Esquenta dos mercados: Ibovespa acompanha fim da eleição e bolsas no exterior caem antes da decisão de juros do Fed
Por aqui, a temporada de resultados das empresas começa a ganhar tração, com nomes como Petrobras publicando seus dados nos próximos dias

A festa que tomou conta da Avenida Paulista na noite de ontem, depois da confirmação da vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições presidenciais de 2022, dificilmente terá continuidade na abertura do Ibovespa nesta segunda-feira (31). Isso porque as bolsas lá fora amanheceram majoritariamente em queda, em um movimento de aumento da cautela antes da semana que se inicia.
Analistas sinalizam que o tom conciliador do discurso da vitória, a impactante ressurreição política do agora presidente eleito e o reconhecimento relâmpago do resultado das urnas por líderes estrangeiros devem ficar em segundo plano. Pelo menos neste primeiro momento.
Embora parte considerável dos investidores tenha familiaridade com o estilo de Lula governar e lidar com a economia, a reação inicial dos participantes do mercado deve ser marcada pela cautela até que seu gabinete comece a ganhar forma.
Seja como for, a bolsa local estará exposta aos riscos internacionais nos próximos dias, enquanto aguarda maiores detalhes da composição do futuro governo.
Os principais índices asiáticos encerraram o pregão em queda, ainda refletindo os temores envolvendo a política de covid zero da China e os possíveis impactos econômicos dessas medidas. A abertura na Europa é marcada por um fôlego curto após os dados de inflação (CPI, em inglês) e PIB da Zona do Euro.
Por último, os futuros de Nova York recuam antes de uma semana recheada com dados de emprego e reunião de política monetária do Federal Reserve (Fed, o Banco Central dos EUA).
Leia Também
No fechamento da semana passada, o principal índice da B3 recuou mais de 4% com a tensão pré-eleitoral, enquanto o dólar à vista cravou o patamar de R$ 5,30 na expectativa de um novo presidente.
Confira o que movimenta as bolsas, o dólar e o Ibovespa esta semana:
A bolsa brasileira e o futuro presidente
As atenções dos investidores estão concentradas na composição da equipe econômica de Lula na política fiscal do próximo governo.
Até porque Lula receberá de Jair Bolsonaro (PL) uma bomba fiscal de dezenas de bilhões de reais derivada da liberação desenfreada de recursos públicos pelo governo federal nos meses que antecederam as eleições.
Analistas consultados pelo Seu Dinheiro preveem alguma pressão sobre a taxa de câmbio, o mercado de juros e ações de empresas estatais, embora nada muito acentuado.
Lá fora, o “efeito Lula” começa a aparecer?
Algum contrapeso pode ser proporcionado por investidores estrangeiros. O ETF brasileiro negociado na bolsa de valores de Tóquio, por exemplo, fechou em alta de 3,3% em reação ao resultado das eleições presidenciais.
Nos Estados Unidos, porém, os ADRs da Vale e da Petrobras operam em queda acentuada na manhã de hoje.
No mercado local de ações, algum refúgio pode ser proporcionado pelo chamado ‘kit Lula’, um grupo de papéis de empresas dos setores de construção, educação e varejo popular que costuma ser beneficiado por notícias positivas para o presidente eleito.
Contraponto
Entretanto, a equipe econômica e a política fiscal de Lula não são os únicos fatores de risco.
Já se vão quase 12 horas desde a confirmação da vitória de Lula por uma margem de apenas 1,8 ponto porcentual. Até agora, porém, Bolsonaro não reconheceu a apertada derrota nas urnas.
E, seja ela qual for, a reação do presidente em fim de mandato é esperada com atenção e até mesmo alguma apreensão, pois terá impacto não só sobre a transição de poder, mas também sobre o comportamento de sua militância.
Depois da confirmação da vitória de Lula, caminhoneiros simpáticos a Bolsonaro bloquearam rodovias nos seguintes Estados: Mato Grosso, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Até a conclusão desta reportagem, a via Dutra também estava interditada.
Balanços que mexem com a bolsa
O pano de fundo do dia será certamente a decisão eleitoral, mas essa não é a única preocupação que o investidor deve ter.
A temporada de balanços corporativos ganha tração aqui no Brasil e pode ser um gatilho para o Ibovespa ter motivos sólidos para subir. Confira a agenda completa de balanços e a agenda da semana mais abaixo.
Bolsas no exterior também tem semana cheia
Lá fora, os investidores digerem uma sequência de publicações dos índices de gerentes de compras (PMIs, na sigla em inglês), publicados pela S&P Global e ISM, das principais economias do globo.
Ainda nesta segunda-feira, o relatório da Opep sobre a perspectiva mundial de demanda do petróleo promete jogar fogo na gasolina das preocupações dos investidores. Um possível corte na produção tem potencial de fazer os preços da commodity voltarem a disparar, o que prejudicaria a retomada da economia em nível global.
