Invasão ao Capitólio gera tensão, estressa dólar e frustra recorde do Ibovespa, que fecha em queda
Índice local desacelerou no fim da sessão após bolsas em Nova York apararem ganhos; mais cedo, Ibovespa havia renovado recorde histórico intraday, mas máxima de fechamento de novo foi impedida
 
					Não foi desta vez que o Ibovespa renovou o seu recorde de fechamento, embora tenha marcado uma nova máxima histórica intradiária durante a sessão desta quarta-feira (6).
A invasão ao Capitólio — o prédio em que fica localizado o Congresso dos Estados Unidos, na capital Washington —, sem dúvida a grande notícia do dia, pegou os políticos americanos e os mercados financeiros globais de surpresa, melando, ainda por cima, o novo topo de encerramento de sessão do índice local.
Um grupo de apoiadores do presidente Donald Trump invadiu o complexo na hora em que se realizava a contagem dos congressistas para reconhecer a vitória de Joe Biden, eleito presidente nas eleições de novembro, pelos votos do Colégio Eleitoral do país.
Após a entrada de manifestantes no local, os legisladores, por volta das 14h do horário de Washington (16h do horário de Brasília), interromperam o rito e tiveram de se abrigar no Capitólio em meio ao protesto.
As imagens na internet sobre o ocorrido abundam: manifestantes com bonés de apoio ao atual presidente do país e com bandeiras dos Estados Unidos, seguranças do Congresso apontando as armas para uma das portas de acesso ao local em que se realizava a ratificação, um manifestante escalando uma tribuna do local e outros quebrando janelas do prédio.
Do lado de fora, há imagens mostrando a polícia tentando conter o ímpeto dos membros do protesto e vídeos de bombas disparadas no pátio que dá acesso ao complexo. Há notícia de que uma mulher foi baleada dentro do Capitólio e que, seriamente ferida, foi levada às pressas ao hospital.
Leia Também
No Twitter, Biden escreveu que a manifestação não é discordância, "é desordem". Em outro post, exigiu ao presidente Trump que vá à cadeia nacional de televisão dos EUA para cumprir o seu juramento e defender a Constituição do país pedindo o fim do sítio ao Capitólio.
Antes, na mesma rede social, Trump havia pedido a todos no Capitólio que permanecessem "em paz". "Sem violência! Lembre-se, NÓS somos o Partido da Lei e da Ordem", escreveu o republicano.
A notícia surge para limar certo otimismo das bolsas americanas com o governo Biden, que, mediante o controle de democratas em ambas as casas do Congresso — as eleições na Geórgia para duas cadeiras no Senado foram vencidas pelos "azuis" —, teria mais facilidade para aprovar sua agenda econômica (o que significaria mais estímulos fiscais).
No entanto, o evento trouxe incertezas ao radar e fez com que os índices acionários à vista em Nova York aparassem os seus ganhos no decorrer da sessão — ainda que o Dow Jones tenha fechado em recorde. Enquanto isso, o Nasdaq caiu, em face de perspectivas maiores de regulamentação sobre as "big techs" com a "onda azul".
Por aqui, o Ibovespa, que exatamente às 16h10 (por volta do horário da invasão ao Capitólio) atingiu a sua máxima histórica (120.924 pontos, em alta de 1,3%), não conseguiu manter a toada a partir de então, reduzindo a alta, até fechar em queda de 0,2%, aos 119.100 pontos.
Com isso, o Ibovespa novamente não conseguiu renovar o seu recorde de fechamento, registrado em 23 de janeiro, quando encerrou o dia aos 119.527,63 pontos.

