Apesar da tensão política, Ibovespa engata a segunda alta consecutiva; dólar cai a R$ 5,03
O Ibovespa fechou em alta firme e, com isso, já acumula ganhos de mais de 10% na semana, sustentado pelo clima mais positivo no exterior — fator que se sobrepôs à deterioração do cenário político doméstico

Caso estivéssemos em outros tempos, eu diria logo no título que o Ibovespa disparou 7,5% nesta quarta-feira (25). No entanto, a situação atual é tão insólita que esse não é o feito mais importante da bolsa brasileira: o que realmente chama a atenção hoje é o fato de o índice ter subido pelo segundo dia seguido.
Pode parecer pouco, mas não víamos uma sequência dessas desde fevereiro. Pois é: é a primeira vez em março que o Ibovespa consegue fechar em alta em dois pregões consecutivos neste mês.
Na terça-feira (24), o índice disparou 9,69% e, hoje, avançou mais 7,5%, terminando aos 74.955,57 pontos, no maior nível de encerramento desde o dia 13. Com os ganhos, o Ibovespa agora acumula alta de 11,76% na semana.

O mercado de câmbio também teve uma sessão bastante tranquila. O dólar à vista chegou a cair 2,13% na mínima, tocando os R$ 4,9735, mas não conseguiu se sustentar nesses níveis: fechou a R$ 5,0326, em baixa de 0,97%.
Boa parte do alívio visto por aqui nesta quarta-feira se deve ao tom mais ameno dos mercados internacionais: as bolsas da Europa fecharam em alta e os índices acionários americanos passaram boa parte do dia com ganhos sólidos.
E eu digo "boa parte do dia" porque, perto do fim da sessão, as bolsas americanas perderam força, num movimento de realização de lucros: o Dow Jones (+2,39%) e o S&P 500 (+1,15%) ainda fecharam em alta, mas o Nasdaq (-0,45%) virou para queda.
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- Eu gravei um vídeo para comentar essa nova rodada de alívio nas bolsas globais. Veja abaixo:
De certa maneira, essa tirada de pé do acelerador também foi sentida por aqui: o Ibovespa chegou a tocar os 76.713,93 pontos na máxima (+10,02%), mas reduziu os ganhos nos últimos minutos do pregão, encerrando abaixo dos 75 mil pontos.
Ainda assim, é um desempenho expressivo — especialmente ao considerarmos a forte instabilidade política vista em Brasília.
Pressão reduzida
O surto de coronavírus continua inspirando enorme cautela aos mercados globais, uma vez que o ritmo de disseminação da doença pelo mundo tem aumentado num ritmo preocupante. De acordo com a universidade americana John Hopkins, já são mais de 20 mil mortos e cerca de 460 mil pessoas contaminadas — ontem, o total de infectados estava abaixo de 400 mil.
No entanto, as medidas de estímulo econômico anunciadas por governos e bancos centrais têm ajudado a trazer algum alívio aos investidores. Nesta madrugada, o Senado dos EUA aprovou o pacote de US$ 2 trilhões com medidas de incentivo à atividade local — a pauta vinha sendo discutida desde o fim de semana.
Com o sinal verde para o pacote trilionário, os mercados americanos continuaram em alta — ontem, já tinham registrado uma recuperação firme, com o Dow Jones saltando mais de 11%. E esse tom mais positivo visto no exterior acabou se sobrepondo à cautela com o vírus nos mercados americanos, ao menos por enquanto.
Preocupação local
No Brasil, a deterioração cada vez maior do cenário político é motivo para preocupação entre os investidores. Ontem, em pronunciamento à nação, o presidente Jair Bolsonaro confrontou governadores, fez pouco caso do coronavírus e foi contra as recomendações da OMS ao defender a reabertura de escolas e fim do isolamento social.
O pronunciamento gerou enorme discussão nas redes sociais e provocou reações imediatas das principais lideranças políticas. Tanto o presidente do Senado, Davi Alcolumbre — que foi contaminado pelo coronavírus — quanto o da Câmara, Rodrigo Maia, repudiaram a postura de Bolsonaro, escancarando o isolamento cada vez maior do presidente da República.
Nesse cenário, o mercado obviamente fica receoso quanto às diretrizes econômicas a serem assumidas neste momento de crise global — e eventuais declarações dos principais atores da cena política podem trazer instabilidade às negociações nos próximos dias.
DIs caem após IPCA-15
No mercado de juros, os principais vencimentos fecharam em baixa nesta quarta-feira, repercutindo o resultado da inflação medida pelo IPCA-15: o índice subiu 0,02% em março, o menor resultado para o mês desde 1994.
Com a inflação sob controle, aumentaram as apostas do mercado quanto a um novo corte na taxa Selic, uma vez que não há grandes pressões sobre o nível de preços do país. Veja abaixo como ficaram os principais DIs nesta quarta-feira:
- Janeiro/2021: de 3,68% para 3,47%;
- Janeiro/2022: de 4,99% para 4,69%;
- Janeiro/2023: de 6,70% para 6,12%;
- Janeiro/2025: de 8,33% para 7,60%.
Altas e baixas
O setor aéreo apareceu entre os destaques positivos do Ibovespa nesta quarta-feira, aproveitando o clima mais ameno dos mercados globais para recuperar parte do terreno perdido recentemente. Veja abaixo quais foram as cinco ações de melhor desempenho do índice:
CÓDIGO | NOME | PREÇO (R$) | VARIAÇÃO |
GOLL4 | Gol PN | 10,94 | +35,06% |
BRKM5 | Braskem PNA | 15,02 | +31,75% |
RENT3 | Localiza ON | 34,47 | +26,82% |
YDUQ3 | Yduqs ON | 26,79 | +23,06% |
HGTX3 | Cia Hering ON | 14,99 | +22,07% |
Confira também as maiores quedas do Ibovespa no momento:
CÓDIGO | NOME | PREÇO (R$) | VARIAÇÃO |
CRFB3 | Carrefour Brasil ON | 20,85 | -4,36% |
PCAR3 | GPA ON | 70,00 | -2,78% |
VIVT4 | Telefônica Brasil PN | 47,06 | -1,79% |
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