Ibovespa sobe mais de 1%; sinais de força da economia dos EUA se sobrepõem à cautela local
O Ibovespa avança e acompanha o alívio visto nas demais bolsas do mundo, que reagem positivamente à expansão intensa do setor de varejo nos EUA e à possibilidade de lançamento de mais um pacote trilionário de auxílio à economia americana

O Ibovespa e os demais índices acionários globais ensaiam uma recuperação firme nesta terça-feira (16), deixando para trás a cautela dos últimos dias. E tudo graças aos EUA: a força exibida pela economia do país, somada à possibilidade de um novo pacote trilionário de estímulo, injetam ânimo nos investidores.
Por volta de 14h50, o Ibovespa avançava 1,30%, aos 93.576,72 pontos, revertendo uma sequência de quatro baixas consecutivas. A bolsa brasileira não está sozinha: na Europa, as principais praças avançam mais de 2%; nos EUA, o Dow Jones (+2,17%), o S&P 500 (+2,04%) e o Nasdaq (+1,87%) têm ganhos firmes.
No câmbio, contudo, o tom ainda é de certa preocupação: o dólar à vista até chegou a cair 1,80% mais cedo, a R$ 5,0495, mas já zerou essas perdas e, agora, avança 1,01%, a R$ 5,1940 — a cautela local, às vésperas da reunião do Copom, pressiona a divisa americana por aqui.
- Eu gravei um vídeo para explicar um pouco da dinâmica dos mercados nesta terça-feira. Veja abaixo:
Em primeiro plano as bolsas aparece o resultado surpreendente das vendas no varejo dos Estados Unidos em maio: o indicador avançou 17,7% em relação a abril — os analistas projetavam um crescimento bem menos intenso, de 7,9% no mês.
O dado do varejo, assim, soma-se à recuperação mostrada pelo mercado de trabalho americano em maio, com a criação de 2,5 milhões de empregos e queda na taxa de desemprego para 13,3% — dois dados que indicam uma recuperação intensa da economia do país após o pico da Covid-19.
"Uau! As vendas no varejo em maio mostraram o maior crescimento mensal de todos os tempos, com alta de 17,7%. Muito melhor que o projetado", escreveu o presidente dos EUA, Donald Trump, no Twitter. "Parece que teremos um grande dia no mercado de ações".
O resultado das vendas no varejo dá ainda mais forças a uma sessão que já dava indícios de recuperação nas bolsas. Desde as primeiras horas do dia, os investidores mostravam-se empolgados com a possibilidade de o governo americano lançar um pacote de US$ 1 trilhão em investimentos em infraestrutura, de modo a dar sustentação à economia do país.
As notícias de que Trump estaria estudando essa possibilidade juntam-se ao programa lançado ontem pelo Federal Reserve (Fed, o banco central americano) para a compra de títulos de empresas, no montante de US$ 75 bilhões.
Ou seja: o mercado trabalha com a perspectiva de forte injeção de liquidez no curto prazo — o que, naturalmente, diminui a percepção de risco e incentiva os investimentos em ações no mundo todo.
Mas, por mais que esse cenário seja animador para os investidores, também tivemos algumas notícias mais preocupantes para o mercado no front externo, com destaque para a China e para declarações recentes do presidente do Fed, Jerome Powell.
Esfriando os ânimos
Uma notícia publicada mais cedo pela Bloomberg freou a recuperação das bolsas globais e tirou impulso do Ibovespa e dos índices americanos: segundo a agência, o governo chinês decidiu fechar novamente as escolas em Pequim, temendo o surgimento de uma segunda onda do coronavírus no país.
Essa movimentação elevou o temor de que a recuperação da economia global poderá ser freada, uma vez que a retomada das medidas de isolamento social tende a impactar novamente o nível de atividade do mundo — e, vale lembrar, tanto os EUA quanto a Europa começaram recentemente seus processos de reabertura.
Além disso, o mercado também mostrou certa cautela com uma fala de Powell ao Senado americano: o presidente do Fed disse que, apesar dos sinais recentes de recuperação,a economia americana ainda tende a sofrer no curto prazo. Ele também afirmou que, caso o mercado continue evoluindo positivamente, a instituição poderá cortar gradativamente o programa de compra de títulos.
