O Ibovespa mantém perdas firmes e o dólar continua a disparada no meio da tarde desta quarta-feira (24). O cenário exterior adverso guia os negócios em sessão tensa para os investidores.
Por volta das 15:20, o princpal índice acionário da B3 cai 1,77%, aos 94.275,64 pontos. A bolsa teve uma abertura já no campo negativo e aprofundando a queda pela manhã, batendo na mínima de 93.529 pontos, por volta de 12h45.
A possibilidade da imposição de novas tarifas às exportações da União Europeia e do Reino Unido por partes dos Estados Unidos entra no radar dos mercados com o temor do protecionismo no comércio internacional.
Mas, além disso, o avanço do coronavírus em regiões dos EUA e na Alemanha, a queda na projeção do PIB global em 2020 e uma queda expressiva no mercado de petróleo também adicionam ao estresse.
Os índices acionários nos Estados Unidos operam em forte queda. Pelo mesmo horário, o S&P 500 tomba 2,89%, para 3.040,67 pontos, o Dow Jones cai 3,05%, para 25.359,52 pontos, enquanto o Nasdaq tem baixa de 2,55%, para 9.873,95 pontos.
Enquanto isso, o dólar dispara. A aversão ao risco observado no exterior também eleva o preço da moeda americana, que marca uma alta vigorosa de 3,21%, cotado a R$ 5,3180.
Juros
Os juros futuros dos contratos de depósitos interbancários, por sua vez, também sobem com o cenário de estresse no exterior.
O movimento mais forte se vê nos vértices mais curtos e mais longos, que segue com mais vigor o mau humor externo, como nos contratos de vencimentos para janeiro de 2021 e para janeiro de 2025.
- Janeiro/2021: de 2,035% para 2,050%;
- Janeiro/2022: de 3,02% para 3,07%;
- Janeiro/2023: de 4,13% para 4,22%;
- Janeiro/2025: de 5,83% para 5,96%.
Relações comerciais
Nesta manhã, o Escritório do Representante de Comércio dos EUA (USTR) informou que o governo estuda impor novas tarifas a US$ 3,1 bilhões em exportações da União Europeia e do Reino Unido.
A sobretaxa é uma resposta à longa disputa travada entre os EUA e a UE na Organização Mundial do Comércio (OMC) sobre os subsídios concedidos pela UE a fabricante de aviões Airbus. Para o governo americano, a medida prejudica a Boeing.
Ainda no campo comercial, o impasse entre Estados Unidos e China está longe de ser solucionado.
As declarações do presidente Donald Trump de que o acordo comercial preliminar firmado entre as potências segue válido impulsionou os mercados na terça-feira, mas hoje parecem insuficientes para sustentar o otimismo.
O jornal chinês Global Times disse que o dano causado pela fala de Peter Navarro — que afirmou que o acordo teria chegado ao fim — não pode ser desfeito.
Coronavírus e economia global
O coronavírus também segue sendo motivo de aversão ao risco no exterior. Algumas regiões dos Estados Unidos e da Alemanha têm apresentado um aumento no número de casos após o relaxamento de medidas de isolamento.
Nesta manhã, o Fundo Monetário Internacional cortou mais uma vez a previsão para o Produto Interno Bruto (PIB) mundial em 2020. A expectativa de contração passou de 3% para 4,9%. Segundo a entidade, o PIB dos Estados Unidos deve cair 8%.
Uma piora no mercado de petróleo também ajuda a explicar a deterioração do cenário externo. O Departamento de Energia (DoE) dos Estados Unidos divulgou que os estoques de petróleo subiram 1,442 milhão de barris na última semana. A previsão era de 600 mil.
Por volta das 15h, o petróleo WTI recuava 5,85%, a US$ 38,01. Já o Brent apresentava queda de 5,47%, a US$ 40,30.
Marco do saneamento
Com o clima pesado no exterior, no Brasil a provável aprovação do novo marco regulatório do saneamento básico pode ajudar a bolsa brasileira a limitar as perdas.
O projeto permite que a iniciativa privada atue no setor. A estimativa é de que mais de 1 milhão de empregos sejam gerados, o que coloca o marco como uma alternativa para a recuperação do país pós-covid. Empresas como Copasa, Sabesp e Sanepar acumulam altas expressivas nas vésperas da apreciação da matéria.