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Cotações por TradingView
Lucia Camargo Nunes
CUIDADO COM O MICO

Seu carro saiu de linha? Saiba quando isso é ruim – ou nem tanto

Carros com bom mercado e volume podem dar menos dor de cabeça mesmo quando se aposentam, mas alguns podem virar mico; entenda

Lucia Camargo Nunes
9 de junho de 2022
6:41 - atualizado às 20:11
Kia Rio
Kia Rio foi um dos carros com morte precoce no mercado brasileiro. - Imagem: Divulgação

Imagine a situação: você passa anos economizando para um dia ter seu carro, até que sai feliz da concessionária com seu zero-km. Ou ainda: sem reservas, prefere financiar e assume uma dívida pelos próximos quatro anos.

Qualquer que seja a situação, é um sonho de consumo de alto valor. Só que aquele carro, que havia sido lançado e você leu tantas avaliações positivas que te convenceram a comprá-lo, sai de linha, com pouco tempo de mercado.

A decepção é inevitável. A primeira sensação é de que seu carro será desvalorizado, você vai perder dinheiro e poderá ter problemas com reposição de peças. Mas nem sempre isso acontece e eu vou te explicar o porquê.

Calma, nem tudo está perdido...

Mesmo que um carro tenha ficado pouco tempo no mercado, o que importa é seu volume. Isso vai fazer toda a diferença em seu posicionamento como valorização e peças de reposição.

Quanto mais dele foi produzido, melhor. Ou seja: um carro que vendeu muito e sai de linha tem um mercado melhor do que outro que teve poucas unidades emplacadas e desaparece.

“O mercado é sempre regido pela oferta e demanda. Quando uma montadora tira de linha um carro que caiu no gosto do consumidor e tem vários atributos, menos problemas”, observa Ricardo Bacellar, Membro do Conselho Consultivo da SAE Brasil e do Grupo Stefani.

Para o especialista, o “pulo do gato” é ser um usado bem aceito. “Isso porque quem produz peças dele quer preservar seu mercado, tem demanda. E o inverso é verdadeiro. Se saiu de linha e vende mal entre usados e seminovos, é mico.”

Como saber se seu carro ainda tem mercado

Uma das referências é o ranking da Fenauto (Federação Nacional das Associações dos Revendedores de Veículos Automotores), entidade que reúne 26 associações regionais de todo o país, e congrega cerca de 48.000 revendedores de veículos seminovos e usados.

E veja só que curioso: da lista de 15 seminovos e usados mais vendidos da Fenauto no acumulado de 2022 até abril, 10 são modelos fora de linha. Outros dois – Gol está quase se despedindo, e Onix continua, mas sua antiga geração Joy deixou o mercado este ano. 

Carros seminovos e usados mais vendidos até abril de 2022

ModeloSituação
1º Volkswagen GolHá mais de 40 anos em produção, é aguardado para sair de linha em 2022
2º Fiat UnoSaiu de linha no fim de 2021
3º Fiat PalioSaiu de linha em 2018
4º Chevrolet CorsaSaiu de linha em 2012
5º Fiat Strada Em produção
6º Chevrolet CeltaSaiu de linha em 2015
7º Chevrolet Corsa SedanSaiu de linha em 2015
8º Ford FiestaSaiu de linha em 2019
9º Volkswagen FoxSaiu de linha em 2021
10º Fiat SienaSaiu de linha em 2021
11º Toyota CorollaEm produção
12º Ford KaSaiu de linha em 2021
13º Honda CivicSaiu de linha em 2021
14º Chevrolet OnixA versão Joy, antiga geração do Onix, saiu de linha em 2022. A atual geração do Onix continua em produção
15º Hyundai HB 20Em produção
Fonte: Fenauto; em vermelho os modelos já fora de linha.

Principais motivos para a aposentadoria de um carro

Sair de linha faz parte do ciclo de um carro. Algumas exceções estão aí, mas são pontos fora da curva, como Toyota Corolla, nascido em 1966 e resistente até hoje. Outros continuam à venda fora do Brasil, enquanto aqui deixaram de ser produzidos, como ocorreu com o Honda Civic – vai voltar, mas importado e mais exclusivo.

