🔴 VEM AÍ: ONDE INVESTIR NO 2º SEMESTRE – INSCREVA-SE GRATUITAMENTE

Ricardo Gozzi

É jornalista e escritor. Passou quase 20 anos na editoria internacional da Agência Estado antes de se aventurar por outras paragens. Escreveu junto com Sócrates o livro 'Democracia Corintiana: a utopia em jogo'. Também é coautor da biografia de Kid Vinil.

Mercados hoje

Bolsonaro suspende Renda Brasil, bolsa fecha em forte queda e dólar volta aos R$ 5,60

Investidores consideraram que Bolsonaro deu a Guedes um ‘ultimato’ em um momento no qual a relação entre eles mostra sinais de desgate

Ricardo Gozzi
26 de agosto de 2020
17:39 - atualizado às 17:43
Auxílio Brasil
O ex-ministro da Economia, Paulo Guedes, e o ex-presidente Jair Bolsonaro. - Imagem: Marcos Corrêa/PR

Logo cedo, ainda antes da abertura dos mercados financeiros por aqui, a persistência das incertezas políticas e do risco fiscal no Brasil indicavam que os investidores não teriam vida fácil hoje.

A abertura até deu uma enganadinha e o Ibovespa brincou um pouco no lado azul da telinha, mas bastaram alguns comentários fora do tom pelo presidente Jair Bolsonaro no fim da manhã para azedar o clima e transformar o principal índice do mercado brasileiro de ações em um verdadeiro mar vermelho.

Bolsonaro informou que não enviaria ao Congresso a proposta referente ao Renda Brasil no formato a ele apresentado pelo Ministério da Economia. Mas não parou por aí. Mais tarde ficou-se sabendo que ele teria dado um prazo – sexta-feira – para que o ministro Paulo Guedes enviasse um novo plano.

Houve então quem interpretasse o prazo como ultimato. Dali para começarem a circular rumores de que Guedes teria pedido demissão foi um pulo. Mas o Ministério da Economia logo desmentiu as especulações, afastando um pouco o Ibovespa e o real das mínimas do dia, mas sem evitar um retrocesso considerável nos mercados financeiros nesta quarta-feira.

O Ibovespa chegou a perder temporariamente o piso dos 100 mil pontos e recuperou-o no fim, mas não sem evitar o segundo fechamento seguido em queda (-1,46%), aos 100.627,33 pontos. E tudo isto apesar da alta consistente das bolsas em Nova York, puxada pelas ações do setor de tecnologia. O Dow Jones subiu enquanto o Nasdaq e o S&P-500 renovaram mais uma vez seus respectivos níveis recorde de fechamento.

O clima por aqui azedou de vez quando Bolsonaro disse que a proposta a ele enviada pelo Ministério da Economia não seria encaminhada ao Congresso Nacional. Mais tarde, fontes no Palácio do Planalto afirmaram que o presidente pediu ao ministro Paulo Guedes que lhe apresentasse um novo plano até sexta-feira.

Leia Também

Os comentários do presidente foram interpretados por analistas de mercado como uma espécie de ultimato ao ministro da Economia em meio ao estremecimento da relação entre eles.

Diante disto, apenas oito das mais de 70 ações listadas no Ibovespa conseguiram chegar ao fim do dia com algum ganho - metade delas ligadas a exportações e surfando a alta do dólar ante o real.

Confira a seguir quais foram as maiores altas e baixas do dia entre os componentes do Ibovespa.

MAIORES ALTAS

  • Intermédica ON (GNDI3) +3,24%
  • Magalu ON (MGLU3) +2,44%
  • Marfrig ON (MRFG3) +1,35%
  • Suzano ON (SUZB3) +1,29%
  • Totvs ON (TOTS3) +0,93%

MAIORES QUEDAS

  • Eletrobras ON (ELET3) -4,71%
  • Embraer ON (EMBR3) -4,57%
  • Cemig PN (CMIG4) -4,23%
  • Ultrapar ON (UGPA3) -4,02%
  • Eletrobras PN (ELET6) -4,00%

"Não posso tirar de pobres para dar a paupérrimos", diz Bolsonaro

Ao anunciar a suspensão dos planos, Bolsonaro disse que não vai "tirar (recursos) dos mais pobres" para financiar um novo programa de renda mínima.

