🔴 [NO AR] ONDE INVESTIR EM MAIO: CONFIRA +30 RECOMENDAÇÕES PARA ESTE MÊS – ASSISTA AGORA

Minha vida de urso: as alegrias e amarguras de um trader que fez história vendido

Quem acredita na baixa de um ativo, pode vender a descoberto e lucrar na queda. Os shorts de câmbio me fizeram um jovem rico (cheguei a ser apontado como um dos 10 melhores partidos de Belo Horizonte por um colunista social). Mas também já perdi o equivalente a 90 “Monzas” quando estava vendido em um único contrato de café. O fato é que você pode ganhar ou perder na alta ou na baixa. O mercado é um jogo de soma zero: quando alguém compra, outro vende. .

10 de outubro de 2019
5:54 - atualizado às 14:22
Bear market: tendência de queda
Imagem: Shutterstock

Normalmente, quando há uma forte queda nas bolsas de valores, os comentaristas dos telejornais dizem que o mercado estava de mau humor. Muitos analistas profissionais também usam essa expressão.

“Mau humor, quem, Cara Pálida?”, pergunto. E me apresso em responder: só parte dos investidores e especuladores se sentiu assim, os que saíram perdendo com a queda.

É importante ter em mente que cada compra corresponde a uma venda. Pois bem, aqueles que pularam fora de seus papéis antes do tombo estão de ótimo humor.

“Não disse que ia cair?”, carteiam para os amigos. “Tava na cara.”

Fora os que venderam a descoberto (venderam sem ter o ativo, para recomprar mais barato). Estes últimos estão simplesmente exultantes.

Solteira ninguém fica...

Caro amigo leitor, não existem operações solteiras. Sempre que alguém comprou, houve a contrapartida daquele que vendeu. Trata-se de um jogo de soma zero.

Leia Também

Tem muita gente (inclusive traders calejados) que diz que, nas compras, as perdas são limitadas – cotações não caem abaixo de zero.

Matematicamente, eles estão certos. Mas os vendidos podem, e devem, pôr um stop em suas operações. Passou dali, cai fora. Por isso é importantíssimo que o mercado em que se atua tenha liquidez.

No final dos anos 1950, em plena Era JK, eu operava câmbio numa corretora de Belo Horizonte. Época em que as coisas eram mais simples. A gente comprava dólares dos exportadores e vendia para os importadores, ou vice-versa, em troca de uma comissão. Não havia risco algum.

Meus principais clientes eram a Petrobras e a Cia. Vale do Rio Doce. Como importava petróleo, a primeira precisava comprar dólares. Sendo exportadora de minério de ferro, a Vale os vendia.

Certo dia me deu na telha que o dólar iria cair no dia seguinte. Os fundamentos apontavam para isso. Então vendi dólares para a Petrobras numa operação descasada. Dormi short. Achei até que estava cometendo algum tipo de irregularidade, mas mesmo assim fiz o negócio.

Tal como supunha, o dólar caiu contra o cruzeiro. Comprei o que precisava para entregar à Petrobras. Além da comissão, faturei uma boa graninha, na primeira tacada de uma vida que seria quase toda dedicada à especulação.

Me senti o inventor da roda. Mal sabia que ficar short, vender a descoberto, ser um urso, era prática corriqueira nos mercados internacionais.

Repeti a dose outras vezes. Embora não me lembre dos valores, me tornei um jovem rico (tinha lá meus 19 ou 20 anos), a ponto de comprar um Cessna 180 (tinha brevê de piloto desde 1958) e uma Berlineta Interlagos de corrida, com a qual competia no circuito da ilha do Fundão, no Rio de Janeiro.

Um colunista social de Belo Horizonte, imagina, me pôs na lista dos 10 melhores partidos da cidade.

Touros e Ursos, comprados e vendidos

 

Touro e urso simbolizam os comprados e vendidos nos mercados
Touro e urso simbolizam os comprados e vendidos nos mercados - Imagem: Shutterstock

Então, seis ou sete anos mais tarde, quando fui estudar Portfolio Management (administração de carteiras) na Universidade de Nova York, NYU, é que aprendi técnicas de venda a descoberto, como detecção de pontos de resistência, Índices de Força Relativa (RSI – Relative Strenght Index), etc, sempre com o uso de stops defensivos, sem os quais um trader acaba quebrando.

Já falei sobre isso em minhas crônicas, mas não custa repetir. Nos diversos mercados, aqueles que estão comprados são conhecidos como “touros” (bulls – daí a expressão bull market). Já os vendidos são os ursos (bears – bear market).

