Retorno de 10% ao ano é bom ou ruim? Depende da inflação
Conceito de juro real é importante para avaliar retorno de investimento e custo de empréstimos
Retomando a pergunta do título e viajando até a Argentina, você aceitaria fazer um investimento por lá com retorno de 10% ao ano? Nesse mesmo país, você tomaria um financiamento com juro de 30% ao ano?
Se você respondeu “aceito” para o investimento e um “nem pensar” para o financiamento, você se deu muito mal. O motivo é um só: a inflação portenha, que beira os 40% ao ano.
Tendo que o juro remunera o capital e a inflação consome o valor do dinheiro ao longo do tempo é sempre importante levar em consideração essas duas variáveis em conjunto ao fazer uma aplicação ou tomar um empréstimo no banco.
Esse é o conceito de juro real. Taxa nominal descontada da inflação. Para dar uma ideia, esse investimento a 10% na Argentina iria resultar em uma brutal perda de capital, pois considerando a inflação de cerca de 40%, o juro real é negativo em 21% ao ano. Já no caso do empréstimo, a proposta é interessante, pois o juro de 30% é menor que a inflação. Assim, o juro real que você está "pagando" é negativo em 7%. É como se o banco estive te pagando para você se endividar. Nosso BNDES fez empréstimos nessas condições pouco tempo atrás.
A conta não é simplesmente o juro nominal menos a inflação. Esse cálculo é um pouco mais complexo. Então, pegue o juro nominal divida por 100 e some 1, pegue a inflação e faça o mesmo procedimento. Divida um pelo outro, subtraia 1 e multiplique por 100. Você pode montar uma fórmula no “Excel” ou buscar calculadoras de juro real na internet. Vou deixar aqui um exemplo de fórmula de “Excel” ((juro nominal/100+1)/(inflação/100+1))*100-100
De volta ao Brasil
Deixando de lado esses exemplos extremos, que creio ajudam a entender o conceito, vamos olhar o juro real por aqui. No Tesouro Direto temos um título prefixado como vencimento em 2025 pagando esses 10% ao ano (9,99% para ser exato). Como não sabemos qual será a inflação em 2025, e esse é o risco do investimento, vamos trabalhar com a inflação projetada pelo mercado para os próximos 12 meses. Esse dado é atualizado pelo Banco Central (BC) no boletim Focus. Na sua última edição a mediana suavizada da projeção está na linha dos 4%.
Leia Também
Horário de verão na bolsa? B3 vai funcionar por uma hora a mais a partir desta segunda-feira (3); entenda a mudança
Mega-Sena começa novembro encalhada e prêmio acumulado já passa dos R$ 40 milhões
Com isso, temos um juro real de 5,74% ao ano. Esse é o conceito de juro real “ex-ante” que creio ser o mais útil para avaliar o que está por vir. Se utilizarmos a inflação passada, de 4,5% em 12 meses até setembro, o juro real cai para 5,26% ao ano. Esse é o juro real “ex-post”.
Fazer esse tipo de conta pode ser interessante para ajudar a decidir entre o prefixado e um título atrelado à inflação, como a Nota do Tesouro Nacional Série B (NTN-B). Por exemplo, de volta ao Tesouro Direto, temos uma NTN-B de prazo semelhante, 2024, pagando um juro real de 4,84%. Além desses 4,84% a NTN-B vai te pagar a inflação que ocorrer, por isso falamos que é um investimento que protege da inflação. Você garantiu rendimento de 4,84% ao ano até o vencimento. No caso do prefixado, quanto mais a inflação subir, pior será seu ganho real. Mas se a inflação cair você ganha mais.
O mesmo raciocínio vale para um empréstimo. Ou para decidir entre quitar o financiamento imobiliário ou investir o dinheiro e seguir pagando as parcelas.
Juro real e política monetária
Sempre damos grande atenção às decisões do Comitê de Política Monetária (Copom) sobre a taxa Selic, o juro básico da economia. Mas o que conta mesmo é o juro real da economia brasileira. É esse balanço entre Selic e inflação que dita a decisão entre poupar e investir (ou consumir).
Podemos fazer diversos exercícios considerando a Selic atual e projetada menos a inflação passada ou futura para termos uma ideia da trajetória do juro real. Mas como a ideia aqui é falar de política monetária o que importa é olhar para frente, por isso o cálculo leva em conta outras variáveis.
Uma forma bastante aceita é o juro real “ex-ante” que leva em conta a taxa de juro esperada pelo mercado para os próximos 12 meses descontada da inflação também projetada 12 meses à frente.
O juro de mercado é dado pelo swap de 360 dias e a inflação é a mesma que já usamos, do boletim Focus. O mercado espera um juro de 7,3% para os próximos 12 meses e uma inflação de 4,03%. Disso resulta um juro real na casa de 3,1% ao ano.
Aqui que as tão faladas expectativas de mercado mostram sua importância. Recentemente tivemos uma piora no humor de mercado em função das eleições. No começo de setembro o swap de 360 dias se aproximou os 8,5%, taxa não vista desde meados de 2017. Como as projeções de inflação não andaram na mesma velocidade, o juro real bateu os 4,4%, também maior taxa desde meados de 2017.
