🔴 [NO AR] TOUROS E URSOS: QUEM FICOU EM BAIXA E QUAIS FORAM AS SURPRESAS DE 2025? – ASSISTA AGORA

Nota triste — a XP quer mesmo democratizar os investimentos no Brasil?

A XP seguiu os mesmos passos da Vitreo e lançou, depois, dois fundos próprios para investir em suas ações, com direito a matéria no InfoMoney. Matéria da XP, sobre fundos da XP, para comprar ações da XP.

12 de dezembro de 2019
10:40 - atualizado às 11:55
Imagem: Montagem Andrei Morais / Shutterstock

São Paulo, 12 de dezembro de 2019.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Caro Guilherme Benchimol,

Ou, talvez, a esta altura, eu deva escrever apenas “Querido Diário”.

Ontem tinha tudo para ser um dia feliz. Todas as condições estavam postas para a comemoração em todo o mercado de capitais brasileiro. Seria a estreia em Bolsa das ações da maior corretora nacional, focada nos investidores pessoas físicas e maior protagonista do discurso (ênfase em “discurso”) em prol da democratização dos bons investimentos, contra o oligopolizado sistema bancário. O IPO foi um tremendo sucesso. As ações foram precificadas acima do intervalo sugerido ex-ante, a empresa foi avaliada em mais de R$ 60 bilhões e os papéis encerraram seu primeiro pregão em alta de 27%.

Infelizmente, não foi. O dia 11 de dezembro de 2019 marcará para sempre uma nota triste na história do investidor de varejo brasileiro. A rigor, talvez marque mais do que isso: uma nota de falecimento do discurso sem sustentação em prol da democratização dos bons investimentos. Felizmente, a verdade continua filha do tempo, e máscaras caem no seu decorrer. A pessoa física, mais uma vez na história brasileira, ficou alijada de uma bela oportunidade de investimento. Estaremos para sempre condenados a isso?

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

A XP, por opção própria, deixou de fora o investidor pessoa física brasileiro de seu IPO, justamente o seu próprio cliente, a razão do sucesso da própria empresa, que a levou ao valor de mercado atual de vários bilhões de dólares.

Leia Também

Ela poderia ter aberto o capital aqui mesmo na B3, onde há oferta prioritária ao varejo. Mas ok. Consigo entender as razões da listagem lá fora. Menos burocracia, a necessidade de manter o controle da empresa (Guilherme, releia a carta original, esse ponto já aparecia lá — talvez a raiva e a falta de autocrítica tenham lhe tirado a concentração) e um valuation mais esticado (podem não assumir para fora, mas nada me convencerá de que esse não é também um fator importante, ainda que não prioritário) oferecem elementos razoáveis para a escolha.

Agora, depois que a Vitreo criou dois fundos para investir nas ações e deu a oportunidade de as pessoas físicas se exporem indiretamente aos papéis, não havia mais desculpas para excluir o investidor brasileiro disso. Se a XP queria mesmo dar ao investidor local acesso às melhores oportunidades e se o discurso de que “o cliente é prioridade” fosse minimamente verdadeiro (ênfase em minimamente), bastava alocar ações da empresa para os fundos da Vitreo. Problema resolvido, matamos a ambivalência.

Ao optar por excluir a Vitreo do book, a XP frustrou a expectativa de 12 mil investidores — em sua maioria, imagino, clientes da própria XP e interessados em partilhar do sucesso da empresa que eles mesmos ajudaram a erguer. Ainda acho que esses investidores estão em boas mãos. A Vitreo é uma excepcional gestora e as ações da XP seguem com grande potencial — do lado de cá do muro, não se misturam as coisas. A decisão de investir em um dos fundos, para mim, segue acertada. Mas seria muito mais interessante, claro, se todos pudessem ter comprado no preço do IPO. Foi a XP quem retirou do bolso desses 12 mil investidores o lucro derivado da alta das ações na estreia da Nasdaq ontem — uma disparada expressiva, que mudaria retornos anuais e, por que não dizer, retornos de uma década. Dois dígitos altos num único dia representam um evento raro.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Ainda somos obrigados a ler, sem qualquer constrangimento, que “nossos clientes [da XP] são a razão da nossa existência”. Se fosse mesmo dada alguma prioridade ao cliente da XP — o investidor pessoa física —, não lhe teria sido retirada a chance de participar do IPO. Se fosse mesmo “uma honra juntar mais de 200 brasileiros aqui em Nova York”, teríamos juntado dezenas de milhares de brasileiros no próprio IPO. E eu também sou fã do Ayrton Senna, mas, se queremos mesmo mostrar orgulho de sermos brasileiros e valorizar o nosso mercado, não é vestindo a bandeira do Brasil o melhor caminho. Palavras não pagam dívidas. Havia um único jeito de o Brasil ter participado desse IPO: comprando as ações. O resto é jogar para a torcida, discurso desprovido de qualquer apego à realidade.

