Eu tinha 21 anos e zero experiência profissional no currículo
Cinco lições que aprendi em minha trajetória de estagiária a executiva: vale para quem é sócia de uma empresa e também para quem investe em ativos financeiros
Eu tinha 21 anos e zero experiência profissional no currículo. Era a terceira vez que aparecia naquele escritório na Berrini. Foi minha primeira entrevista de emprego da vida.
Na primeira fase, tinha respondido uma provinha ("qual o salário mínimo? qual a taxa selic? escreva um texto jornalístico com base nos dados abaixo") e feito uma dinâmica de grupo (dicas prévias: não aparecer demais, mas também não ficar apagada, mostrar que sou ponderada, mostrar que sei trabalhar em equipe).
Na segunda fase, passei com o RH em uma espécie de teste psicotécnico.
Na terceira e última, eu finalmente seria entrevistada pelo meu possível chefe, um dos editores daquele site de finanças e economia. O nome dele era Felipe Miranda.
Peguei um ônibus na Nove de Julho, do lado da minha casa, e fui pra lá, de camisa branca e calça social preta compradas especialmente para a ocasião "entrevistas", de chinelo e um salto alto guardado na bolsa.
O Felipe entrou na sala de camisa e tênis.
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"Oi, pode chamar de Bia né? Tudo bem? Olha, eu nem sei porque eu tô te entrevistando. Sua redação tá ótima. Você faz Economia e Jornalismo... putz, você acertou até qual é o salário mínimo – eu nem sei o salário mínimo, não sei inclusive porque eles perguntam isso, saber o salário mínimo é completamente irrelevante. Enfim, fazer o quê. Por mim você tá dentro. Mas o RH falou que eu preciso te entrevistar, então fala um pouco de você".
Quando eu saí, mandei SMS pro meu pai: acho que fui bem e o cara gostou de mim, mas ele é meio louco, vai saber...
Uma semana depois, comecei como estagiária. Meu trabalho consistia em escrever uma matéria diária sobre o fechamento das bolsas europeias, outra de fechamento da bolsa americana, e algumas notas aleatórias durante o dia. Eu chegava à redação às 13h, depois de ter ido para as aulas de Economia na FEA de manhã; depois saia às 19h, pegava o trem, a saudosa ponte Orca e metrô para chegar à Paulista, a tempo do final da primeira aula de Jornalismo na Cásper. Falando assim parece mais puxado do que era. Nada como a energia dos 21 anos; eu era bem feliz.
Com uns 10 dias de trabalho meu pai perguntou se o chefe era meio louco como eu achava mesmo. Falei que era totalmente, e muito inteligente. Do mesmo jeito que ele falou comigo na entrevista, falava na redação, sem formalidade nenhuma: não tá legal essa matéria, você pode fazer melhor; será que todos chefes são assim? Lembro dele falando de filme com a Julia Leite, hoje jornalista na Bloomberg, lembro dele falando sobre bolsa com o pai, Ramiro, no celular, lembro dele me perguntando dos professores da FEA. Com uma semana eu já não entendia direito o que ele estava fazendo ali e porque não estava em qualquer outro lugar melhor, mas ele devia saber o que estava fazendo.
Duas semanas depois, ouvi nos corredores que o Felipe estava saindo. Ele, junto com o Rodolfo, que também era editor e me dava muito medo, iam fundar uma empresa de sell side diferente, divertida e independente, que ia se chamar Empiricus. Agora sim, esse cara tá fazendo sentido! Mas que irado, ele me contrata e sai um mês depois; paciência, ganhei uma chefe nova. Não contentes, seis meses depois, eles levaram o Beto, que era o cara mais legal da redação – até fui na despedida dele, no Veríssimo, onde vi cenas lamentáveis.
O trabalho continuava legal – eu conseguia levar as duas faculdades, mesmo sabendo que em algum momento teria que trancar uma delas. Eu escrevia, aprendia, as pessoas eram ok. Passei das bolsas americanas para o fechamento de bolsa Brasil, que era o ápice da vida pra uma estagiária. Não era tão corrido; dava tempo de ler o material aberto no site da Empiricus e ouvir todos os podcasts – aquele lugar devia ser contagiante e meio maluco... Fui promovida para estagiária nível 2 e 3, os feedbacks eram bons. Era uma vida bem ok.
Até que o Felipe me mandou um email.
Ele tinha visto uma matéria que escrevi sobre uma small cap mico na bolsa, e perguntou:
"O que você quer fazer da vida? Ser jornalista, economista ou financista?"
