Crescimento, o ciclo dos negócios e o “Incidente em Antares”
Atualmente, vivemos uma recuperação cíclica sem precedentes, com condições expostas bastante favoráveis para os próximos 12 meses, o que me faz duvidar de uma grande correção nesta altura do campeonato

Sempre gostei de Veríssimo, tanto o Érico como o Luis Fernando. Mas hoje eu vou me referir ao pai, autor de "Olhai os Lírios do Campo" e "Um Certo Capitão Rodrigo".
Mais precisamente, gostaria de resgatar o último romance do escritor, "Incidente em Antares", conhecido por misturar aos traços dos escritos o que se chamou de "realismo fantástico", uma vez que nos é apresentado o uso do sobrenatural ao longo da trama.
Em poucas palavras, a história se passa em 1963, quando morrem sete pessoas em Antares, uma cidade fictícia recheada de políticos corruptos, em meio a uma greve dos coveiros.
Como não há quem enterre os mortos, os defuntos passam a vagar pela cidade. A ideia é que os mortos passassem a conhecer e vasculhar a vida corrompida da sociedade que outrora viveram. Foi o que aconteceu.
O curioso é ver como a situação, por mais tétrica e absurda que seja, guarda semelhanças com o momento atual. A crise da covid-19 é muito parecida com um cemitério sem coveiros (ou com coveiros em greve, como preferir). No ano passado, com um choque econômico tão violento, não houve quem pudesse garantir que os corpos fossem devidamente enterrados.
Isso aconteceu porque, em primeiro lugar, a natureza da crise em si foi muito diferente do que estávamos habituados e ninguém sabia ao certo para onde iríamos depois do grande sell-off entre fevereiro e março de 2020.
Leia Também
Rio Bravo: “Momento é de entrada em fundos imobiliários de tijolo, não de saída”
Em segundo, porque a dispersão de valuation foi tamanha que não havia como enterrar por definitivo muitos setores, que acabaram ficando baratos demais ao longo do ano passado — se houvesse uma rotação setorial, tais segmentos conseguiriam performar muito bem (foi exatamente o que temos visto nos últimos meses).
Obviamente, as ações globais tiveram um desempenho muito melhor do que o normal na recuperação que vivemos até aqui.
O gráfico abaixo mostra o "MSCI World", um índice de ações global, em torno dos mercados de baixa (dados desde 1970). Hoje, o nosso desempenho superou em muito a média verificada desde então. Acompanhamos muito bem a recuperação pós-GFC ("Great Financial Crisis", ou "Grande Crise Financeira").
Se essa comparação continuar, estamos agora na zona para a primeira correção real, ou seja, a primeira queda real de mais de 10% deve começar agora. Mas essa é uma comparação, no meu entendimento, errada, uma vez que a natureza da crise é, como disse anteriormente, muito díspar da verificada em 2008.
Atualmente, vivemos uma recuperação cíclica sem precedentes, com condições expostas bastante favoráveis para os próximos 12 meses, o que me faz duvidar de uma grande correção nesta altura do campeonato.
Volatilidade existe, claro, e continuará presente em nossas vidas. As perspectivas, porém, são favoráveis: i) vacinação; ii) reabertura; e iii) estímulos fiscais. Há, com isso, contexto para uma retomada cíclica da economia.
Os ciclos de negócios (business cycles) têm um forte impacto no mercado de ações e, como já foi provado cientificamente, a dinâmica do ciclo de negócios pós-1945 é muito diferente da dinâmica do ciclo de negócios anterior a 1945.
Esta é uma das conclusões de um novo artigo de Jesper Rangvid em seu novo livro "From Main Street to Wall Street: How the Economy Influences Stock Markets and What Investors Should Know".
As recessões foram mais frequentes e, consequentemente, as expansões mais curtas, antes da Segunda Guerra Mundial. Ou, em outras palavras, as economias desenvolvidas experimentaram menos recessões e com durações mais curtas desde a Segunda Guerra Mundial. Isso é bom, pois as recessões causam desemprego, queda na renda e outras experiências que gostaríamos de evitar.
Desde 1945, a expansão média dura mais. Uma estatística interessante que o livro apresenta é que, em média, a economia dos EUA estava em recessão em quatro dos dez meses antes de 1945. Depois de 1945, a economia dos EUA está em recessão em menos de dois de dez meses. Ou seja, ao contrário do que espalham por aí, as recessões tornaram-se mais raras desde a Segunda Guerra Mundial.