Esses termos têm origem na época da corrida do ouro na Califórnia, na década de 1840, quando os faiscadores, para se divertir e apostar dinheiro, promoviam lutas de touros contra ursos. Como os primeiros atacavam com os chifres, movendo-os para cima, e os segundos com as patas, para baixo, essa nomenclatura foi adotada pelo mercado.

É usada até hoje.

Surgiram derivações: bullish é o especulador altista; bearish, o baixista.

“Estou bullish para as ações da Petrobras”, diz um trader para um colega, com a maior naturalidade, significando com isso que espera que a ação vá subir.

Um urso militante

Em 1966, voltei de Nova York para o Brasil. Fui trabalhar como operador de pregão na Bolsa de Valores do Rio de Janeiro. Tornei-me um urso militante. Gostava muito de trabalhar vendido.

Havia inclusive uma operação extremamente rentável, na qual não se corria risco algum. Comprava-se ações à vista e vendia o lote a termo, por um preço obviamente mais caro. Só que muito comumente a outra ponta liquidava o negócio antecipadamente, o que me proporcionava um lucro muito superior às taxas de juros praticadas pelo mercado.

Nessa minha vida de urso, nem tudo foi alegria. Certa ocasião vendi, na Bolsa de Mercadorias de São Paulo (Bolsinha) um contrato (apenas um) de café futurão, que era como chamávamos os vencimentos longos, perigosíssimos em época de inflação galopante.

Pois bem, sofri um prejuízo colossal. Como o preço à vista, que, obviamente, não tinha limite, subia muito, e os limites, em números absolutos, eram iguais para todos os vencimentos, o meu, Dezembrão, quanto mais subia mais barato ficava, se é que me entendem. E não dava para pular fora por causa da ausência de compradores.

Um dos carros mais caros da época era o Monza, da GM. Pois bem, eu perdia um Monza por dia. Vendido em UM contrato, repito. Isso durou uns três meses (90 Monzas). Eu, que até então vinha bem de vida, já estava quase quebrado quando o Dezembrão começou a ter liquidez e pude cair fora.

Pouco tempo depois, quando passei a operar somente nos mercados internacionais, trabalhar vendido tornou-se para mim uma coisa corriqueira. Verdadeiro vício. Se achava que determinado ativo ia cair, vendia a futuro sem dó nem piedade.

Como escrevi acima, o mais importante numa venda à descoberto é que o contrato tenha liquidez (justamente o que não acontecera no meu café Dezembrão).

Grandes trades para os vendidos

Tenho uma teoria, com a qual acho que ninguém compartilha, e nem sei se as estatísticas a comprovam. No mercado futuro de S&P500 é melhor passar o fim de semana vendido do que comprado.

Nos sábados, domingos e feriadões, o governo americano não divulga dados sobre a economia, o FOMC não mexe nos juros nem publica atas. Mas há terremotos, tsunamis, golpes de estado e assassinatos de políticos. A imprensa divulga escândalos e falcatruas.

Vejam bem, essa tese é minha. Embora tenha ganhado dinheiro com ela, a amostragem é pequena. Pode ser que tenha tido sorte.

Houve uma vez que não ganhei nem perdi um dólar sequer mas que quase me alijou do mercado por pura frustração. Estou me referindo ao crash da Bolsa de Valores de Nova York em 19 de outubro de 1987.

Na newsletter que publicava mensalmente, Relatório FNJ, previ essa débâcle. Mas como na sexta-feira, dia 16, que precedeu o tombo, o S&P500 caiu muito, não tive coragem de vender naquele nível.

Deixei de ganhar algo como 250 mil dólares, que teriam sido os mais fáceis de minha vida.

Em 11 de setembro de 2001, já não operava mais. Era apenas escritor. Mas tenho certeza de que quando o segundo avião (UAL175) atingiu a Torre Sul do World Trade Center, configurando um ataque terrorista (o American Airlines 11 já se espatifara contra a Torre Norte minutos antes), deu tempo de vender o Ibovespa futuro na BM&F (Nova York nem chegou a abrir), que caiu 9,18% naquela terça-feira.

Alguns mercados trabalham sempre em contango (futuros mais caros do que o preço spot). Outros, em backwardation (futuros mais baratos do que o valor presente). Há também os ativos que alternam as duas situações, dependendo do momento.

O ouro, por exemplo, negociado na Comex em Nova York, é sempre contango. Quem acertar uma queda prolongada desse mercado, poderá ficar short por vários anos, rolando a posição com lucro. O mesmo acontece com o contrato de dólar futuro na BM&F.

Em meio ao enorme leque de negócios oferecido pelo mercado de derivativos, o mais rentável é vender calls e puts o tempo todo. Melhor dizendo, vender o tempo (time value).

