaro dando mais autonomia à Casa Civil na execução do Orçamento, ao mesmo tempo em que coloca o ministro da Economia, Paulo Guedes, mais como coadjuvante do que como protagonista nessa questão.
Volume de serviços trouxe surpresa positiva
O volume de serviços cresceu em novembro de 2021, de acordo com dados do IBGE divulgados na manhã desta quinta-feira. No mês, houve um crescimento de 2,4%, acima do teto das projeções de especialistas ouvidos pelo Broadcast, que era de 1,5%.
Os serviços prestados cresceram 9,5% em 12 meses e acumularam alta de 10% em relação ao mesmo mês de 2020. Com isso, os serviços ficaram 4,5% acima dos níveis pré-pandemia, antes de fevereiro de 2020.
De olho lá fora
Hoje, o vice-presidente do Banco Central Europeu (BCE), Luis de Guindos, disse que a atividade econômica na zona do euro perdeu impulso com a nova onda de covid-19, mas continua em alta.
Além disso, afirmou que o ritmo de queda na inflação na região não será tão rápido quanto previsto, mas que os preços ao consumidor cairão abaixo da meta de 2% em 2023 e 2024.
Já o presidente da distrital do Fed da Filadélfia, Patrick Harker, se pronunciou pela manhã, dizendo que podemos esperar um aperto monetário razoável em 2022, com três ou quatro altas de juros neste ano.
Ele disse, ainda, que podemos esperar uma alta de 25 pontos-base após o fim do tapering (retirada de estímulos), e que a redução de compra de ativos deve ser completada até março. Harker disse ainda que espera crescimento econômico mais lento neste ano, nos EUA, entre 3% e 4%.
Em audiência no Congresso para a confirmação do seu cargo como vice-presidente do Fed, Lael Brainard disse que a inflação deve seguir alta nos primeiros dois trimestres deste ano, conforme projeção, e que o Fed irá trazer os índices de preços para baixo o mais rápido possível, mas levando em conta o crescimento da economia.
Ela disse ainda que o Fed já decidiu encerrar o programa de compra de ativos em março, que haverá "diversas altas" de juros neste ano e que já foi iniciado o debate sobre a redução do balanço patrimonial da instituição, isto é, a venda de volta ao mercado dos ativos adquiridos.
Thomas Barkin, presidente da distrital do Fed em Richmond, disse esperar progressos nas cadeias produtivas no primeiro trimestre de 2022 e que, com melhora na cadeia de oferta, a inflação dos produtos deve arrefecer nos EUA.
Ele disse ainda que a covid impacta o crescimento, mas se tornou choque de oferta e inflacionário; que o problema de oferta de trabalhadores nos EUA deve impulsionar a inflação de serviços; e que, se a inflação seguir elevada, "teremos que apertar a política mais agressivamente".
Finalmente, Charles Evans, presidente da distrital do Fed em Chicago, disse que é apropriado apertar a política monetária e que levará tempo para a inflação voltar à meta. Segundo ele, ela deve ficar em 2,5% ao final deste ano.
Evans espera de duas a quatro altas de juros em 2022 e acredita que uma primeira alta já em março "é uma possibilidade". Ele também disse que o Fed deve começar a reduzir o balanço mais cedo desta vez, sem, no entanto, precisar uma data.
Inflação ao produtor e pedidos de auxílio-desemprego
Ainda nesta quinta foram divulgados a inflação ao produtor, medida pelo PPI, e os números de pedidos de auxílio-desemprego nos Estados Unidos.
O PPI americano subiu 0,2% em dezembro em relação a novembro, ante uma previsão de alta 0,4% dos analistas ouvidos pelo The Wall Street Journal. O núcleo de inflação avançou 0,5% na mesma base de comparação, em linha com as projeções.
Em 12 meses, a inflação ao produtor foi de 9,7%, com núcleo em alta de 6,9%. O PPI de novembro foi revisado de 0,8% para 1,0%.
Já o número de pedidos de auxílio-desemprego na semana terminada em 8 de janeiro veio acima do esperado: 230 mil pedidos, uma alta de 23 mil, contra uma estimativa de 200 mil dos analistas ouvidos pelo The Wall Street Journal.
Sobe e desce do Ibovespa
Veja as maiores altas do Ibovespa nesta quinta:
CÓDIGO | AÇÃO | VALOR | VARIAÇÃO |
MRFG3 | Marfrig ON | R$ 22,74 | +5,18% |
PRIO3 | PetroRio ON | R$ 22,02 | +3,09% |
BEEF3 | Minerva ON | R$ 10,10 | +3,06% |
SANB11 | Santander unit | R$ 31,50 | +2,94% |
ITSA4 | Itaúsa PN | R$ 9,56 | +2,80% |
Confira também as maiores quedas:
CÓDIGO | AÇÃO | VALOR | VARIAÇÃO |
BIDI11 | Banco Inter unit | R$ 22,10 | -9,87% |
LWSA3 | Locaweb ON | R$ 8,75 | -8,38% |
BIDI4 | Banco Inter PN | R$ 7,53 | -8,28% |
NTCO3 | Natura &Co ON | R$ 21,82 | -5,09% |
RADL3 | Raia Drogasil ON | R$ 21,00 | -4,98% |
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