Em um impasse que se arrasta desde a manhã de terça-feira (23) o Canal de Suez, uma das principais rotas marítimas do mundo, segue bloqueado pelo porta-contêineres Ever Given e pode levar até quarta-feira da semana que vem para ser liberado.
Suez é a principal porta para escoamento da produção de petróleo do Oriente Médio. Estima-se que 9% de todo o tráfego marítimo de petróleo e 8% de todo gás liquefeito do mundo seja feito pelo canal.
Entretanto, o preço do gás natural liquefeito não foi tão afetado quanto o preço do barril de petróleo. Às 11h10, o barril de petróleo WTI para maio subia 3,71% a US$ 60.74, enquanto o de Brent para junho avançava 3,78%, a US$ 64,28.
Economia global
De acordo com especialistas, esse momento de paralisação nas transações da commodity pode piorar a retomada da economia global. O aumento da demanda com a volta dos negócios pode ser freada pela falta de petróleo e gás natural.
A commodity já havia se fortalecido na terça-feira com a notícia sobre o bloqueio em Suez, mas ontem teve forte correção negativa por preocupações sobre o avanço da pandemia. Os oscilações de preço devem seguir até retirada do cargueiro.
De acordo com o Lloyd's List, a estimativa é de que o valor diário dos contêineres que transitam pelo canal é de US$ 9,5 bilhões (mais de R$ 53 bilhões).
Transito
A embarcação de 400 metros de comprimento fechou a passagem e uma extensa fila de navios está se formando no estreito entre Ásia e Europa. De acordo com o site Marine Traffic, que acompanha o trânsito marítimo mundial, mais de 100 navios estão parados nas proximidades de Suez e aguardam o desbloqueio do canal para seguir viagem.

"Podemos ficar aqui por dias. Nada está se movendo, e a conversa no rádio é que ficaremos aqui até o fim de semana.", disse ao Wall Street Journal Manolis Kritikos, mecânico de um navio-tanque operado pela Grécia preso na hidrovia.
Para além de atrasos nas entregas, circula no mercado o temor de encarecimento de fretes, caso o impasse com o Ever Given não seja resolvido rapidamente.
As transportadoras Maersk e Hapag-Lloyd AG já consideram desviar seus navios pela África, evitando o engarrafamento na hidrovia. "Estamos considerando todas as opções de entrega de carga para nossos clientes, incluindo transporte aéreo, ferroviário e envio de navios pela África do Sul, mas nenhuma decisão foi tomada", disse um porta-voz da Maersk ao Wall Street Journal. A dinamarquesa Torm AS informa que seus clientes já perguntam quanto custaria para tornar o desvio possível.
*Com informações do Estadão Conteúdo e Market Watch