O Brasil é mesmo excêntrico. Como tenho dito, diante da força da XP e da fraqueza de seus concorrentes diretos, conseguimos sair de um sistema oligopolizado dos bancos para outro monopolizado fora deles em investimentos — talvez essa seja mesmo uma dinâmica do tipo “winner takes all”; eu não sei, tomara que não, porque a XP realmente precisa de um antagonista, alguém que vá, na vida real, colocar o interesse do cliente no centro. E digo mais: isso vai ser bom até para a própria XP. A concorrência faz você ficar melhor. É um dos benefícios do liberalismo.

Um dos problemas do monopólio, além do fato óbvio de que ele acaba com qualquer excedente do consumidor, é a ausência do contraditório e da autocrítica, esse elemento tão raro geneticamente ligado à inteligência. A XP tem contado uma narrativa egocêntrica, narcísica, de heroísmo e de perfeição. Até aí, beleza. Cada um conta a história que quiser e trata de suas neuroses como achar melhor. A questão aqui é que a XP tem acreditado nas próprias mentiras, tendo catequizado também boa parte da imprensa (a brilhante coluna de Fernando Torres no Valor Investe é uma rara exceção) nessa construção ideológica. Se você hoje faz 298 elogios à XP e duas críticas, pronto! Todo o exército é acionado contra você por conta daquele pequeno comentário apontando a fragilidade, por mais que ele seja preciso e cristalino e por mais que sua profissão seja a de dar opiniões.

Vai além. Converse com gestores de fundos imobiliários. Pergunte a opinião deles sobre a XP — em especial daqueles com emissão de cotas em curso. Tentativas de novas ofertas distribuídas fora do Grupo XP são, não raro, rebatidas com: “Ok, se você for atraído por outra casa diante de uma menor taxa de distribuição e estruturação por lá, nós pararemos imediatamente de distribuir qualquer outro fundo de sua gestora”. E assim vamos perpetuando taxas absolutamente despropositadas, porque todos têm medo da concentração de passivo hoje na XP. Sim, está acontecendo agora, bem debaixo do nosso nariz. Essa é a postura de quem quer desenvolver o mercado e democratizar os investimentos?

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Alguém discordaria do fato de que o modelo de agentes autônomos é, sem dúvida, um avanço sobre o modelo de gerentes de bancos, mas ainda assim convive com o mesmo conflito de interesses em sua essência? Houve, sim, uma conquista relevante, mas ela, em nada, endereça a essência do problema. Não é óbvio que qualquer tipo de análise vinda do Grupo XP venha carregada de conflito de interesses?

Ou, de outro modo, alguém seria contra o argumento de que há uma contradição em dizer que se privilegia o cliente — no caso, o investidor brasileiro — e abre-se o capital lá fora, onde não há oferta prioritária de varejo? Desculpe, o investidor não foi tratado como prioridade. E ponto final. De novo, eu entendo os motivos. Mas os motivos não mudam o fato de que a pessoa física, o cliente da XP, aquele que é a razão de seu sucesso, foi deixado de fora do IPO. Houve uma escolha, e ela não foi pelo interesse do cliente. E aqui nem é uma opinião, é um fato. Por que ninguém pressiona e questiona a XP a respeito? Além do monopólio econômico, teremos também de conviver com a imposição do monopólio de opiniões e das versões? Quando a XP apontava as fragilidades dos bancos, era ótimo. Agora, quando alguém aponta as fragilidades da XP, não vale?

