Rodolfo Amstalden: quando ser qualitativo ou quantitativo nos seus investimentos
Breve digressão de teoria do valor sob a perspectiva moderna.
Um delicioso sorvete de morango com uma minúscula gotícula de merda em sua cobertura ainda continua sendo um sorvete de morango?
Ou vira um sorvete de merda?
A analogia, muito útil para questionar modelos de valuation por soma das partes, remete ao conceito de "minority rule".
Em determinadas situações, a coexistência de uma amostra minoritária, mesmo que ínfima, basta para alterar radicalmente a dinâmica do todo.
Mas peço desculpas em meio ao seu café da manhã. Vamos para outro exemplo, menos escatológico, associado às obras de arte.
Leia Também
Colecionadores de arte são capazes de pagar qualquer tipo de soma por uma pintura icônica, a despeito de os insumos básicos usados em um quadro terem um custo praticamente desprezível.
Se você interpelar um colecionador e chamá-lo de idiota por ter pago US$ 5 milhões em uma tela preenchida por tinta e envolta por pedaços de madeira, ele vai rir da sua cara. Socialmente, ele estará certo e você estará errado.
No entanto, a coisa muda de figura se estivermos analisando o caso da escultura do rosto de uma deusa egípcia contendo um pequeno pedaço de diamante no meio da testa.
Automaticamente, a escultura em questão negociará sob um múltiplo aderente ao preço da gramatura de diamante ali evidenciada.
De alguma forma, o detalhe em diamante faz com que abandonemos o romantismo puro da arte e adentremos uma feira mercante.
Sentimo-nos tranquilos e felizes ao desembolsar montantes que podem variar de R$ 1 a US$ 1 trilhão por valores que sejam 100% intangíveis.
Porém, a partir do momento em que se misturam aspectos qualitativos com referências quantitativas, o pragmatismo do mundo objetivo acaba roubando nossa atenção.
Enquanto estivermos investindo em um ativo que escapa completamente dos modelos de avaliação por fluxos intertemporais, esse ativo poderá valer qualquer coisa: desde R$ 1 até US$ 1 trilhão.
A partir do momento em que tal ativo, por qualquer que seja o motivo, se enquadrar minimamente no arcabouço de um fluxo de caixa descontado, grudando um lindo diamante em sua própria testa, o romance do intangível estará acabado.
Eis o paradoxo moderno: a perpetuidade só existe em seu ápice — potencialmente infinita — na medida em que não pode ser calculada. Quando puder ser calculada, assumirá um valor modesto e comportado, tornando-se desinteressante aos apreciadores da boa arte.
Ironicamente, portanto, o pico do valuation de um determinado ativo não está no presente e nem no futuro, mas sim em algum ponto intermediário entre o hoje e o amanhã, um ponto de não convergência.
Se os unicórnios quiserem continuar subindo, melhor manterem distância segura da cerca que os separa do pasto dos cavalos.
O mesmo conselho cabe às moedas digitais — que sejam felizes enquanto forem capazes de evitar analogias estritas com as moedas tradicionais.
Toda obra ficcional é um grande choque de realidade.
Crônica de uma tragédia anunciada: a recuperação judicial da Ambipar, a briga dos bancos pelo seu dinheiro e o que mexe com o mercado hoje
Empresa de gestão ambiental finalmente entra com pedido de reestruturação. Na reportagem especial de hoje, a estratégia dos bancões para atrair os clientes de alta renda
Entre o populismo e o colapso fiscal: Brasília segue improvisando com o dinheiro que não tem
O governo avança na implementação de programas com apelo eleitoral, reforçando a percepção de que o foco da política econômica começa a se deslocar para o calendário de 2026
Felipe Miranda: Um portfólio para qualquer clima ideológico
Em tempos de guerra, os generais não apenas são os últimos a morrer, mas saem condecorados e com mais estrelas estampadas no peito. A boa notícia é que a correção de outubro nos permite comprar alguns deles a preços bastante convidativos.
