🔴 META: ‘CAÇAR’ AS CRIPTOMOEDAS MAIS PROMISSORAS DO MERCADO DE FORMA AUTOMÁTICA – SAIBA COMO

Era uma vez em… Hollywood (ou seria em Liverpool?)

De maneira surpreendente e curiosa, somos uma ilha de acerto da política econômica num mundo mais intervencionista e menos globalizado

20 de agosto de 2019
14:06 - atualizado às 16:11
A canção — digo: o hino — ficou tão icônica que posteriormente foi esculpida uma estátua de uma senhora solitária na cidade de Liverpool, dedicada a “All the lonely people”. -

“All the lonely people
Where do they all come from?”
Eleanor Rigby — The Beatles

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Se você já foi ao cemitério ao lado da igreja de São Pedro em Liverpool, onde John Lennon e Paul McCartney se conheceram, deve ter visto lá a lápide de Eleanor Rigby.

Paul sempre afirma que não há nada muito misterioso sobre a música homônima, que faria referência apenas a uma personagem fictícia, uma mulher solitária do pós-guerra na Inglaterra. No máximo, a coincidência dos nomes seria alguma influência tácita não percebida e capturada pelo seu subconsciente.

Não sei a origem da coisa, mas há várias lendas no entorno da canção — entre elas, a versão de que a lápide era a maior entre todas aquelas do tal cemitério, servindo de proteção para que Paul e John pudessem dispor do uso de substâncias entorpecentes sem ser percebidos e incomodados.

Seja lá de onde veio, é minha música favorita dos Beatles. Um lamento das pessoas solitárias, em especial sobre o isolamento crescente a partir da velhice. “Morreu na igreja e foi enterrada junto com seu nome. Ninguém apareceu.” A canção — digo: o hino — ficou tão icônica que posteriormente foi esculpida uma estátua de uma senhora solitária na cidade de Liverpool, dedicada a “All the lonely people”.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

O Brasil vive condições idiossincráticas muito interessantes. Estamos vindo de anos e anos de destruição de nossa economia, o que resulta em enorme capacidade ociosa, seja no mercado de trabalho, seja na indústria. Em outras palavras, há folga de oferta e costumamos gozar de relativo sucesso diante de situações como essa — o grande problema da era Dilma, por exemplo, foi justamente continuar dando estímulos de demanda numa economia a plena utilização de seus fatores de produção; o resultado foi exatamente aquele prescrito pelo livro-texto: inflação e déficit crescente em conta-corrente.

Leia Também

Em paralelo, enquanto o mundo sofre com investidas populistas e políticas fiscais expansionistas, o Brasil caminha na direção de reformas estruturais e liberais para equacionar a trajetória da dívida pública, anteriormente explosiva. De maneira surpreendente e curiosa, somos uma ilha de acerto da política econômica num mundo mais intervencionista e menos globalizado. Esclareço: nem acho que seja tanto por consciência profunda das vantagens da agenda liberal ou por mérito próprio. Chegamos nessa situação apenas e tão somente pela falta de alternativas. Não arrumar a casa agora nos levaria para o caminho da explosão. E, entre nossa ampla gama de defeitos, a tendência à explosão não aparenta marcar presença. Somos complacentes, macunaímicos, medíocres, do manifesto antropofágico, do banquinho, do violão, da Bossa Nova e, por favor, do Rivotril.

Para completar, vivemos uma revolução no nosso mercado de capitais, como resultado, sobretudo, de duas forças principais.

A primeira ligada ao ineditismo do patamar das taxas de juro. Vamos para uma Selic de 5 por cento — talvez menos. E lá embaixo ficaremos por bastante tempo. O produto financeiro realmente bom na história brasileira foi o CDI — como um equity guy, um sujeito apaixonado pelas ações, escutei minha vida inteira nas mesas de operações: “Nada bate o dólar, nada bate o CDI”; era especialmente irritante quando acompanhado de sotaque carioca (foi uma brincadeira; eu amo o Rio). Agora, porém, a coisa mudou. Acabou o paraíso do 1 por cento ao mês. Já era. E não volta mais. Então, todo mundo, pessoas físicas e investidores institucionais, vai precisar ir para o risco.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

E então chegamos à segunda força, que é o acesso facilitado a um leque vasto de produtos financeiros. Num movimento do qual a XP é a maior protagonista, agora podemos chegar a um monte de instrumentos anteriormente inacessíveis para a maior parte das pessoas.

