🔴 A TEMPORADA DE BALANÇOS DO 1T25 JÁ COMEÇOU – CONFIRA AS NOTÍCIAS, ANÁLISES E RECOMENDAÇÕES

#SomosTodosDesqualificados

Quer diversificar sua carteira com um fundo que investe 100% no exterior? E que tal um veículo que compra empresas que não são listadas em Bolsa, os fundos de private equity? Essas duas categorias não estarão disponíveis para o Neivaldo, que tem menos de R$ 1 milhão investidos.

pare
Imagem: Shutterstock

Quando comecei na série Os Melhores Fundos de Investimento , em 2016, li o depoimento de um assinante que me marcou pela fúria. O remetente era o Neivaldo, que iniciava sua jornada de investidor. “Para mim isso não faz sentido, não tem lógica. Na hora de aplicar no fundo, o cliente recebe o nome de ‘desqualificado’”, relatou em seu e-mail. Por “desqualificado”, Neivaldo se referia à classificação estabelecida pela CVM para delimitar o acesso aos fundos de investimento.

Aos olhos do regulador, na verdade, ele não era um “desqualificado”, mas um investidor que fazia parte do chamado Público Geral (denominação original da Instrução CVM 539). Para tornar-se um Investidor Qualificado, Neivaldo precisaria ter a partir de R$ 1 milhão em investimentos financeiros ou ser aprovado em um dos exames de certificação reconhecidos pela CVM. Mais adiante estão os Investidores Profissionais, aqueles que dispõem de mais de R$ 10 milhões ou são analistas e/ou consultores reconhecidos pelo regulador.

Vou dar um exemplo de como essa classificação funciona. Quer diversificar sua carteira com um fundo que investe 100% no exterior? E que tal um veículo que compra empresas que não são listadas em Bolsa, os fundos de private equity? Essas duas categorias não estarão disponíveis para o Neivaldo, que tem menos de R$ 1 milhão investidos. 

O nosso assinante está coberto de razão em ficar furioso. Na prática, um milionário que não entende nada de investimentos pode ter acesso a produtos considerados mais arriscados, enquanto um estudioso do mercado ficará de fora de boas oportunidades por ainda não ter alcançado seu primeiro milhão. Salvo raras exceções, todo milionário começou “desqualificado”.

A regra atual foi definida em 2014, quando a CVM fez uma audiência pública para ouvir entidades do mercado a respeito da regulamentação da categoria de investidores qualificados e profissionais. Na época, não havia grande disseminação de informações sobre investimento; era grande a assimetria. A fonte primária do brasileiro era o gerente do banco. 

Mas hoje, os tempos definitivamente são outros — posso constatar isso inclusive pela complexidade das perguntas dos nossos milhares de assinantes que chegam aqui no e-mail da série Os Melhores Fundos de Investimento. De 2016, quando a série começou, para 2020, houve um salto de conhecimento visível, com o qual me orgulho de ter colaborado. Temos visto de forma mais ampla uma revolução no mundo dos investimentos.  

Leia Também

A própria CVM reconhece que mudanças precisam ser feitas. E a boa notícia nesse sentido é que o regulador está consultando as pessoas físicas a respeito de uma flexibilização do acesso aos chamados investimentos alternativos. 

Nessa categoria estão dois mercados: o primeiro é o de securitização, composto basicamente de crédito estruturado. É o caso dos CRIs, CRAs e FIDCs. O segundo se refere aos Fundos de Investimento em Participações (FIPs), ou seja, produtos de private equity e venture capital que compram participação em empresas não listadas em Bolsa. Ambos não podem ser acessados pelo público geral (ou os “desqualificados”, como diria o Neivaldo).

Especificamente sobre os FIPs, sempre me intrigou a restrição do acesso ao investidor de varejo.

Talvez o motivo da limitação deva-se ao fato de serem ilíquidos... Isso porque, nesses instrumentos, o investidor não pode resgatar seu capital ao longo de 7 a 12 anos (prazo que condiz com o tempo de maturação dos investimentos em empresas). Mas acho que não, já que, no caso dos COEs, instrumentos amplamente oferecidos para o varejo, o investidor já tem de se comprometer com prazos longos para resgate. 

Talvez sejam os riscos... Mas também não faz sentido, afinal, o pequeno investidor tem acesso individualmente a alternativas muito mais arriscadas, como se alavancar no mercado futuro ou vender opções a descoberto. 