O mercado de ações dos EUA entregou de performance cerca de 10% ao ano em média durante as expansões (desde 1871) em termos reais. Durante as recessões, o retorno real médio das ações é negativo, em -1,2%.
Agora, temos as condições para um grande ciclo virtuoso de crescimento no mundo, que pode resultar em um momento de pujança econômica sincronizada com a qual não flertamos há décadas. Justamente por isso, não entendo como provável um momento ruim para as ações globais hoje.
Claro, mais crescimento denota mais inflação, a qual acredito que seja mais temporária, pelo fluxo de acontecimentos recentes, do que estrutural, o que indica que, ainda que haja volatilidade em torno desse tema nos próximos 12 meses, ainda perseverará a longo prazo uma visão otimista para posições em risco.
Dueto para o segundo semestre
Para o segundo semestre, gosto de um dueto entre tese de reabertura (maior parte) e teses da nova economia, que devem ter uma performance inferior nos próximos meses por conta do temor inflacionário. Mas elas ainda são teses consolidadas, muito diferente do que vimos na bolha de 2000. Fluxo de caixa em commodity também parece ser uma pedida certa, como já conversamos para o caso da Vale na semana passada.
Tudo isso, claro, feito sob o devido dimensionamento das posições, conforme seu perfil de risco, e a devida diversificação de carteira, com as respectivas proteções associadas.
O Brasil deverá ter momentos atribulados por conta de seu fiscal complicado e do ano eleitoral em 2022, mas ainda assim é um emergente bem descontado e deve chamar atenção em uma maior maturação deste ciclo de commodities que vivemos hoje.
Viu agora o motivo de não termos enterrado os mortos da crise? Eles voltaram — a reabertura da economia trará o setor de serviços, que ficou para trás, com tudo para o topo da lista das ações mais desejadas. Haverá consumo, emprego e crescimento. Não podemos ficar de fora.
Felipe Miranda, estrategista-chefe da Empiricus, a maior casa de análise independente para o varejo dos investimentos da América Latina, possui o conjunto de ideias certas para uma posição correta no Brasil e no mundo, para os mais variados setores e perfis de investidores.
Em seu best-seller Palavra do Estrategista, ele compartilha quinzenalmente com seus assinantes tais ideias. Convido a todos que gostaram deste texto a conferirem os pormenores da ideia de Miranda.
Leia também:
- Como era verde o meu Vale: ainda vale a pena ter ações da mineradora após a disparada recente?
- Bitcoin, Ethereum, Dogecoin… Com tantas opções, o quanto de criptomoedas você deve ter em sua carteira?
- O minério de ferro virou pedra preciosa — e Vale e siderúrgicas são joias na bolsa
TRBL11 recebe R$ 6 milhões em acordo por imóvel que é alvo de impasse com os Correios — agora o FII está de olho na disputa judicial contra a estatal
Segundo o gestor da Rio Bravo, o acordo “é apenas o começo” e, agora, o fundo imobiliário busca cobrar os Correios e voltar a ocupar o galpão com um novo inquilino
Banco do Brasil (BBAS3) supera a Vale (VALE3) em um quesito na bolsa; saiba qual
Os dados são de um levantamento mensal do DataWise+, parceria entre a B3 e a Neoway
Fundo imobiliário MFII11 mira novo projeto residencial na zona leste de São Paulo; veja os detalhes
O FII vem chamando atenção por sua estratégia focada em empreendimentos residenciais ligados ao Minha Casa, Minha Vida (MCMV)
Ibovespa renova máxima histórica e dólar vai ao menor nível desde julho de 2024 após dados de inflação nos EUA; Wall Street também festeja
Números de inflação e de emprego divulgados nesta quinta-feira (11) nos EUA consolidam a visão do mercado de que o Fed iniciará o ciclo de afrouxamento monetário na reunião da próxima semana; por aqui, há chances de queda da Selic
Fundo imobiliário do BTG quer vender cinco imóveis por mais de R$ 830 milhões — e já tem destino certo para o dinheiro
Criado especialmente para adquirir galpões da Log Commercial Properties (LOGG3), o BTLC11 comprou os ativos em 2023, e agora deseja gerar valor aos cotistas