Ok, ótimo. Tudo isso é concreto, positivo e coloca o Brasil numa posição de destaque frente a outros países do mundo. No entanto, não conseguimos fazer muita coisa sozinhos. Não há como ser uma ilha solitária num mundo que flerta com a recessão ou tomado por uma grande aversão ao risco de emergentes e migrando em direção à segurança dos Treasuries americanos e dos bunds alemães.

Ontem, o presidente do Fed de Boston, Eric Rosengren, afirmou que não identifica necessidade de corte na taxa básica de juro norte-americana, apontando um bom momento para a economia dos EUA. O depoimento catalisou uma onda vendedora de ativos emergentes, que pagariam o pato da iminente recessão global, e uma disparada do dólar no mundo — o real é uma moeda de beta alto, muito sensível às condições sistêmicas, e os ativos brasileiros estiveram entre as piores performances globais. Ainda que as condições locais possam ser positivas, não vamos nos dar a expectativas ingênuas: sim, uma aversão ao risco global vai nos afetar fortemente, ainda que seja um movimento momentâneo, passageiro e de curto prazo.

Não à toa, o jornal Valor Econômico de hoje destaca uma saída líquida de recursos estrangeiros de 19,6 bilhões da B3 neste ano, cifra superior inclusive aos saques de igual intervalo no ano de 2008, caracterizado pela crise global.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

O que fazer num cenário como esse, numa ao menos aparente dicotomia entre as forças locais e internacionais a guiar os ativos brasileiros?

Ter paciência. Eu gostaria de poder oferecer-lhe algo melhor. Mas a verdade é que não tenho.  O curto prazo está especialmente desafiador. E é bom que você saiba disso. “Se as minhas respostas assustarem você, então deixe de fazer perguntas assustadoras”, alerta o personagem de Jules Winnfield em Pulp Fiction — desculpe, mas querem me convencer de que “Era uma Vez em... Hollywood” é o filme mais maduro do Tarantino; ele sequer cabe na mesma linha de “Tempo de Violência”, que, aliás, parece bem apropriado para o momento.

Não acho que seja o caso de você se desfazer de suas posições de risco. Ao final, entendo que as condições materiais do bull market estrutural prevalecerão. Primeiro pelas razões já expostas para o otimismo com os fundamentos locais. E, depois, porque não me parece ser o caso de uma recessão abrupta da economia global — ao contrário, estamos todos conversando sobre ela, de modo que podemos reagir em caráter preventivo. Ninguém escorrega numa casca de banana à sua frente, uma vez que a viu em sua frente.

Somos talebianos e achamos que os problemas mesmo derivam dos chamados cisnes negros, os eventos raros, de alto impacto e imprevisíveis a priori. Se estamos aqui debatendo os riscos de recessão global, é porque ela se mostra previsível (no sentido de que está mapeada e podemos subir as barreiras contra essa ameaça).

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Ora, ora, estão todos preocupados porque os analistas apontam uma chance de cerca de 1/3 para uma recessão nos EUA em 2020. Bom, então, no meu mundo pelo menos, há uma chance de 2/3 para não haver uma recessão. E, também nesse lugar aí onde eu habito, talvez tão solitário quanto Eleanor, 2/3 ainda é o dobro de 1/3.

Para mim, o cenário mais provável é aquele mais próximo da estagnação secular. O termo foi originalmente cunhado por Alvin Hansen para descrever as baixas taxas de crescimento na década de 1930, que viriam a ser superadas apenas com a eclosão da Segunda Guerra Mundial e com a geração dos baby boomers. Numa conferência em novembro de 2013 no FMI, Larry Summers resgatou a expressão para descrever a persistência sistemática de baixas taxas de crescimento, baixa inflação e baixas taxas de juro.

Resumidamente, a ideia de Summers era de que fatores estruturais da economia norte-americana e de países desenvolvidos em geral, principalmente como demografia e tecnologia (o aumento da desigualdade e o peso da regulação também costumam ser apontados), levariam a uma elevada taxa de poupança e a uma redução da demanda por investimentos, resultando numa taxa neutra de juro muito baixas, talvez inclusive em território negativo. Ou seja, para promover o equilíbrio macro, o Fed poderia ter de colocar sua taxa básica em níveis bem negativos, o que talvez seja uma impossibilidade material.

