Lucro das empresas de capital aberto tem queda de 81,9% no 1º semestre
Se, de um lado, os balanços mostram que as previsões mais pessimistas de muitos analistas não se confirmaram, de outro revelam que a pandemia não deixou de castigar duramente a maior parte das grandes empresas
Passados pouco mais de cinco meses desde que o Ministério da Saúde declarou o "estado de transmissão comunitária" do coronavírus, a avaliação do impacto da pandemia no mundo dos negócios começa a ganhar, enfim, uma base mais sólida para lhe dar sustentação.
Com a publicação da maior parte dos balanços do segundo trimestre pelas empresas de capital aberto, surgiu um retrato mais fiel sobre a extensão do estrago. Se, de um lado, os balanços mostram que as previsões mais pessimistas de muitos analistas não se confirmaram, de outro revelam que a pandemia não deixou de castigar duramente a maior parte das grandes empresas do País.
Segundo estudo feito com exclusividade para o Estadão pela Economatica, uma empresa de dados de mercado, as companhias não financeiras de capital aberto tiveram redução de 81,9% no lucro líquido no primeiro semestre de 2020, em relação ao mesmo período do ano passado. Os ganhos caíram de R$ 49,2 bilhões para R$ 8,9 bilhões. "Foi uma queda dramática", diz Evandro Buccini, diretor de gestão de recursos da Rio Bravo, empresa de investimentos fundada pelo economista Gustavo Franco, ex-presidente do Banco Central.
Distorção
O levantamento incluiu 218 empresas não financeiras, de diferentes ramos de atividade, que divulgaram balanços até 21 de agosto. Como os resultados de Petrobrás, Vale, Braskem, Suzano, Oi e Azul provocariam grande distorção nos dados, elas foram excluídas da amostra. Se fossem incluídas na pesquisa, o resultado consolidado do primeiro semestre seria ainda pior. O lucro de R$ 8,9 bilhões viraria um prejuízo de R$ 76,7 bilhões. Mas, mesmo sem elas na conta, o resultado mostra um quadro sombrio.
Uma queda desta magnitude nos lucros das grandes companhias se propaga por toda a economia e tem efeito perverso no mercado de trabalho. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), menos da metade dos brasileiros em idade de trabalho estava ocupada no segundo trimestre, no período crítico da crise. Foi a primeira vez que isso aconteceu desde o início da série, em 2012. Um contingente de 77,8 milhões de pessoas em idade de trabalhar - 10,5 milhões a mais do que no primeiro trimestre - estava fora do mercado.
A taxa de desemprego, que era de 10,5% na primeira semana de maio, passou para 13,7% na última semana de julho e teve ligeira redução no início de agosto, para 13,3%, dado mais recente do IBGE. Em três meses, um batalhão de 2,8 milhões de pessoas juntou-se ao exército de desempregados do País, elevando o total a 12,6 milhões.
Leia Também
O efeito da pandemia nas empresas, porém, não foi homogêneo. Dos 20 ramos de atividade considerados no levantamento, 11 conseguiram fechar no azul e 9 ficaram no vermelho. Dois setores tiveram até aumento de lucro em relação ao primeiro semestre de 2019, o do agronegócio e pesca, com alta de 12,9%, e o de máquinas industriais, com crescimento de 11,9%. Mas empresas têxteis, de papel e celulose, siderúrgicas e de veículos e autopeças acusaram pesadas perdas. O setor de transporte e logística, que inclui a Gol, cujo prejuízo chegou a R$ 2 bilhões no segundo trimestre, também foi atingido severamente pela crise.
Os bancos e outras instituições financeiras, avaliados à parte, ainda conseguiram fechar o semestre com ganho líquido de R$ 16,67 bilhões, segundo a pesquisa, apesar da queda de 25,3% nos lucros ante 2019, em razão das elevadas provisões feitas para cobrir eventuais calotes no crédito.
Mundo real
Mesmo com o impacto dramático nos lucros, alguns analistas dizem que o resultado foi melhor do que o esperado meses atrás. "No começo de março, havia uma visão de fim do mundo e isso não parecia excesso de pessimismo", afirma o economista Adriano Pitoli, ex-diretor de análise setorial da Tendências Consultoria e ex-chefe do núcleo da Secretaria de Indústria e Comércio do Ministério da Economia em São Paulo.
"Está doendo? É claro que está. Mas, ainda que os balanços estejam mostrando um resultado ruim, minha percepção é de que a grande maioria das empresas está conseguindo sair da pandemia surpreendentemente bem."
