🔴 [EVENTO GRATUITO] MACRO SUMMIT 2024 – FAÇA A SUA INSCRIÇÃO

Cotações por TradingView
Estadão Conteúdo
Indústria automobilística

Crise traz de volta o risco de novos cortes em montadoras

Indicadores sugerindo recuperação em 2021 são considerados insuficientes para preservar empregos na indústria automobilística

Indústria de automóveis
Imagem: shutterstock

Recentes indicadores de que o ano não será tão ruim como previsto no início da pandemia não vão ajudar a salvar empregos na indústria automobilística. As fabricantes de veículos têm hoje quase 7 mil funcionários fora das fábricas, com contratos suspensos (lay-off), e a maioria delas acredita não haver demanda que exija o retorno desses empregados.

Com base em dados das empresas e dos sindicatos de trabalhadores, os programas de demissão voluntária (PDV) abertos nas últimas semanas têm como meta atrair mais ou menos esse número de adesões. Não significa, porém, que as empresas vão conseguir e a opção será demitir ou adotar novas medidas de flexibilização.

A produção de veículos caiu 44,8% até agosto, ante igual período de 2019. A mão de obra foi reduzida em 4 mil postos, para 103,3 mil trabalhadores, quase 5% a menos do que o total empregado há um ano, sem incluir as empresas de tratores.

Demissão nas montadoras significa redução de quadro também nas fábricas de componentes. Fontes do setor calculam que 15 mil cortes já ocorreram nas autopeças. No segmento, formado em sua maioria por pequenas empresas, não há programas de voluntariado como aqueles feitos por montadoras, com ofertas atrativas.

A Volkswagen, por exemplo, oferece de 25 a 35 salários extras, dependendo do tempo de casa, para o funcionário que aderir ao PDV negociado com sindicatos das quatro fábricas do País.

O acordo inclui também medidas que vão desde o congelamento de reajuste salarial à suspensão de contratos por até dez meses.

Quando começou a negociação, a empresa informou ter 35% de mão de obra excedente, ou 4,7 mil trabalhadores.

Segundo o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Wagner Santana, mesmo que esse número não seja atingido, não haverá cortes aleatórios, pois a empresa poderá adotar as medidas de flexibilização.

No caso do lay-off, além de mais longo - normalmente a média é de cinco meses -, os trabalhadores vão receber 82,5% dos salários líquidos. Até agora, o governo banca parte dos salários e a empresa paga a diferença, assim o operário recebe o salário líquido integral. Hoje, a Volkswagen tem 1,5 mil funcionários com contratos suspensos.

A General Motors tem 2,7 mil operários em lay-off em cinco fábricas e abriu PDV em São Caetano do Sul e de São José dos Campos (SP). Ofereceu salários extras e um carro Onix Joy. Na unidade do ABC conseguiu 294 adesões. Insatisfeita, reabriu o programa na semana passada e quer mais 500 adesões.

“Nosso receio é que ela demita se não atingir essa meta”, diz Francisco Nunes, do Sindicato dos Metalúrgicos de São Caetano. Na fábrica de São José foram 235 adesões, e a GM demitiu 42 pessoas. “Estamos tentando reintegrá-los”, diz Valmir Mariano da Silva, diretor do sindicato local.

Produtividade

Para Paulo Cardamone, presidente da Bright Consulting, cortes iriam ocorrer de qualquer forma em razão da melhora da produtividade com a adoção de conceitos da chamada indústria 4.0, como robotização e digitalização. A pandemia acelerou e, talvez, intensificou o processo.

“Se o mercado continuar a se recuperar no próximo ano, é possível que algumas vagas sejam reabertas, mas acho difícil”, afirma Cardamone.

Mesmo com a revisão de queda de vendas e produção que a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) fará na quarta-feira, possivelmente de 40% para cerca de 30%, e com a falta de alguns modelos nas lojas - como a da picape Fiat Strada, com fila de espera de 30 a 60 dias -, o consultor não vê muitas chances de recuperação de empregos nas montadoras.

