Em semana de ‘cabo de guerra’ entre boas e más notícias, Ibovespa termina em baixa e dólar tem alívio
Tensão EUA-China e dados econômicos abaixo do esperado nos Estados Unidos pesaram negativamente nas bolsas; pacote de incentivo da União Europeia e reforma tributária contribuíram para queda do dólar ante o real
De um lado, avanços nas pesquisas de desenvolvimento de vacinas contra o coronavírus, a aprovação de um pacote de estímulo trilionário pela União Europeia, o envio da reforma tributária pelo governo brasileiro ao Congresso e dados econômicos positivos (e surpreendentes!) no Velho Continente.
De outro, uma nova escalada de tensões entre Estados Unidos e China e dados econômicos abaixo do esperado na potência norte-americana.
Na disputa entre as boas e as más notícias (para o mercado) nesta semana, o lado mais negativo acabou levando a melhor, pelo menos na bolsa. Até a quarta-feira, o Ibovespa vinha conseguindo se manter acima dos 104 mil pontos - na terça, chegou a superar os 105 mil pontos na máxima intradiária -, mas nos últimos dois dias predominou a realização de lucros, levando o índice a fechar com queda de 0,49% na semana, aos 102.381,58 pontos.
Nesta sexta, após um pregão instável, em que alternou altas e quedas, o principal índice acionário da B3 fechou "de lado", com leve alta de 0,09%.
Já as bolsas europeias e americanas fecharam em baixa hoje. O Dow Jones perdeu 0,68%, indo aos 26.469,89 pontos; o S&P 500 caiu 0,62%, aos 3.215,63 pontos; e o Nasdaq teve baixa de 0,94%, aos 10.363,18 pontos. O índice pan-europeu Stoxx 600 recuou 1,70%.
Com o dólar, a história foi um pouco diferente. A moeda americana fechou hoje em baixa de 0,15%, aos R$ 5,2060, acumulando queda de 3,24% na semana. O enfraquecimento da divisa, inclusive, foi global. A seguir, vou falar um pouco dos fatores que afetaram as negociações na semana.
Leia Também
Vacinas, pacotão europeu e reforma tributária
No início da semana, as bolsas no Brasil e no mundo foram beneficiadas pelos avanços nas pesquisas para o desenvolvimento das vacinas contra o coronavírus, que continua sendo o principal fantasma a assombrar a economia e os mercados.
Tanto a Pfizer e a BioNTech quanto a AstraZeneca em parceria com a Universidade de Oxford obtiveram respostas imunes positivas dos voluntários dos seus estudos sem efeitos colaterais sérios. A China também reportou avanços nos estudos da sua vacina.
A notícia de que o governo americano já comprou 100 milhões de doses da vacina desenvolvida pela Pfizer em parceria com a BioNTech também foi bem recebida pelo mercado, dado que os Estados Unidos continuam sendo o país mais castigado pela pandemia de covid-19 no mundo.
Segundo a Universidade Johns Hopkins, o país já tem mais de 4 milhões de casos registrados da doença, totalizando quase 145 mil mortes.
Do lado econômico, o que animou os investidores no início da semana foi a aprovação, pela União Europeia, de um pacote orçamentário no valor de 1,8 trilhão de euros, que prevê um fundo de ajuda (envolvendo doações e empréstimos) de 750 bilhões de euros.
A medida ajudou a fortalecer a moeda única europeia frente ao dólar, contribuindo para a fraqueza global da moeda americana na semana. Outro fator que favoreceu o euro foram os PMIs (Índices de Gerentes de Compras) dos países europeus divulgados nesta sexta.
O PMI composto da zona do euro subiu de 48,5 em junho para 54,8 em julho - maior patamar em 25 meses e acima das expectativas dos analistas. Na Alemanha e no Reino Unido, os resultados também vieram acima de 50 - marca que indica expansão da atividade.
Fraqueza do dólar e força do real
O dólar perdeu 1,66% na semana ante uma cesta de moedas fortes e também apresentou perdas ante a maioria das moedas emergentes, sendo que o real a que mais se fortaleceu ante a moeda americana na semana.
Houve pelo menos um fator doméstico que contribuiu para o fortalecimento do real: a entrega (finalmente!) da reforma tributária do governo ao Congresso na terça-feira. O projeto prevê basicamente a unificação de PIS e Cofins num novo tributo que teria alíquota única de 12%.
Mais do que a proposta em si, que é apenas um primeiro passo e focada em apenas dois tributos, o que agradou o mercado foi a sinalização de que as reformas estão novamente caminhando e a postura do governo de ter uma atitude menos belicosa em relação ao Congresso.
A postura de diálogo sinalizada na ida do ministro da Economia Paulo Guedes ao Senado para entregar pessoalmente a proposta foi bem vista, pois pode indicar que o ambiente está finalmente propício para a aprovação das próximas reformas.
