O ano de 2021 começou bem, apesar dos indicadores terem entrado recentemente em uma parcial congestão dos mercados globais logo após a posse de Biden. Aqui no Brasil, especificamente, devido aos nossos riscos fiscais, os ativos de risco ficaram ainda mais pressionados.
Contudo, há motivos para otimismo.
Em primeiro lugar, temos a perspectiva de alcançarmos a imunidade coletiva derivada das campanhas de imunização já em meados de 2021 nos países que vacinarem mais rapidamente suas populações. Isso, inclusive, está levando os investidores a olhar além do vale para a normalização econômica.
É certo que o Produto Interno Bruto (PIB) ainda estará pressionado no curto prazo — São Paulo, por exemplo, acabou de decretar novas quarentenas —, mas o efeito é relativamente mais modesto frente ao início de 2020, pois os setores afetados já estão praticamente paralisados. Por definição, quando um setor está quase parado, sua contribuição negativa potencial para o PIB também é próxima de zero.
Ao mesmo tempo, os governos e os bancos centrais observam tal movimento como uma oportunidade para estender suas medidas de apoio (estímulos fiscais e monetários). Nesse sentido, deveríamos agora esperar que a inflação se manifestasse.
Para ilustrar o motivo disso, note abaixo a poupança dos EUA. Assim que a economia se reativar, essa demanda represada vai desaguar pela economia, ao passo em que a economia retoma a normalidade.
Em outras palavras, uma segunda consequência das novas medidas para restringir a mobilidade e impor o distanciamento físico é que as famílias aumentarão ainda mais suas poupanças involuntárias, uma vez que não podem gastar sua renda da maneira que normalmente fariam.
Com isso, o ambiente é favorável para ativos de risco, pelo menos até que a plena recuperação econômica seja definitivamente assegurada — investidores querem mesmo é saber qual é a proporção adequada desse risco.
Você sabia que mais de 80% dos retornos de seu portfólio vem da alocação entre classes de ativos?
Isso mesmo.
Se você estiver bem posicionado nas diferentes classes possíveis de se investir, já tem mais de meio caminho andado para ter um portfólio saudável.
Mas o que quero dizer com isso?
Basicamente, saber em que tipo de ativo você deve estar, como ações, renda fixa ou fundos imobiliários, é mais importante do que ter uma ação ou um título de crédito específico.
Quando diversificamos entre diferentes classes de ativos, nós reduzimos nosso risco relativo do portfólio, aumentando potencialmente o retorno da carteira em questão. É o tão chamado de benefício da diversificação — se uma classe vai mal, outra vai bem.
Se é verdade que diversificação é positiva para classes de ativos, também o é para o interior da classe em si. Por exemplo, quando investimos na categoria de ações, não podemos investir em uma só companhia. Negativo. Temos que separar nosso tão suado dinheiro em diferentes companhias, setores e países de atuação.
Com isso, conseguimos prover mais estabilidade para a carteira, de modo a aprimorar o que chamamos de relação risco-retorno do portfólio. Claro, com cada posicionamento entre classes, podemos ter alvos menos e mais arrojados, tudo depende de seu perfil de investidor.
Se você for mais tolerante a risco e já tiver um pouco mais de conhecimento e experiência, poderia tentar uma alocação mais arrojada. Já se você for mais conservador em relação aos riscos de mercados, poderia explorar um tipo de carteira menos sofisticada.
Não tem certo e errado, na resposta, tudo depende de como você se sentir confortável e de como seu portfólio for organizado — é necessário diligência quando montamos as classes de ativos e as posições específicas.
Abaixo, vemos diferentes portfólios para diferentes perfis, do risco baixo (à esquerda) ao elevado (à esquerda). Notamos que quanto maior o risco esperado da carteira, maior também será a perspectiva de retorno.
Outro fator determinante, é seu horizonte temporal e seu momento de vida. Diferentes janelas de tempo demandam diferentes portfólios indicados, assim como diferentes idades e níveis de renda demandam modelos alternativos a serem seguidos também.
Vale dizer que as estratégias mais consistentes reagem melhor em horizontes mais dilatados de tempo. Investimento é um projeto de muitos anos — Warren Buffett não é um senhor de idade por coincidência.
Há um efeito riqueza positivo graças à recuperação dos ativos financeiros. Como resultado, o consumo de serviços deve passar por um “mini boom” quando a Covid-19 for finalmente refreada, ou seja, a partir do segundo ou, mais provavelmente, do terceiro trimestre.
O contexto é positivo para se carregar um pouco mais de risco, responsavelmente, nas carteiras — nunca ter apenas risco e sempre ter proteções paralelamente (clássicas e sofisticadas).
Tudo isso, claro, feito sob o devido dimensionamento das posições, conforme seu perfil de risco, e a devida diversificação de carteira, com as respectivas proteções associadas.
Acredito que uma das pessoas que mais entende sobre a locação atualmente para a carteira do investidor de varejo brasileiro esteja na Empiricus. Trata-se de Felipe Miranda, estrategista-chefe e sócio fundador da maior casa de análise independente do Brasil.
Em sua série best seller Palavra do Estrategista, Felipe apresenta suas melhores ideias de alocação e para ativos específicos também. Quem quiser se posicionar positivamente no ano que se inicia, ainda dá tempo, basta ler o que o Felipe tem a dizer.
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