Alguns motivos aceleraram as aposentadorias. A pandemia gerou uma crise sem precedentes de escassez de autopeças e, antes disso, uma reviravolta no mercado brasileiro, que há anos ensaiava uma saída pela tangente de seus modelos menos rentáveis, outrora chamados de “populares”.

Além de o mercado rejeitar carros menos equipados (lei da oferta e demanda), por força de novas legislações, a segurança teve de ser reforçada (air bags, freios ABS, cintos de 3 pontos, Isofix, apoios de cabeças, etc.), elevando o custo dos veículos nos últimos anos.

As novas tecnologias de assistência à direção e conectividade também passaram a ser mais exigidas, o que inviabilizou a oferta de carros chamados “pé de boi”, ou muito básicos.

A pá de cal foi a entrada em vigor na virada de 2021 para 2022 das novas regras de emissões do Proconve L7, que tirou de cena carros mais antigos, que não valeriam um investimento em motor e exaustão.

Foi o fim de linha para sempre de modelos consagrados, como os Fiat Uno, Siena, Doblò, os Hondas Fit e WR-V, e as versões Joy do Chevrolet Onix, entre outros.

Carros aposentados, mas bons de mercado

Ficar pouco tempo em produção não quer dizer necessariamente baixas vendas. Se foi um carro com bom volume e teve de sair de linha, é preciso analisar sua performance no mercado de usados.

O exemplo mais simbólico é o do Chevrolet Joy hatch e sedã, com os antigos desenhos do Onix e muito procurados por motoristas de aplicativo, locadoras e consumidores que querem um carro de ótimo custo-benefício.

Produzido apenas entre 2019 e 2021, deixaram oficialmente as linhas de montagem porque seus motores não atenderiam mais às novas normas de emissões.

Mas com a crise de semicondutores, por trás está uma decisão da Chevrolet em priorizar a rentabilidade: deixar de oferecer a versão mais baratinha do Onix e manter em produção os modelos mais novos e de maior valor agregado.

Mesmo fora de linha, hatch e sedã compartilham componentes do modelo que foi líder de mercado por alguns anos e possuem ótima aceitação entre os usados.

Sedã honesto

A estratégia de manter a antiga geração junto ao modelo renovado virou uma fórmula de sucesso.

Do antigo Gol Special ao atual Hyundai Creta, são vários os exemplos. Mas provavelmente o de vida mais curta foi o Nissan V-Drive (2020-2021), antigo Versa que mudou de nome com a chegada do modelo atualizado.

Produzido em Resende (RJ), o sedã foi outra vítima da pandemia. A Nissan preferiu priorizar a produção do SUV Kicks e decidiu tirar o V-Drive de linha mesmo com pouco tempo de mercado.

O sedã da Nissan não está na lista dos mais vendidos da Fenauto, até porque não representa grandes volumes, mas o modelo tem qualidades que o tornam atraente. Primeiramente porque ele não é um novo carro, é uma continuação – só mudou de nome e ganhou algumas atualizações.

Pelo ótimo espaço interno e de porta-malas, é um dos preferidos por motoristas de aplicativo e por quem busca um sedã honesto, de ótimo custo-benefício.

Vende como pãozinho quente

Com um pouco mais de tempo em produção, o Honda WR-V (2017-2021) pode-se valer por estar sob uma das marcas mais valorizadas do mercado.

Honda Fit, HR-V e Civic, mesmo fora de linha, são altamente aceitos no segmento de usados e seminovos. A diferença é que esses possuem mais volume no mercado.

O “SUV compacto” WR-V, por sua vez, não deve decepcionar consumidores após sua aposentadoria.

Saída pela tangente: Tiggo 3x

Mas há muitos outros motivos para uma montadora tirar um modelo de linha, a maioria de forma estratégica e nem sempre transparente. Alguns fazem jogadas de marketing e outros nem anunciam, saem à francesa.

Mas nada pior para o consumidor do que tirar de linha um modelo com pouco tempo de mercado e baixos volumes, a não ser que um dia ele caia nas graças e torne-se colecionável, algo tão raro que podemos tratar em outra reportagem.

