CSN, Gerdau ou Usiminas: ainda vale comprar ações das siderúrgicas em 2021?
Ações tiveram forte valorização com reajustes no preço do aço em um ambiente de pouca oferta e demanda maior do que a esperada; o Seu Dinheiro ouviu gestores e analistas para saber o que esperam para os papéis do setor

O ano vai chegando ao fim, mas o que não parece acabar é o gás das ações de siderúrgicas componentes do Ibovespa.
Apesar do impacto negativo que o coronavírus teve sobre a indústria do aço no mundo como um todo, os papéis dessas empresas tiveram um 2020 muito positivo e caminham para fechar o ano entre os principais ganhos do principal índice da B3.
A ação da CSN (Companhia Siderúrgica Nacional), por exemplo, recentemente se tornou — de fininho, é verdade — a grande estrela do ano, liderando as altas percentuais do Ibovespa.
Isso aconteceu conforme falávamos cada vez menos de Magazine Luiza — que teve um ano estelar se beneficiando das medidas de isolamento social durante a pandemia, mas recentemente sofreu com a "rotação setorial" — e Weg — a fabricante de motores elétricos apontada como "empresa à prova de crise".
Outras ações do setor também registram altas invejáveis, em um ano marcado pela montanha russa do Ibovespa, que se recuperou após sofrer severamente os impactos da crise do coronavírus. Usiminas (USIM5) avançou 53%, e Gerdau (GGBR4), 25%.
O ruim que ficou bom
Como qualquer outro mercado em 2020, o de aço sofreu com as projeções pessimistas para a demanda a partir de março. A pandemia de covid-19, que interrompeu a cadeia de produção, derrubou a procura pela commodity.
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A tremenda retração na produção do setor automotivo, por exemplo, ilustra a gravidade da situação da demanda de então.
Em 2018, o setor foi o segundo maior consumidor de aço no país, perdendo apenas para a construção civil. Em abril deste ano, mês que já refletia as medidas de distanciamento social, a indústria automotiva teve a produção reduzida em incríveis 99%. Isso significava que essa indústria no Brasil voltava, na prática, mais de 60 anos no tempo.
A decisão das empresas fornecedoras de aço naquele momento era óbvia: desligar seus altos fornos para reduzir a oferta na proporção adequada à procura, a fim de reduzir perdas mais significativas.
No primeiro trimestre, a produção global da matéria-prima caiu 1,4% em relação ao ano anterior, com a diminuição da demanda globalmente, segundo pesquisa do Research and Markets.
Só em abril, os países latino-americanos diminuíram a produção de aço em 34% em relação ao mesmo período do ano anterior, segundo a Alacero (Associação Latino-Americana do Aço). No ano, a expectativa é que caia 10,4%.
Enquanto isso, no primeiro semestre, a produção de aço bruto no Brasil caiu quase 20%, segundo o Instituto Aço Brasil (IABr).
Houve um "porém" nesse caminho que permitiu um alívio e tanto às empresas do setor: o repique — inesperado — da demanda, muito explicada pelo aumento no nível geral de renda no Brasil com o auxílio emergencial, além da recuperação da economia da China, e, claro, a alta do dólar — pelo qual o preço do aço é cotado internacionalmente.
Esses fatores deram espaço às companhias reajustarem, para cima, os preços do aço no mercado interno e aumentar seus lucros.
"A demanda voltou forte e a oferta estava restrita. Só esperávamos um reajuste de preço com a demanda extremamente positiva, o que achávamos que só haveria com o PIB crescendo", disse Daniel Utsch, gestor da Fator Administração de Recursos.
Daqui em diante, a expectativa de analistas e gestores é que a oferta retorne a patamares mais altos e isso tenha um impacto de baixa para os preços.
Em novembro, a utilização da capacidade instalada era de 68,9% e já ultrapassava a de janeiro deste ano, segundo o IABr — havendo problemas ainda, entretanto, em alguns segmentos de consumo quanto à reposição de estoques.
"O que houve até aqui foi uma desestruturação da cadeia produtiva", diz Gustavo Bertotti, economista da Messem Investimentos. "Os altos fornos ligaram agora há pouco, mas ainda há falta de aço do mercado. Estamos achando que, no primeiro trimestre, esse suprimento vai voltar mais."
A mistura de fatores atípicos, que trouxe a oferta e a demanda para baixo em um primeiro momento, e que agora tendem a trazê-los juntos para cima novamente, beneficiou os papéis das gigantes siderúrgicas do Ibovespa.
A perspectiva de demanda mais forte ao longo do ano que vem e dólar ainda em patamar elevado, sem dúvida, continuam ajudando o setor. Mas será que essas empresas repetirão um desempenho tão positivo em 2021? Qual das ações tem o maior potencial de alta? Eis o que acham os gestores.
Minério de ferro e IPO: por que a CSN é atrativa
Como se não bastasse a disparada de 120% em 2020, a ação da CSN também é a mais promissora do setor para 2021 aos olhos de gestores ouvidos pelo Seu Dinheiro.
Consolidou-se como a preferida em um contexto macroeconômico positivo e, também, gatilhos operacionais que podem reforçar a atratividade do papel.
O contexto macro global é animador porque tem a ver, primeiramente, com a boa visão de médio e longo prazo para os preços do minério de ferro — a CSN também é produtora relevante da commodity.
O preço do minério negociado no porto de Qingdao, na China — sua cotação de referência —, está de volta aos níveis de 2011 e, só neste ano, se valorizou 80%.
O nível da retomada da economia chinesa explica essa disparada. O índice de gerente de compras da manufatura na China, em novembro, marcou a maior alta da década, retomando os patamares de novembro de 2010, indicando a força da demanda pelo aço.