GGRC11 ou Tellus: quem levou a melhor na disputa pelo galpão da Renault do FII VTLT11, que agora se despede da bolsa
Com a venda do único imóvel do portfólio, o fundo imobiliário será liquidado, mas cotistas vão manter a exposição ao mercado imobiliário
Fundo imobiliário (FII) aposta em projetos residenciais de alto padrão em São Paulo; veja os detalhes
Com as transações, o fundo imobiliário passa a ter, aproximadamente, 63% do capital comprometido em cinco empreendimentos na capital paulista
Fundo imobiliário Iridium Recebíveis (IRIM11) reduz dividendo ao menor nível em um ano; cotas caem
A queda no pagamento de proventos vem em meio a negociações para a fusão do FII ao Iridium Fundo de Investimento Imobiliário (IRIM11)
Ibovespa sobe 0,52% após renovar máxima intradia com IPCA e PPI no radar; dólar cai a R$ 5,4069
Deflação aqui e lá fora em agosto alimentaram a expectativa de juros menores ainda neste ano; confira os dados e o que mais mexeu com a bolsa e o câmbio nesta quarta-feira (10)
Ouro supera US$ 3.700 pela primeira vez e segue como o refúgio preferido em 2025
Ataque de Israel ao Catar e revisão dos dados de emprego nos EUA aumentaram a busca por proteção e levaram o metal precioso a renovar recorde histórico
Disputa judicial entre Rede D’Or e FIIs do BTG Pactual caminha para desfecho após mais de uma década
Além da renegociação das dívidas da empresa do setor de saúde, os acordos ainda propõem renovações de contratos — mas há algumas condições
Comprado em bolsa brasileira e vendido em dólar: a estratégia do fundo Verde também tem criptomoedas e ouro
Na carta de agosto, o fundo criado por Luis Stuhlberger chama atenção para o ciclo eleitoral no Brasil e para o corte de juros nos EUA — e conta como se posicionou diante desse cenário
Commodities e chance de juro menor dão suporte, mas julgamento de Bolsonaro limita ganhos e Ibovespa cai
O principal índice da bolsa brasileira chegou a renovar máximas intradia, mas perdeu força no início da tarde; dólar à vista subiu e ouro renovou recorde na esteira do ataque de Israel ao Catar
Fundo imobiliário GARE11 anuncia compra de dois imóveis por R$ 32,3 milhões; confira os detalhes da operação
O anúncio da compra dos imóveis vem na esteira da venda de outros dez ativos, reforçando a estratégia do fundo imobiliário
FII vs. FI-Infra: qual o melhor fundo para uma estratégia de renda com dividendos e isenção de imposto?
Apesar da popularidade dos FIIs, os fundos de infraestrutura oferecem incentivos fiscais extras e prometem disputar espaço nas carteiras de quem busca renda mensal isenta de IR
Rubens Ometto e Luiza Trajano bem na fita: Ações da Cosan (CSAN3), do Magalu (MGLU3) e da Raízen (RAIZ4) lideram altas da semana no Ibovespa
Se as ações da Cosan, do Magazine Luiz e da Raizen brilharam no Ibovespa, o mesmo não se pode dizer dos papéis da Brava, da Marfrig e da Azzas 2154
É recorde atrás de recorde: ouro sobe a US$ 3.653,30, renova máxima histórica e acumula ganho de 4% na semana e de 30% em 2025
O gatilho dos ganhos de hoje foi o dado mais fraco de emprego dos EUA, que impulsionou expectativas por cortes de juros pelo banco central norte-americano
Ibovespa renova máximas e dólar cai a R$ 5,4139 com perspectiva de juro menor nos EUA abrindo as portas para corte na Selic
O Departamento do Trabalho dos EUA divulgou, nesta sexta-feira (5), o principal relatório de empregos dos Estados Unidos, o payroll, que veio bem abaixo do esperado pelo mercado e dá a base que o Fed precisava para cortar a taxa, segundo analistas
Ibovespa volta a renovar máxima na esteira de Nova York e dólar acompanha; saiba o que mexe com os mercados
Por aqui, os investidores seguem de olho nas articulações do Congresso pela anistia, enquanto lá fora a chance de corte de juros pelo Fed é cada vez maior
Ouro bate recorde pelo segundo dia seguido e supera US$ 3.600. Hype ou porto seguro?
A prata segue a mesma trajetória de ganhos e renova o maior nível em 14 anos a US$ 42,29 a onça-troy; saiba se vale a pena entrar nessa ou ficar de fora