Se for esse mesmo o caso, os juros nos EUA ainda estariam muito altos e os investidores correriam em direção aos Treasuries de 10 e 30 anos, saindo da periferia e correndo para os países desenvolvidos. Somente depois de derrubar os yields desses papéis, voltaríamos a comprar ativos de risco.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Não há aqui qualquer pretensão em tradar esse movimento. O que talvez seja necessário é estender o horizonte temporal dos nossos investimentos. Tudo e só isso. Em tempos de estagnação secular, as coisas caminham mais lentamente. Não há como escapar. "We all live in a Yellow Submarine” — esse é o lado A do single de Eleanor Rigby.

Mercados iniciam a terça-feira se recuperando do tombo de emergentes visto na véspera. Agenda é relativamente fraca hoje e investidores basicamente vão à caça de barganhas depois do estresse de ontem. Ata do Fed, a ser anunciada amanhã, já gera alguma expectativa e pode dar mais sinais sobre o futuro da taxa básica norte-americana.

Aqui, sem novos indicadores de peso, tramitação da reforma da Previdência e da MP da Liberdade Econômica no Senado atraem atenção, enquanto a Câmara discute o marco do saneamento. Economistas se reúnem com diretores dos BCs e podem sair com inferências sobre o futuro da Selic.

Ibovespa Futuro abre em alta de 0,4 por cento. Dólar e juros futuros sobem.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

COMPARTILHAR

Whatsapp Linkedin Telegram
SUBIU NO TELHADO

Derrota para o governo: Câmara arquiva MP 1.303 e livra investimentos de aumento de imposto de renda — bets também saem ilesas

8 de outubro de 2025 - 19:25

Deputados retiraram a votação do texto da pauta e, com isso, a medida provisória perde a validade nesta quarta-feira (8)

OPINIÃO PÚBLICA

Pesquisa Genial/Quaest mostra popularidade de Lula no maior patamar do ano após crise com EUA

8 de outubro de 2025 - 14:00

Aprovação sobe a 48%, impulsionada por percepção positiva da postura do governo diante de tarifas impostas por Trump

ARREDONDOU

Imposto de renda sobre CDB, Tesouro Direto, JCP e fundos ficará em 18% após avaliação por comissão do Congresso Nacional

7 de outubro de 2025 - 19:22

Medida provisória 1.303/25 é aprovada por comissão mista do Congresso e agora segue para ser votada nos plenários da Câmara e do Senado

BORA MARCAR?

Lula e Trump finalmente se falam: troca de afagos, pedidos e a promessa de um encontro; entenda o que está em jogo 

6 de outubro de 2025 - 15:20

Telefonema de 30 minutos nesta segunda-feira (6) é o primeiro contato direto entre os líderes depois do tarifaço e aumenta expectativa sobre negociações

TOUROS E URSOS #241

Lula e Trump: a “química excelente” que pode mudar a relação entre o Brasil e os EUA

1 de outubro de 2025 - 12:31

Alexandre Pires, professor de relações internacionais e economia do Ibmec, analisa os efeitos políticos e econômicos de um possível encontro entre os dois presidentes

ELEIÇÕES NO RADAR

Com Tarcísio de Freitas cotado para a corrida presidencial, uma outra figura surge na disputa pelo governo de SP

28 de setembro de 2025 - 13:31

Cenário nacional dificulta a nomeação de candidatos para as eleições de 2026, com impasse de Bolsonaro ainda no radar

REFORMA DA RENDA

Comissão do Senado se antecipa e aprova projeto de isenção de IR até R$ 5 mil; texto agora depende dos deputados

24 de setembro de 2025 - 18:23

Proposta de isenção de IR aprovada não é a do governo Lula, mas também cria imposto mínimo para altas rendas, programa de renegociação de dívidas e prevê compensação a estados e municípios

REFORMA TRIBUTÁRIA

Senado vota regulamentação dos novos impostos sobre consumo, IBS e CBS, nesta quarta-feira (24)

