Adeus B3? Banco Inter quer migrar para a Nasdaq e fecha acordo com a Stone
A instituição pretende fazer uma reorganização para listar suas ações na bolsa norte-americana e manter apenas recibos desses papéis (BDRs) negociados na B3
O Banco Inter está com as malas quase prontas para deixar a bolsa brasileira. A instituição pretende fazer uma reorganização para listar suas ações na Nasdaq e manter apenas recibos desses papéis (BDRs) negociados na B3.
O Inter anunciou ainda que fará uma nova oferta de ações para reforçar o balanço. E uma parte dos novos papéis já tem dono: a empresa de maquininhas de cartão e meios de pagamento Stone, que também possui ações listadas na Nasdaq.
A reação inicial dos investidores ao anúncio foi eufórica. As units do Inter (BIDI11) dispararam 25,79% no pregão desta segunda-feira (24), fechando a R$ 223,29. No ano, o ativo já acumula alta de 128,59%.
Lá fora, o banco passará a se chamar Inter Platform. O objetivo da mudança é claro: manter o controle do banco nas mãos da família Menin.
Após a operação, o Inter terá duas classes de ações: a primeira, que será negociada na Nasdaq, dará direito a um voto cada. Já a segunda, com o chamado "voto plural", ficará nas mãos do acionista controlador do Inter e seus filhos.
O plano do Inter prevê a incorporação e o resgate das ações negociadas hoje na B3 e a listagem na Nasdaq. Em troca, os atuais acionistas na bolsa brasileira poderão receber as novas ações da Inter Platform ou recibos de ações (BDRs) lastreados nesses papéis.
A Inter Platform pretende protocolar na CVM o pedido de registro do programa de BDRs, mas a própria instituição pondera que não é possível assegurar que o pedido será aprovado.
Como alternativa, os acionistas poderão receber o valor correspondente às ações em dinheiro, de acordo com um laudo de avaliação que ainda será contratado pelo Inter e escolhido pelos acionistas em assembleia.
O grupo controlador possui hoje 60% das ações com direito a voto (ON) do Inter, que encerrou o primeiro trimestre com mais de 10 milhões de correntistas de sua conta digital sem tarifas.
Mas a instituição claramente precisa se manter capitalizada para sustentar o forte ritmo de crescimento, e cada rodada que os controladores não acompanham representa uma diluição na sua participação.
Stone vem aí
Por falar em capitalização, o Inter anunciou que fará uma nova oferta pública de ações. A operação trará não apenas dinheiro novo como também um novo e importante parceiro: a Stone.
O valor total da oferta não foi revelado, mas a empresa de meios de pagamento se comprometeu a investir até R$ 2,5 bilhões para ficar com uma participação de 4,99% do capital total do Banco Inter.
Além do dinheiro, a Stone vai firmar um acordo de acionistas com a família Menin, que dará direito de preferência à empresa em caso de venda do controle do Inter, durante o prazo de seis anos.
A parceria entre as empresas vai se estender para o lado operacional. Entre as oportunidades que Stone e Inter pretendem estudar estão as seguintes:
- Conectar os clientes da Stone ao Inter Shop, promovendo a digitalização desta base de clientes, e proporcionando uma experiência mais completa e uma jornada omnicanal para os clientes Inter;
- Digitalizar a experiência de pagamentos entre clientes Inter e varejistas Stone, tanto online quanto offline;
- Explorar oportunidades de cross-selling de produtos tais como crédito e meios de pagamento, que enriqueçam a experiência e proposta de valor para clientes de ambas companhias;
- Alavancar a força do funding do Inter para maior eficiência nas ofertas de capital de giro da Stone.
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