"Ontem discutimos a possível proposta do Renda Brasil. E eu falei 'está suspenso', vamos voltar a conversar. A proposta, como a equipe econômica apareceu para mim não será enviada ao Parlamento. Não posso tirar de pobres para dar a paupérrimos," disse o presidente durante um evento em Ipatinga (MG).

Bolsonaro também confirmou que a ideia da equipe econômica era usar o dinheiro que hoje paga o abono salarial de trabalhadores para bancar parte do Renda Brasil.

"Por exemplo, a questão do abono para quem ganha até dois salários mínimos, que seria como um décimo quarto salário. Não podemos tirar isso de 12 milhões de pessoas para dar a um Bolsa Família, um Renda Brasil, seja lá o que for o nome do programa", comentou ele.

O presidente disse ainda que o "melhor programa para o País", na visão dele, é a geração de empregos. "Ou o Brasil começa a produzir, a fazer um plano que interessa a todos nós, que é o emprego, ou estamos fadados ao insucesso. Não posso fazer milagre."

Piora da relação entre Bolsonaro e Guedes preocupa investidores

Ontem, a ausência de Guedes no lançamento do programa Casa Verde Amarela reacendeu entre os investidores o alarme em torno da relação entre o presidente Jair Bolsonaro e seu principal fiador junto aos mercados financeiros.

Hoje, o tom da fala do presidente acentuou ainda mais a desconfiança dos investidores com relação não apenas ao teto de gastos e à disciplina fiscal, mas também no que diz respeito à permanência de Paulo Guedes como ministro.

A deterioração da relação entre Guedes e Bolsonaro vem se acentuando nas últimas semanas justamente por causa do programa Renda Brasil.

Enquanto o presidente parece encantado com o recente aumento de popularidade atribuído ao auxílio emergencial, o ministro parece pouco disposto a ceder um milímetro que seja de suas posições.

Antes da suspensão do Renda Brasil, os dois vinham tentando encontrar uma saída para o impasse em torno do valor estipulado para o programa de renda mínima. Circula que o presidente Jair Bolsonaro não aceitaria um valor menor do que R$ 300 e que tal quantia seria considerada muito “alta” por Guedes.

O próprio ministro antecipou na semana passada que o programa seria anunciado oficialmente ontem, mas o impasse entre eles levou ao adiamento do anúncio e agora à suspensão da proposta. Ao pedir um novo plano até sexta-feira, Bolsonaro teria dito a interlocutores que gostaria de uma solução que não passasse pelo corte do abono salarial.

Diante do impasse, os investidores temem principalmente que uma eventual incapacidade de Bolsonaro e Guedes de chegarem a um meio-termo ameace o teto de gastos e a disciplina fiscal e - num caso mais extremo - leve à saída do ministro, advertem analistas.

Chegaram a circular inclusive rumores de que Guedes teria pedido demissão a Bolsonaro, mas o boato foi rapidamente desmentido. Funcionários do Ministério da Economia afirmaram tratar-se apenas de uma divergência e disseram não haver nenhuma ameaça à permanência de Guedes no governo.

Na avaliação do economista-chefe da Necton Corretora, André Perfeito, os comentários sobre a possível saída de Guedes não passariam de especulação.

A questão, segundo ele, é outra. "O Ministério da Economia tem que restaurar seu comando. Caso contrário, o mercado irá apostar que Bolsonaro irá tender ao populismo fiscal em busca de se blindar e de pavimentar seu caminho rumo a 2022", afirma Perfeito.

Exterior em compasso de espera

No exterior, os investidores mantiveram-se em compasso de espera. Mesmo assim, as principais bolsas europeias fecharam em alta e os índices de ações em Nova York subiram na tarde de hoje, com o Nasdaq e o S&P-500 alcançando novos recordes.

Os investidores estrangeiros aguardam o discurso do presidente do Federal Reserve Bank, Jerome Powell, marcado para amanhã como parte do tradicional simpósio de política econômica de Jackson Hole.

A expectativa é que o chefe do banco central norte-americano fale sobre a perspectiva econômica e o futuro da política monetária americana em meio a indicadores econômicos contraditórios com relação ao ritmo da recuperação da maior economia do globo.