Para Buccini, a situação das companhias abertas não representa a de milhões de empresas espalhadas pelo Brasil. "Normalmente, as empresas abertas vão melhor do que a economia que as pessoas sentem. A Bolsa brasileira não reflete o mundo real. Só tem empresas muito grandes e muitas são líderes de mercado", diz. "O Magazine Luíza e a Via Varejo podem montar um esquema de emergência, uma operação online mais robusta, com logística organizada, mas poucas empresas têm condições de fazer isso." Os donos e trabalhadores de bares e restaurantes e de negócios de eventos, entretenimento e turismo, entre muitos outros, que ainda estão cambaleando, sem nada ou quase nada no caixa, provavelmente vão concordar com ele.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Laranjinha vs. Roxinho na Black Friday: Inter (INBR32) turbina crédito e cashback enquanto Nubank (ROXO34) aposta em viagens
Inter libera mais de R$ 1 bilhão para ampliar poder de compra no mês de novembro; Nubank Ultravioleta reforça benefícios no Nu Viagens
Cemig (CMIG4) vira ‘moeda de troca’ de Zema para abater dívidas do Estado e destravar privatização
O governador oferta a participação na elétrica para reduzir a dívida de MG; plano só avançaria com luz verde da assembleia para o novo modelo societário
Petrobras (PETR4) ignora projeção, tem lucro 2,7% maior no 3T25 e ainda pagará R$ 12,6 bilhões em dividendos
Nos cálculos dos analistas ouvidos pela Bloomberg, haveria uma queda do lucro entre julho e setembro, e os proventos viriam na casa dos R$ 10 bilhões
Banco ABC Brasil (ABCB4) quer romper o teto histórico de rentabilidade e superar os 15% de ROE: “nunca estamos satisfeitos”, diz diretor
Mesmo com ROE de 15,5%, o diretor financeiro, Ricardo Moura, afirma que está “insatisfeito” e mapeia as alavancas para entregar retornos maiores
Magazine Luiza (MGLU3) tem lucro quase 70% menor no 3T25 e CFO culpa a Selic: “ainda não estamos imunes”
A varejista registrou lucro líquido ajustado de R$ 21 milhões entre julho e setembro; executivo coloca o desempenho do período na conta dos juros elevados
“Estamos vivendo um filme de evolução”, diz CFO da Espaçolaser (ESPA3). Receita e Ebitda crescem, mas 3T25 ainda é de prejuízo
A rede de depilação fechou o trimestre no vermelho, mas o diretor Fabio Itikawa vê 2025 como um ano de reconstrução: menos dívida, mais caixa e expansão apoiada em franquias
Cogna (COGN3) acerta na lição de casa no 3T25 e atinge menor alavancagem em 7 anos; veja os destaques do balanço
A companhia atribui o resultado positivo do terceiro trimestre ao crescimento e desempenho sólido das três unidades de negócios da empresa: a Kroton, a Vasta e a Saber
Axia (ELET3): após o anúncio de R$ 4,3 bilhões em dividendos, ainda vale comprar a ação da antiga Eletrobras?
Bancos consideraram sólido o desempenho da companhia no terceiro trimestre, mas um deles alerta para a perda de valor do papel; saiba o que fazer agora
Adeus home office: Nubank (ROXO34) volta ao escritório por “custos invisíveis”; funcionários terão tempo para se adaptar ao híbrido
O Nubank se une a diversas empresas que estão chamando os funcionários de volta para os escritórios
Minerva (BEEF3) tem receita líquida e Ebitda recordes no 3T25, mas ações desabam na bolsa. Por que o mercado torce o nariz para o balanço?
Segundo o BTG Pactual, com um trimestre recorde para a Minerva, o que fica na cabeça dos investidores é: o quão sustentável é esse desempenho?
Rede D’Or (RDOR3) brilha com lucro 20% acima das expectativas, ação é a maior alta da bolsa hoje e ainda pode subir mais
No segmento hospitalar, a empresa vem conseguindo manter uma alta taxa de ocupação dos leitos, mesmo com expansão
Vai caber tudo isso na Raposo Tavares? Maior empreendimento imobiliário do Brasil prepara “cidade própria”, mas especialistas alertam para riscos
Reserva Raposo prevê 22 mil moradias e até 80 mil moradores até 2030; especialistas alertam para mobilidade, infraestrutura e risco de sobrecarga urbana
iPhone, iPad, MacBook e mais: Black Friday da iPlace tem produtos da Apple com até 70% de desconto, mas nem tudo vale a pena
Rede autorizada Apple anuncia descontos em iPhones, MacBooks, iPads e acessórios, mas valores finais ainda exigem avaliação de custo-benefício
Banco ABC Brasil (ABCB4) corta guidance e adota tom mais cauteloso para 2025, mesmo com lucro e rentabilidade em alta no 3T25
O banco entregou mais um trimestre previsível, mas decidiu ajustar as metas para o ano; veja os principais números do resultado
O melhor está por vir para a Petrobras (PETR4)? Balanço do 3T25 pode mostrar que dividendo de mais de R$ 10 bilhões é apenas o começo
A produção de petróleo da estatal deve seguir subindo, de acordo com bancos e corretoras, abrindo caminho para novas distribuições robustas de proventos aos acionistas
Empreender na América Latina exige paciência, mas o país menos burocrático da região vai deixar você de queixo caído
Estudo internacional mostra que este país reduziu o tempo para abrir empresas e agora lidera entre os países latino-americanos, enquanto outro enfrenta o maior nível de burocracia
Serena Energia (SRNA3) está mais perto de se unir à lista de empresas que deram adeus à bolsa, após Ventos Alísios comprar 65% da empresa
A operação é resultado do leilão realizado no âmbito da oferta pública de aquisição (OPA) para fechamento de capital e saída da Serena do segmento Novo Mercado da B3
C&A (CEAB3) dá close no Ibovespa: ações figuram entre as maiores altas do dia, e bancos apontam a tendência do 4T25
A expectativa é de que a C&A continue reduzindo a diferença em relação à sua maior concorrente, a Lojas Renner — e os números do terceiro trimestre de 2025 mostram isso
RD Saúde (RADL3), dona da Raia e Drogasil, é vítima do próprio sucesso: ação chegou a ser a maior queda do Ibovespa e agora se recupera do tombo
Receita com medicamentos como Ozempic e Mounjaro engordou os resultados da rede de farmácias, mas essas vendas podem emagrecer quando genéricos chegarem ao mercado
Itaú (ITUB4) não quer juros altos e seguirá com ROE acima de 20%, diz CEO: “A barra subiu faz tempo”
Milton Maluhy Filho afirma que o banco segue confortável com o atual nível de rentabilidade e projeta cortes na Selic a partir de 2026; veja o que esperar daqui para frente