Naquele momento, tivemos um aperto das condições monetárias mesmo com a Selic estacionada em 6,5% ao ano. Agora, estamos passando por uma volta à normalidade, com o juro real retornando à linha dos 3%.
Quando menor o juro real, mais estimulativa está a política monetária, ou seja, maior a contribuição da Selic para a retomada da atividade. Quanto maior o juro real, maior o incentivo à poupança.
É esse tipo de regulagem que o Banco Central faz. Para dar uma ideia, quando o BC começou a cortar a Selic em outubro de 2016, o juro real estava ao redor de 7,5% ao ano. No começo de 2016, quando o ambiente era cercado de incertezas políticas e econômicas, o juro de mercado se aproximou dos 16% e a inflação projetada rodava na linha dos 7%, resultado em juro real 8,3%.
Por isso, o BC fala tanto na ancoragem de expectativas e projeções. Se a inflação esperada se descola das metas, o BC tem que subir a taxa nominal para recompor o juro real.
Ponto de virada
Nos últimos dois anos, a queda da inflação e das expectativas permitiram que o BC reduzisse a taxa nominal dando estímulo à economia. Agora estamos nos aproximando de um ponto de mudança. A inflação deve começar a subir, seja por causa de uma esperada retomada da atividade ou pelo comportamento do dólar. Assim, o BC já avisou que pode começar a retirar estímulo monetário para manter a inflação e, principalmente, as expectativas ancoradas ao redor das metas de 4,25% para 2019, 4% para 2020 e 3,75% para 2021.
Nesse período eleitoral vimos uma disparada do câmbio a R$ 4,20, que levou o BC a endurecer seu discurso, e agora vemos o dólar voltar para a linha de R$ 3,70, o que leva o mercado a projetar estabilidade da Selic por mais algum tempo.
A taxa de juro neutra
Outro ponto bastante enfatizado pelo Banco Central é a importância de ajustes e reformas na economia “para a manutenção da inflação baixa no médio e longo prazos, para a queda da taxa de juros estrutural e para a recuperação sustentável da economia”.
Vamos centrar atenção na “taxa de juro estrutural”. Há uma taxa mágica na teoria econômica que permite o máximo crescimento com a inflação nas metas. É a taxa estrutural, neutra, de equilíbrio ou “r-star”. É uma variável não observável, que varia com o tempo e que depende de uma série de fatores como demografia, produtividade da economia, resultado fiscal entre outros.
Política monetária estimulativa é quando a taxa de juro real está abaixo dessa taxa ótima. Quando o BC diz que vai retirar estímulo é que o juro real vai subir, podendo ficar próximo dessa taxa (política menos estimulativa) ou acima dela (política restritiva).
O BC tem sua medida para a taxa estrutural, mas não conta a ninguém. A última vez que o BC consultou o mercado sobre o assunto foi em abril de 2017, a mediana da pesquisa foi de 4,5% para a taxa neutra de dois anos e 4% para cinco anos.
O ajuste política monetária pode acontecer tanto por um aumento da taxa nominal, a Selic, como pelo ajuste nas estimativas dessa taxa estrutural, ou ainda por uma combinação dos dois.
O que o BC quer dizer ao enfatizar a importância das reformas, notadamente as fiscais, é que a taxa estrutural pode ficar mais baixa, resultando em menor necessidade de se elevar a Selic para manter a inflação na meta.
Toda a briga em torno das reformas e ajustes é para reduzir o nível de juro estrutural da economia, dando previsibilidade para a tomada de decisões dos diferentes agentes econômicos.
Para dar uma ideia em que ponto dessa batalha nos estamos, o juro real nos anos 1990 rondava os 20% e desde então vem caindo. Mas foi só a partir do fim de 2006 que rompemos consistentemente a linha dos 10%. A mínima recente foi vista em junho de 2012, na casa de 1,39%, mas a experiência monetária da época não se mostrou sustentável, resultando em uma disparada da inflação nos anos posteriores, que obrigou o BC a fazer uma firme alta da Selic.
O Federal Reserve (Fed), banco central americano, também está em uma discussão aberta sobre deixar sua política monetária restritiva ou não. Vimos isso na ata da última reunião divulgada na quarta-feira. A questão é que um aperto monetário do Fed deixa as condições financeiras globais mais restritivas e é isso que tem gerado boa parte da instabilidade nas bolsas mundiais.
Caixa abre apostas para a Mega da Virada 2025 — e não estranhe se o prêmio chegar a R$ 1 bilhão
Premiação histórica da Mega da Virada 2025 é estimada inicialmente em R$ 850 milhões, mas pode se aproximar de R$ 1 bilhão com mudanças nas regras e aumento na arrecadação
Quina acumula de novo e promete pagar mais que a Mega-Sena hoje — e a Timemania também
Além da Lotofácil e da Quina, a Caixa sorteou na noite de sexta-feira a Lotomania, a Dupla Sena e a Super Sete
Lotofácil fecha outubro com novos milionários em São Paulo e na Bahia
Cada um dos ganhadores da Lotofácil 3527 vai embolsar mais de R$ 2 milhões. Ambos recorreram a apostas simples, ao custo de R$ 3,50. Próximo sorteio ocorre hoje.