"O ambiente hostil nos EUA mostrou que o cenário não é tão fácil para o início do governo Biden", diz Camila Abdelmalack, economista-chefe da Veedha Investimentos, citando ainda que a tensão política americana se somou ao estresse local para puxar a alta do dólar e dos juros.
Quem sobe, quem desce
Faça chuva ou faça sol — ou trumpistas invadam o Capitólio —, as commodities continuam firmes e fortes.
As matérias-primas novamente foram destaque na sessão do Ibovespa, com o minério de ferro negociado na China, por exemplo, subindo 0,5% hoje, puxando as ações de siderúrgicas e Vale.
As ações da Petrobras chegaram a ser destaque hoje, avançando no máximo 0,9%, adicionando aos ganhos da véspera, quando subiram embaladas pelo corte surpresa na produção de petróleo pela Arábia Saudita.
Papéis dos bancos também avançaram, tentando se recuperar do ritmo lento com o qual iniciaram 2021 — Itaú PN subiu 2,8% e Bradesco PN avançou 3,1%, liderando as altas do segmento — e foram importante pressão de alta no índice.
Weg ON foi outra ação que subiu forte, 2,95%, com a sua presença no mercado externo.
Veja as maiores altas do Ibovespa:
| CÓDIGO | EMPRESA | PREÇO (R$) | VARIAÇÃO | 
| GGBR4 | Gerdau PN | 27,99 | 4,95% | 
| USIM5 | Usiminas PNA | 15,72 | 4,11% | 
| GOAU4 | Metalúrgica Gerdau PN | 12,55 | 4,06% | 
| CSNA3 | CSN ON | 36,20 | 4,05% | 
| BRAP4 | Bradespar PN | 70,54 | 4,04% | 
Na ponta negativa, ações do varejo se destacaram, com B2W ON liderando a baixa do Ibovespa e puxando sua controladora, Lojas Americanas.
Além disso, foi dia de tombo de Magazine Luiza ON (-5,33%), bem como de Via Varejo ON (-4,4%). Todos esses papéis guardam correlação com o Nasdaq, que fechou em queda em NY repercutindo o cenário de "onda azul" nos EUA que pode prejudicar as gigantes de tecnologia.
O analista da Toro Investimentos, Lucas Carvalho, diz que o movimento também significa uma punição dos investidores em meio à rotação de carteiras. "Papéis como Magalu subiram bastante e investidores embolsam lucros, optando por commodities", diz ele.
Confira as maiores quedas do dia:
| CÓDIGO | EMPRESA | PREÇO (R$) | VARIAÇÃO | 
| BTOW3 | B2W ON | 68,41 | -6,93% | 
| LAME4 | Lojas Americanas PN | 23,50 | -5,74% | 
| ENEV3 | Eneva ON | 59,40 | -5,67% | 
| RENT3 | Localiza ON | 63,71 | -5,45% | 
| NTCO3 | Natura ON | 48,90 | -5,40% | 
Dólar e juros sobem com estresse doméstico
No mercado de câmbio, o dólar zerou a alta no meio da tarde e operava estável por volta das 16h, mas o alívio não se prolongou o suficiente: no fim do dia, os riscos locais — e a tensão política nos EUA — suplantaram a atuação do Banco Central, que havia pesado no câmbio antes, e a moeda fechou subindo 0,8%, para R$ 5,3024.
O BC ofereceu, por volta das 15h, US$ 500 milhões em operação de swap cambial (venda de dólar no mercado futuro), fator que reduziu o ímpeto da divisa.
Ainda assim, agentes financeiros acompanham com especial atenção os desdobramentos e a resolução vindos da reunião ministerial convocada pelo Palácio do Planalto para 8h de hoje, que fez o ministro Paulo Guedes interromper as suas férias e que não constava da agenda oficial do presidente Jair Bolsonaro ontem à noite.
A assessoria de imprensa do ministério da Economia informou, no entanto, que "oficialmente o ministro continua de férias" e que, "até o momento", não há informações sobre suspensão ou detalhes sobre a reunião. O assunto do encontro foi a vacinação contra o coronavírus, segundo a TV Globo.
Na terça (5), Bolsonaro disse a um grupo de apoiadores que "o Brasil está quebrado" e que ele "não pode fazer nada". Pela manhã de hoje, antes da primeira reunião ministerial do ano, o presidente disse que o "Brasil está uma maravilha".