A CSN tira mais vantagem desse mercado do que as concorrentes. A companhia possui maior participação nas exportações da matéria-prima, sendo a segunda maior exportadora do Brasil — atrás apenas da gigante mineradora Vale.
"Hoje, a nossa preferência é por uma ação de uma empresa que combine siderurgia e mineração", diz Gustavo Lima, analista de siderúrgicas da Navi Capital. "A exposição ao minério de ferro em alta, hoje, é muito importante", afirma, justificando a preferência pela CSN.
Além disso, a expectativa de uma desalavancagem financeira da companhia também atrai os olhares de analistas. No 2º trimestre de 2020, havia um grande nível endividamento rondando, como uma sombra, os negócios da empresa: a relação dívida líquida/Ebitda (o lucro antes de juros, impostos, dívida e amortização) estava em 5,2 vezes.
"Há um gatilho micro para CSN, que tem a tendência de reduzir a alavancagem com a perspectiva de abertura de capital da CSN Mineração", diz Bernardo Ferri, analista da gestora Helius Capital. "Isso pode ajudar a empresa a produzir bastante valor para os acionistas."
A história do IPO (oferta pública inicial de ações, da sigla em inglês) da unidade de mineração da siderúrgica é antiga no mercado.
Em outubro, a CSN, enfim, protocolou um pedido de abertura de capital na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), para expurgar a lenda. O IPO poderá ocorrer no início do ano que vem, disse ao Valor Econômico o presidente da CSN, Benjamin Steinbruch.
Usiminas, a mais sensível ao preço do aço
Em suma, a perspectiva é de que a ação da CSN supere as dos pares Usiminas e Gerdau em atratividade para 2021 pelo cenário macroeconômico favorável de que ela tira mais proveito e, também, pela melhora da eficiência das operações da empresa.
Mas isso não quer dizer que as concorrentes não estejam a postos para também se beneficiar de um bom ambiente econômico ao setor.
A crescente demanda chinesa por aço favorece essas empresas, diretamente (com exportações) ou indiretamente (efeito via câmbio, que encarece o preço do aço lá fora e dá espaço para mais ajustes aqui, com um dólar ainda em níveis altos).
A diferença de preços entre o aço produzido no Brasil e o importado recebe o nome de "prêmio". Se o importado se encontra em um patamar maior do que o local, isso permite às siderúrgicas uma "folga" para reajustar os preços.
No terceiro trimestre, a Usiminas registrou alta de 13% na base anual nas exportações do minério de ferro em um contexto de queda na oferta da Austrália — importante produtora — e retomada da China, com o valor da commodity lá no alto.
A companhia, no entanto, possui fatia bem menos expressiva nas exportações de minério do que a CSN, com a mineração mais voltada ao mercado doméstico.
Por sua vez, o volume de vendas da siderurgia da Usiminas para o exterior também cresceu no período, apresentando alta de 31%. No mercado interno, o avanço foi ainda mais vigoroso, de aproximadamente 60%, com a retomada da economia.
A leitura é que essa recuperação da demanda interna continuará, com o retorno da estocagem da indústria automotiva, que hoje enfrenta altos preços e falta de aço no mercado.
Ao longo do ano que vem, conforme a oferta for restabelecida, a Usiminas deve ser uma a receber volumosos pedidos de aço plano vindos do setor.
"O preço do aço e a demanda forte compensam para a Usiminas", diz Bruno Komura, gestor de ações da Ouro Preto, citando a maior sensibilidade da empresa ao valor da commodity.
"No caso dela, a chave é seguir a tendência macro benéfica para o setor", afirma, ressalvando, no entanto, que a Usiminas não possui um gatilho que faça a sua ação tão atrativa quanto a da CSN.
Construção civil e exposição internacional ajudam Gerdau
A gaúcha Gerdau, das siderúrgicas brasileiras, é a que tem maior exposição ao mercado internacional, com plantas nos Estados Unidos e no Canadá, além de outras espalhadas pela América Latina.
A visão de gestores é que, com uma retomada mais forte da economia dos Estados Unidos ainda a caminho, a empresa pode ter um futuro mais brilhante dentro em pouco.
No terceiro trimestre, a companhia obteve lucro líquido de R$ 795 milhões, uma alta de 175% na comparação anual, sustentada principalmente pela alta do Ebitda (uma medida de geração de caixa) com base em maiores volumes vendidos no mercado interno na Brasil e os melhores resultados na América do Sul.
“A Gerdau é muito exposta à construção civil com o aço longo, e a construção civil não teve crise”, diz Utsch, gestor da Fator, mencionando ainda que a empresa se beneficia mais do que as outras da capacidade de reajustar o preço desse tipo de aço.
A previsão de que o patamar dos juros básicos da Selic permaneçam próximos da mínima histórica também promete um belo futuro à Gerdau, já que menores taxas favorecem os empreendimentos da construção civil.
Na comparação anual, o terceiro trimestre da Gerdau teve um empurrão da retomada vigorosa desse setor, tanto do varejo quanto da venda direta para construtoras, além da recuperação da indústria no mercado interno.
"Estamos otimistas com a siderurgia brasileira há algum tempo, mas diríamos que este é o melhor cenário que temos observado para o setor há anos", escreveram, em relatório, Leonardo Correa e Caio Greiner, analistas do BTG Pactual.
"Ainda acreditamos em uma recuperação de dupla velocidade, com aços longos superando planos por uma ampla margem na resistência estrutural decorrente de mercados de construção", disseram, reiterando a compra na ação da Gerdau.
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