Vendo Monza 2.0, única dona
Era descolado ter um Monza quando ele chegou ao Brasil. Mas seria ridículo ter um Monza ainda hoje. E tudo bem. O Monza continua com sua marca na história do mercado automobilístico brasileiro.
Minha mãe tinha um Monza 2.0, azul-marinho. Ela amava. Gostava tanto que ficou com o carro por três anos. Depois, trocou… por outro Monza 2.0, azul-marinho.
Daí se passaram mais alguns anos e ela comprou um Vectra, que era melhor, basicamente uma evolução frente ao carro anterior.
Nada contra o Monza. Ao contrário. Ele foi muito legal por um tempo. Cumpriu seu papel. Guardo ótimas lembranças. Mas passou. Foi bom por alguns anos, revolucionou o mercado — até que deixou de ser. Era descolado ter um Monza quando ele chegou ao Brasil. Mas seria ridículo ter um Monza ainda hoje. E tudo bem. O Monza continua com sua marca na história do mercado automobilístico brasileiro.
As coisas são assim mesmo. Elas chegam, promovem uma novidade; às vezes, uma disrupção, até uma revolução. Então, elas mesmas passam, são superadas por outras. Com o perdão do neologismo, o disruptor hoje é o disruptado amanhã.
Nada muito diferente da destruição criativa de Schumpeter, tão conhecida na economia — e, para mim, as finanças e os investimentos são parte da economia.
Na arte, funciona parecido também. Na peça "Vermelho'', por exemplo, Mark Rothko demonstra sua rivalidade com Jackson Pollock e fúria contra a dificuldade dos cubistas e surrealistas em admitir sua superação pelo expressionismo abstrato. Alguns anos mais tarde, é o próprio Rothko quem não admite a disrupção promovida por Andy Warhol e sua pop arte.
Leia Também
Até mesmo nos relacionamentos pode ser assim. Depois de vários anos, a coisa, se terminar, não quer dizer que "não deu certo”. Foi ótimo. Deu certo por duas décadas. E depois não deu mais. Maravilha. Segue em frente, com orgulho do vivido no passado.
Em conversa com os gestores da Vitreo, fui informado de que o fundo Vitreo Carteira Universa, que se inspira na nossa Carteira Empiricus, terá sua taxa de administração reduzida em 10 pontos-base, para 1,4% ao ano, assim que o patrimônio do fundo alcançar a marca de R$ 1,5 bilhão.
Atualmente, o fundo está com cerca de R$ 1,375 bilhão sob gestão e, a julgar pelo ritmo recente de captação, conforme os dados disponíveis na CVM, deve chegar a R$ 1,5 bilhão em curto intervalo de tempo.
Numa indústria ainda muito escorada no famoso 2 com 20 (2% de taxa de administração com 20% de performance) e poucos fundos multimercados com PL superior a R$ 1 bilhão com taxas inferiores a isso, é mais uma demonstração do compromisso da Vitreo em dividir o seu sucesso com seus clientes, de estar na fronteira da transparência nesse mercado, do alinhamento ao investidor, da mitigação de conflitos de interesse e de taxas bem mais baixas frente à média da indústria.
Este é um momento bastante especial do fundo. Depois de um mês de março de 2020 bastante duro, o Carteira Universa tem se recuperado com vigor. Além do bom desempenho desde então e da alta vigorosa no último trimestre do ano passado, o fundo atravessa bastante bem a volatilidade dos ativos brasileiros em janeiro, com alta superior a 1%. As posições internacionais e alguns acertos importantes no mercado local, como nas ações de Intermédica, Hapvida e Méliuz, têm sustentado o Universa nesse patamar.
É um curto intervalo de tempo, claro, mas também desde o começo do fundo a performance é boa. No fim do dia, é isso que importa.
Como principal cotista do fundo e com boa parte do meu dinheiro lá aplicado, confesso animação com o desempenho recente, a iminente queda da taxa de administração e o prognóstico à frente. Trago essa novidade, porém, com outro intuito. Essa movimentação, na verdade, demonstra algo muito maior e importante para o investidor: a incapacidade de a indústria 2.0 concorrer com o modelo 3.0
Por que a Vitreo está à frente deste movimento?