Por volta das 7h40, o barril do Brent, utilizado como referência internacional, recuava 1,31%, cotado a US$ 92,50.
Semana de emprego e Fed
Além disso, enquanto o feriado de finados mantém os mercados no Brasil fechados, lá fora quem deve voltar a assustar os investidores é o Banco Central americano.
O Fed publica a sua decisão de política monetária na quarta-feira (02) e promete um aperto de mais 75 pontos-base nos juros norte-americanos, dando sequência no ritmo do aperto monetário.
Na última sexta-feira, o PCE (índice de inflação preferido do Fed) avançou 0,3% em setembro ante agosto, em linha com o esperado pelo mercado. Na comparação anual, o PCE subiu 6,2% em setembro, o mesmo patamar do mês anterior.
Os investidores devem aguardar a coletiva do presidente do Fed, Jerome Powell, na sequência da decisão de juros, em busca de pistas sobre a continuidade do aperto monetário.
Por fim, a primeira sexta-feira de novembro tem a tradicional publicação do payroll, os dados da folha de pagamento dos EUA. Ao longo dos próximos dias, o levantamento Jolts e ADP também devem se tornar de conhecimento do público como uma prévia do payroll.
Agenda da semana para as bolsas
Segunda-feira (31)
- Zona do Euro: CPI de outubro (7h)
- Zona do Euro: PIB do 3º tri (7h)
- Banco Central: Boletim Focus semanal (8h25)
- Emirados Árabes: Opep publica relatório Perspectiva Mundial do Petróleo (13h30)
- Japão: PMI Industrial de outubro (21h30)
- China: PMI Industrial de outubro (22h45)
Terça-feira (1º)
- Banco Central: Publicação da ata do Copom (8h)
- IBGE: Produção industrial de setembro (9h)
- Brasil: PMI industrial de outubro (10h)
- Estados Unidos: PMI industrial de outubro (10h45)
- Estados Unidos: Relatório Jolts de empregos (11h)
Quarta-feira (02)
- Feriado de finados mantém o mercado local fechado
- Alemanha: PMI industrial de outubro (5h55)
- Zona do Euro: PMI industrial de outubro (6h)
- Estados Unidos: Relatório ADP de empregos no setor privado (9h15)
- Estados Unidos: Decisão de política monetária do Fed (15h)
- Estados Unidos: Coletiva de imprensa do presidente do Fed, Jerome Powell, após decisão de política monetária (15h30)
- China: PMI composto (22h45)
Quinta-feira (03)
- OCDE: CPI de setembro (8h)
- Reino Unido: Decisão de política monetária do BoE (9h)
- Estados Unidos: Pedidos de auxílio-desemprego (9h30)
Sexta-feira (04)
- Estados Unidos: Payroll de outubro (9h30)
- Brasil: PMI composto e de serviços em outubro (10h)
Balanços da semana
Segunda-feira (31)
Após o fechamento:
- Cielo (Brasil)
- CSN (Brasil)
- CSN Mineração (Brasil)
- Raia Drogasil (Brasil)
Terça-feira (1º)
Antes da abertura:
- AIG (EUA)
- Pfizer (EUA)
Após o fechamento:
- BP (Reino Unido)
Quarta-feira (02)
Sem balanços previstos
Quinta-feira (03)
Antes da abertura:
- Banco Pan (Brasil)
- Burger King (EUA)
- Moderna (EUA)
Após o fechamento:
- Petrobras (Brasil)
- AEX Brasil (Brasil)
- Alpargatas (Brasil)
- BR Properties (Brasil)
- Fleury (Brasil)
- GPA (Brasil)
- Lojas Renner (Brasil)
- Marcopolo (Brasil)
- Tenda (Brasil)
- BNP Paribas (França)
- Enel (Itália)
Sexta-feira (04)
Antes da abertura:
- Telefónica (Espanha)
- Stellantis (Holanda)
Após o fechamento:
- Société Générale (França)
Mesmo com Trump, a bolsa brasileira pode viver um rali que não é visto há muito tempo, diz CEO da AZ Quest. O que falta para o bull market na B3?
Em entrevista ao Seu Dinheiro, Walter Maciel revela por que a bolsa brasileira pode estar à beira de um dos maiores ralis da história — e boa parte do mercado ainda nem se deu conta disso
Ações do Santander (SANB11) caem forte na B3 com sinal amarelo de analistas. O que esperar do balanço do 2T25?