Quando a Vitreo lançou os tais produtos e devolveu ao investidor a chance de participar do IPO, a XP reagiu de imediato dizendo que não alocaria nos fundos locais, sob o risco de os órgãos reguladores identificarem aí qualquer tipo de oferta irregular. Então, a CVM se pronunciou e derrubou o argumento da XP. Ah, daí surgiram outras pseudorrazões. A Vitreo não teria assinado a tal carta de conforto e cobrava taxa de performance nos fundos. Ok, Guilherme, foram endereçadas essas questões também. E agora, que não resta qualquer tipo de ressalva, haverá alocação? A resposta veio na prática: não. O investidor brasileiro, mesmo depois de tudo que foi feito, seguiu de fora. Outros interesses foram privilegiados.

Não bastasse tudo isso, a XP seguiu os mesmos passos da Vitreo e lançou, depois, dois fundos próprios para investir em suas ações, com direito a matéria no InfoMoney. Matéria da XP, sobre fundos da XP, para comprar ações da XP. Está aí um grupo que acredita na verticalização!

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

A imagem abaixo, que recebi de um assinante fiel, não poderia descrever melhor a dinâmica da coisa. O humor é a melhor resposta.

Se eu fosse a Vitreo, me sentiria honrado. A cópia é a maior das homenagens.

No final do dia, resta uma pergunta no ar: quem é que realmente está fazendo algo concreto (discurso não vale!) pelo investidor pessoa física brasileiro?

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

COMPARTILHAR

Whatsapp Linkedin Telegram
ATENÇÃO, ACIONISTAS!

CSN Mineração (CMIN3) paga quase meio bilhão de reais entre dividendos e JCP; 135 empresas antecipam proventos no final do ano

27 de dezembro de 2025 - 12:16

Companhia distribui mais de R$ 423 milhões em dividendos e JCP; veja como 135 empresas anteciparam proventos no fim de 2025

RESPIRO EXTRA

STF redefine calendário dos dividendos: empresas terão até janeiro de 2026 para deliberar lucros sem imposto

27 de dezembro de 2025 - 10:34

O ministro Kassio Nunes Marques prorrogou até 31 de janeiro do ano que vem o prazo para deliberação de dividendos de 2025; decisão ainda precisa ser confirmada pelo plenário

CONSTRUINDO O FUTURO

BNDES lidera oferta de R$ 170 milhões em fundo de infraestrutura do Patria com foco no Nordeste; confira os detalhes

26 de dezembro de 2025 - 19:44

Oferta pública fortalece projetos de logística, saneamento e energia, com impacto direto na região

FUNDO IMOBILIÁRIO

FII BRCO11 fecha contrato de locação com o Nubank (ROXO34) e reduz vacância a quase zero; XP recomenda compra

26 de dezembro de 2025 - 19:21

Para a corretora, o fundo apresenta um retorno acumulado muito superior aos principais índices de referência

BATEU O MARTELO

OPA da Ambipar (AMBP3): CVM rejeita pedido de reconsideração e mantém decisão contra a oferta

26 de dezembro de 2025 - 17:33

Diretoria da autarquia rejeitou pedido da área técnica para reabrir o caso e mantém decisão favorável ao controlador; entenda a história

PREGÃO TURBULENTO

Azul (AZUL54) chega a cair mais de 40% e Embraer (EMBJ3) entra na rota de impacto; entenda a crise nos ares

26 de dezembro de 2025 - 16:46

Azul reduz encomenda de aeronaves com a Embraer, enquanto ações despencam com a diluição acionária prevista no plano de recuperação

EXCLUSIVO

Corrida por proventos ganha força: 135 empresas antecipam remuneração; dividendos e JCP são os instrumentos mais populares

26 de dezembro de 2025 - 16:01

Recompras ganham espaço e bonificação de ações resgatáveis desponta como aposta para 2026, revela estudo exclusivo do MZ Group

NOVELA CORPORATIVA

IG4 avança na disputa pela Braskem (BRKM5) e leva operação bilionária ao Cade; ações lideram altas na B3