Antes da resposta, me deixe voltar algumas casas.
Não acho que a Vitreo estará sozinha neste processo. Há uma única corretora acreditando poder estar só fora de ambientes caracterizados por monopólios naturais e/ou legais; e eu, definitivamente, não faço parte dessa egotrip. Pergunte à maior parte dos gestores de fundos e emissores de títulos como eles têm sido tratados…Desculpe, mas eu não trato assim meus parceiros. Bom, mas essa coisa de práticas monopolistas é outra história.
Outros representantes já sob o modelo 3.0 são Banco Inter, Pi, Warren, Magnetis. E existem outros candidatos potenciais. Se Méliuz ou Mosaico, por exemplo, resolverem jogar esse jogo, podem trazer coisas bem interessantes, porque têm clientes, canal de distribuição, tecnologia e dados. Isso sem falar em coisas meio malucas como PagSeguro, Stone, Magazine Luiza e, por que não?, Facebook e Amazon…
Aos poucos familiarizados, o termo “indústria 1.0” se refere ao mercado de capitais dominado pelos bancos e suas plataformas fechadas. Com seus gerentes, metas a bater, PICs, títulos de capitalização, CDBs e outras coisas muitas vezes bem tóxicas; o Itaú só oferecia produtos do Itaú. Nada contra o banco, de quem sempre fui correntista. O Bradesco também só oferecia produtos do Bradesco. A banda tocava dessa forma, independentemente da bandeira.
O investidor estava numa situação ruim, com poucas opções (ele só podia comprar investimentos do respectivo banco), e condenado a um enorme conflito de interesses (a instituição X só oferecia seus próprios produtos, ainda que o banco Y tivesse produtos melhores).
Então, veio a indústria 2.0, muito melhor do que a anterior. Com muitos méritos, as plataformas de investimento chamadas independentes, inspiradas sobretudo no modelo da Charles Schwab, trouxeram ao Brasil o conceito da plataforma aberta. Ou seja, passaram a oferecer produtos de terceiros; não apenas os seus próprios.
Foi ótimo para o investidor. Agora, ele poderia escolher entre mais opções e pegar a melhor para si. Além disso, estaria sob menor conflito de interesses, porque a plataforma de investimento poderia oferecer coisas de outras casas, potencialmente melhores do que a sua própria.
O que faltou? Embora seja uma evolução enorme frente à indústria 1.0, um marco na história do mercado de capitais brasileiro, o modelo 2.0 deixou muitos problemas por resolver. Vejo três principais:
— O conflito de interesses: a forma de remuneração dos assessores dessas plataformas de investimento é muito semelhante à do gerente do banco. Nada mudou nesse sentido. A essência é a mesma. Ambos são distribuidores de produtos. Ou seja, vendedores, remunerados conforme a venda e suas comissões. Se você vende o produto A, ganha mais do que se vende o produto B. Portanto, há um incentivo monetário para o assessor de investimento, que é um vendedor, distribuir mais o produto A do que B. Esclarecimento importante: o problema não é do assessor. Ele tem bocas a alimentar, boletos pra pagar. Todos nós estaríamos sob o mesmo dilema. A fragilidade do modelo está na estrutura de incentivos. Menos personalismo, mais instituições — como carecemos disso…
— Falta de conhecimento técnico: se você vai a um médico, será atendido por um especialista em medicina. Um nutricionista, a mesma coisa. Se você fosse se consultar com um vendedor de remédios, possivelmente o número e a frequência das drogas prescritas seriam outros. Um vendedor está treinado na venda; ele não é um técnico, um especialista, um estudioso do mercado. Não é melhor, nem pior. É apenas uma outra atividade. Vá a uma loja de shopping e pergunte ao vendedor se a camisa que você acaba de provar ficou boa. O que você acha que ele vai responder? Se você é atendido por um vendedor em vez de um técnico, estará em desvantagem técnica. É uma construção lógica.