21 de setembro de 2025 - 15:20

Proposta define regras para o novo comitê gestor do IBS e da CBS, tributos que vão substituir impostos atuais a partir de 2027

OUVIDOS ATENTOS

O que Lula vai dizer na ONU? Soberania e um recado sutil a Trump estão no radar

20 de setembro de 2025 - 13:20

A expectativa é que o discurso seja calibrado para o público global, evitando foco excessivo em disputas políticas internas

LAUDO MÉDICO

Câncer de Bolsonaro: o que é o carcinoma de pele encontrado em duas lesões removidas

17 de setembro de 2025 - 14:36

Ex-presidente recebeu alta após internação por queda de pressão, vômitos e tontura; quadro exige acompanhamento médico periódico

TEMPO DE NEGOCIAÇÃO

LCI e LCA correm o risco de terem rendimentos tributados, mas debêntures incentivadas sairão ilesas após negociações no Congresso 

12 de setembro de 2025 - 11:40

Relator da MP que muda a tributação dos investimentos diz que ainda está em fase de negociação com líderes partidários

FRAUDE BILIONÁRIA

“Careca do INSS”: quem é o empresário preso pela PF por esquema que desviou bilhões

12 de setembro de 2025 - 11:34

Empresário é apontado como “epicentro” de fraudes que desviaram bilhões de aposentadorias

BOLSONARO CONDENADO

STF condena Bolsonaro a mais de 27 anos de prisão; saiba quais opções restam ao ex-presidente

11 de setembro de 2025 - 17:18

Placar final foi 4 a 1 para condenar o ex-presidente Jair Bolsonaro a 27 anos e três meses de prisão em regime fechado

PESQUISA

Aprovação de Lula sobe para 33% e chega ao maior nível desde dezembro de 2024, diz Datafolha

11 de setembro de 2025 - 16:41

O índice de reprovação do petista ainda é um dos maiores entre presidentes desde a redemocratização a esta altura do mandato, mas, na comparação direta, Bolsonaro sai perdendo

ACORDOS NOS BASTIDORES

Debêntures incentivadas devem continuar isentas de IR, mas LCI e LCA seguem na mira da MP que muda a tributação dos investimentos, diz jornal

10 de setembro de 2025 - 13:05

Texto deve manter mudanças na alíquota única de IR para ativos tributáveis e na compensação de créditos tributários, pontos que despertam preocupação no mercado

ALTAS TEMPERATURAS

Governo Trump sobe o tom contra o Brasil, e Itamaraty condena ameaças dos EUA de usar “poder militar”

10 de setembro de 2025 - 10:03

O documento do Itamaraty foi publicado após a porta-voz da Casa Branca ser questionada sobre a possibilidade de novas sanções ao Brasil por conta do julgamento de Jair Bolsonaro

JULGAMENTO NO STF

Bolsonaro era líder de organização criminosa que tentou golpe de Estado, diz Moraes — Dino acompanha o relator e vota por condenação

9 de setembro de 2025 - 18:58

Ministros destacaram provas de uma trama articulada desde 2021 e pediram condenação dos sete réus. Dino, entretanto, vê diferentes níveis de culpa

TOUROS E URSOS #238

O julgamento de Bolsonaro e o xadrez eleitoral com Lula e Tarcísio: qual é o futuro do Brasil?

9 de setembro de 2025 - 11:31

O cientista político Rafael Cortez, da Tendências Consultoria, analisa o impacto da condenação de Jair Bolsonaro, a estratégia de Tarcísio de Freitas e as dificuldades de Lula em chegar com força para as eleições de 2026

ALUCINAÇÃO?

Pedimos para a inteligência artificial da Meta produzir imagens de Lula, Trump, Bolsonaro, Alexandre de Moraes e outros — e o resultado vai te surpreender (ou não)

9 de setembro de 2025 - 8:16

A inteligência artificial da Meta entregou resultados corretos em apenas duas das seis consultas feitas pela redação do Seu Dinheiro

SEGUNDO DIA

STF encerra primeira semana do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e aliados; confira os principais pontos do segundo dia

3 de setembro de 2025 - 20:36

A sessão será retomada na próxima terça-feira (9), às 9 horas, com o voto do relator e ministro do STF, Alexandre de Moraes

Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Fechar