Contra moedas de países emergentes pares do real, como peso mexicano e rublo russo, o dólar cai, indicando que fatores domésticos ainda pesam no comportamento da divisa americana contra o real hoje.
O lançamento do candidato Baleia Rossi, do MDB, à presidência da Câmara dos Deputados também é monitorado pelo mercado financeiro, depois que o PT, a maior sigla de oposição na casa, resolveu dar apoio ao deputado. Os apoiadores de Rossi somam 261 parlamentares.
Para além disso, os protestos de apoiadores de Trump, que invadiram o capitólio, pesaram no sentimento de risco e deram algum fôlego a mais à moeda.
Os juros futuros dos depósitos interfinanceiros, por sua vez, marcaram um forte avanço, seguindo a tendência de alta dos juros dos títulos do Tesouro americano.
No caso dos títulos públicos dos EUA, com a propensão de democratas a proverem mais estímulos fiscais, o perfil da dívida americana se torna mais arriscada, o que estimula um avanço nessas taxas para atrair credores.
Os juros futuros locais se mantêm perto de suas máximas refletindo um maior risco fiscal e incertezas políticas. Neste momento, juros curtos, como os para janeiro/2023, avançam 8 pontos-base (quase 0,1 ponto percentual), se aproximando do pico de 10 pontos-base de antes.
Juros mais longos dispararam com as incertezas no cenário político, que reacendem questões fiscais, caso das taxas de janeiro/2025 e janeiro/2027.
Veja os juros dos principais vencimentos:
- Janeiro/2022: de 2,91% para 2,945%
- Janeiro/2023: de 4,32% para 4,42%
- Janeiro/2025: de 5,80% para 5,98%
- Janeiro/2027: de 6,51% para 6,70%
Ibovespa aos 155 mil pontos? JP Morgan vê três motores para uma nova arrancada da bolsa brasileira em 2025
De 10 de outubro até agora, o índice já acumula alta de 5%. No ano, o Ibovespa tem valorização de quase 24%
Santander Brasil (SANB11) bate expectativa de lucro e rentabilidade, mas analistas ainda tecem críticas ao balanço do 3T25. O que desagradou o mercado?
Resultado surpreendeu, mas mercado ainda vê preocupações no horizonte. É hora de comprar as ações SANB11?
Ouro tomba depois de máxima, mas ainda não é hora de vender tudo: preço pode voltar a subir
Bancos centrais globais devem continuar comprando ouro para se descolar do dólar, diz estudo; analistas comentam as melhores formas de investir no metal
IA nas bolsas: S&P 500 cruza a marca de 6.900 pontos pela 1ª vez e leva o Ibovespa ao recorde; dólar cai a R$ 5,3597
Os ganhos em Nova York foram liderados pela Nvidia, que subiu 4,98% e atingiu uma nova máxima. Por aqui, MBRF e Vale ajudaram o Ibovespa a sustentar a alta.
‘Pacman dos FIIs’ ataca novamente: GGRC11 abocanha novo imóvel e encerra a maior emissão de cotas da história do fundo
Com a aquisição, o fundo imobiliário ultrapassa R$ 2 bilhões em patrimônio líquido e consolida-se entre os maiores fundos logísticos do país, com mais de 200 mil cotistas
Itaú (ITUB4), BTG (BPAC11) e Nubank (ROXO34) são os bancos brasileiros favoritos dos investidores europeus, que veem vida ‘para além da eleição’
Risco eleitoral não pesa tanto para os gringos quanto para os investidores locais; estrangeiros mantêm ‘otimismo cauteloso’ em relação a ativos da América Latina
Gestor rebate alerta de bolha em IA: “valuation inflado é termo para quem quer ganhar discussão, não dinheiro”
Durante o Summit 2025 da Bloomberg Linea, Sylvio Castro, head de Global Solutions no Itaú, contou por que ele não acredita que haja uma bolha se formando no mercado de Inteligência Artificial