Dólar e juro

O dólar, por sua vez, acentuou a alta em relação ao real depois dos comentários de Bolsonaro. A moeda norte-americana já havia aberto em alta na esteira do salto de 11,2% nas encomendas de bens duráveis nos EUA entre junho e julho.

O movimento acentuou-se com o acirramento da tensão entre Bolsonaro e Guedes e o dólar firmou-se novamente na faixa dos R$ 5,60. No fim, a moeda norte-americana fechou em alta de 1,59%, cotada a R$ 5,6150.

Já os contratos de juros futuros operaram em alta do início ao fim da sessão. A tensão política refletiu-se especialmente nos vencimentos mais longos.

Confira as taxas negociadas de alguns dos principais contratos negociados na B3:

  • Janeiro/2022: de 2,750% para 2,830%;
  • Janeiro/2023: de 3,930% para 4,070%;
  • Janeiro/2025: de 5,750% para 5,960%;
  • Janeiro/2027: de 6,760% para 6,970%.

COMPARTILHAR

Whatsapp Linkedin Telegram
FECHAMENTO DO DIA

Inflação americana derruba Wall Street e Ibovespa cai mais de 2%; dólar vai a R$ 5,18 com pressão sobre o Fed

13 de setembro de 2022 - 19:01

Com o Nasdaq em queda de 5% e demais índices em Wall Street repercutindo negativamente dados de inflação, o Ibovespa não conseguiu sustentar o apetite por risco

De olho na bolsa

Esquenta dos mercados: Bolsas internacionais sobem em dia de inflação dos EUA; Ibovespa deve acompanhar cenário internacional e eleições

13 de setembro de 2022 - 7:37

Com o CPI dos EUA como o grande driver do dia, a direção das bolsas após a divulgação dos dados deve se manter até o encerramento do pregão

DANÇA DAS CADEIRAS

CCR (CCRO3) já tem novos conselheiros e Roberto Setubal está entre eles — conheça a nova configuração da empresa

12 de setembro de 2022 - 19:45

Além do novo conselho de administração, a Andrade Gutierrez informou a conclusão da venda da fatia de 14,86% do capital da CCR para a Itaúsa e a Votorantim

FECHAMENTO DO DIA

Expectativa por inflação mais branda nos Estados Unidos leva Ibovespa aos 113.406 pontos; dólar cai a R$ 5,09

12 de setembro de 2022 - 18:04

O Ibovespa acompanhou a tendência internacional, mas depois de sustentar alta de mais de 1% ao longo de toda a sessão, o índice encerrou a sessão em alta

novo rei?

O Mubadala quer mesmo ser o novo rei do Burger King; fundo surpreende mercado e aumenta oferta pela Zamp (BKBR3)

12 de setembro de 2022 - 11:12

Valor oferecido pelo fundo aumentou de R$ 7,55 para R$ 8,31 por ação da Zamp (BKBR3) — mercado não acreditava em oferta maior

Segredos da bolsa

Esquenta dos mercados: Inflação dos EUA não assusta e bolsas internacionais começam semana em alta; Ibovespa acompanha prévia do PIB

12 de setembro de 2022 - 7:57

O exterior ignora a crise energética hoje e amplia o rali da última sexta-feira

A SEMANA NA B3

Vale (VALE3) dispara mais de 10% e anota a maior alta do Ibovespa na semana, enquanto duas ações de frigoríficos dominam a ponta negativa do índice

10 de setembro de 2022 - 13:40

Por trás da alta da mineradora e da queda de Marfrig (MRFG3) e Minerva (BEEF3) estão duas notícias vindas da China

Exclusivo Seu Dinheiro

Magalu (MGLU3) cotação: ação está no fundo do poço ou ainda é possível cair mais? 5 pontos definem o futuro da ação

10 de setembro de 2022 - 10:00

Papel já alcançou máxima de R$ 27 há cerca de dois anos, mas hoje é negociado perto dos R$ 4. Hoje, existem apenas 5 fatores que você deve olhar para ver se a ação está em ponto de compra ou venda

FECHAMENTO DO DIA

Commodities puxam Ibovespa, que sobe 1,3% na semana; dólar volta a cair e vai a R$ 5,14

