Bolsa, dólar e juros subindo: qual dos três está mentindo?
Quando a Bolsa, o dólar e as taxas de juros estão subindo ao mesmo tempo, um dos três está mentindo – qual deles será e o que fazer?

Outro dia, lendo um comentário econômico, me deparei com a seguinte frase:
“Quando a Bolsa, o dólar e as taxas de juros estão subindo ao mesmo tempo, um dos três está mentindo.”
Nas últimas semanas, isso tem acontecido algumas vezes. Vamos então tentar esclarecer qual é o mentiroso, quem está blefando nessa história. Descobrir o urso com pele de touro ou o touro com pele de urso.
Comecemos pelo mercado de ações. Tomando como base o Ibovespa, ele fez sua máxima de todos os tempos no início deste ano a 119.527,63, mais precisamente no dia 23 de janeiro.
Nessa ocasião, o mundo dos negócios começava a se preocupar com um novo coronavírus, que seria batizado como Covid-19, que afligia a cidade de Wuhan, província de Hubei, no interior da China.
De lá para os países asiáticos vizinhos, como Singapura e Coreia do Sul, foi um pulo, que se transformou num salto gigantesco ao atingir a Itália no momento em que dois turistas chineses, em visita a Roma, testaram positivo para o vírus.
Leia Também
Rodolfo Amstalden: Falta pouco agora
O resto é história que todos conhecem.
Temendo um colapso na economia mundial, semelhante ao da Grande Depressão dos Anos 1930, as bolsas de valores mundo afora iniciaram um bear market, movido pelo pânico.
Um crash poderia estar a caminho.
O Ibovespa não foi exceção. Fez sua mínima a 63.569,62 no dia 23 de março, uma queda de 46,82% sobre as máximas.
Dois motivos fizeram com que começassem a surgir compradores nesse nível:
− O Banco Central iniciou um processo de redução na taxa Selic, que iria culminar com os atuais dois por cento ao ano.
− O governo federal lançou um programa de auxílio emergencial às famílias, sendo no início de R$ 600,00 para os homens e R$ 1.200,00 para as mulheres chefes de família.
Monetizada a economia e com a poupança e fundos de renda fixa “rendendo” taxas de juro reais negativas, sobrou a Bolsa como uma das poucas opções de investimento.
O Ibovespa iniciou uma escalada que, sem grandes sustos, o trouxe de volta aos 100 mil pontos.
Agora no final do ano, como nos Estados Unidos o Dow Jones, o S&P500 e o Nasdaq fizeram máximas históricas, os gringos começaram a pôr dinheiro no mercado brasileiro de ações.
Conclusão: a Bolsa de Valores definitivamente não está mentindo.
Dólar: Grosso modo, a R$ 5,70 o mercado acha caro. Os exportadores se aproveitam e fecham contratos. A R$ 5,30 é considerado barato.
O último boletim Focus estimou em R$ 5,41 o fechamento da moeda norte-americana este ano e R$ 5,20 em 2021.
A julgar por esses números, o dólar também não está mentindo.
Restam então as taxas de juros. Estas mentem, descaradamente.
A se julgar pelo nível de inflação estimado pelo Focus para 2020, 3,25% (e certamente será mais do que isso), e 3,22% para 2021 (duvido), os juros estão em níveis irreais.
O Brasil não tem, assim como nunca teve, em sua história recente (e por recente me refiro aos últimos 70 anos), cacife para trabalhar com taxas negativas, sejam elas reais ou absolutas.
Nos leilões diários de letras do Tesouro, o mercado está exigindo cada vez mais taxas maiores e prazos mais curtos. Por isso vê-se que estão subindo.
Isso irá levar as autoridades econômicas e monetárias a um impasse.
Terão de subir logo a taxa Selic, restringir os programas distributivos de renda aos níveis do Bolsa Família ou aumentar os impostos.
Muito provavelmente, os três ao mesmo tempo.
Resta um obstáculo: a Emenda Constitucional do Teto dos Gastos Públicos, gastos esses que não poderão ficar acima do ano anterior, acrescido da inflação no período.
Aí não vai dar para mentir, sob pena de crime de responsabilidade.
Já vi o Brasil escapar de situações muito mais graves, tais como inflação de 80% ao mês (março de 1990), moratória externa (governo Sarney) e ataque especulativo à moeda (final dos anos 1990, administração FHC).
A gente (como país) sempre acaba se safando. Só que o difícil é isso acontecer sem que os investidores paguem o pato.
Como na renda fixa, por enquanto, não há escapatória, e o dólar está em trading range, a solução é continuar (ou entrar) na Bolsa.
Estou escrevendo este texto na quinta-feira, 26 de novembro. Portanto. não sei como será o comportamento dos mercados na sexta.
Hoje, a B3 respondeu bem a uma má notícia: desentendimento entre o ministro da Economia, Paulo Guedes, e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.
Tendo em vista tudo isso, sugiro aos caros amigos leitores que comprem ações nos recuos (buy on dips).
A Bolsa de Valores, tal como disse no início deste texto, definitivamente não está mentindo. Tem provado isso em quase todos os pregões.