Eu só queria passar na próxima prova de Econometria e conseguir economizar o VR pra ir no Galetos no fim de semana; respondi que não queria descartar nada ainda e achei que, quem sabe, em 1 ano ele me chamava pra ir pra Empiricus. Três dias depois ele me chamou pra tomar um café no Octávio. Umas duas semanas depois eu era a primeira mulher e primeira estagiária a começar a trabalhar na Empiricus.
Escolher não é meu forte, mas essa decisão não foi tão difícil. Lembro do Beto falando: "só de estar perto dos caras e vê-los conversando já é legal. Aqui é muito legal. Não tem essa de ponto, conversinha besta. Ninguém vai cortar a bolacha recheada pela normal pra cortar custo aqui sabe. Os caras são fodas".
Os caras eram fodas mesmo, eu já sabia. Meu pai falou: se quer arriscar, vai agora, você é nova. O dono do lugar onde eu trabalhava fez uma campanha massiva anti minha saída; falou mal "dos caras" e disse que, se eu saísse, as portas estariam fechadas; a editora-chefe perguntou pra mim, uma estagiária no auge dos 22 anos, porque eu trocaria o certo pelo duvidoso; apesar de ser tão incrível e essencial, ninguém me ofereceu sequer uma promessa de aumento, enquanto o Felipe, Rodolfo e Beto me ofereciam o mundo; pedi um dia pra pensar e disse: tchau!
Dia 9 de setembro de 2018 completei oito anos dessa decisão, de longe a melhor que tomei na vida.
Nesses oito anos, aprendi um monte de coisa com todos "os caras" e, em especial, com o Felipe. Também vi ele errar bastante - e foi assim que eu aprendi que errar é mais que ok, é desejável.
Só não erra quem não faz nada.
Acho que essa é a lição número 1.
A lição número 2 deveria ser simples de entender:
Só existe comprar ou vender, não existe manter.
Todos os dias, você deve tomar uma decisão nova: devo comprar ou vender essa ação. Uma vez eu questionei: mas e se eu acho que o cara tem que ficar com a ação que ele tem, mas não deveria comprar mais? Felipe ficou completamente doido: porra Bia, isso não faz sentido! Por que a decisão seria diferente? É a mesma coisa! Se você não acha que a pessoa tem que comprar a ação, ela não tem que ter a ação, então tem que vender!
Forjada lendo relatórios do BTG, Credit e outros tantos cheios da famosa recomendação hold, aquilo que ele disse deu um nó na minha cabeça. Mas incorporei, não só para as ações, mas para tudo. "Você contrataria essa pessoa hoje? Não? Então provavelmente ela não deveria estar aqui". Vale pra tudo que você quiser imaginar - virou minha bússola de tomar decisões na vida. Só existe comprar ou vender.
A lição 3 também era bem chata no começo. Felipe inventou uma regra nas reuniões de produtos e de ideias de disparos:
Você não pode só criticar alguma coisa, tem que criticar já propondo outra coisa.
"Putz, mas as vezes só acho que aquilo não é legal, mas não sei como fazer melhor... "; então não fala, porque isso não ajuda nada. Anos de treino e hoje, se participo de uma reunião que alguém critica algo e não propõe nada, tenho que respirar fundo e fazer a ressalva mental: o coitado não teve a sorte de ter o chato do Felipe como chefe lá atrás.
Lição 4:
Autocrítica e inteligência são gêmeas siamesas.
Quem não desconfia de si mesmo e não se belisca sempre tem um sério problema; 100% das pessoas com esse perfil que passaram pela Empiricus esses anos foram problema.
A quinta lição foi um alento: Woody Allen tinha razão em Match Point.
Uma parte importante da vida é dependente da sorte.
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"The man who said "I'd rather be lucky than good" saw deeply into life. People are afraid to face how great a part of life is dependent on luck. It's scary to think so much is out of one's control. There are moments in a match when the ball hits the top of the net, and for a split second, it can either go forward or fall back. With a little luck, it goes forward, and you win. Or maybe it doesn't, and you lose."
Essa frase me marcou muito; mas não via ninguém falando daquilo. Principalmente no ambiente do esporte, onde eu cresci, a ideia de sorte e acaso era considerada um ultraje, uma ofensa frente à preparação e esforço. Foi ali que eu entendi, de verdade, que não dá pra lutar contra o acaso e o imponderável, mas que isso não tem nada a ver com não se preparar ou viver a vida à espera do acaso. É aceitar que o mundo é assim, cheio de acaso e de sorte, e aprender a viver nele desse jeito.
De todas as sortes que tive na vida, uma das maiores foi ter entrado naquela sala da Berrini e ter o Felipe do outro lado da mesa.
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