Tensão entre EUA e China e dados americanos abaixo do esperado
Nos últimos dois dias, porém, dois fatores negativos pesaram nas bolsas americanas, europeias e também na B3. E na ausência de novos fatores positivos que pudessem impulsionar ainda mais os preços das ações, os investidores preferiram realizar os ganhos recentes. Afinal, até segunda-feira, dia 20 de julho, o Ibovespa já acumulava alta de quase 10% no mês.
O primeiro fator é geopolítico. Os Estados Unidos ordenaram o fechamento do consulado chinês em Houston, Texas, acusando a China de espionagem comercial e militar. Os chineses retaliaram nesta sexta, fechando o consulado americano na cidade de Chengdu, capital da província de Sichuan.
Os investidores temem que essas novas tensões azedem o acordo comercial firmado entre as duas potências em janeiro. Ontem à noite, o presidente americano Donald Trump inclusive disse que o acordo comercial entre os países não é mais tão importante assim.
O segundo fator é econômico. Ontem, os EUA divulgaram um número maior de pedidos de auxílio-desemprego do que era esperado pelo mercado. Hoje, os PMIs do país também vieram abaixo das expectativas, embora tenham majoritariamente ficado acima de 50, indicando expansão da atividade. O PMI composto subiu de 47,9 em junho para 50 em julho, o de serviços avançou para 49,6 e o industrial foi para 51,3.
Esses dados piores que o esperado desanimaram os investidores quanto à recuperação econômica dos EUA diante da crise desencadeada pela pandemia de coronavírus.
Apostas em novo corte da Selic
Nesta sexta-feira, os juros futuros viram uma forte queda depois que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou o IPCA-15, considerado uma prévia da inflação.
O indicador foi de 0,30% em julho, ante 0,02% em junho. Apesar do avanço, o número veio menor que o esperado. Segundo o Projeções Broadcast, serviço de notícias em tempo real do Estadão, a média das expectativas dos analistas era de 0,35%, e a mediana era de 0,51%.
Se por um lado isso indica que a recuperação econômica não tem sido no ritmo esperado, por outro abre espaço para o Banco Central efetuar um novo corte na taxa Selic na próxima reunião do Copom.
Nos últimos dias, os investidores já começavam a apostar que talvez não houvesse novo corte, como havia sido sinalizado anteriormente pelo próprio BC, simplesmente porque acreditavam que o IPCA-15 poderia surpreender para cima.
Com o indicador surpreendendo para baixo, os juros futuros apresentaram um dia de forte alívio. Confira o desempenho dos principais vencimentos:
- Janeiro/2021: de 2,025% para 1,95% (-3,70%);
- Janeiro/2022: de 2,96% para 2,82% (-4,73%);
- Janeiro/2023: de 4,04% para 3,85% (-4,70%);
- Janeiro/2025: de 5,55% para 5,39% (-2,88%).
Perceba que os contratos de DI com vencimento em janeiro de 2021 chegam a precificar uma Selic abaixo de 2,00% no fim do ano. Até agora, 2,00% vinha sendo considerado o piso para a taxa básica de juros. É a primeira vez que o DI para janeiro de 2021 fecha abaixo de 2,00%.
Top 5
Confira as ações do Ibovespa que mais subiram nesta sexta-feira:
| CÓDIGO | NOME | PREÇO (R$) | VARIAÇÃO |
| IRBR3 | IRB ON | 8,34 | +6,24% |
| GGBR4 | Gerdau PN | 17,14 | +4,58% |
| SUZB3 | Suzano ON | 42,30 | +3,83% |
| ABEV3 | Ambev ON | 14,93 | +3,68% |
| USIM5 | Usiminas PNA | 7,55 | +3,28% |
Veja também quais foram as maiores quedas do índice:
| CÓDIGO | NOME | PREÇO (R$) | VARIAÇÃO |
| COGN3 | Cogna ON | 8,28 | -5,37% |
| RENT3 | Localiza ON | 44,70 | -2,57% |
| TIMP3 | Tim Participações ON | 14,41 | -2,44% |
| EMBR3 | Embraer ON | 8,02 | -2,43% |
| MRVE3 | MRV | 19,48 | -2,21% |
Os recordes voltaram: ouro é negociado acima de US$ 4.450 e prata sobe a US$ 69 pela 1ª vez na história. O que mexe com os metais?