Talvez seja pelo baixo retorno... Não, com certeza não é por isso. Os FIPs têm se mostrado um excelente investimento. Os fundos da classe tiveram uma taxa interna de retorno média de 22% ao ano em dólar entre 1982 e 2010, de acordo com este artigo,  fruto de uma parceria entre o Insper, a Spectra Investimentos e a Associação Brasileira de Private Equity e Venture Capital (ABVCAP). O primeiro quartil de performance ficou entre 31% e 159% ao ano em dólar. Sendo este último um caso extremo, pois significa uma multiplicação de capital de “apenas” 24 vezes. 

Só me resta uma alternativa em mente: a assimetria de informação. Mas considerando o quanto o mercado de fundos mudou nos últimos seis anos, não vejo motivo para que o mercado de alternativos não se adapte também. Melhorar comunicação, fazer cartas, vídeos, lives e materiais explicativos das estratégias... Enfim, as possibilidades são infinitas.

O fato é que pelo menos uma coisa podemos afirmar: a pessoa física não deveria ser excluída desse tipo de oportunidade. Enquanto o investidor de altíssimo patrimônio, por já possuir um razoável capital acumulado, tende a buscar preservação de capital e manutenção do poder de compra, o pequeno investidor deseja multiplicação de capital — ele quer chegar ao primeiro milhão.

Nem que o público geral seja limitado a 10% de seu patrimônio nos FIPs (até por serem um investimento pouco líquido). Melhor ainda, pode ser 1/12 (8,33%) de tudo que o investidor guarda no ano. Se você consegue juntar R$ 1 mil por mês, basta separar um mês do ano e colocar esse dinheiro em um FIP disponível.

Vamos supor que todos os FIPs em que você entrar e todos os reinvestimentos que fizer da devolução do capital investido vão render em torno de 20% ao ano em reais — o estudo dava uma média de 22% em dólar, portanto estamos sendo mais conservadores. Ao longo de 20 anos, você teria acumulado R$ 224 mil aplicando apenas R$ 1 mil por ano. Se decidir fazer uma reserva de capital para quando seu filho ou filha recém-nascido(a) alcançar os 25 anos, ele(a) poderia começar a vida adulta com R$ 566 mil em investimentos.

Aqui na série Os Melhores Fundos de Investimento acreditamos na educação financeira aliada à análise de qualidade, em vez da política de “se é complexo, só deixo quem tem dinheiro acessar”. Defendemos que pequenos e grandes investidores tenham acesso às mesmas boas oportunidades. A nossa parte estamos fazendo, desbravando de antemão o mercado de FIPs para trazer boas oportunidades aos nossos assinantes.

COMPARTILHAR

Whatsapp Linkedin Telegram
EXILE ON WALL STREET

Felipe Miranda: Dedo no gatilho

24 de março de 2025 - 20:00

Não dá pra saber exatamente quando vai se dar o movimento. O que temos de informação neste momento é que há uma enorme demanda reprimida por Brasil. E essa talvez seja uma informação suficiente.

EXILE ON WALL STREET

Rodolfo Amstalden: As expectativas de conflação estão desancoradas

19 de março de 2025 - 20:00

A principal dificuldade epistemológica de se tentar adiantar os próximos passos do mercado financeiro não se limita à já (quase impossível) tarefa de adivinhar o que está por vir

EXILE ON WALL STREET

Felipe Miranda: Vale a pena investir em ações no Brasil?

17 de março de 2025 - 20:00

Dado que a renda variável carrega, ao menos a princípio, mais risco do que a renda fixa, para se justificar o investimento em ações, elas precisariam pagar mais nessa comparação

EXILE ON WALL STREET

Rodolfo Amstalden: Para um período de transição, até que está durando bastante

12 de março de 2025 - 19:58

Ainda que a maior parte de Wall Street continue sendo pró Trump, há um problema de ordem semântica no “período de transição”: seu falsacionismo não é nada trivial

EXILE ON WALL STREET

Tony Volpon: As três surpresas de Donald Trump

10 de março de 2025 - 20:00

Quem estudou seu primeiro governo ou analisou seu discurso de campanha não foi muito eficiente em prever o que ele faria no cargo, em pelo menos três dimensões relevantes

VISÃO 360

Dinheiro é assunto de mulher? A independência feminina depende disso

9 de março de 2025 - 7:50

O primeiro passo para investir com inteligência é justamente buscar informação. Nesse sentido, é essencial quebrar paradigmas sociais e colocar na cabeça de mulheres de todas as idades, casadas, solteiras, viúvas ou divorciadas, que dinheiro é assunto delas.