Cautela doméstica
As boas notícias vindas do exterior se sobrepõem ao cenário ainda bastante incerto no Brasil: por aqui, os dados econômicos continuam mostrando fraqueza da atividade doméstica — e, em Brasília, o panorama ainda é pouco animador.
Mais cedo, o IBGE apontou uma queda de 16,8% nas vendas no varejo em abril em relação a março, o pior resultado do indicador em 20 anos. Todos os dez setores analisados pelo instituto mostraram retração no período.
No âmbito político, o presidente Jair Bolsonaro disse ontem que a reforma administrativa ficará apenas para 2021 — segundo ele, o desgaste em Brasília é intenso demais para o avanço da pauta ainda neste ano.
Juros oscilam
A ponta curta da curva de juros futuros sustenta um leve desempenho negativo, refletindo a convicção dos investidores de que o Copom cortará a Selic em 0,75 ponto na reunião de amanhã, podendo deixar a porta aberta para novas reduções no futuro. Os DIs mais longos, contudo, exibem certa cautela e viraram para alta, acompanhando o dólar:
- Janeiro/2021: de 2,11% para 2,09%;
- Janeiro/2022: de 3,05% para 3,06%;
- Janeiro/2023: de 4,13% para 4,15%;
- Janeiro/2025: de 5,71% para 5,76%.
Top 5
Veja abaixo as cinco ações de melhor desempenho do Ibovespa nesta terça-feira:
CÓDIGO | NOME | PREÇO (R$) | VARIAÇÃO |
GGBR4 | Gerdau PN | 14,58 | +7,60% |
CSNA3 | CSN ON | 11,39 | +7,35% |
GOAU4 | Metalúrgica Gerdau PN | 6,84 | +6,54% |
CIEL3 | Cielo ON | 5,09 | +6,04% |
CMIG4 | Cemig PN | 11,37 | +5,77% |
Confira também as cinco maiores baixas do índice:
CÓDIGO | NOME | PREÇO (R$) | VARIAÇÃO |
UGPA3 | Ultrapar ON | 17,53 | -1,85% |
MGLU3 | Magazine Luiza ON | 65,01 | -1,28% |
ABEV3 | Ambev ON | 13,26 | -1,27% |
CVCB3 | CVC ON | 20,20 | -1,22% |
YDUQ3 | Yduqs ON | 32,53 | -1,00% |
Fora do Ibovespa, destaque para as ações da Oi: as ONs (OIBR3) caem 9,18% e as PNs (OIBR4) recuam 5,22% após a companhia reportar prejuízo de R$ 6,2 bilhões no primeiro trimestre do ano.
Há razão para pânico com os bancos nos EUA? Saiba se o país está diante de uma crise de crédito e o que fazer com o seu dinheiro
Mesmo com alertas de bancos regionais dos EUA sobre o aumento do risco de inadimplência de suas carteiras de crédito, o risco não parece ser sistêmico, apontam especialistas
Citi vê mais instabilidade nos mercados com eleições de 2026 e tarifas e reduz risco em carteira de ações brasileiras
Futuro do Brasil está mais incerto e analistas do Citi decidiram reduzir o risco em sua carteira recomendada de ações MVP para o Brasil
Kafka em Wall Street: Por que você deveria se preocupar com uma potencial crise nos bancos dos EUA
O temor de uma infestação no setor financeiro e no mercado de crédito norte-americano faz pressão sobre as bolsas hoje
B3 se prepara para entrada de pequenas e médias empresas na Bolsa em 2026 — via ações ou renda fixa
Regime Fácil prevê simplificação de processos e diminuição de custos para que companhias de menor porte abram capital e melhorem governança
Carteira ESG: BTG passa a recomendar Copel (CPLE6) e Eletrobras (ELET3) por causa de alta no preço de energia; veja as outras escolhas do banco
Confira as dez escolhas do banco para outubro que atendem aos critérios ambientais, sociais e de governança corporativa
Bolsa em alta: oportunidade ou voo de galinha? O que você precisa saber sobre o Ibovespa e as ações brasileiras
André Lion, sócio e CIO da Ibiuna, fala sobre as perspectivas para a Bolsa, os riscos de 2026 e o impacto das eleições presidenciais no mercado