A temporada de balanços já começa quente: confira o calendário completo e tudo que mexe com os mercados hoje
Liberamos o cronograma completo dos balanços do terceiro trimestre, que começam a ser divulgados nesta semana
CNH sem autoescola, CDBs do Banco Master e loteria +Milionária: confira as mais lidas do Seu Dinheiro na semana
Matérias sobre o fechamento de capital da Gol e a opinião do ex-BC Arminio Fraga sobre os investimentos isentos de IR também integram a lista das mais lidas
Como nasceu a ideia de R$ 60 milhões que mudou a história do Seu Dinheiro — e quais as próximas apostas
Em 2016, quando o Seu Dinheiro ainda nem existia, vi um gráfico em uma palestra que mudou minha carreira e a história do SD
A Eletrobras se livrou de uma… os benefícios da venda da Eletronuclear, os temores de crise de crédito nos EUA e mais
O colunista Ruy Hungria está otimista com Eletrobras; mercados internacionais operam no vermelho após fraudes reveladas por bancos regionais dos EUA. Veja o que mexe com seu bolso hoje
Venda da Eletronuclear é motivo de alegria — e mais dividendos — para os acionistas da Eletrobras (ELET6)
Em um único movimento a companhia liberou bilhões para investir em outros segmentos que têm se mostrado bem mais rentáveis e menos problemáticos, além de melhorar o potencial de pagamento de dividendos neste e nos próximos anos
Projeto aprovado na Câmara permite divórcio após a morte de um dos cônjuges, com mudança na divisão da herança
Processos iniciados antes do falecimento poderão ter prosseguimento a pedido dos herdeiros, deixando cônjuge sobrevivente de fora da herança
A solidez de um tiozão de Olympikus: a estratégia vencedora da Vulcabras (VULC3) e o que mexe com os mercados hoje
Conversamos com o CFO da Vulcabras, dona das marcas Olympikus e Mizuno, que se tornou uma queridinha entre analistas e gestores e paga dividendos mensais
Rodolfo Amstalden: O que o Nobel nos ensina sobre decisões de capex?
Bebendo do alicerce teórico de Mokyr, Philippe Aghion e Peter Howitt se destacaram por estudar o papel das inovações tecnológicas nas economias modernas
A fome de aquisições de um FII que superou a crise da Americanas e tudo que mexe com o seu bolso nesta quarta (15)
A história e a estratégia de expansão do GGRC11, prestes a se tornar um dos cinco maiores FIIs da bolsa, são os destaques do dia; nos mercados, atenção para a guerra comercial, o Livro Bege e balanços nos EUA
Um atalho para a bolsa: os riscos dos IPOs reversos, da imprevisibilidade de Trump e do que mexe com o seu bolso hoje
Reportagem especial explora o caminho encontrado por algumas empresas para chegarem à bolsa com a janela de IPOs fechada; colunista Matheus Spiess explora o que está em jogo com a nova tarifa à China anunciada por Trump
100% de tarifa, 0% de previsibilidade: Trump reacende risco global com novo round da guerra comercial com a China
O republicano voltou a impor tarifas de 100% aos produtos chineses. A decisão foi uma resposta direta ao endurecimento da postura de Pequim
Felipe Miranda: Perdidos no espaço-tempo
Toda a Ordem Mundial dos últimos anos dá lugar a uma nova orientação, ao menos, por enquanto, marcada pela Desordem
Abuse, use e invista: C&A queridinha dos analistas e Trump de volta ao morde-assopra com a China; o que mexe com o mercado hoje?
Reportagem especial do Seu Dinheiro aborda disparada da varejista na bolsa. Confira ainda a agenda da semana e a mais nova guerra tarifária do presidente norte-americano
ThIAgo e eu: uma conversa sobre IA, autenticidade e o futuro do trabalho
Uma colab entre mim e a inteligência artificial para refletir sobre três temas quentes de carreira — coffee badging, micro-shifting e as demissões por falta de produtividade no home office
A pequena notável que nos conecta, e o que mexe com os mercados nesta sexta-feira (10)
No Brasil, investidores avaliam embate após a queda da MP 1.303 e anúncio de novos recursos para a construção civil; nos EUA, todos de olho nos índices de inflação
Esta ação subiu mais de 50% em menos de um mês – e tem espaço para ir bem mais longe
Por que a aquisição da Desktop (DESK3) pela Claro faz sentido para a compradora e até onde pode ir a Microcap
Menos leão no IR e mais peru no Natal, e o que mexe com os mercados nesta quinta-feira (9)
No cenário local, investidores aguardam inflação de setembro e repercutem derrota do governo no Congresso; nos EUA, foco no discurso de Powell