9 de setembro de 2022 - 18:42

O Ibovespa teve uma semana marcada por expectativas para os juros e inflação. O dólar à vista voltou a cair após atingir máximas em 20 anos

De olho na bolsa

Esquenta dos mercados: Inflação e eleições movimentam o Ibovespa enquanto bolsas no exterior sobem em busca de ‘descontos’ nas ações

9 de setembro de 2022 - 7:36

O exterior ignora a crise energética e a perspectiva de juros elevados faz as ações de bancos dispararem na Europa

FECHAMENTO DO DIA

BCE e Powell trazem instabilidade à sessão, mas Ibovespa fecha o dia em alta; dólar cai a R$ 5,20

8 de setembro de 2022 - 19:00

A instabilidade gerada pelos bancos centrais gringos fez com o Ibovespa custasse a se firmar em alta — mesmo com prognósticos melhores para a inflação local e uma desinclinação da curva de juros.

De olho na bolsa

Esquenta dos mercados: Decisão de juros do BCE movimenta as bolsas no exterior enquanto Ibovespa digere o 7 de setembro

8 de setembro de 2022 - 7:47

Se o saldo da Independência foi positivo para Bolsonaro e negativo aos demais concorrentes — ou vice-versa —, só o tempo e as pesquisas eleitorais dirão

FECHAMENTO DO DIA

Ibovespa cede mais de 2% com temor renovado de nova alta da Selic; dólar vai a R$ 5,23

6 de setembro de 2022 - 18:43

Ao contrário do que os investidores vinham precificando desde a última reunião do Copom, o BC parece ainda não estar pronto para interromper o ciclo de aperto monetário – o que pesou sobre o Ibovespa

ACABOU A ESPERA?

Em transação esperada pelo mercado, GPA (PCAR3) prepara cisão do Grupo Éxito, mas ações reagem em queda

6 de setembro de 2022 - 15:38

O fato relevante com a informação foi divulgado após o fechamento do mercado ontem, quando as ações operaram em forte alta de cerca de 10%, liderando os ganhos do Ibovespa na ocasião

ANOTE NO CALENDÁRIO

Atenção, investidor: Confira como fica o funcionamento da B3 e dos bancos durante o feriado de 7 de setembro

6 de setembro de 2022 - 11:29

Não haverá negociações na bolsa nesta quarta-feira. Isso inclui os mercados de renda variável, renda fixa privada, ETFs de renda fixa e de derivativos listados

De olho na bolsa

Esquenta dos mercados: Bolsas no exterior deixam crise energética de lado e investidores buscam barganhas hoje; Ibovespa reage às falas de Campos Neto

6 de setembro de 2022 - 7:43

Às vésperas do feriado local, a bolsa brasileira deve acompanhar o exterior, que vive momentos tensos entre Europa e Rússia

FECHAMENTO DO DIA

Ibovespa ignora crise energética na Europa e vai aos 112 mil pontos; dólar cai a R$ 5,15

5 de setembro de 2022 - 18:40

Apesar da cautela na Europa, o Ibovespa teve um dia de ganhos, apoiado na alta das commodities

MÍNIMA HISTÓRICA

Crise energética em pleno inverno assusta, e efeito ‘Putin’ faz euro renovar mínima abaixo de US$ 1 pela primeira vez em 20 anos

5 de setembro de 2022 - 13:55

O governo russo atribuiu a interrupção do fornecimento de gás a uma falha técnica, mas a pressão inflacionária que isso gera derruba o euro

PASSANDO A FAIXA

Boris Johnson de saída: Liz Truss é eleita nova primeira-ministra do Reino Unido; conheça a ‘herdeira’ de Margaret Thatcher

5 de setembro de 2022 - 9:14

Aos 47 anos, a política conservadora precisa liderar um bloco que encara crise energética, inflação alta e reflexos do Brexit

SEGREDOS DA BOLSA

Esquenta dos mercados: Bolsas internacionais caem com crise energética no radar; Ibovespa acompanha calendário eleitoral hoje

5 de setembro de 2022 - 7:46

Com o feriado nos EUA e sem a operação das bolsas por lá, a cautela deve prevalecer e a volatilidade aumentar no pregão de hoje

Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Fechar