BC deve cortar Selic em 1 ponto, de preferência ainda hoje, diz Giufrida, da Garde
Com o dólar nas alturas e a bolsa derretendo, o mercado de juros hoje é o que parece reunir mais fundamentos, segundo o sócio da gestora
Diante da insperada decisão do Banco Central norte-americano (Fed) de cortar os juros novamente de forma extraordinária, aqui no Brasil o BC deverá ser mais agressivo e cortar a taxa básica (Selic) em 1 ponto percentual. A afirmação é de Marcelo Giufrida, sócio da gestora Garde Asset Management.
Para o experiente gestor, o BC brasileiro não deveria sequer esperar a reunião do Copom – prevista para acontecer amanhã e quarta-feira – e anunciar a redução de preferência ainda hoje.
Diante do pânico nos mercados provocado pela crise do coronavírus, como a Garde vem se posicionando para aguentar o solavanco? Giufrida me disse que a gestora reduziu as posições de risco, mas que esse movimento acaba sendo pouco perceptível diante da alta volatilidade recente.
Com o dólar nas alturas e a bolsa derretendo, há pouco espaço para investidas mais ousadas. De todo modo, ele vê hoje o mercado de juros como o que parece reunir mais fundamentos. Ou seja, depois da disparada das taxas no mercado futuro na última semana há espaço para apostas na queda.
“O choque do coronavírus é recessivo, e o país ainda tem juro positivo e inflação comportada” – Marcelo Giufrida, Garde Asset Management
O sócio da Garde também vê oportunidades no mercado de ações, embora em menor grau. “Algumas empresas hoje estão valendo menos que o seu próprio caixa”, disse.
Jogo sem árbitro
O problema é que, ao contrário do mercado de juros, “a bolsa é um jogo que não tem árbitro”, na definição de Giufrida. Isso significa que a valorização das ações depende sempre de ter um comprador na outra ponta.
Para o sócio da Garde, dos três principais mercados, o câmbio é mais complicado no momento. De um lado, a desaceleração da economia global pressiona a conta corrente do país, o que reforça a tendência de alta do dólar. Do outro, o BC deve atuar para conter uma desvalorização mais aguda da moeda, que já passou por um forte ajuste.
“Temos dólar hoje mais como seguro, com uma posição levemente comprada”, me disse Giufrida.
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