No acumulado do ano, a valorização do ouro se aproxima de 70%, enquanto a alta prata está em 128%
LCIs e LCAs com juros mensais, 11 ações para dividendos em 2026 e mais: as mais lidas do Seu Dinheiro
Renda pingando na conta, dividendos no radar e até metas para correr mais: veja os assuntos que dominaram a atenção dos leitores do Seu Dinheiro nesta semana
R$ 40 bilhões em dividendos, JCP e bonificação: mais de 20 empresas anunciaram pagamentos na semana; veja a lista
Com receio da nova tributação de dividendos, empresas aceleraram anúncios de proventos e colocaram mais de R$ 40 bilhões na mesa em poucos dias
Musk vira primeira pessoa na história a valer US$ 700 bilhões — e esse nem foi o único recorde de fortuna que ele bateu na semana
O patrimônio do presidente da Tesla atingiu os US$ 700 bilhões depois de uma decisão da Suprema Corte de Delaware reestabelecer um pacote de remuneração de US$ 56 bilhões ao executivo
Maiores quedas e altas do Ibovespa na semana: com cenário eleitoral e Copom ‘jogando contra’, índice caiu 1,4%; confira os destaques
Com Copom firme e incertezas políticas no horizonte, investidores reduziram risco e pressionaram o Ibovespa; Brava (BRAV3) é maior alta, enquanto Direcional (DIRR3) lidera perdas
Nem o ‘Pacman de FIIs’, nem o faminto TRXF11, o fundo imobiliário que mais cresceu em 2025 foi outro gigante do mercado; confira o ranking
Na pesquisa, que foi realizada com base em dados patrimoniais divulgados pelos FIIs, o fundo vencedor é um dos maiores nomes do segmento de papel
De olho na alavancagem, FIIs da TRX negociam venda de nove imóveis por R$ 672 milhões; confira os detalhes da operação
Segundo comunicado divulgado ao mercado, os ativos estão locados para grandes redes do varejo alimentar
“Candidatura de Tarcísio não é projeto enterrado”: Ibovespa sobe e dólar fecha estável em R$ 5,5237
Declaração do presidente nacional do PP, e um dos líderes do Centrão, senador Ciro Nogueira (PI), ajuda a impulsionar os ganhos da bolsa brasileira nesta quinta-feira (18)
‘Se eleição for à direita, é bolsa a 200 mil pontos para mais’, diz Felipe Miranda, CEO da Empiricus
CEO da Empiricus Research fala em podcast sobre suas perspectivas para a bolsa de valores e potenciais candidatos à presidência para eleições do próximo ano.
Onde estão as melhores oportunidades no mercado de FIIs em 2026? Gestores respondem
Segundo um levantamento do BTG Pactual com 41 gestoras de FIIs, a expectativa é que o próximo ano seja ainda melhor para o mercado imobiliário
Chuva de dividendos ainda não acabou: mais de R$ 50 bilhões ainda devem pingar na conta em 2025
Mesmo após uma enxurrada de proventos desde outubro, analistas veem espaço para novos anúncios e pagamentos relevantes na bolsa brasileira
Corrida contra o imposto: Guararapes (GUAR3) anuncia R$ 1,488 bilhão em dividendos e JCP com venda de Midway Mall
A companhia anunciou que os recursos para o pagamento vêm da venda de sua subsidiária Midway Shopping Center para a Capitânia Capital S.A por R$ 1,61 bilhão
Ação que triplicou na bolsa ainda tem mais para dar? Para o Itaú BBA, sim. Gatilho pode estar próximo
Alta de 200% no ano, sensibilidade aos juros e foco em rentabilidade colocam a Movida (MOVI3) no radar, como aposta agressiva para capturar o início do ciclo de cortes da Selic
Flávio Bolsonaro presidente? Saiba por que o mercado acendeu o sinal amarelo para essa possibilidade
Rodrigo Glatt, sócio-fundador da GTI, falou no podcast Touros e Ursos desta semana sobre os temores dos agentes financeiros com a fragmentação da oposição frente à reeleição do atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva
‘Flávio Day’ e eleições são só ruído; o que determina o rumo do Ibovespa em 2026 é o cenário global, diz estrategista do Itaú
Tendência global de queda do dólar favorece emergentes, e Brasil ainda deve contar com o bônus da queda na taxa de juros
Susto com cenário eleitoral é prova cabal de que o Ibovespa está em “um claro bull market”, segundo o Santander
Segundo os analistas do banco, a recuperação de boa parte das perdas com a notícia sobre a possível candidatura do senador é sinal de que surpresas negativas não são o suficiente para afugentar investidores
Estas 17 ações superaram os juros no governo Lula 3 — a principal delas entregou um retorno 20 vezes maior que o CDI
Com a taxa básica de juros subindo a 15% no terceiro mandato do presidente Lula, o CDI voltou a assumir o papel de principal referência de retorno
Alta de 140% no ano é pouco: esta ação está barata demais para ser ignorada — segundo o BTG, há espaço para bem mais
O banco atualizou a tese de investimentos para a companhia, reiterando a recomendação de compra e elevando o preço-alvo para os papéis de R$ 14 para R$ 21,50
Queda brusca na B3: por que a Azul (AZUL4) despenca 22% hoje, mesmo com a aprovação do plano que reforça o caixa
As ações reagiram à aprovação judicial do plano de reorganização no Chapter 11, que essencialmente passa o controle da companhia para as mãos dos credores
Ibovespa acima dos 250 mil pontos em 2026: para o Safra é possível — e a eleição não é um grande problema
Na projeção mais otimista do banco, o Ibovespa pode superar os 250 mil pontos com aumento dos lucros das empresas, Selic caindo e cenário internacional ajudando. O cenário-base é de 198 mil pontos para o ano que vem
