Ex-Apple, precursor de venture capital no Brasil minimiza possibilidade de valuation esticado e prevê novos unicórnios
Pedro Sirotsky Melzer, da Igah Ventures, fala em novas referências para projetar o valor de uma empresa, vê a tecnologia presente em todos os setores e espera mais IPOs nos próximos meses
Desde que deixou o cargo de gerente de receita na Apple, nos Estados Unidos, há pouco mais de uma década, Pedro Sirotsky Melzer acompanha de perto o crescimento de startups brasileiras.
O executivo foi um dos pioneiros no mercado de venture capital no país — tem no currículo o primeiro investimento institucional no Ifood, por exemplo — em um momento em que "muito vento soprava em direção contrária", diz ele.
Entre outras adversidades da época, o início dos anos 2010, Melzer cita a taxa de juros alta, falta de referência de iniciativas de sucesso frutos de venture capital e a percepção de que uma carreira respeitável era feita em grandes instituições.
De lá para cá, o mercado de venture capital e o número de empresas — inclusive avaliadas em mais de US$ 1 bilhão — cresceram. Mas ainda há espaço para mais investimentos e iniciativas inovadores, avalia Melzer.
Nos cinco primeiros meses de 2021, as startups brasileiras receberam US$ 3,2 bilhões em investimentos, volume que representa 90% do total investido em todo o ano de 2020, de US$ 3,54 bilhões, segundo o relatório Inside Venture Capital, elaborado pelo Distrito.
São números que enchem os olhos de Melzer, que agora atua na Igah Ventures, gestora fruto da fusão entre a e.bricks ventures, que o executivo ajudou a fundar, e a Joá Investimentos — do apresentador Luciano Huck, entre outros.
Leia Também
"Hoje, a gente tem mais recursos em venture capital do que private equity", disse Melzer em entrevista ao Seu Dinheiro. "Quando cheguei [ao mercado], tinha apenas Monashees [fundada em 2005, que já investiu em Rappi e 99]".
Fundos de venture capital investem em empresas em estágios iniciais, enquanto private equity destina os recursos para iniciativas mais consolidadas, de menor risco e menos potencial para inovação.
À espera dos unicórnios
Nos últimos meses, depois de captar R$ 750 milhões com seu terceiro fundo, a Igah alocou recursos em startups como bxblue (de empréstimo consignado), Conexa (de telemedicina), Avenue (corretora), Acesso Digital (agora chamada Unico, de tecnologia de reconhecimento facial), Dr.Jones (de comésticos) e 321 Beauty (de beleza).
Ao todo, são 15 empresas aprovadas no comitê de investimentos para o fundo mais recente, sendo que 35% dos recursos já estão investidos. "A intenção é poder concentrar capital em 20 empresas", diz Melzer.
Segundo ele, a pandemia provocou uma retração de aportes em um primeiro momento, mas depois houve uma aceleração de investimentos.
O executivo fala em uma ampliação da visibilidade dos ativos de venture capital como oportunidade de negócio estratégico para investidores institucionais, fundos e family offices. "A gente lançou o fundo 3 logo que percebeu que ainda teria que conviver com a pandemia".
Melzer diz ver no portfólio da gestora algumas candidatas ao título de unicórnio. Ele não cita nomes, mas destaca o segmentos de software as service, real state, saúde e fintechs.
"A gente investe em empresa com gross margin [margem bruta, indicador de rentabilidade] de 83%. Nesse nível, elas são candidatas a unicórnio", diz Melzer.
Segundo ele, os investidores da Igah olham para startups que tenham crescimento agressivo, saúde financeira e possibilidade de ganho de escala. "Há muita empresa qualificada no mercado", comenta.
"O que a gente quer no final do dia é um empreendedor arrojado, até meio irresponsável, mas que tenha experiência e possa dizer logo de cara o que falta para ele".
Pedro Sirotsky Melzer, da Igah Ventures
Para Melzer, há diferentes graus de risco nas investidas. Ele avalia que é difícil generalizar setores, mas diz que um caminho é buscar por áreas ainda pouco exploradas.
Mais ofertas a caminho
A Igah investiu na Infracommerce antes do IPO em maio na bolsa brasileira. Melzer diz ver mais empresas fazendo ofertas na B3 e na Nasdaq, a depender do tamanho da companhia.
O executivo fala em "vários cases" de empresas investidas por venture capital atingindo tamanhos significativos. "Há também empresas menores indo para a bolsa", lembra.
A avaliação do gestor é parecida com a de muita gente que investe no Brasil: "o país é gigante, com muita oportunidade", e o mercado de capitais e o número de investidores ainda correspondem a uma fração do total.
Na lista de catapultas para o mercado ainda estaria o surgimento de novos comportamentos do consumidor, segundo o executivo. "Há uma evolução de todo o ecossistema e o país tem muita oportunidade de capital".
Melver vê o mercado sedento por inovação e diz que hoje não há a visão da tecnologia como um setor, mas como um componente inerente a todas as áreas. "O que existe são empresas que aderiram mais rápido a inovação".
Ele comenta que hoje há "outras referências de valuation", de taxa de crescimento, de timing de rodadas de investimentos, mas nega uma sobreavaliação das companhias.
"A gente tem muita informação que nos permite acreditar em determinada empresa, apesar de o valuation parecer alto".
Segundo Melzer, o parâmetro da avaliação para um investidor é a perspectiva de crescimento, não apenas o estágio em que a companhia está. "O valuation em si não pode ser olhado isoladamente, tem que ser visto frente a dinâmica de mercado".
Para o o executivo, o fato de todos os agentes do mercado estarem "muito bem informados" facilita a visualiação de perspectivas. Melzer vê cada vez mais um maior escrutínio por parte dos investidores. "Não adianta mostrar crescimento se não consegue sustentar".