— Um modelo caro: não houve real desintermediação no modelo 2.0. Os heróis contam e se contam cada história. Ainda há um intermediário entre a instituição financeira e o investidor — no caso, o agente autônomo ou assessor de investimento. Se a plataforma de investimento precisa remunerar a si e ao agente autônomo, ela vai incorrer num custo maior. Resultado: vai ter margem menor, porque divide o bolo com o assessor; ou vai ter que cobrar mais caro, repassando o custo da intermediação para o cliente. Não é à toa que o cashback e a corretagem zero estão somente em plataformas sem agente autônomo. Essas coisas não convivem bem. Como a corretora vai dar cashback e dividir seu rebate consigo, com o agente autônomo e com o cliente? Vai sobrar quase nada pra ninguém…
Aí entra o modelo 3.0, que supera o anterior e resolve as questões acima, sendo uma evolução natural das coisas. Você retira o agente autônomo da história. Fornece research ou consultoria ao investidor. Assim, ele passa a ser orientado por um técnico (não por um vendedor). Além disso, como se trata de um modelo muito mais escalável do que os analógicos agentes autônomos, pode ser cobrado muito menos do cliente, o que se materializa por taxas menores, cashback, transparência, alinhamento e corretagem zero. Fica mais barato para o investidor, cujo retorno líquido final fica maior. Por fim, como não se recebe diferente do ativo A ou B, mitiga-se também o conflito de interesses. Não importa se o investidor coloca seu dinheiro no fundo X ou Y, a plataforma fica com o mesmo em cada um deles, no batizado “cashback sem conflito”.
Do mesmo jeito que a indústria 2.0 retirou (e ainda retira) muito dinheiro dos bancões, me parece inexorável imaginar sua superação pelo modelo 3.0. A razão é muito simples: o 3.0 é muito melhor e as plataformas anteriores, pela sua estrutura, não vão conseguir competir. Seus produtos necessariamente serão mais caros e piores. É da natureza da coisa.
A verdade é que a década iniciada em 2010 já terminou também para os investimentos. Espero que você tenha percebido.
Estou vendendo aquele Monza 2.0, azul-marinho, única dona, toca-fitas bacana, conservadão. Tem interesse?
Investir com emoção pode custar caro: o que os recordes do Ibovespa ensinam
Se você quer saber se o Ibovespa tem espaço para continuar subindo mesmo perto das máximas, eu não apenas acredito nisso como entendo que podemos estar diante de uma grande janela de valorização da bolsa brasileira — mas isso não livra o investidor de armadilhas
Seca dos IPOs ainda vai continuar, fim do shutdown e o que mais movimenta a bolsa hoje
Mesmo com Regime Fácil, empresas ainda podem demorar a listar ações na bolsa e devem optar por lançar dívidas corporativas; mercado deve reagir ao fim do maior shutdown da história dos EUA, à espera da divulgação de novos dados
Rodolfo Amstalden: Podemos resumir uma vida em uma imagem?
Poucos dias atrás me deparei com um gráfico absolutamente pavoroso, e quase imediatamente meu cérebro fez a estranha conexão: “ora, mas essa imagem que você julga horripilante à primeira vista nada mais é do que a história da vida da Empiricus”
Shutdown nos EUA e bolsa brasileira estão quebrando recordes diariamente, mas só um pode estar prestes a acabar; veja o que mais mexe com o seu bolso hoje
Temporada de balanços, movimentos internacionais e eleições do ano que vem podem impulsionar ainda mais a bolsa brasileira, que está em rali histórico de valorizações; Isa Energia (ISAE4) quer melhorar eficiência antes de aumentar dividendos
Ibovespa imparável: até onde vai o rali da bolsa brasileira?
