🔴 EVENTO GRATUITO: COMPRAR OU VENDER VALE3? INSCREVA-SE

Estadão Conteúdo
A regra do jogo

Para garantir privatização dos Correios, governo deixa passar na Câmara lei que afrouxa limite de gasto de estatais

As regras, criadas no governo do ex-presidente Michel Temer, foram fundamentais para reverter uma trajetória de prejuízos bilionários dos próprios Correios

Paulo Guedes e Arthur Lira lado a lado
O ex-ministro da Economia, Paulo Guedes, ao fundo e o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, em primeiro plano - Imagem: Edu Andrade/Ministério da Economia

Em uma estratégia para evitar riscos à aprovação do projeto de lei de privatização dos Correios, o governo decidiu fechar os olhos e deixar passar na Câmara uma proposta que desmonta as regras que estabeleceram parâmetros máximos para os gastos de estatais com planos de saúde de seus empregados.

O projeto de decreto legislativo ainda precisa passar pelo Senado para entrar em vigor. Se aprovado, terá validade para todas as estatais.

Essas regras foram criadas no governo do ex-presidente Michel Temer e foram fundamentais para reverter uma trajetória de prejuízos bilionários dos próprios Correios, quando a empresa caminhava para se tornar uma estatal dependente - ou seja, que precisa de recursos do Orçamento para bancar salários e despesas correntes.

De autoria de uma deputada da oposição, Erika Kokay (PT-DF), e relatado por Sóstenes Cavalcante (DEM-RJ), integrante da bancada evangélica, o projeto de decreto legislativo teve ampla maioria na Câmara.

Foram 365 votos favoráveis e somente 39 contrários, em votação realizada na semana passada - um apoio tão expressivo que seria suficiente até para aprovação de uma emenda à Constituição.

Até tentaram impedir

Técnicos do governo tentaram articular uma reação ao texto e fizeram chegar aos parlamentares um documento, ao qual o Estadão/Broadcast teve acesso, com indicadores e dados em defesa da manutenção da resolução anterior.

A reportagem apurou, no entanto, que a operação foi abortada quando o governo identificou que um movimento contrário ao projeto poderia comprometer o apoio na Câmara à privatização dos Correios - cuja votação está prevista para agosto.

Nos bastidores, o projeto de decreto legislativo foi comparado aos "jabutis" - emendas estranhas ao projeto original - da medida provisória da Eletrobrás, que o governo aceitou "engolir" em troca da aprovação do texto, e que custarão R$ 84 bilhões aos consumidores. Procurado, o Ministério da Economia não comentou.

Despesas

Editada em janeiro de 2018, a resolução estabeleceu prazo de quatro anos para que os planos se adaptem às regras. Se não for cumprida, os administradores das estatais (conselheiros e diretores) podem ser responsabilizados pela Controladoria-Geral da União (CGU) e pelo Tribunal de Contas da União (TCU), especialmente aqueles que não fizeram nada ou muito pouco para enquadrar os planos aos termos da resolução.

É por isso, também, que alguns executivos trabalharam, nos bastidores, pela aprovação do projeto que a suspende, segundo apurou a reportagem.

Antes da edição da resolução, era comum que estatais bancassem mais de 90% dos custos dos planos de saúde dos empregados, sem qualquer coparticipação. Várias empresas aceitavam que os funcionários incluíssem como dependentes pais, mães e filhos sem qualquer limite de idade.

O caso dos Correios

O Postal Saúde, dos funcionários dos Correios, era um dos maiores exemplos do que o governo considerava, à época, um abuso. A empresa pagava quase 94,4% do benefício até 2017, enquanto os empregados custeavam apenas 5,6% dos gastos. Não havia cobrança de mensalidade, e os empregados podiam incluir como dependentes até mesmo seus pais.

Com esses benefícios, os Correios estimavam um déficit em seu balanço da ordem de R$ 3,92 bilhões - valor relacionado a despesas futuras para financiar o plano após a aposentadoria dos empregados.

