Qual impacto do churrasco na Selic?
Alta no preço da carne ainda não teria força para barrar queda da Selic, mas reforça discurso de cautela do Banco Central

O aumento no preço da carne está em evidência no noticiário da semana e isso mexe no nosso bolso de duas formas. Uma é fato: o churrasco já está mais caro e deve ficar ainda mais caro até o fim do ano, pode culpar os chineses. A outra, mais indireta, é como isso pode influenciar a taxa básica de juros, a Selic.
Com relação a esse segundo ponto ainda não há consenso, principalmente com relação às decisões de juros de 2020. Por ora, mesmo com carne, energia e gasolina podendo pressionar um pouco para cima os preços, segue válida a mensagem reforçada pelo próprio Banco Central (BC) de que há espaço para novo corte de meio ponto do juro em dezembro, de 5% para 4,5% ao ano. O que entra em discussão mais acirrada é se há espaço para ir abaixo disso.
Esse cenário para inflação serve para reforçar a mensagem de cautela já dada pelo BC em sua última reunião, quando os membros do Copom disseram entender "que o atual estágio do ciclo econômico recomenda cautela em eventuais novos ajustes no grau de estímulo" e que eles "também refletiram sobre a sensibilidade de variáveis macroeconômicas à política monetária, uma vez que faltam comparativos na história brasileira para o atual grau de estímulo".
Antes de seguir adiante, do ponto de vista prático, Selic em 4,5% ou 4% não muda muita coisa na avaliação dos nossos investimentos. O investidor terá de prestar atenção para o juro real, taxa nominal descontada da inflação, que oscila na linha de 1% ao ano e pode cair mais. A depender de tributação e taxas de administração, alguns tipos de investimento estão com retorno zero ou mesmo negativo. Pagar 100% do CDI não quer dizer nada. Poupança então, que paga 70% da Selic, praticamente já era, é perda real quase certa como a colega Julia Wiltgen mostra nessa matéria aqui - Com Selic a 5%, poupança tem retorno real negativo e renda fixa pode virar “perda fixa”.
Efeito secundário
A atuação do BC se pauta na evolução das projeções e expectativas de inflação e atividade. Assim, o que importa no âmbito da política monetária não é o choque de preços em si, mas se essa alta pontual da carne vai contaminar outros preços e se perpetuar ao longo do tempo. O chamado efeito secundário.
Nos últimos anos, o BC fez uma série de estudos para avaliar, justamente, o impacto do choque de alimentos e outros choques sobre a inflação. Entre os estudos, um nos diz que os choques tendem a se refletir nos núcleos da inflação, que tentam captar a tendência de preços, e que choques de alimentos são mais relevantes para a trajetória no núcleo de inflação no Brasil que em outros países emergentes.
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Por ora, os núcleos de preços, que tiram variações atípicas ou alguns itens mais voláteis, continuam “confortáveis”, rodando na linha de 2,5% a 2,6% em 12 meses. É o comportamento desses indicadores que será observado cada vez mais de perto. Assim como se a inflação corrente terá algum impacto sobre as expectativas com relação a 2020 e 2021. O Focus nos mostra IPCA de 3,6% no próximo ano e de 3,75% em 2021.
Além dos alimentos, temos outros vetores que inspiram essa postura mais cautelosa do BC. Entre eles, o dólar, que se mantém firme ao redor dos R$ 4,20, e a própria retomada da atividade, que está se firmando. Hoje mesmo, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) registrou que a utilização da capacidade instalada na indústria é a maior desde novembro de 2014.
Em termos gerais, quanto mais aquecida a atividade, maior a capacidade que as empresas têm em repassar aumento de custos, como o dólar, para os preços.
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