Um investidor conservador sabe que uma boa ação tem seus defeitos

“Sou reacionário. Minha reação é contra tudo que não presta.”
Se o sábado é uma ilusão, a segunda-feira deve ser a mais dura e fria realidade. Começamos a semana com Nelson Rodrigues.
O conservador é um cético na capacidade de grandes revoluções oferecerem um futuro não testado que seja superior ao que sobreviveu ao teste do tempo. Se as instituições, sejam elas formais ou informais, estão aí há muitos anos, deve haver algum valor nelas. O reacionário é mais do que isso. Ele quer retomar condições pregressas já superadas.
Eu presto atenção ao que eles dizem, mas eles não dizem nada. Todos preconizam a vitória prospectiva do value investing sobre o growth num mundo de mais inflação e mais juro, depois de anos de estagnação secular e protagonismo dos cases de crescimento. Mas o que seria esse value investing? Alguém já o viu por aí, indo com a família ao Jardim Zoológico dar pipoca aos macacos?
Voltando a Nelson Rodrigues, como “a televisão matou a janela”, o YouTube matou o Investidor Inteligente e o Security Analysis. Embora haja uma defesa retórica abrangente sobre o value investing clássico, ao olhar certas cotações em Bolsa, sinto que falam-se coisas sem a menor vergonha na cara, desapegadas da realidade objetiva.
O problema é que eu, assim como Nelson, só acredito nas pessoas que ainda se ruborizam. E elas parecem minoria. A era do Instagram é também a falência da moral e da coragem. Infectados pelo vírus de preconceitos modernos, alguns abandonaram a cartilha clássica.
Leia Também
Em relatório recente, a QQR resumiu em cinco tópicos sua prescrição top-down para o momento, sendo o primeiro deles uma espécie de obrigatoriedade: buy cash flows; ou seja, compre fluxos de caixa no presente.
O que me vem imediatamente à cabeça? Vale é o primeiro nome, oferecendo um fluxo de caixa livre ao acionista superior a 20% neste ano. Negociando a pouco mais de 3 vezes EV/Ebitda e sem dívida, isso é uma aberração de fluxo de caixa para o acionista. Já é uma paixão antiga. Uma namorada arisca que nos entrega bons lucros acumulados. Oferece um susto ou outro, como no final da semana passada, a partir da forte correção do minério de ferro na China em dois dias. Mas, melhor assim: “Ou a mulher é fria ou morde. Sem dentada não há amor possível”.
E como sabemos que “perfeição é coisa de menininha tocadora de piano”, tenho me atraído também por Petrobras. De maneira pragmática, as preocupações recentes (todas elas pertinentes) vão sendo superadas, uma a uma. E, então, muito desconto frente a uma cesta global de petrolíferas e uma monstruosidade de 25% de fluxo de caixa livre para o acionista em 2021.
Uma boa ação não é aquela que não tem defeitos. Essa já está precificada à perfeição. Então, seu risco é enorme, porque a realidade objetiva vai nos mostrar, cedo ou tarde, a ilusão. O risco onde não há risco é enorme, porque seu preço é caro. Quero olhar justamente para os defeitos baratos, os mais baratos. “O ser humano é cego para os próprios defeitos. Jamais o vilão do cinema mudo proclamou-se vilão. Nem o idiota se diz idiota.”
Sejamos sinceros: o consenso atual consegue enxergar valor e mérito em empresas com muitos fluxos de caixa no presente e receitas em dólar, produtoras de commodities e exportadoras. Mas e os nossos próprios defeitos, os domésticos largados em Bolsa? Somos capazes de enxergar?
Há uma cartilha bem tradicional, talvez até um pouco clichê, do velho e bom Benjamin Graham: procure por empresas abaixo de 7 vezes lucros, abaixo de 1,2 vez na relação Preço/Valor Patrimonial e, se possível, pagadoras de dividendos. Pode parecer ultrapassado, mas, por incrível que pareça, existem coisas assim por aí.
Sanepar pode ser complicada e, literalmente, exigir a dança da chuva, mas atende aos critérios.
Direcional cometeu o grave pecado de ser uma incorporadora — e isso parece realmente imperdoável, como uma traição imperdoável aos supostos sábios (na verdade, preconceituosos) do value investing. “Tudo passa, menos a adúltera. Nos botecos e nos velórios, na esquina e nas farmácias, há sempre alguém falando nas senhoras que traem. O amor bem-sucedido não interessa a ninguém.” De fato, parece que o sucesso de Direcional a poucos interessa. Isso está a 6 vezes lucros 2022, abaixo do NAV e pagando 13% de yield em sete meses.
Se isso não é value investing, então o que é?
Como uma pequena condolência ao comedimento e à moderação de Bruno Covas, raros em épocas de polarização, encerro da mesma forma que comecei, recorrendo a Nelson Rodrigues: “Como são parecidos os radicais da esquerda e da direita. Dirá alguém que as intenções são dessemelhantes. Não. Mil vezes não. Um canalha é exatamente igual a outro canalha.”