A estratégia deste novo fundo de previdência global é investir somente em ETFs — entenda como funciona o novo ativo da Investo
O produto combina gestão passiva, exposição internacional e benefícios tributários da previdência em uma carteira voltada para o longo prazo
De fundo imobiliário em crise a ‘Pacman dos FIIs’: CEO da Zagros revela estratégia do GGRC11 — e o que os investidores podem esperar daqui para frente
Prestes a se unir à lista de gigantes do mercado imobiliário, o GGRC11 aposta na compra de ativos com pagamento em cotas. Porém, o executivo alerta: a estratégia não é para qualquer um
Dólar fraco, ouro forte e bolsas em queda: combo China, EUA e Powell ditam o ritmo — Ibovespa cai junto com S&P 500 e Nasdaq
A expectativa por novos cortes de juros nos EUA e novos desdobramentos da tensão comercial entre as duas maiores economias do mundo mexeram com os negócios aqui e lá fora nesta terça-feira (14)
IPO reverso tem sido atalho das empresas para estrear na bolsa durante seca de IPOs; entenda do que se trata e quais os riscos para o investidor
Velocidade do processo é uma vantagem, mas o fato de a estreante não precisar passar pelo crivo da CVM levanta questões sobre a governança e a transparência de sua atuação
Ainda mais preciosos: ouro atinge novo recorde e prata dispara para máxima em décadas
Tensões fiscais e desconfiança em moedas fortes como o dólar levam investidores a buscar ouro e prata
Sparta mantém posição em debêntures da Braskem (BRKM5), mas fecha fundos isentos para não prejudicar retorno
Gestora de crédito privado encerra captação em fundos incentivados devido ao excesso de demanda
Bolsa ainda está barata, mas nem tanto — e gringos se animam sem pôr a ‘mão no fogo’: a visão dos gestores sobre o mercado brasileiro
Pesquisa da Empiricus mostra que o otimismo dos gestores com a bolsa brasileira segue firme, mas perdeu força — e o investidor estrangeiro ainda não vem em peso
Bitcoin (BTC) recupera os US$ 114 mil após ‘flash crash’ do mercado com Donald Trump. O que mexe com as criptomoedas hoje?
A maior criptomoeda do mundo voltou a subir nesta manhã, impulsionando a performance de outros ativos digitais; entenda a movimentação
Bolsa fecha terceira semana no vermelho, com perdas de 2,44%; veja os papéis que mais caíram e os que mais subiram
Para Bruna Sene, analista de renda variável na Rico, “a tão esperada correção do Ibovespa chegou” após uma sequência de recordes históricos
Dólar avança mais de 3% na semana e volta ao patamar de R$ 5,50, em meio a aversão ao risco
A preocupação com uma escalada populista do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez o real apresentar de longe o pior desempenho entre divisas emergentes e de países exportadores de commodities
Dólar destoa do movimento externo, sobe mais de 2% e fecha em R$ 5,50; entenda o que está por trás
Na máxima do dia, divisa chegou a encostar nos R$ 5,52, mas se desvalorizou ante outras moedas fortes
FII RBVA11 avança na diversificação e troca Santander por nova locatária; entenda a movimentação
O FII nasceu como um fundo imobiliário 100% de agências bancárias, mas vem focando na sua nova meta de diversificação
O mercado de ações dos EUA vive uma bolha especulativa? CEO do banco JP Morgan diz que sim
Jamie Dimon afirma que muitas pessoas perderão dinheiro investindo no setor de inteligência artificial
O que fez a Ambipar (AMBP3) saltar mais de 30% hoje — e por que você não deveria se animar tanto com isso
As ações AMBP3 protagonizam a lista de maiores altas da B3 desde o início do pregão, mas o motivo não é tão inspirador assim