A retomada dos planos do banco Inter (BIDI11) de listar suas ações nos Estados Unidos parece ter agradado os investidores. Nesta segunda-feira (18), o papel liderou os ganhos no Ibovespa, chegando a subir 7%. As ações BIDI11 terminaram o dia com alta de 4,42%, cotadas a R$ 17,26.
No feriado da Sexta-Feira Santa, às 23h20, o banco comunicou ao mercado que enviou um aditivo ao regulador do mercado financeiro americano, a SEC, com novos termos para seguir com uma reorganização societária que objetiva levar suas ações para a Nasdaq.
"Essa reestruturação já era esperada e nós acreditamos que irá apoiar os preços das ações do banco (que sofreram um sell-of nos últimos meses", disse o banco UBS BB em nota enviada a clientes.
O UBS BB recomenda compra das ações do Inter e tem o preço-alvo estipulado em R$ 42. O valor representa um potencial de valorização de 154% em relação ao fechamento do último pregão.
Vale lembrar que em dezembro do ano passado o conselho de administração do Inter decidiu não seguir com a reorganização societária. Isso aconteceu porque mais de 10% da base acionista não topou trocar as ações por BDRs e preferiu o cash-out, ou seja, receber o valor correspondente em dinheiro.
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O que mudou na nova proposta?
A proposta de incorporar todas as ações do Inter pela Inter Holding Financeira S.A. permanece de pé, o que resulta na emissão de duas classes de ações preferenciais da holding: uma resgatável em BDR e outra resgatável em dinheiro (cash-out).
A opção de cash-out está limitada a R$ 1,131 bilhão, o equivalente a 10% do total de ações em circulação. Na proposta anterior, o cash-out era de R$ 2 bilhões.
Na nova configuração, para cada seis ações ordinárias e/ou preferenciais BIDI3 e BIDI4 do Inter será entregue ao acionista uma ação preferencial resgatável em dinheiro. Para quem tem unit BIDI11 do Inter, a proporção será de dois para um, ou seja, para cada duas units será entregue uma ação preferencial resgatável em dinheiro.
Isso é uma mudança importante em relação à proposta anterior, que previa a entrega de uma ação resgatável em dinheiro para cada três ações ordinárias e/ou preferenciais. Nas units, a proporção anterior era de um para um.
Na proposta nova, o acionista que optar pelo cash-out receberá R$ 38,70 por ação resgatável. Se utilizarmos as cotações do último dia útil (14 de abril), isso significaria que os acionistas receberiam mais dinheiro do que as ações estão valendo agora. Veja:
Ação/Unit | Preço (14/04/22) | Nova proposta |
BIDI3 | R$ 5,41 | x 6 = R$ 32,46 |
BIDI4 | R$ 5,64 | x 6 = R$ 33,84 |
BIDI11 | R$ 16,53 | x 2 = R$ 33,06 |
De acordo com o comunicado do Inter, a opção de cash-out será dada somente a quem estiver na base de acionistas da empresa até ontem (15).
E se o cash-out for superior?
Caso mais de 10% da base opte novamente pelo cash-out, os acionistas receberão automaticamente as ações preferenciais resgatáveis em dinheiro de maneira proporcionalmente rateada entre eles, de forma que não ultrapasse o limite estipulado para o cash-out.
Além disso, os acionistas receberão, também, ações preferenciais resgatáveis em BDRs numa quantidade que complemente o saldo do cash-out que não foi alcançado devido ao rateio.
Inter: reorganização não está mais na mão dos acionistas
Segundo Rafael Ragazi, sócio e analista de ações da Nord Research, diferentemente do que aconteceu no ano passado, não está mais nas mãos dos acionistas se a reorganização dará certo ou não.
"Agora é mais uma questão burocrática", disse Ragazi em áudio enviado a clientes no Telegram.
Veja o passo a passo dos trâmites burocráticos para a reorganização societária do Inter:
1º passo: Obtenção da declaração de efetividade do registro da Inter & Co na SEC;
2º passo: Aprovação de todos os laudos de avaliação e termos da proposta de reorganização societária na Assembleia do Inter;
3º passo: Assinatura de compromisso vinculante com as instituições financeiras que vão financiar o cash-out;
4º passo: Homologação do Banco Central.
Por que o Inter quer ir para os EUA?
De acordo com o Inter, a reestruturação está sendo proposta com o objetivo de permitir que o banco obtenha aumento de capital no futuro por meio de emissão de ações sem que os atuais controladores percam a maioria das ações com direito a voto.
Para isso acontecer, o Inter teria ações Classe A, com direito a um voto cada, negociadas no mercado. Ao mesmo tempo, as ações Classe B, com direito a 10 votos cada, ficariam nas mãos dos atuais controladores, a família Menin.
Atualmente, os controladores detêm 53,1% do total das ações ordinárias e 8,9% das ações preferenciais do Inter. Isso dá uma participação total no capital social de 31,1%.
"Por essa razão, é limitada a capacidade do Inter de obter capital adicional para financiar sua estratégia de crescimento, sem que isto resulte em diluição da participação de seu acionista controlador para patamar abaixo de 50% do capital votante", diz o banco em comunicado.
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