Conheço traders que enriqueceram com isso, e continuam ganhando dinheiro. Só que de vez em quando levam uma tamancada.

Nada mais agradável do que estar assistindo o futebol na TV num domingo, sabendo que o prazo de sua opção vendida está inexoravelmente se esgotando.

Mas vou alertar de novo. Um call ou put pode quintuplicar de preço em questão de dois ou três dias.

George Soros - Imagem: Shutterstock

Um dos mais famosos shorts da história aconteceu com o megaespeculador George Soros. Em 1992, ele ganhou nada menos do que um bilhão de dólares vendido em libras esterlinas. Em valores de hoje, são quase dois bilhões (US$1.830.000.000,00). Seu oponente na operação, tentando salvar a libra, era simplesmente o Bank of England.

Quando a gente comenta sobre o crash de 1929, a lembrança costuma ser dos perdedores, das pessoas que ficaram sem um centavo e até se lançavam do alto dos prédios de Manhattan.

Quem leu meu livro 1929 sabe que houve dois grandes vencedores: Joseph Kennedy (pai do presidente John Kennedy) e Jesse Livermore, este considerado um dos maiores traders de todos os tempos.

“Mas Livermore também não se suicidou?”, pode estar indagando um dos assinantes.

Sim, respondo, ele deu um tiro na própria testa, em 28 de novembro de 1940. Só que, nessa época, estava comprado. Transformara-se em um touro.

Na onda de ataques especulativos ocorrida em 1997 e 1998, muita gente ganhou fortunas “shorteando” o baht da Tailândia, a rúpia da Indonésia, o won da Coreia do Sul, o peso das Filipinas, o renminbi chinês, o dólar de Hong Kong, além de diversas outras moedas asiáticas.

Saqueada a praça asiática, os ursos se voltaram para o México, Argentina (onde isso é até rotina; parece que os hermanos gostam) e o real brasileiro. Por pouco não tivemos uma crise sistêmica, que teria acabado com o Plano Real.

Devo correr para vender?

Se você leu esta crônica e ficou com a impressão de que operar vendido é o melhor negócio do mundo da especulação, não posso ir embora antes de esclarecer esse ponto. Não. Não é. O melhor negócio do mundo é estar do lado vencedor, seja como touro, seja como urso.

COMPARTILHAR

Whatsapp Linkedin Telegram
ONDE INVESTIR

Onde investir em maio: Petrobras (PETR4), Cosan (CSAN3), AT&T (ATTB34) e mais opções em ações, dividendos, FIIs e BDRs

5 de maio de 2025 - 17:32

Em novo episódio da série, analistas da Empiricus Research e do BTG Pactual compartilham recomendações de olho nos resultados da temporada de balanços e no cenário internacional

NO CORRE

3G, de Lemann, compra marca de tênis Skechers por US$ 9,4 bilhões, e ações disparam 

5 de maio de 2025 - 11:00

Após a conclusão do negócio, a Skechers se tornará uma empresa de capital fechado, pondo fim a quase três décadas de ações negociadas em bolsa

DINHEIRO NA MÃO

Veja as empresas que pagam dividendos e juros sobre capital próprio nesta semana

5 de maio de 2025 - 8:39

Magalu, Santander, Fleury e mais 15 empresas pagam proventos nos próximos dias; confira o calendário

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Espírito olímpico na bolsa: Ibovespa flerta com novos recordes em semana de Super Quarta e balanços, muitos balanços

5 de maio de 2025 - 8:26

Enquanto Fed e Copom decidem juros, temporada de balanços ganha tração com Itaú, Bradesco e Ambev entre os destaques

AÇÃO DO MÊS

Pódio triplo: Itaú (ITUB4) volta como ação mais recomendada para maio ao lado de duas outras empresas; veja as queridinhas dos analistas

5 de maio de 2025 - 6:04

Dessa vez, a ação favorita veio acompanhada: além do Itaú, duas empresas também conquistaram o primeiro lugar no ranking dos papéis mais recomendados para maio.

DINHEIRO NA MÃO

Veja as empresas que pagam dividendos e juros sobre capital próprio na próxima semana

3 de maio de 2025 - 16:04

Magalu, Santander, Fleury e mais 15 empresas pagam proventos nos próximos dias; confira o calendário

APÓS MÊS DIFÍCIL

Petrobras (PETR3) excluída: Santander retira petroleira da sua principal carteira recomendada de ações em maio; entenda por quê

2 de maio de 2025 - 13:13

Papel foi substituído por uma empresa mais sensível a juros, do setor imobiliário; saiba qual

CARTEIRA RECOMENDADA

IRB (IRBR3) volta a integrar carteira de small caps do BTG em maio: ‘uma das nossas grandes apostas’ para 2025; veja as demais alterações

2 de maio de 2025 - 12:02

Além do retorno da resseguradora, foram acrescentadas também as ações da SLC Agrícola (SLCE3) e da Blau Farmacêutica (BLAU3) no lugar de três papéis que foram retirados

DEIXOU DE SER QUERIDINHA?