26 de dezembro de 2025 - 14:00

A petroquímica já havia anunciado, em meados deste mês, que a gestora fechou um acordo para assumir a participação da Novonor, equivalente a 50,1% das ações com direito a voto

GRANDE COMPRA

Nvidia fecha acordo de US$ 20 bilhões por ativos da Groq, a maior aquisição de sua história

26 de dezembro de 2025 - 13:21

Transação em dinheiro envolve licenciamento de tecnologia e incorporação de executivos, mas não a compra da startup

FIM DA DISPUTA

Banco Mercantil (BMEB4) fecha acordo tributário histórico, anuncia aumento de capital e dividendos; ações tombam na B3

26 de dezembro de 2025 - 12:30

O banco fechou acordo com a União após mais de 20 anos de disputas tributárias; entenda o que isso significa para os acionistas

DISPUTA DE ACIONISTAS

Kepler Weber (KEPL3) e GPT: minoritários questionam termos da fusão e negócio se complica; entenda o que está em jogo

26 de dezembro de 2025 - 11:45

Transações paralelas envolvendo grandes sócios incomodou os investidores e coloca em dúvida a transparência das negociações

MAIS CHINELOS NO CARRINHO

Itaúsa (ITSA4) eleva aposta em Alpargatas (ALPA4) em meio à polêmica com a dona da Havaianas

26 de dezembro de 2025 - 9:36

Nos últimos dias, a Itaúsa elevou sua fatia e passou a deter cerca de 15,94% dos papéis ALPA4; entenda a movimentação

NEGÓCIOS

Presente de Natal? Tim Cook compra ações da Nike e sinaliza apoio à recuperação da empresa

25 de dezembro de 2025 - 18:11

CEO da Apple investe cerca US$ 3 milhões em papéis da fabricante de artigos esportivos, em meio ao plano de reestruturação comandado por Elliott Hill

MAIS AÇÕES

Ampla Energia aprova aumento de capital de R$ 1,6 bilhão

25 de dezembro de 2025 - 15:15

Operação envolve capitalização de créditos da Enel Brasileiro e eleva capital social da empresa para R$ 8,55 bilhões

MARCA FIT

Alimentação saudável com fast-food? Ela criou uma rede de franquias que deve faturar R$ 240 milhões

25 de dezembro de 2025 - 8:00

Camila Miglhorini transformou uma necessidade pessoal em rede de franquias que conta com 890 unidades

CHUVA DE PROVENTOS

Dinheiro na conta: Banco pagará R$ 1,82 por ação em dividendos; veja como aproveitar

24 de dezembro de 2025 - 12:00

O Banco Mercantil aprovou o pagamento de R$ 180 milhões em dividendos

GRANDES MUDANÇAS

Azul (AZUL54) perde 58% de valor no primeiro pregão com novo ticker — mas a aérea tem um plano para se recuperar

24 de dezembro de 2025 - 11:15

A Azul fará uma oferta bilionária que troca dívidas por ações, na tentativa de limpar o balanço e sair do Chapter 11 nos EUA

COMPRAR OU VENDER?

O alinhamento dos astros para a Copasa (CSMG3): revisão tarifária, plano de investimento bilionário e privatização dão gás às ações 

24 de dezembro de 2025 - 10:38

Empresa passa por virada estratégica importante, que anima o mercado para a privatização, prevista para 2026

ATENÇÃO, ACIONISTAS!

B3 (B3SA3) e Mills (MILS3) pagam mais de R$ 2 bilhões em dividendos e JCP; confira prazos e condições

23 de dezembro de 2025 - 19:38

Dona da bolsa brasileira anunciou R$ 415 milhões em JCP e R$ 1,5 bilhão em dividendos complementares, enquanto a Mills aprovou dividendos extraordinários de R$ 150 milhões

COMPRAR OU VENDER?

2026 será o ano do Banco do Brasil (BBAS3)? Safra diz o que esperar e o que fazer com as ações

23 de dezembro de 2025 - 19:33

O Safra estabeleceu preço-alvo de R$ 25 para as ações, o que representa um potencial de valorização de 17%

Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Fechar