No acumulado de 2025, o índice avança quase 30% em moeda local — e cerca de 50% em dólar. Esse desempenho é sustentado por três pilares centrais
Felipe Miranda: Como era verde meu vale do silício
Na semana passada, o mitológico investidor Howard Marks escreveu um de seus icônicos memorandos com o título “Baratas na mina de carvão” — uma referência ao alerta recente de Jamie Dimon, CEO do JP Morgan, sobre o mercado de crédito
Banco do Brasil (BBAS3) precisará provar que superou crise do agro, mercado está otimista com fim do shutdown nos EUA no horizonte, e o que mais você precisa saber sobre a bolsa hoje
Analistas acreditam que o BB não conseguirá retomar a rentabilidade do passado, e que ROE de 20% ficou para trás; ata do Copom e dados de inflação também mexem com os mercados
Promovido, e agora? Por que ser bom no que faz não te prepara para liderar pessoas
Por que seguimos promovendo técnicos brilhantes e esperando que, por mágica, eles virem líderes preparados? Liderar é um ofício — e como todo ofício, exige aprendizado, preparo e prática
Novo nome da Eletrobras em nada lembra mercado de energia; shutdown nos EUA e balanço da Petrobras também movem os mercados hoje
Depois de rebranding, Axia Energia anuncia R$ 4 bilhões em dividendos; veja o que mais mexe com a bolsa, que bate recorde depois de recorde
Eletrobras agora é Axia: nome questionável, dividendos indiscutíveis
Mesmo com os gastos de rebranding, a empresa entregou bons resultados no 3T25 — e há espaço tanto para valorização das ações como para mais uma bolada em proventos até o fim do ano
FII escondido no seu dia a dia é campeão entre os mais recomendados e pode pagar dividendos; mercado também reflete decisão do Copom e aprovação da isenção de IR
BTGLG11 é campeão no ranking de fundos imobiliários mais recomendados, Copom manteve Selic em 15% ao ano, e Senado aprovou isenção de Imposto de Renda para quem recebe até R$ 5 mil
É bicampeão! FII BTLG11 volta ao topo do ranking dos fundos mais recomendados em novembro — e tem dividendos extraordinários no radar
Pelo segundo mês consecutivo, o BTLG11 garantiu a vitória ao levar quatro recomendações das dez corretoras, casas de análise e bancos consultados pelo Seu Dinheiro
Economista revela o que espera para a Selic em 2025, e ações ligadas à inteligência artificial sofrem lá fora; veja o que mais mexe com o mercado hoje
Ibovespa renovou recorde antes de decisão do Copom, que deve manter a taxa básica de juros em 15% ao ano, e economista da Galapagos acredita que há espaço para cortes em dezembro; investidores acompanham ações de empresas de tecnologia e temporada de balanços
O segredo do Copom, o reinado do Itaú e o que mais movimenta o seu bolso hoje
O mercado acredita que o Banco Central irá manter a taxa Selic em 15% ao ano, mas estará atento à comunicação do banco sobre o início do ciclo de cortes; o Itaú irá divulgar seus resultados depois do fechamento e é uma das ações campeãs para o mês de novembro
Política monetária não cede, e fiscal não ajuda: o que resta ao Copom é a comunicação
Mesmo com a inflação em desaceleração, o mercado segue conservador em relação aos juros. Essa preferência traz um recado claro: o problema deriva da falta de credibilidade fiscal
Tony Volpon: Inteligência artificial — Party like it’s 1998
Estamos vivendo uma bolha tecnológica. Muitos investimentos serão mais direcionados, mas isso acontece em qualquer revolução tecnológica.
Manter o carro na pista: a lição do rebalanceamento de carteira, mesmo para os fundos imobiliários
Assim como um carro precisa de alinhamento, sua carteira também precisa de ajustes para seguir firme na estrada dos investimentos
Petrobras (PETR4) pode surpreender com até R$ 10 bilhões em dividendos, Vale divulgou resultados, e o que mais mexe com seu bolso hoje
A petroleira divulgou bons números de produção do 3° trimestre, e há espaço para dividendos bilionários; a Vale também divulgou lucro acima do projetado, e mercado ainda digere encontro de Trump e Xi
Dividendos na casa de R$ 10 bilhões? Mesmo depois de uma ótima prévia, a Petrobras (PETR4) pode surpreender o mercado
A visão positiva não vem apenas da prévia do terceiro trimestre — na verdade, o mercado pode estar subestimando o potencial de produção da companhia nos próximos anos, e olha que eu nem estou considerando a Margem Equatorial
Vale puxa ferro, Trump se reúne com Xi, e bolsa bateu recordes: veja o que esperar do mercado hoje
A mineradora divulga seus resultados hoje depois do fechamento do mercado; analistas também digerem encontro entre os presidentes dos EUA e da China, fala do presidente do Fed sobre juros e recordes na bolsa brasileira