Cardamone se baseia em conta básica indicando que, em 2013, ano de produção recorde, com 3,7 milhões de veículos, cada trabalhador produziu 27,4 unidades. Em 2019, com 2,94 milhões de veículos, o número para cada funcionário foi similar, de 27,6 unidades.

Neste ano, com produção de 1,11 milhão de veículos até agosto, a conta dá pouco mais de dez unidades por trabalhador. É preciso lembrar, contudo, que as fábricas ficaram fechadas por pelo menos três meses.

Crise pesa menos para fabricantes de automóveis de menor porte

A pandemia foi um pouco menos cruel para empresas de pequeno porte do que para grandes montadoras que produzem para o mercado de massa. Para as dez maiores fabricantes de automóveis, as vendas até agosto caíram 36% ante 2019. Para as dez menores, com participação de mercado abaixo de 1%, a queda ficou em 32%. Nenhuma tem funcionários em lay-off, embora algumas, como a PSA Peugeot Citroën, operem com jornada e salários reduzidos em 20%.

A BMW, do segmento de luxo - que caiu ainda menos, 17% no período -, diz que as vendas estão próximas às de 2019. A produção deve chegar a 8 mil unidades, ante 7,7 mil no ano passado. “Logo no início da pandemia lançamos uma série de projetos digitais, como o canal de vendas dentro do Instagram e do Facebook e teve grande aceitação”, diz Aksel Krieger, presidente da BMW. A marca vai completar 25 lançamentos este ano, entre os quais modelos híbridos e elétricos que já venderam 491 unidades, ante 300 em 2019.

Das três maiores fabricantes, só a Fiat opera com quadro normal de funcionários e não tem plano de abrir PDV. A picape Strada, líder de vendas em setembro, tem fila de espera de até 60 dias. “A capacidade de produção da nova Strada dobrou desde o lançamento, em junho, para 12 mil unidades ao mês, mas os pedidos passam de 15 mil”, diz o diretor Herlander Zola.

A fábrica de automóveis que é o retrato da crise do setor

Resultado de investimentos de R$ 1 bilhão, a segunda fábrica da Honda no País, em Itirapina (SP), ficou pronta no fim de 2015, em meio à turbulência da crise econômica e política que durou até 2017. Em razão disso, foi mantida fechada com seus modernos equipamentos cobertos por três anos até ser inaugurada em março de 2019 com a produção do modelo Fit.

Exatamente um ano depois, quando a fábrica estava recebendo a produção dos outros modelos da marca que serão transferidos da unidade de Sumaré (SP), foi pega por outra crise, a do coronavírus, e voltou a ficar fechada por 108 dias, até 10 de julho.

A filial tem hoje mil funcionários, todos transferidos de Sumaré e opera bem abaixo de sua capacidade, que é de 120 mil veículos ao ano, segundo Sidalino Orsi Júnior, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Campinas e Região.

A unidade de Sumaré, que também tem capacidade para 120 mil carros ao ano e até 2021 vai produzir apenas componentes, está em situação similar e tem hoje 2 mil funcionários. “A transferência para Itirapina foi interrompida”, informa Orsi.

A nova fábrica já está produzindo, além do Fit, o HR-V e WR-V. City e Civic só devem ir para lá no próximo ano.

A Honda prevê queda de 40% em sua produção este ano, mas afirma que desde o início da pandemia não houve demissões e que “no momento deve manter seu quadro de colaboradores”.

De 13 a 23 deste mês, 1,8 mil trabalhadores ficarão novamente em lay-off. A montadora informa que o novo período de suspensão é para realizar procedimentos técnicos que estavam previstos para ocorrerem nas férias coletivas de julho, mas foram remanejadas em razão da covid-19.

A direção da marca japonesa afirma que mantém seu plano de concentrar a produção de automóveis em Itirapina e deixar Sumaré apenas com os componentes.

