A crise vem de fora?
Enquanto todos ainda se debruçam sobre os resultados das pesquisas de intenção de voto e tentam antever as medidas do próximo governo, estou mais preocupado com o exterior neste momento
Na sexta-feira à noite:
C: “F, me ajuda aqui? Tem um gringo querendo entender a eleição.”
F: “Nossa, mas uma garrafa e meia de vinho depois, não sei se dou conta de entender a eleição. Acho que não dou conta nem sóbrio.”
C: “Para. Como é que pronuncia fascismo mesmo?”
F: “Faexizam. Ai, jura que a gente tá nessa?”
C pegando F pelo pulso: “Vem logo, chato.”
R: “Comment allez-vous?”
P (marido de C e amigo de infância de F, atropelando tudo com inglês macarrônico): “We don’t speak french.”
R: “Oh, sorry, I didn’t know.”
P: “I only know how to say ‘je ne parle français’.”
R: “Je ne parles PAAAS français.”, enfatizando o “pas” para marcar o erro.
P: “Of course, man! Do you think I don’t know how to say that? It’s so obvious.”
R: “Sorry, I was just saying.”
P: “Come on, dude? Don’t say ‘I am just saying'. Of course I know.”
C+F+P+R: hauhauhauhauhau
F tem um certo problema com conversas em língua estrangeira. Não é por falta de estudo ou prática — até já foi professor de inglês. A língua caracteriza a cultura de um povo. F tem medo de que, fora de sua origem, possa escorregar sem querer para termos pouco rigorosos e acabe invadindo a egrégora alheia. Há certas coisas sagradas que você não pode violar, sob o risco de um “Communication Breakdown”, como diria o Led.
Passamos meses olhando para dentro, interessados na eleição presidencial. Com o jogo praticamente definido, chega a hora de olharmos para fora. Você pode ler o quanto quiser, estudar mais do que todo mundo, decorar todos os jornais, mas, no fim do dia, é Bob Dylan e seu Jokerman quem estão certos: “A lei da selva e do mar são seus únicos professores”.
De olho no exterior
Enquanto todos ainda se debruçam sobre os resultados das pesquisas de intenção de voto e tentam antever as medidas do próximo governo, estou mais preocupado com o exterior neste momento. Eu olho para o cenário internacional e vejo uma comunicação quebrada.
Sabe por quê? Porque encontro grande dificuldade de leitura, de comunicar-me com os rumos dos mercados externos. Vejo argumentos para os dois lados. Encontro motivos suficientes para sustentar a continuidade do bull market em Wall Street e a recuperação dos emergentes. E identifico também fatores bastante fortes para justificar exatamente o contrário.
Leia Também
Bolão paulistano fatura Quina e 16 pessoas ficam a meio caminho do primeiro milhão; Mega-Sena pode pagar R$ 100 milhões hoje
A família cresceu? Veja os carros com melhor custo-benefício do mercado no segmento familiar
O pior: para adicionar dificuldade ao processo, conforme demonstraram Persio Arida e Deirdre McCloskey, os embates das narrativas em economia (e sempre coloco as finanças dentro da economia) não são definidos por superação positiva (não necessariamente ganha a melhor teoria, a de argumentos mais sólidos). Sai vencedora aquela com as melhores regras de retórica. Qual narrativa vai ganhar? Eu simplesmente não sei. Ninguém sabe. A verdade é filha do tempo.
Do ponto de vista de gestão de política econômica nos EUA, vejo as coisas com alguma preocupação. Estamos no pleno emprego (ou, ao menos, em torno dele) e a política fiscal segue bastante expansionista, com Donald Trump ampliando os gastos do governo e reduzindo impostos. Com uma economia utilizando a plena capacidade dos fatores de produção, damos um novo estímulo de demanda. Qual o provável resultado? Aumento da inflação e das importações. É o livro-texto canônico.
No fundo, é basicamente o mesmo racional da nova matriz econômica do governo Dilma: se você joga demanda numa economia sem folga de oferta, o que acontece? O Fim do Brasil: aumento do déficit público, muita inflação e explosão do déficit em conta-corrente.
Trump dos Trópicos
Sob a ótica de gestão macro, é Dilma (não Bolsonaro) a verdadeira Trump dos Trópicos. Apêndice técnico: entre parênteses, aparece o suposto “novo Bolsonaro”; o “velho” é igualzinho à Dilma, que surpreendentemente era igualzinha também ao Geisel. Será que Bolsonaro tentará pela quarta vez resgatar a indústria naval brasileira? A miséria ama companhia. Uau, que país é este?