O mais recente balde de água fria veio com o término da produção do Caoa Chery Tiggo 3x, carro lançado em julho de 2021.

Em maio passado, a marca anunciou que ele deixaria de ser feito. O motivo é que a fábrica onde era produzido fechará por três anos, enquanto será readequada para receber linhas de veículos eletrificados.

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O Tiggo 2 também deixou de ser produzido no início do ano, por seu conjunto mecânico não atender às novas normas de emissões do Proconve L7.  Estava no mercado desde 2018, relativamente pouco tempo.

O Tiggo 3x, por sua vez, era a opção de entrada da marca, após a saída do Tiggo 2, o que não durou muito.

Em menos de um ano na vitrine, o SUV compacto vendeu entre junho de 2021 e maio de 2022, apenas 7.951 unidades.

A questão das peças passa pela quantidade. Um carro de alto volume também tem peças “paralelas”, ou seja, será mais fácil de encontrar componentes de reposição. Já o dono de um carro de menor volume ou série especial pode enfrentar mais dificuldade.

Rio e XC40

Outro case de carro mal-aventurado é o do Kia Rio (2019-2021). Importado do México, teve exatas 539 unidades licenciadas no Brasil.

Atropelado pela pandemia e pela disparada do dólar, o hatch que em condições favoráveis já teria dificuldade de emplacar no mercado, certamente decepcionou seus poucos consumidores.

Agora, sua vida na revenda não deverá ser fácil e vai deixar consumidores preocupados com oferta de peças e manutenção.

Também dramática é a história do Volvo XC40 Hybrid (2020-2021), a não ser que o consumidor que gastou perto de R$ 300 mil não sinta a desvalorização tão forte no seu bolso.

Enquanto a importadora adotou o discurso de “evolução” e estratégia de eletrificação, o que aconteceu na verdade é que o híbrido não atenderia às novas normas de emissões L7 e o investimento em uma readequação não valeria a pena. 

Com um ano de mercado, ele mudou e tornou-se 100% elétrico. Nesse pouquíssimo tempo de vida, ter um XC40 Hybrid pode preocupar na hora da manutenção e na provável desvalorização.

Cuidado com o ‘efeito manada’

Para o consultor Ricardo Bacellar, todo cuidado é pouco para quem fica com a batata quente na mão: acredita na marca e compra um carro que, seja lá o motivo, sai inesperadamente e precocemente de linha.

“Sair de linha não quer dizer que é um mico. Depende de seu sucesso no mercado”, enfatiza o especialista.

No caso de uma marca sair do país, como fez a Ford, Bacellar chama a atenção para o nocivo “efeito manada”.

Muita calma nessa hora

À época que a Ford anunciou o fechamento das fábricas, vários donos de Ka e EcoSport correram para vender seus carros e perderam dinheiro.

“Apesar de a Ford fechar, vários de seus modelos continuam super bem vistos entre seminovos e usados”, avalia.

Quem correu para vender seu Ford pode ter se arrependido. Nessa hora, o ideal é ter calma.

“Espere. Acompanhe e fique de olho para onde o mercado corre. Veja hoje: os carros mais básicos são os mais valorizados na revenda”, destaca Bacellar.

Eis aqui alguns modelos com morte precoce:


Modelo

Período em que foi vendido

Motivo pela
saída de linha
Caoa Chery Tiggo 3x2021-2022A fábrica de
Jacareí (SP) fechou
Nissan V-Drive2020-2021Questões de mercado
Volvo XC40 Hybrid2020-2021Foi substituído pelo elétrico / Híbrido não atenderia às novas normas de emissões
Kia Rio2019-2021Alta do dólar inviabilizou sua importação
Chevrolet Onix Joy/ Plus Joy2019-2021Não atenderia às novas normas de emissões
Caoa Chery Tiggo 2 2018-2022Não atenderia às novas normas de emissões
Caoa Chery Arrizo 52018-2022Fábrica fechou / Questões de mercado
Honda WR-V  2017-2021Não atenderia às novas normas de emissões

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