Vamos (VAMO3) lidera os ganhos do Ibovespa, enquanto Fleury (FLRY3) fica na lanterna; veja as maiores altas e quedas da semana
Com a ajuda dos dados de inflação, o principal índice da B3 encerrou a segunda semana seguida no azul, acumulando alta de 1,93%
Ibovespa na China: Itaú Asset e gestora chinesa obtêm aprovação para negociar o ETF BOVV11 na bolsa de Xangai
Parceria faz parte do programa ETF Connect, que prevê cooperação entre a B3 e as bolsas chinesas, com apoio do Ministério da Fazenda e da CVM
Envelhecimento da população da América Latina gera oportunidades na bolsa — Santander aponta empresas vencedoras e quem perde nessa
Nova demografia tem potencial de impulsionar empresas de saúde, varejo e imóveis, mas pressiona contas públicas e produtividade
Ainda vale a pena investir nos FoFs? BB-BI avalia as teses de seis Fundos de Fundos no IFIX e responde
Em meio ao esquecimento do segmento, o analista do BB-BI avalia as teses de seis Fundos de Fundos que possuem uma perspectiva positiva
Bolsas renovam recordes em Nova York, Ibovespa vai aos 147 mil pontos e dólar perde força — o motivo é a inflação aqui e lá fora. Mas e os juros?
O IPCA-15 de outubro no Brasil e o CPI de setembro nos EUA deram confiança aos investidores de que a taxa de juros deve cair — mais rápido lá fora do que aqui
Com novo inquilino no pedaço, fundo imobiliário RBVA11 promete mais renda e menos vacância aos cotistas
O fundo imobiliário RBVA11, da Rio Bravo, fechou contrato de locação com a Fan Foods para um restaurante temático na Avenida Paulista, em São Paulo, reduzindo a vacância e ampliando a diversificação do portfólio
Fiagro multiestratégia e FoFs de infraestrutura: as inovações no horizonte dos dois setores segundo a Suno Asset e a Sparta
Gestores ainda fazem um alerta para um erro comum dos investidores de fundos imobiliários que queiram alocar recursos em Fiagros e FI-Infras
FIIs atrelados ao CDI: de patinho feio à estrela da noite — mas fundos de papel ainda não decolam, segundo gestor da Fator
Em geral, o ciclo de alta dos juros tende a impulsionar os fundos imobiliários de papel. Mas o voo não aconteceu, e isso tem tudo a ver com os últimos eventos de crédito do mercado
JP Morgan rebaixa Fleury (FLRY3) de compra para venda por desinteresse da Rede D’Or, e ações têm maior queda do Ibovespa
Corte de recomendação leva os papéis da rede de laboratórios a amargar uma das maiores quedas do Ibovespa nesta quarta (22)
“Não é voo de galinha”: FIIs de shoppings brilham, e ainda há espaço para mais ganhos, segundo gestor da Vinci Partners
Rafael Teixeira, gestor da Vinci Partners, avalia que o crescimento do setor é sólido, mas os spreads estão maiores do que deveriam
Ouro cai mais de 5% com correção de preço e tem maior tombo em 12 anos — Citi zera posição no metal precioso
É a pior queda diária desde 2013, em um movimento influenciado pelo dólar mais forte e perspectiva de inflação menor nos EUA
Por que o mercado ficou tão feliz com a prévia da Vamos (VAMO3) — ação chegou a subir 10%
Após divulgar resultados operacionais fortes e reforçar o guidance para 2025, os papéis disparam na B3 com investidores embalados pelo ritmo de crescimento da locadora de caminhões e máquinas
Brava Energia (BRAV3) enxuga diretoria em meio a reestruturação interna e ações têm a maior queda do Ibovespa
Companhia simplifica estrutura, une áreas estratégicas e passa por mudanças no alto escalão enquanto lida com interdição da ANP

 
					 
					 
					 
					 
					 
					 
					 
					 
					 
					 
					 
					 
					 
					 
					 
					 
					 
					 
					 
					 
					 
					 
					 
					 
					 
					 
					 
					 
					 
					