“Essa configuração faz sentido, uma vez que a área do powertrain (conjunto de motor), assim como a de injeção plástica recebeu investimentos recentes e está apta a fornecer para a planta de Itirapina. As duas unidades serão complementares”, afirma a empresa.

O grupo admite, contudo, que o cenário atual “é desafiador para a indústria, em especial a automobilística, que realiza planos e investimentos com visão de longo prazo.” Até agosto o grupo vendeu 47,4 mil veículos, 44,6% a menos que em 2019.

Compartilhe

INVESTIMENTO

Ceará terá fábrica de ônibus elétricos de grupo chinês

15 de setembro de 2022 - 9:05

A fábrica do Ceará da chinesa Higer Bus deve começar a operar em 2024, com capacidade inicial de 300 a 400 ônibus por ano e investimentos da ordem de US$ 20 milhões (R$ 103 milhões)

AO INFINITO E ALÉM?

Elon Musk quer te ouvir: Onde a Tesla deve instalar a próxima rede de carregadores para os carros elétricos?

14 de setembro de 2022 - 10:30

Tesla Charging pediu que o público comentasse os locais que desejam que seja inaugurada uma nova unidade de Supercharger. Os nomes mais curtidos devem entrar para uma votação oficial da empresa

INVESTIMENTO DE LONGO PRAZO

Warren Buffett desistiu de competir com Elon Musk? Berkshire Hathaway vende US$ 600 milhões em ações da BYD, rival da Tesla

6 de setembro de 2022 - 13:48

CEO da Berkshire Hathaway embolsou cerca de US$ 600 milhões nos últimos dois meses, ao vender quase 18 milhões de ações da chinesa a um preço médio de US$ 35

AUTOMÓVEIS

Confira 12 modelos de carros que estão com os dias contados e devem sair de linha até 2023

31 de agosto de 2022 - 8:26

Apuramos 12 linhas ou 14 modelos de carros que saem de cena em breve ou no mais tardar terão seus sucessores conhecidos em 2023

AUTOMÓVEIS

Vai comprar um carro novo? Descubra se ele está nesta lista de ‘marcados para morrer’

31 de agosto de 2022 - 5:28

A aposentadoria de um carro é frustante para quem acabou de adquiri-lo. Aqui você vai descobrir algumas pistas que podem evitar essa compra

AUTOMÓVEIS

Tá difícil comprar carro? 10 dicas que podem ajudar a ter um zero-km (ou quase isso) na garagem

13 de agosto de 2022 - 9:55

Cenário macroeconômico não ajuda, mas há formas de aproveitar o momento e garantir um carro mais novo ou até mesmo zero

Automóveis

Carros elétricos, SUVs e mais: confira 21 lançamentos que chegam às lojas ainda em 2022, com fotos e preços

5 de agosto de 2022 - 5:33

Como a indústria automotiva não para de surpreender, são diversos os lançamentos que o mercado aguarda de agora até dezembro; confira

CORRIDA DOS CARROS ELÉTRICOS

Elon Musk e Warren Buffett na mira do Alibaba: Saiba como a chinesa quer brigar com a Tesla e a BYD

2 de agosto de 2022 - 12:35

As companhias asiáticas anunciaram nesta manhã o lançamento de um centro de computação para treinar o software para automóveis autônomos

Batendo a primeira marca

Avanço, ainda que lento: veículos elétricos e híbridos chegam a 100 mil unidades no Brasil

31 de julho de 2022 - 13:35

Desde 2012, são 100.292 veículos que funcionam apenas com motor elétrico ou com motor elétrico e a combustão

AUTOMÓVEIS

SUV econômico é possível? Sim! Conheça os 10 modelos mais eficientes do mercado

28 de julho de 2022 - 6:04

Vamos indicar aqui os carros SUVs flex ou gasolina mais econômicos e com câmbio automático, já que os modelos manuais podem se desvalorizar mais na revenda

Fechar
Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies