Capitalização precisa garantir salário mínimo a aposentados, diz relator
Nesse sistema, os trabalhadores contribuem para uma conta individual que bancará os benefícios no futuro

O relator da reforma da Previdência, deputado Samuel Moreira (PSDB-SP), reconhece em entrevista ao Estadão/Broadcast, plataforma de notícias em tempo real do Grupo Estado, que alguns ajustes poderão ser feitos na proposta para garantir o benefício de ao menos um salário mínimo no novo regime de capitalização que o governo pretende criar. Nesse sistema, os trabalhadores contribuem para uma conta individual que bancará os benefícios no futuro. Moreira ressalta que hoje a maior parte da arrecadação do INSS vem da contribuição dos empregadores e que precisa haver equilíbrio nas contas individuais. "Só com o funcionário (contribuindo) você terá muitas dificuldades de equacionar", afirma. A seguir, os principais trechos da entrevista:
O sr. disse que capitalização só com a contribuição do trabalhador não para em pé. Por quê?
Poucos sabem, mas a receita do regime geral de Previdência foi de R$ 391 bilhões em 2018 e 90% disso foi contribuição patronal. Num sistema de capitalização só com o funcionário (contribuindo) você terá muitas dificuldades de equacionar. Há uma preocupação com as garantias. A PEC da Previdência permite que se crie o sistema, mas as regras ficam para lei complementar. Aí gera preocupação.
A PEC deixou bastante genérica essa questão.
Exatamente. Talvez tenha que debater isso um pouco mais para tomar decisão. E as garantias, quem vai dar? Para que (o benefício) não caia (abaixo) de um salário mínimo lá no futuro? Também não está na PEC. Algumas garantias mínimas de sustentabilidade de um sistema a gente precisa prever para que não se crie massas falidas, ainda que num sistema individual.
E quais seriam as vantagens da capitalização?
Temos uma preocupação hoje com as novas modalidades de trabalho. Há muito trabalho informal. Nos aplicativos de serviços, há mais de 4 milhões de pessoas. Não podemos também desprezar essa situação. Como essas pessoas vão se aposentar (já que elas não contribuem com sistema atual). Tenho preocupação em descartar um sistema (capitalização) que pode abrigar essas pessoas, jovens que venham com outro tipo de trabalho e que precisam começar a pensar na aposentadoria. Ela pode melhorar, do ponto de vista da educação previdenciária que temos de ter.
Paulo Guedes quer desonerar as empresas com o novo regime.
Sim, isso pode gerar emprego. Só que o ambiente atual não favorece. Você retira, desonera e não favorece (o emprego), porque tem um ambiente ruim, de contas desequilibradas.
Equilibra as contas e depois desonera as empresas?
Isso. Não é num ambiente tão complicado (como o atual) que a desoneração vai produzir efeito. Você tem de estar num ambiente estável do ponto de vista político, de credibilidade do ponto de vista financeiro. E outra: as desonerações não podem estar relacionadas à Previdência neste momento, porque a Previdência tem um problema gravíssimo. Não dá para a Previdência pagar esse preço.
Leia Também
Os parlamentares realmente vão querer retirar Estados e municípios do texto?
Essa é uma polêmica grande. Mas ainda tem um processo para frente de discussão. O déficit é muito grande. Você tem aí praticamente R$ 100 bilhões de déficit dos Estados. Se pegar isso em dez anos, é mais de R$ 1 trilhão.
Com o governo sem dinheiro, a negociação para aprovar um crédito suplementar de R$ 248 bilhões para pagar aposentadoria pode atrapalhar a reforma?
É um conjunto de imprevisibilidades. É a política. Tem uma dinâmica. É blindar a reforma. O grande objetivo como relator é excluir a reforma de todo esse processo, porque essa é uma agenda de unidade nacional. Até a oposição diz que tem de ter uma reforma.
Alguns integrantes da oposição estão tentando um debate mais propositivo. Pode facilitar?
Sim. Não significa que isso contemplará todas as expectativas deles. Pode contemplar algumas, e com isso se adquirir uma proposta respeitada. Mas não que eles vão apoiar.
O governo já sinalizou que aceitaria deixar idosos de baixa renda escolherem se querem receber R$ 400 a partir dos 60 anos e um salário mínimo a partir dos 70 anos, ou esperar os 65 anos para já ter um salário mínimo. O sr. Concorda?
O BPC (Benefício de Prestação Continuada) não tem um impacto fiscal grande. O maior problema aí é diferenciar aquele que contribui para ter um salário mínimo aos 65 anos e aqueles que não contribuem nada e também teriam hoje um salário mínimo aos 65 anos. Não é que ele não mereça um salário mínimo, às vezes ele merece até mais porque está em condição de miséria mais forte. Agora, você corre o risco de estimular a não contribuição, já que na mesma idade de 65 anos eles recebem a mesma coisa. Então, você busca diferenciar sem prejuízos. E há até uma versão de que isso ajudaria antecipadamente pessoas que já estão em condição de miséria. Por isso que tem essa regra. Agora, não há ainda qualquer decisão sobre isso. O que precisamos é ajustar essas questões, verificar se vale a pena mexer com o BPC. Agora, você tem que criar mecanismos para não estimular a não contribuição.
E a questão dos servidores públicos?
Eu defendo sempre a tese de que a integralidade de salários altos não pode acontecer. Você tem de ter integralidade da base, do cara que ganha um salário mínimo. Esse pessoal não pode poupar, não pode ter aposentadoria complementar, não tem patrimônio. Na velhice eles não vão ter nada mais que a aposentadoria. A pessoa que ganha R$ 20 mil, R$ 30 mil pode ter aposentadoria complementar, uma poupança. Ela pode se preparar e pensar nisso de alguma forma.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Governo Trump sobe o tom contra o Brasil, e Itamaraty condena ameaças dos EUA de usar “poder militar”
O documento do Itamaraty foi publicado após a porta-voz da Casa Branca ser questionada sobre a possibilidade de novas sanções ao Brasil por conta do julgamento de Jair Bolsonaro
Bolsonaro era líder de organização criminosa que tentou golpe de Estado, diz Moraes — Dino acompanha o relator e vota por condenação
Ministros destacaram provas de uma trama articulada desde 2021 e pediram condenação dos sete réus. Dino, entretanto, vê diferentes níveis de culpa
O julgamento de Bolsonaro e o xadrez eleitoral com Lula e Tarcísio: qual é o futuro do Brasil?
O cientista político Rafael Cortez, da Tendências Consultoria, analisa o impacto da condenação de Jair Bolsonaro, a estratégia de Tarcísio de Freitas e as dificuldades de Lula em chegar com força para as eleições de 2026
Pedimos para a inteligência artificial da Meta produzir imagens de Lula, Trump, Bolsonaro, Alexandre de Moraes e outros — e o resultado vai te surpreender (ou não)
A inteligência artificial da Meta entregou resultados corretos em apenas duas das seis consultas feitas pela redação do Seu Dinheiro
STF encerra primeira semana do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e aliados; confira os principais pontos do segundo dia
A sessão será retomada na próxima terça-feira (9), às 9 horas, com o voto do relator e ministro do STF, Alexandre de Moraes
A suspeita de rombo nos cofres que levou ao afastamento do governador do Tocantins, Wanderlei Barbosa, pelo STJ
Investigado na Operação Fames-19, Barbosa é suspeito de participar de um esquema de R$ 73 milhões em contratos emergenciais durante a pandemia
Filho de ourives e clientes como Neymar, Vini Jr e Ludmilla: quem é TH Joias, deputado preso por suspeita de negociar armas com o Comando Vermelho
Investigado por suposta ligação com o Comando Vermelho, o parlamentar conhecido como TH Joias já havia sido preso em 2017 por acusações semelhantes
Ao vivo: assista ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro
Julgamento da trama golpista de 2022 prossegue nesta quarta-feira com sustentação oral dos advogados de Jair Bolsonaro e de mais três réus
Supremo Tribunal Federal inicia julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e aliados por tentativa de golpe; confira os principais pontos da sessão
A sessão foi suspensa e será retomado nesta quarta-feira (3), com a expectativa da manifestação da defesa do ex-presidente
Lula em xeque: gestora traduz em números a dificuldade de reeleição e vê Selic a 7% com vitória da centro-direita
Com base nos dados de popularidade do presidente, a gestora carioca Mar Asset projeta um desempenho entre 38% e 45% dos votos para Lula
Sem saída na diplomacia, governo Lula aposta em advogados americanos para reagir à Lei Magnitsky e às tarifas de 50%
AGU se prepara para defender Brasil em tribunais dos EUA e diante da administração federal norte-americana
Isenção de IR até R$ 5 mil vem aí? Confira quais são os próximos passos do projeto de lei no Congresso
Regime de urgência agiliza a tramitação, mas texto ainda deve passar pelo plenário da Câmara e do Senado
Bolsonaro na Argentina? Indiciamento do ex-presidente e possível fuga repercutem no exterior; veja o que os principais jornais disseram
Na minuta endereçada ao presidente argentino, Bolsonaro afirma que é “um perseguido por motivos e por delitos essencialmente políticos”
Tarifaço de Trump pesa sobre Bolsonaro e coloca Lula na rota da reeleição; entenda como fica o cenário eleitoral de 2026
Com a imagem da família prejudicada pela taxação dos EUA, cresce a pressão para que Jair Bolsonaro — que está inelegível — abra mão da tentativa de se candidatar no ano que vem
CPMI do INSS é instalada com derrotas para o governo e líderes do Congresso; oposição comemora
Eleição de Carlos Viana para a presidência e escolha de Alfredo Gaspar como relator contrariam indicações de Davi Alcolumbre e Hugo Motta
Aprovação do governo Lula chega a 46%, o maior nível desde janeiro — avaliação sobre tarifaço também avança
Popularidade do presidente cresce no Nordeste, entre homens e eleitores mais velhos, de acordo com o levantamento
Após polêmica com preços abusivos, ministro do Turismo diz que Belém terá “leitos para todos” na COP30
Celso Sabino afirma que valores abusivos são exceção e garante acomodações entre US$ 100 e US$ 600 para lideranças globais
Moraes manda recado para Trump: “Não há possibilidade de recuar nem um milímetro”; confira tudo o que o ministro do STF disse
Ele é alvo de punições pelos Estados Unidos com base na Lei Magnitsky — que penaliza estrangeiros acusados de corrupção ou violações graves de direitos humanos
Para 35% dos brasileiros, Lula é o culpado pelo tarifaço; 22% acusam Bolsonaro, diz Datafolha
Pesquisa do Datafolha revela o impacto da crise tarifária nos brasileiros, dividindo as responsabilidades entre Lula, Bolsonaro e outros nomes políticos
Al Gore lamenta postura “esquizofrênica” dos EUA sobre crise climática
País norte-americano tem alternado posição sobre Acordo de Paris nos últimos anos