Não à toa, as taxas de juro de mercado nos EUA, em especial as longas, estão subindo vigorosamente nas últimas semanas. Isso afeta o apreçamento dos ativos em todo o mundo. Muitos dos modelos de precificação acontecem por arbitragem, ou seja, parte-se da taxa de juro livre de risco (normalmente, aquela dos títulos do Tesouro norte-americano) e adiciona-se um prêmio de risco. Se a taxa de juro livre de risco sobe, todos os demais ativos do mundo precisam ter seus retornos esperados também subindo — a forma de ajustar é por meio da queda de seus preços hoje. Isso explicaria, por exemplo, a entrada em bear market dos mercados emergentes, com quedas próximas a 25 por cento desde o último pico.
Ainda entre os pessimistas, aqueles supersticiosos talvez dissessem que outubro costuma ser um mês de migração dos cisnes negros. Entre os mais famosos, estariam a Segunda-Feira Negra, dia 19 de outubro de 1987, quando o Dow Jones caiu 22,6 por cento, e a Quinta-Feira Negra, dia 24 de outubro de 1929, o marco zero da Grande Depressão norte-americana. Não acredito em bruxas, mas que elas existem, existem.
Por outro lado, temos argumentos em contrário também. A primeira é que a economia norte-americana estaria com saúde suficientemente forte para tolerar aumentos de juros.
Mais do que isso, embora estejamos no pleno emprego, o “supply side” (lado da oferta) não tem sido negligenciado. Com efeito, os ganhos de produtividade derivados de inteligência artificial, computação em nuvem, machine learning, redes neurais e por aí, somados à mudança da estrutura demográfica, garantiriam uma inflação ainda baixa, sem exigir uma disparada muito grande dos juros.
Outro ponto interessante se refere ao valuation das Bolsas norte-americanas. Se você tirar as coisas mais óbvias de tecnologia da conta, encontra um monte de coisa bastante barata. Micron, por exemplo, negocia a quatro vezes lucros para 2019. McDonald's negocia a 8 por cento de earnings yield, Disney, a 9,5 por cento. Não à toa, já se observa o início de uma outperformance dos ETFs de value sobre aqueles de growth, com o smart money migrando em direção ao que ficou barato.
Do mesmo modo, talvez tenhamos chegado a uma oportunidade de compra clara em mercados emergentes depois da queda de 25 por cento. Como diria Buffett, somente os vendedores de ações devem se preocupar com mercados em baixa. Se você é comprador, agora é uma boa hora. Comprar barato e vender caro é a lei básica.
Para onde vamos?
Não sabemos. Mas uma coisa tem me chamado a atenção nos últimos dias: a valorização do ouro. Depois de muito tempo ali parado, ele dá sinais de força, servindo de hedge contra a inflação e contra um eventual grande reset dos mercados financeiros, depois de tantos estímulos monetários desde a crise de 2008. Por muito tempo, mantive o metal precioso como indicação de seguro para as carteiras, para abocanhar um pequeno pedaço de seu portfólio, algo como 2,5 por cento. Por muito tempo, não funcionou... até que… funcionou!
Mercados
Mercados iniciam a terça-feira em alta, empurrados por maior tranquilidade no exterior, por nova pesquisa Ibope (praticamente sacramentando a vitória de Bolsonaro) e pelo adiantamento de pontos do programa de governo do PSL, amigáveis ao mercado, destacando medidas em prol da produtividade e desvinculação de gastos do Orçamento.
No exterior, além de busca por barganhas, resultados corporativos ditam o clima mais positivo. Hoje saem balanços de Netflix, Goldman Sachs e Morgan Stanley. Entre os indicadores econômicos por lá, temos produção industrial e relatório Jolts sobre emprego.
Agenda doméstica revela pesquisa mensal de serviços e prévia do IPC-S.
Ibovespa Futuro registra alta de 1,3 por cento, dólar e juros futuros caem.
Bradesco (BBDC4) realiza leilão de imóveis onde funcionavam antigas agências
Cinco propriedades para uso imediato estão disponíveis para arremate 100% online até 1º de dezembro; lance mínimo é de R$ 420 mil
Maioria dos fundos sustentáveis rendeu mais que o CDI, bolsa bate novos recordes, e mercado está de olho em falas do presidente do Banco Central
Levantamento feito a pedido do Seu Dinheiro mostra que 77% dos Fundos IS superou o CDI no ano; entenda por que essa categoria de investimento, ainda pequena em relação ao total da indústria, está crescendo no gosto de investidores e empresas
Lotofácil 3536 faz o único milionário da noite; Mega-Sena encalha e prêmio acumulado chega a R$ 100 milhões
Lotofácil continua brilhando sozinha. A loteria “menos difícil” da Caixa foi a única a pagar um prêmio milionário na noite de terça-feira (11).