Na máxima histórica, Ibovespa é um dos melhores investimentos de outubro, logo atrás do ouro; veja o ranking completo
Principal índice da bolsa fechou em alta de 2,26% no mês, aos 149.540 pontos, mas metal precioso ainda teve ganho forte, mesmo com realização de ganhos mais para o fim do mês
Como é e quanto custa a diária na suíte do hotel de luxo a partir do qual foi executado o “roubo do século”
Usado por chefes de Estado e diplomatas, o Royal Tulip Brasília Alvorada entrou involuntariamente no radar da Operação Magna Fraus, que investiga um ataque hacker de R$ 813 milhões
Galípolo sob pressão: hora de baixar o tom ou manter a Selic nas alturas? Veja o que esperar da próxima reunião do Banco Central
Durante o podcast Touros e Ursos, Luciano Sobral, economista-chefe da Neo Investimentos, avalia quais caminhos o presidente do Banco Central deve tomar em meio à pressão do presidente Lula sobre os juros
A agonia acabou! Vai ter folga prolongada; veja os feriados de novembro
Os feriados de novembro prometem aliviar a rotina: serão três datas no calendário, mas apenas uma com chance de folga prolongada
Uma suíte de luxo perto do Palácio da Alvorada, fuga para o exterior e prisão inesperada: o que a investigação do ‘roubo do século’ revelou até agora
Quase quatro meses após o ataque hacker que raspou R$ 813 milhões de bancos e fintechs, a Polícia Federal cumpriu 42 mandados de busca e apreensão e 26 de prisão
Essa combinação de dados garante um corte da Selic em dezembro e uma taxa de 11,25% em 2026, diz David Beker, do BofA
A combinação entre desaceleração da atividade e arrefecimento da inflação cria o ambiente necessário para o início do ciclo de afrouxamento monetário ainda este ano.
O último “boa noite” de William Bonner: relembre os momentos marcantes do apresentador no Jornal Nacional
Após 29 anos na bancada, William Bonner se despede do telejornal mais tradicional do país; César Tralli assume a partir de segunda-feira (3)
O que falta para a CNH sem autoescola se tornar realidade — e quanto você pode economizar com isso
A proposta da CNH sem autoescola tem o potencial de reduzir em até 80% o custo para tirar a habilitação no Brasil e está próxima de se tornar realidade
Doces ou travessuras? O impacto do Halloween no caixa das PMEs
De origem estrangeira, a data avança cada vez mais pelo Brasil, com faturamento bilionário para comerciantes e prestadores de serviços
Bruxa à solta nas loterias da Caixa: Mega-Sena termina outubro encalhada; Lotofácil e Quina chegam acumuladas ao último sorteio do mês
A Mega-Sena agora só volta em novembro, mas a Lotofácil e a Quina têm sorteios diários e prometem prêmios milionários para a noite desta sexta-feira (31).
Caixa encerra pagamentos do Bolsa Família de outubro nesta quinta (31) para NIS final 0
Valor médio do benefício é de R$ 683,42; Auxílio Gás também é pago ao último grupo do mês
Não é só o consumidor que sofre com golpes na Black Friday; entenda o que é a autofraude e seus riscos para o varejo
Com o avanço do e-commerce e o aumento das transações durante a Black Friday, cresce também o alerta para um tipo de golpe cometido por consumidores
O que muda com a aprovação da MP do setor elétrico na Câmara? Confira os principais pontos
A Câmara dos Deputados aprovou, em votação simbólica, o texto principal da MP 1.304, que define novas diretrizes para o setor elétrico. Alguns pontos considerados mais polêmicos foram destacados e votados em separado
Mais da metade das empresas na América Latina está bastante exposta a riscos climáticos, cada vez mais extremos, diz Moody’s
Eventos extremos estão aumentando, intensificando os prejuízos, e tornam as empresas um risco crescente de crédito.; Seguros não são o suficiente para proteger as companhias
Ele começou lavando pratos e hoje é o dono da empresa mais valiosa da história
De lavador de pratos a bilionário da tecnologia, Jensen Huang levou a Nvidia a se tornar a empresa mais valiosa do mundo, ultrapassando os US$ 5 trilhões com a revolução da inteligência artificial
A Argentina vive seu momento “Plano Real”, e poucos parecem estar botando fé nisso, diz gestora
Segundo a gestora RPS Capital, a Argentina tem todos os elementos que colaboraram para o boom dos ativos brasileiros depois do Plano Real
Jogo do bicho na Netflix: como a expansão das bets abalou a maior loteria ilegal do mundo
Do Barão de Drummond ao “tigrinho”, a história do jogo que ensinou o Brasil a apostar e perdeu espaço para as bets