Quando o plano é não ter plano: Ibovespa parte dos 135 mil pontos pela primeira vez em 2025 em dia de novos dados sobre mercado de trabalho dos EUA
Investidores também se preparam para o relatório de produção e vendas da Petrobras e monitoram entrevista coletiva de Galípolo
Trump quer brincar de heterodoxia com Powell — e o Fed que se cuide
Criticar o Fed não vai trazer parceiros à mesa de negociação nem restaurar a credibilidade que Trump, peça por peça, vem corroendo. Se há um plano em andamento, até agora, a execução tem sido tudo, menos coordenada.
Tony Volpon: EUA, novo mercado emergente
Não tenham dúvidas: chegamos todos na beira do abismo neste mês de abril. Por pouco não caímos.
Copom busca entender em que nível e por quanto tempo os juros vão continuar restritivos, diz Galípolo, a uma semana do próximo ajuste
Em evento, o presidente do BC afirmou que a política monetária precisa de mais tempo para fazer efeito e que o cenário internacional é a maior preocupação do momento
Planos pré-feriado: Ibovespa se prepara para semana mais curta, mas cheia de indicadores e balanços
Dados sobre o mercado de trabalho no Brasil e nos EUA, balanços e 100 dias de Trump são os destaques da semana
Prio (PRIO3): Conheça a ação com rendimento mais atrativo no setor de petróleo, segundo o Bradesco BBI
Destaque da Prio foi mantido pelo banco apesar da revisão para baixo do preço-alvo das ações da petroleira.
Negociação grupada: Automob (AMOB3) aprova grupamento de ações na proporção 50:1
Com a mudança na negociação de seus papéis, Automob busca reduzir a volatilidade de suas ações negociadas na Bolsa brasileira
Evasão estrangeira: Fluxo de capital externo para B3 reverte após tarifaço e já é negativo no ano
Conforme dados da B3, fluxo de capital externo no mercado brasileiro está negativo em R$ 242,979 milhões no ano.
Smart Fit (SMFT3) entra na dieta dos investidores institucionais e é a ação preferida do varejo, diz a XP
Lojas Renner e C&A também tiveram destaque entre as escolhas, com vestuário de baixa e média renda registrando algum otimismo em relação ao primeiro trimestre
Ação da Azul (AZUL4) cai mais de 30% em 2 dias e fecha semana a R$ 1,95; saiba o que mexe com a aérea
No radar do mercado está o resultado da oferta pública de ações preferenciais (follow-on) da companhia, mais um avanço no processo de reestruturação financeira
Se errei, não erro mais: Google volta com o conversor de real para outras moedas e adiciona recursos de segurança para ter mais precisão nas cotações
A ferramenta do Google ficou quatro meses fora do ar, depois de episódios nos quais o conversor mostrou a cotação do real bastante superior à realidade
Vai dar zebra no Copom? Por que a aposta de uma alta menor da Selic entrou no radar do mercado
Uma virada no placar da Selic começou a se desenhar a pouco mais de duas semanas da próxima reunião do Copom, que acontece nos dias 6 e 7 de maio
Deixa a bolsa me levar: Ibovespa volta a flertar com máxima histórica em dia de IPCA-15 e repercussão de balanço da Vale
Apesar das incertezas da guerra comercial de Donald Trump, Ibovespa está a cerca de 2% de seu recorde nominal
Por que o ouro se tornou o porto seguro preferido dos investidores ante a liquidação dos títulos do Tesouro americano e do dólar?
Perda de credibilidade dos ativos americanos e proteção contra a inflação levam o ouro a se destacar neste início de ano
Fim da linha para o dólar? Moeda ainda tem muito a cair, diz economista-chefe do Goldman Sachs
Desvalorização pode vir da relutância dos investidores em se exporem a investimentos dos EUA diante da guerra comercial com a China e das incertezas tarifárias, segundo Jan Hatzius
Lucro líquido da Usiminas (USIM5) sobe 9 vezes no 1T25; então por que as ações chegaram a cair 6% hoje?
Empresa entregou bons resultados, com receita maior, margens melhores e lucro alto, mas a dívida disparou 46% e não agradou investidores que veem juros altos como um detrator para os resultados futuros
CCR agora é Motiva (MOTV3): empresa troca de nome e de ticker na bolsa e anuncia pagamento de R$ 320 milhões em dividendos
Novo código e nome passam a valer na B3 a partir de 2 de maio
Tudo tem um preço: Ibovespa tenta manter o bom momento, mas resposta da China aos EUA pode atrapalhar
China nega que esteja negociando tarifas com os Estados Unidos e mercados internacionais patinam
É investimento no Brasil ou no exterior? Veja como declarar BDR no imposto de renda 2025
A forma de declarar BDR é similar à de declarar ações, mas há diferenças relativas aos dividendos distribuídos por esses ativos
JBS (JBSS3) aprova assembleia para votar dupla listagem na bolsa de Nova York e prevê negociações em junho; confira os próximos passos
A listagem na bolsa de valores de Nova York daria à JBS acesso a uma base mais ampla de investidores. O processo ocorre há alguns anos, mas ainda restam algumas etapas pela frente