Em 2018, as regras dos planos de saúde das estatais foram revistas. Entre as novas normas, ficou estabelecido que as empresas deveriam custear no máximo 50% dos gastos.

Além disso, o custo com os planos foi limitado a 8% do custo da folha anual dos empregados. A inclusão dos dependentes foi limitada a cônjuges e filhos com até 24 anos - desde que estivesse cursando o ensino superior.

Com as mudanças, o passivo atuarial dos Correios com planos de saúde, que chegou a ser de R$ 5,92 bilhões em 2015, foi reduzido a R$ 3,92 bilhões, em 2018, e a R$ 270 milhões, em 2020.

Erika Kokay disse que o texto restabelece a capacidade de negociação entre empregados e estatais. "Os planos de saúde não podem ser açoitados, como agora estão sendo açoitados os empregados e empregadas, os servidores e servidoras que têm planos de autogestão."

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Compartilhe

QUEM DÁ MAIS?

Correios e Eletrobras estão na pista para privatização, diz Guedes

28 de janeiro de 2022 - 17:29

Ministro da Energia, Bento Albuquerque, afirmou no mês passado que privatização da Eletrobras ocorreria no segundo trimestre deste ano. No caso dos Correios, CAE se prepara para retomar debates.

EXILE ON WALL STREET

Destravando a logística: Sequoia pensa fora da caixa e se torna o maior player privado nacional do setor

15 de dezembro de 2021 - 11:55

Veja a estratégia da Sequoia para se tornar gigante na logística brasileira e entrar para o hall das escolhidas da Carteira Empiricus

No exterior

Fabio Faria se reúne com investidores internacionais e fala em “potencial do país” com leilão do 5G e privatizações

13 de novembro de 2021 - 12:03

Além dos Correios, a Eletrobras é outra estatal que também já tem uma proposta de privatização

SEM DATAS NO HORIZONTE

Privatização dos Correios estacionou? Relator altera parecer, mas votação em comissão do Senado é adiada

9 de novembro de 2021 - 14:09

A versão mais recente do texto aumenta a garantia contra o fechamento de agências em áreas remotas da Amazônia Legal

Concorrência alta

Em defesa da privatização, ministro diz que Correios precisariam investir R$ 2,5 bilhões por ano para manter competitividade

7 de outubro de 2021 - 18:24

Durante evento, Fábio Faria afirmou que outros players que operam no País investem três vezes mais que a estatal por ano

Eletrobras, Correios e mais

Ativos na mesa: nova proposta para precatórios pode incluir ações de estatais em acordos de pagamento

23 de setembro de 2021 - 18:02

Além das estatais, na lista de ativos que poderiam entrar na negociação estão imóveis, barris de petróleo do pré-sal e concessões de rodovias e ferrovias, por exemplo

Congresso Nacional

Privatização dos Correios: prazo para aprovação é ‘impossível’, diz líder do governo no Senado

19 de agosto de 2021 - 9:30

“Porque, na dúvida, você vota contra. Quer votar amanhã? Ok, se Rodrigo Pacheco (presidente do Senado) pautar, como nós temos dúvidas, votamos contra”, disse

Privatização postal

JSL, do grupo Simpar (SIMH3), está de olho nos Correios, mas espera regras na mesa para acertar participação no leilão

10 de agosto de 2021 - 17:58

O presidente da empresa afirmou que uma vitória no certame aceleraria sua estratégia de crescimento geográfico

Menos uma estatal

Em mais uma vitória para a agenda de privatizações, Bolsonaro comemora aprovação de PL da venda dos Correios

6 de agosto de 2021 - 16:28

O presidente aproveitou a ocasião para criticar governos anteriores, que, segundo ele, geriam a empresa com o objetivo de angariar dividendos políticos

sinal verde

Câmara aprova texto-base de projeto que abre caminho para venda dos Correios; veja os próximos passos para a privatização

5 de agosto de 2021 - 17:03

Aprovação do projeto representa uma vitória para a agenda de privatizações do governo Bolsonaro, mas acontece sob críticas da oposição

Fechar
Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Continuar e fechar