"Quando você tem um mercado com abundância de capital, que é o que a gente está vivendo, é normal que os valuations fiquem mais agressivos. O que sustenta esses valuations é um mercado com muito apetite para bons ativos".
Pedro Sirotsky Melzer, da Igah Ventures
No entanto, Melzer alerta que pode existir um "efeito manada" no que diz respeito ao julgamento que é feito sobre as companhias. "Hoje todo dia tem um gestor novo no mercado. O que é bom para o Brasil, mas pode vir junto um julgamento mais superficial".
*Colaborou Vinícius Pinheiro
Hasta la vista! Itaú (ITUB4) vende ativos na Colômbia e no Panamá; entenda o plano por trás da decisão
Itaú transfere trilhões em ativos ao Banco de Bogotá e reforça foco em clientes corporativos; confira os detalhes da operação
Virada de jogo para a Cosan (CSAN3)? BTG vê espaço para ação dobrar de valor; entenda os motivos
Depois de um ano complicado, a holding entra em 2026 com portfólio diversificado e estrutura de capital equilibrada. Analistas do BTG Pactual apostam em alta de 93% para CSAN3
Atraso na entrega: empreendedores relatam impacto da greve dos Correios às vésperas do Natal
Comunicação clara com clientes e diversificação de meios de entregas são estratégias usadas pelos negócios
AUAU3: planos da Petz (PETZ3) para depois da fusão com a Cobasi incluem novo ticker; confira os detalhes
Operação será concluída em janeiro, com Paulo Nassar no comando e Sergio Zimerman na presidência do conselho
IPO no horizonte: Aegea protocola pedido para alterar registro na CVM; entenda a mudança
A gigante do saneamento solicitou a migração para a categoria A da CVM, passo que abre caminho para uma possível oferta pública inicial
Nelson Tanure cogita vender participação na Alliança (ALLR3) em meio a processo sancionador da CVM; ações disparam na B3
Empresa de saúde contratou assessor financeiro para estudar reorganização e possíveis mudanças no controle; o que está em discussão?
Pílula emagrecedora vem aí? Investidores esperam que sim e promovem milagre natalino em ações de farmacêutica
Papéis dispararam 9% em Nova York após agência reguladora aprovar a primeira pílula de GLP-1 da Novo Nordisk
AZUL4 dá adeus ao pregão da B3 e aérea passa ter novo ticker a partir de hoje; Azul lança oferta bilionária que troca dívidas por ações
Aérea pede registro de oferta que transforma dívida em capital e altera a negociação dos papéis na bolsa; veja o que muda
Hapvida (HAPV3) prepara ‘dança das cadeiras’ com saída de CEO após 24 anos para tentar reverter tombo de 56% nas ações em 2025
Mudanças estratégicas e plano de sucessão gerencial será implementado ao longo de 2026; veja quem assume o cargo de CEO
Magazine Luiza (MGLU3) vai dar ações de graça? Como ter direito ao “presente de Natal” da varejista
Acionistas com posição até 29 de dezembro terão direito a novas ações da varejista. Entenda como funciona a operação
Tupy (TUPY3) azeda na bolsa após indicação de ministro de Lula gerar ira de conselheiro. Será mais um ano para esquecer?
A indicação do ministro da Defesa para o conselho do grupo não foi bem recebida por membros do colegiado; entenda
Santander (SANB11), Raia Drogasil (RADL3), Iguatemi (IGTI11) e outras gigantes distribuem mais de R$ 2,3 bilhões em JCP e dividendos
Santander, Raia Drogasil, JHSF, JSL, Iguatemi e Multiplan somam cerca de R$ 2,3 bilhões em proventos, com pagamentos previstos para 2025 e 2026
Eztec (EZTC3) renova gestão e anuncia projeto milionário em São Paulo
Silvio Ernesto Zarzur assume nova função na diretoria enquanto a companhia lança projeto de R$ 102 milhões no bairro da Mooca
Dois bancos para lucrar em 2026: BTG Pactual revela dupla de ações que pode saltar 30% nos próximos meses
Para os analistas, o segmento de pequenos e médios bancos concentra oportunidades interessantes, mas também armadilhas de valor; veja as recomendações
Quase 170% em 2025: Ação de banco “fora do radar” quase triplica na bolsa e BTG vê espaço para mais
Alta das ações em 2025 não encerrou a tese: analistas revelam por que ainda vale a pena comprar PINE4 na bolsa
Tchau, B3! Neogrid (NGRD3) pode sair da bolsa com OPA do Grupo Hindiana
Holding protocolou oferta pública de aquisição na CVM para assumir controle da Neogrid e cancelar seu registro de companhia aberta
A reorganização societária da Suzano (SUZB3) que vai redesenhar o capital e estabelecer novas regras de governança
Companhia aposta em alinhamento de grupos familiares e voto em bloco para consolidar estratégia de longo prazo
Gafisa, Banco Master e mais: entenda a denúncia que levou Nelson Tanure à mira dos reguladores
Uma sequência de investigações e denúncias colocou o empresário sob escrutínio da Justiça. Entenda o que está em jogo
Bilionária brasileira que fez fortuna sem ser herdeira quer trazer empresa polêmica para o Brasil
Semanas após levantar US$ 1 bilhão em uma rodada de investimentos, a fundadora da Kalshi revelou planos para desembarcar no Brasil
Raízen (RAIZ4) precisa de quase uma “Cosan” para voltar a um nível de endividamento “aceitável”, dizem analistas
JP Morgan rebaixou a recomendação das ações de Raízen e manteve a Cosan em Neutra, enquanto aguarda próximos passos das empresas