Para o Citi, o Santander terá um crescimento tímido da carteira de crédito, além de pressão na margem financeira e tendências mistas de despesas. Saiba o que fazer com as ações
Quem entra e quem sai do Ibovespa em setembro? Confira as projeções do Itaú BBA
Banco detalha movimentações esperadas para o principal índice da B3, com novas inclusões, saídas e mudanças de peso
Por que o Itaú (ITUB4) continua como top pick do BTG mesmo depois que alguns investidores se desanimaram com a ação
Enquanto o Itaú vivencia uma nova onda de preocupações entre os investidores, o BTG decidiu manter recomendação de compra para ações; entenda
O excepcionalismo americano não morreu e três gestores dão as razões para investir na bolsa dos EUA agora
Nicholas McCarthy, do Itaú; Daniel Haddad, da Avenue; e Meera Pandit, do JP Morgan, indicam os caminhos para uma carteira de investimentos equilibrada em um momento de incertezas provocadas pelas tarifas de Trump, guerras na Europa e o DeepSeek da China
IRDM11 vai sair da bolsa? Fundo imobiliário quer incorporar Iridium Recebíveis ao portfólio
O FII possui exposição a títulos do mercado imobiliário que deram dor de cabeça para os investidores nos últimos anos
Ibovespa reverte perda e sobe na esteira da recuperação em Nova York; entenda o que levou as bolsas do inferno ao céu
No mercado de câmbio, o dólar à vista fechou com leve alta de 0,07%, cotado a R$ 5,5619, afastando-se das máximas alcançadas ao longo da sessão
BB Renda Corporativa (BBRC11) renova contratos de locação com o Banco do Brasil (BBAS3); entenda o impacto
O fundo imobiliário também enfrentou oscilações na receita durante o primeiro semestre de 2025 devido a mudanças nos contratos de locação
Fuga do investidor estrangeiro? Não para a sócia da Armor Capital. Mesmo com Trump, ainda tem muito espaço para gringo comprar bolsa brasileira
Para Paula Moreno, sócia e co-diretora de investimentos da Armor Capital, as tensões comerciais com os EUA criam uma oportunidade para o estrangeiro aumentar a aposta no Brasil
Quão ruim pode ser o balanço do Banco do Brasil (BBAS3)? O JP Morgan já traçou as apostas para o 2T25
Na visão dos analistas, o BB pode colher ainda mais provisões no resultado devido a empréstimos problemáticos no agronegócio. Saiba o que esperar do resultado
Banco do Brasil (BBAS3) terá a pior rentabilidade (ROE) em quase uma década no 2T25, prevê Goldman Sachs. É hora de vender as ações?
Para analistas, o agronegócio deve ser outra vez o vilão do balanço do BB no segundo trimestre de 2025; veja as projeções
Investidor ainda está machucado e apetite pela bolsa é baixo — e isso não tem nada a ver com a tarifa do Trump, avalia CEO da Bradesco Asset
Apetite por renda fixa já começou a dar as caras entre os clientes da gestora, enquanto bolsa brasileira segue no escanteio, afirma Bruno Funchal; entenda
Com ou sem Trump, Selic deve fechar 2025 aos 15% ao ano — se Lula não der um tiro no próprio pé, diz CEO da Bradesco Asset
Ao Seu Dinheiro, Bruno Funchal, CEO da Bradesco Asset e ex-secretário do Tesouro, revela as perspectivas para o mercado brasileiro; confira o que está em jogo
FII Arch Edifícios Corporativos (AIEC11) sai na frente e anuncia recompra de cotas com nova regra da CVM; entenda a operação
Além da recompra de cotas, o fundo imobiliário aprovou conversão dos imóveis do portfólio para uso residencial ou misto
As apostas do BTG para o Ibovespa em setembro; confira quem pode entrar e sair da carteira
O banco projeta uma maior desconcentração do índice e destaca que os grandes papéis ligados às commodities perderão espaço
Na guerra de tarifas de Trump, vai sobrar até para o Google. Entenda o novo alerta da XP sobre as big techs
Ações das gigantes da tecnologia norte-americana podem sofrer com a taxação do republicano, mas a desvalorização do dólar oferece alívio nas receitas internacionais
Ibovespa come poeira enquanto S&P 500 faz história aos 6.300 pontos; dólar cai a R$ 5,5581
Papéis de primeira linha puxaram a fila das perdas por aqui, liderados pela Vale; lá fora, o S&P 500 não sustentou os ganhos e acabou terminando o dia com perdas
O Brasil não vale o risco: nem a potencial troca de governo em 2026 convence essa casa de análise gringa de apostar no país
Analistas revelam por que não estão dispostos a comprar o risco de investir na bolsa brasileira; confira a análise
Trump tarifa o Brasil em 50%: o que fazer agora? O impacto na bolsa, dólar e juros
No Touros e Ursos desta semana, o analista da Empiricus, Matheus Spiess, analisa os impactos imediatos e de médio prazo das tarifas para o mercado financeiro
Ibovespa cai, dólar sobe a R$ 5,57 e frigoríficos sofrem na bolsa; entenda o que impacta o setor hoje
Enquanto Minerva e BRF lideram as maiores perdas do Ibovespa nesta segunda-feira (14), a Brava Energia desponta como maior alta desta tarde