Depois das altas recordes e do grande crash de 2017, muita gente duvidou que as criptomoedas realmente vingariam. Mesmo com uma pandemia no meio do caminho, 2020 veio para provar que o bitcoin & cia ainda têm muito a oferecer.
Nas últimas semanas, a principal criptomoeda do mercado acelerou o seu movimento de alta e se aproxima cada vez mais da sua máxima histórica de US$ 20.089, alcançado em dezembro de 2017. Em reais, com a influência do câmbio, a cotação vem renovando as máximas históricas quase que diariamente nos últimos meses, deixando para trás — com folga — o patamar dos R$ 70 mil de 2017.
Depois de recuperar o patamar pré-crise e passar cerca de dois meses estável, o bitcoin engatou uma sequência de altas desde o começo de setembro e não parece o movimento deva se reverter em breve. Nos últimos 60 dias, a moeda acuma ganhous superiores a 65%. No ano, a valorização ultrapassa os 350%.
Nesta quarta-feira (18), por volta das 10h30, o bitcoin subia 6,44%, aos US$ 18.057,31. Em março, antes da fase mais aguda da crise de liquidez, a moeda estava cotada a US$ 13 mil.
Em reais, estamos quase alcançando a marca dos R$ 100 mil reais. Por volta do mesmo horário, o bitcoin estava avaliando em R$ 97 mil, mas a moeda digital chegou a superar a marca dos R$ 98 mil. Romper a barreira dos 100 mil é só questão de tempo.
Embora o rali possa surpreender alguns, os fundamentos para a alta não são uma novidade tão grande assim.
Confira 5 dos principais motivos que podem levar o bitcoin a superar a marca dos R$ 100 mil.
1) Amadurecimento do mercado
Todos os dias novas ferramentas que utilizam a tecnologia blockchain e o DNA das criptomoedas são lançadas no mercado. A tendência é que cada vez mais os criptoativos deixem de ser uma coisa de 'nerd' e entusiastas para se tornarem algo com aplicação prática na nossa rotina.
Essa perspectiva ajuda o mercado a amadurecer. Com um ecossistema muito mais estabilizado do que em 2017, data do último boom, os investidores passam a ter muito mais confiança na categoria de ativos e enxergam com menos desconfiança os projetos que surgem.
Vale mencionar como exemplo desse amadurecimento a criação de um ETF (Exchange Traded Fund) de criptoativos. O lançamento é uma parceria da gestora brasileira Hashdex com a Nasdaq. Você pode conferir mais informações sobre essa novidade nesta matéria.
João Marco Cunha, gestor de portfólio da Hashdex, cita ainda um outro fator que, segundo ele, é um dos principais motores para o movimento de alta que observamos agora. O PayPal incluiu criptoativos nos seus serviços, o que facilitou o acesso para milhões de usuários em potencial.
2) Queda na oferta…
A cada quatro anos um evento de peso mexe com o mercado. Não, não estamos falando de Copa do Mundo ou das Olimpíadas.
O evento em questão é o halving — uma correção técnica que acontece de quatro em quatro anos e corta pela metade a emissão de bitcoins.
Desde o ano passado, a queda no número de novos bitcoins é citado como um dos gatilhos para a alta. Embora não tenho um efeito imediato, o evento é transformacional para o mercado - tanto do ponto de vista dos mineradores, responsáveis pelas novas moedas, quanto dos investidores.
3) … somada ao crescimento da demanda
Menos bitcoins estão sendo emitidos, mas cada vez mais pessoas vão em busca de bitcoins.
A crise do coronavírus atingiu todos os tipos de ativos em escala global, mas os criptoativos, em especial, mostraram grande resiliência. A classe se recuperou muito antes do que o dólar, ouro ou bolsas globais.
Assim como o ouro, o bitcoin passou a ser encarado como uma alternativa de reserva de valor importante para o mercado. Por sua oferta escassa e semelhanças com o metal precioso, recebeu o apelido de 'ouro digital'. Em momentos de incerteza como o que vivemos, o apelo de 'porto seguro' conquistou muita gente. Com a tese de ouro digital testada e aprovada, o bitcoin deve seguir se estabelecendo como uma alternativa cada vez mais popular de proteção.
É aquela regra básica: com uma oferta menor e uma demanda com crescimento exponencial, a tendência é que a cotação seja puxada para cima.
4) A chegada dos grandões
Grandes gestores que mostrassem simpatia pelos criptoativos costumavam ser figuras raras no mercado. Não mais.
Em 2020, com uma regulação mais clara e um mercado mais amadurecido, os grandes investidores institucionais e gestores de grandes fundos buscam os criptoativos para fortalecerem os seus portfólios.
Essa é uma classe de investidores com muito capital disponível. Ainda que apenas uma pequena parcela desse dinheiro seja alocado para o mercado de criptomoedas, já representa um crescimento muito significativo no valor transacionado nesse mercado.
5) Câmbio pressionado
Não é só ele, mas o câmbio desempenha um papel muito importante na atual cotação do bitcoin quando olhamos para o valor em reais.
Em 2017, quando a criptomoeda bateu a sua máxima histórica em dólar, a moeda americana estava cotada a R$ 3,30, hoje a cotação gira em torno dos R$ 5,40.
Se perguntando se ainda dá tempo de surfar essa onda?
Saiba que, para os especilistas do mercado, a resposta é sim. Ricardo Dantas, Co-CEO da Foxbit, uma das maiores exchanges de criptomoedas do Brasil, ressalta que apesar dos 11 anos de existência, ainda estamos no começo desta onda de valorização (e das criptomoedas, como um todo).
Mas se você está procurando ganhos exorbitantes em um curto espaço de tempo, o investimento em criptomoedas pode não ser o mais saudável.
Embora menos volátil do que em outros momentos, o cenário segue sendo de alta volatilidade. O ideal é que se olhe para as criptomoedas como um investimento de longo prazo.
Recentemente, em entrevista ao Seu Dinheiro, Daniel Coquieri, COO da BitcoinTrade, comentou exatamente sobre esse ponto, que é a realidade de muitos investidores que se entusiasmam com o mercado de criptomoedas. Para ele, 2020 é 'a combinação perfeita para que o bitcoin continue se valorizando. O que não impede que ele caia 20% amanhã'.