WEG (WEGE3) tem preço-alvo cortado pelo JP Morgan após queda recente; banco diz se ainda vale comprar a ‘fábrica de bilionários’

2 de maio de 2025 - 10:35

Preço-alvo para a ação da companhia no fim do ano caiu de R$ 66 para R$ 61 depois de balanço fraco no primeiro trimestre

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Um mês da ‘libertação’: guerra comercial de Trump abalou mercados em abril; o que esperar desta sexta

2 de maio de 2025 - 8:21

As bolsas ao redor do mundo operam em alta nesta manhã, após a China sinalizar disposição de iniciar negociações tarifárias com os EUA

SEXTOU COM O RUY

Ibovespa deu uma surra no S&P 500 — e o mês de abril pode ter sido apenas o começo

2 de maio de 2025 - 6:13

O desempenho do Ibovespa em abril pode ser um indício de que estamos diante de uma mudança estrutural nos mercados internacionais, com implicações bastante positivas para os ativos brasileiros

GANHADORES E PERDEDORES

As maiores altas e quedas do Ibovespa em abril: alívio nos juros foi boa notícia para ações, mas queda no petróleo derrubou petroleiras

1 de maio de 2025 - 14:02

Os melhores desempenhos são puxados principalmente pela perspectiva de fechamento da curva de juros, e azaradas do mês caem por conta da guerra comercial entre EUA e China

ÚLTIMA CHANCE

Ficou com ações da Eletromidia (ELMD3) após a OPA? Ainda dá tempo de vendê-las para não terminar com um ‘mico’ na mão; saiba como

1 de maio de 2025 - 12:44

Quem não vendeu suas ações ELMD3 na OPA promovida pela Globo ainda consegue se desfazer dos papéis; veja como

SD ENTREVISTA

Diretor do Inter (INBR32) aposta no consignado privado para conquistar novos patamares de ROE e avançar no ambicioso plano 60-30-30

1 de maio de 2025 - 7:31

Em entrevista ao Seu Dinheiro, Flavio Queijo, diretor de crédito consignado e imobiliário do Inter, revelou os planos do banco digital para ganhar mercado com a nova modalidade de empréstimo

JUNTANDO OS TIJOLINHOS

Gafisa (GFSA3) recebe luz verde para grupamento de 20 por 1 e ação dispara mais de 10% na bolsa

30 de abril de 2025 - 13:57

Na ocasião em que apresentou a proposta, a construtora informou que a operação tinha o intuito de evitar maior volatilidade e se antecipar a eventuais cenários de desenquadramento na B3

ABRINDO A TEMPORADA

Santander (SANB11) divulga lucro de R$ 3,9 bi no primeiro trimestre; o que o CEO e o mercado têm a dizer sobre esse resultado?

30 de abril de 2025 - 11:58

Lucro líquido veio em linha com o esperado por Citi e Goldman Sachs e um pouco acima da expectativa do JP Morgan; ações abriram em queda, mas depois viraram

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Alguém está errado: Ibovespa chega embalado ao último pregão de abril, mas hoje briga com agenda cheia em véspera de feriado

30 de abril de 2025 - 8:03

Investidores repercutem Petrobras, Santander, Weg, IBGE, Caged, PIB preliminar dos EUA e inflação de gastos com consumo dos norte-americanos

DERRETENDO

Azul (AZUL4) volta a tombar na bolsa; afinal, o que está acontecendo com a companhia aérea?

29 de abril de 2025 - 17:09

Empresa enfrenta situação crítica desde a pandemia, e resultado do follow-on, anunciado na semana passada, veio bem abaixo do esperado pelo mercado

EM ALTA

Prio (PRIO3): banco reitera recomendação de compra e eleva preço-alvo; ações chegam a subir 6% na bolsa

29 de abril de 2025 - 12:02

Citi atualizou preço-alvo com base nos resultados projetados para o primeiro trimestre; BTG também vê ação com bons olhos

GOVERNANÇA CORPORATIVA

Tupy (TUPY3): Com 95% dos votos a distância, minoritários devem emplacar Mauro Cunha no conselho

29 de abril de 2025 - 8:30

Acionistas se movimentam para indicar Cunha ao conselho da Tupy após polêmica troca do CEO da metalúrgica

Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Fechar