ESG não é caridade: é possível investir em sustentabilidade sem abrir mão da rentabilidade
Fundos IS e que integram questões ESG superaram o CDI no acumulado do ano e ganham cada vez mais espaço na indústria — e entre investidores que buscam retorno financeiro
O carro mais econômico do mercado brasileiro é híbrido e faz 17,5 km/l na cidade
Estudo do Inmetro mostra que o Toyota Corolla híbrido lidera o ranking de eficiência no Brasil, com consumo de 17,5 km/l na cidade
Mesmo com recordes, bolsa brasileira ainda está barata, diz head da Itaú Corretora — saiba onde está o ouro na B3
O Ibovespa segue fazendo história e renovando máximas, mas, ainda assim, a bolsa se mantém abaixo da média histórica na relação entre o preço das ações das empresas e o lucro esperado, segundo Márcio Kimura
A ‘porta dourada’ para quem quer morar na Europa: por que Portugal está louco para atrair (alguns) brasileiros
Em evento promovido pela Fundação Luso-Brasileira na cidade de São Paulo, especialistas falam sobre o “golden visa” e explicam por que este pode ser um “momento único” para investir no país
“O Agente Secreto” lidera bilheteria, mas não supera “Ainda Estou Aqui” no primeiro fim de semana nos cinemas
Filme supera estreias internacionais e segue trajetória semelhante à de “Ainda Estou Aqui”, de Walter Salles
Destino apontado como uma das principais tendências de viagem para 2026 no Brasil é conhecido por seus queijos deliciosos
Destino em alta para 2026, a Serra da Canastra é um paraíso de ecoturismo com cachoeiras, fauna rica e o tradicional queijo canastra
‘FLOP30’? Ausência de líderes na COP30 vira piada nas redes sociais; criação de fundo é celebrada
28 líderes de países estiveram na Cúpula dos Chefes de Estado da COP30. O número é menos da metade do que foi registrado em 2024
A bolha da IA vai estourar? Nada disso. Especialista do Itaú explica por que a inteligência artificial segue como aposta promissora
Durante o evento nesta terça-feira (11), Martin Iglesias, líder em recomendação de investimentos do banco, avaliou que a nova era digital está sustentada por sólidos pilares
O clube que não era da esquina: o que fazer no bairro de BH eternizado pela música de Lô Borges, Milton Nascimento, Skank e Sepultura
Movimento de Lô Borges, Milton Nascimento e outros grandes nomes não nasceu na esquina de Santa Tereza, mas tem muitos locais de referência ao grupo
Pomba ou gavião? Copom diz que Selic em 15% ao ano por ‘período prolongado’ é suficiente para fazer inflação convergir à meta
Assim como no comunicado, a ata não deu nenhuma indicação de quando o ciclo de corte de juros deve começar, mas afirmou que o nível atual é suficiente para controle de preços
Bolão fatura Lotofácil e Dupla Sena salva a noite das loterias da Caixa com novo milionário em SP
Prêmio principal da Lotofácil 3535 será dividido entre 10 pessoas; ganhador da Dupla Sena 2884 apostou por meio dos canais eletrônicos da Caixa
O oráculo também erra: quando Warren Buffett deixou de ganhar dinheiro por causa das próprias estratégias
Mesmo após seis décadas de acertos, Warren Buffett também acumulou erros bilionários — da compra da Berkshire ao ceticismo sobre bitcoin e ao fiasco com a Kraft Heinz
Loterias da Caixa voltam hoje com prêmios milionários; Mega-Sena pode pagar R$ 67 milhões nesta semana
Com acúmulos na semana passada, as loterias da Caixa iniciam a semana pagando boladas milionárias
Adeus ‘Mercedão’, olá BYD: da cidade de São Paulo ao Flamengo, ônibus elétrico ganha cada vez mais espaço
Algumas cidades, empresas e até o Flamengo já aderiram ao ônibus elétrico e fundo de investimento pode facilitar ainda mais o acesso à esse tipo de veículo
Parece, mas não é: Anvisa proíbe comercialização de marcas de ‘bebida sabor café’ e até de café gourmet
Em 2025, a Anvisa já vetou a comercialização de 6 marcas de café ou de ‘bebida sabor café’; entenda como não comprar gato por lebre
Ata do Copom, IPCA e a reta final da temporada de balanços: tudo o que você precisa saber está na agenda econômica
Lá fora, a divulgação de indicadores nos EUA segue comprometida por conta dos atrasos provocados pela paralisação do governo norte-americano
COP30: o que diz a carta final da cúpula do clima em Belém — e o que acontece agora
Embaixador André Corrêa do Lago divulgou neste domingo (9) a décima e última carta à comunidade internacional; nesta segunda-feira (10) têm início as negociações entre os países