Agenda Econômica: Fórum do BCE reúne líderes dos maiores BCs do mundo, enquanto payroll, IPC-Fipe e PIB britânico agitam a semana
Produção industrial brasileira, confiança dos negócios no Japão e indicadores da China completam a agenda dos próximos dias e movimentam os mercados antes do feriado nos EUA
Brasil é destaque na América Latina para o BIS, mas banco vê pedras no caminho da economia global — e Trump é uma delas
O relatório anual do BIS mostrou que o cenário internacional também vem pesando na conta das economias ao redor do mundo
Quina de São João é a única loteria a ter novos milionários, enquanto Mega-Sena acumula em R$ 52 milhões
A Quina de São João não foi a única a ter vencedores na categoria principal, mas nenhuma outra loteria fez um novo milionário
Treze apostas dividem prêmio da Quina de São João de 2025; veja quanto cada uma vai embolsar
Além do prêmio principal, a Quina de São João também contou com vencedores nas demais categorias
Sorteados os números da Quina de São João; veja se você é um dos ganhadores
Resultado do rateio da Quina de São João será conhecido dentro de alguns minutos; acompanhe a cobertura do Seu Dinheiro
Já vai começar! Acompanhe ao vivo o sorteio da Quina de São João de 2025
O prêmio está acumulado em R$ 250 milhões e é o maior valor sorteado na história dessa loteria
Warren Buffett faz a maior doação em ações da Berkshire Hathaway; veja como fica a fortuna do “Óraculo de Omaha”
Apesar da doação de peso, o “Óraculo de Omaha” ainda possui 13,8% das ações da Berkshire
Debate sobre aumento do IOF vai parar na mesa do STF: base do governo pede suspensão da derrubada do decreto
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, já havia afirmado que recorrer ao STF era uma alternativa para o governo Lula
Conta de luz vai continuar pesando no bolso: Aneel mantém bandeira vermelha em julho
Apesar da chuva ao longo de junho ter melhorado a situação de armazenamento nas hidrelétricas, julho deve registrar chuvas abaixo da média na maior parte do país
Samarco ganha licença para ampliar exploração de minério em região atingida por desastre ambiental
O governo mineiro aprovou por unanimidade o Projeto Longo Prazo, que permite a continuidade da retomada operacional da empresa
É hoje! Quina de São João sorteia R$ 250 milhões neste sábado; confira os números mais sorteados
A Quina de São João ocorre desde 2011 e a chance de acertar as cinco dezenas com uma aposta simples é de uma em mais de 24 milhões
Dividendos e JCP: Itaúsa (ITSA4), Bradesco (BBDC4) e outras 11 empresas pagam proventos em julho; saiba quando o dinheiro cai na conta
O Bradesco (BBDC4) dá o pontapé na temporada de pagamentos, mas não para por aí: outras empresas também distribuem proventos em julho
Mudança da meta fiscal de 2026 é quase certa com queda do decreto do IOF, diz Felipe Salto
Salto destaca que já considerava a possibilidade de alteração da meta elevada antes mesmo da derrubada do IOF
Lotofácil faz 2 quase-milionários; prêmio da Quina de São João aumenta e chega a R$ 250 milhões
Às vésperas da Quina de São João, Mega-Sena acumula e Lotofácil continua justificando a fama de loteria ‘menos difícil’ da Caixa
Senado aprova aumento do número de deputados federais; medida adiciona (ainda mais) pressão ao orçamento
O projeto também abre margem para criação de 30 vagas de deputados estaduais devido a um efeito cascata
A escolha de Haddad: as três alternativas do governo para compensar a derrubada do IOF no Congresso
O ministro da Fazenda ressalta que a decisão será tomada pelo presidente Lula, mas sinalizou inconstitucionalidade na derrubada do decreto
O problema fiscal do Brasil não é falta de arrecadação: carga tributária é alta, mas a gente gasta muito, diz Mansueto Almeida
Para economista-chefe do BTG Pactual, o grande obstáculo fiscal continua a ser a ascensão dos gastos públicos — mas há uma medida com potencial para impactar imediatamente a desaceleração das despesas do governo
Chegou a hora de investir no Brasil? Agência de classificação de risco diz que é preciso ter cautela; entenda o porquê
A nota de crédito do país pela Fitch ficou em “BB”, com perspectiva estável — ainda dois níveis abaixo do grau de investimento
IPCA-15 desacelera em junho, mas viagem ao centro da meta será longa: BC vê inflação fora do alvo até o fim de 2027
Inflação vem surpreendendo para baixo em meio à alta do juros, mas retorno ao centro da meta ainda não aparece no horizonte de projeções do Banco Central
Esquece o aumento do IOF: como ficam as alíquotas depois do Congresso derrubar a medida do governo
Na última quarta-feira (25), o Congresso derrubou a medida do governo que aumentava o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF); veja como estão as regras agora