EXILE ON WALL STREET

Rodolfo Amstalden: Na esperança de marcar o 2º gol antes do 1º

5 de março de 2025 - 20:01

Se você abre os jornais, encontra manchetes diárias sobre os ataques de Donald Trump contra a China e contra a Europa, seja por meio de tarifas ou de afrontas a acordos prévios de cooperação

EXILE ON WALL STREET

Rodolfo Amstalden: Um Brasil na mira de Trump

26 de fevereiro de 2025 - 20:00

Temos razões para crer que o Governo brasileiro está prestes a receber um recado mais contundente de Donald Trump

EXILE ON WALL STREET

Rodolfo Amstalden: Eu gostaria de arriscar um palpite irresponsável

19 de fevereiro de 2025 - 20:01

Vai demorar para termos certeza de que o último período de mazelas foi superado; quando soubermos, porém, não restará mais tanto dinheiro bom na mesa

EXILE ON WALL STREET

Rodolfo Amstalden: Tenha muito do óbvio, e um pouco do não óbvio

12 de fevereiro de 2025 - 20:00

Em um histórico dos últimos cinco anos, estamos simplesmente no patamar mais barato da relação entre preço e valor patrimonial para fundos imobiliários com mandatos de FoFs e Multiestratégias

EXILE ON WALL STREET

Felipe Miranda: Isso não é 2015, nem 1808

10 de fevereiro de 2025 - 20:00

A economia brasileira cresce acima de seu potencial. Se a procura por camisetas sobe e a oferta não acompanha, o preço das camisetas se eleva ou passamos a importar mais. Não há milagre da multiplicação das camisetas.

EXILE ON WALL STREET

Tony Volpon: O paradoxo DeepSeek

3 de fevereiro de 2025 - 20:01

Se uma relativamente pequena empresa chinesa pode desafiar as grandes empresas do setor, isso será muito bom para todos – mesmo se isso acabar impactando negativamente a precificação das atuais gigantes do setor

EXILE ON WALL STREET

Rodolfo Amstalden: IPCA 2025 — tem gosto de catch up ou de ketchup mais caro?

29 de janeiro de 2025 - 20:31

Se Lula estivesse universalmente preocupado com os gastos fiscais e o descontrole do IPCA desde o início do seu mandato, provavelmente não teria que gastar tanta energia agora com essas crises particulares

EXILE ON WALL STREET

Rodolfo Amstalden: Um ano mais fácil (de analisar) à frente

18 de dezembro de 2024 - 20:00

Não restam esperanças domésticas para 2025 – e é justamente essa ausência que o torna um ano bem mais fácil de analisar

EXILE ON WALL STREET

Rodolfo Amstalden: Às vésperas da dominância fiscal

11 de dezembro de 2024 - 15:00

Até mesmo os principais especialistas em macro brasileira são incapazes de chegar a um consenso sobre se estamos ou não em dominância fiscal, embora praticamente todos concordem que a política monetária perdeu eficácia, na margem

EXILE ON WALL STREET

Rodolfo Amstalden: Precisamos sobre viver o “modo sobrevivência”

4 de dezembro de 2024 - 20:00

Não me parece que o modo sobrevivência seja a melhor postura a se adotar agora, já que ela pode assumir contornos excessivamente conservadores

EXILE ON WALL STREET

Rodolfo Amstalden: Banda fiscal no centro do palco é sinal de que o show começou

27 de novembro de 2024 - 16:01

Sequestrada pela política fiscal, nossa política monetária desenvolveu laços emocionais profundos com seus captores, e acabou por assimilar e reproduzir alguns de seus traços mais viciosos

EXILE ON WALL STREET

Felipe Miranda: O Brasil (ainda não) voltou — mas isso vai acontecer

18 de novembro de 2024 - 20:00

Depois de anos alijados do interesse da comunidade internacional, voltamos a ser destaque na imprensa especializada. Para o lado negativo, claro

EXILE ON WALL STREET

Felipe Miranda: Não estamos no México, nem no Dilma 2

7 de outubro de 2024 - 20:00

Embora algumas analogias de fato possam ser feitas, sobretudo porque a direção guarda alguma semelhança, a comparação parece bastante imprecisa

EXILE ON WALL STREET

Rodolfo Amstalden: Brasil com grau de investimento: falta apenas um passo, mas não qualquer passo

2 de outubro de 2024 - 14:40

A Moody’s deixa bem claro qual é o passo que precisamos satisfazer para o Brasil retomar o grau de investimento: responsabilidade fiscal

Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Fechar