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Julia Wiltgen
Julia Wiltgen
Jornalista formada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) com pós-graduação em Finanças Corporativas e Investment Banking pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Trabalhou com produção de reportagem na TV Globo e foi editora de finanças pessoais de Exame.com, na Editora Abril.
Aposentadoria

Não quer depender da Previdência Social? Te ensinamos tim tim por tim tim o que fazer

Aprenda a planejar a sua aposentadoria e poupar por conta própria para não ficar à mercê da Previdência Social no futuro – ainda mais com a iminência de uma reforma

Julia Wiltgen
Julia Wiltgen
27 de setembro de 2024
14:26
Ilustração sobre planejamento de aposentadoria
O planejamento da aposentadoria é como o jogo da vida: tem um passo a passo e uma série de obstáculos até você chegar lá - Imagem: Pomb/Seu Dinheiro

Para uns, descanso merecido depois de tantos anos de trabalho; para os mais apaixonados pela profissão ou apegados à rotina, uma fonte de ansiedade – afinal, o que eu vou fazer da minha vida quando parar de trabalhar? Seja como for, a aposentadoria certamente provoca pelo menos uma angústia na maior parte dos brasileiros, principalmente nos segurados do INSS: depois de me aposentar, serei capaz de manter o padrão de vida? O que fazer para não depender única e exclusivamente da Previdência Social?

A maioria das pessoas vê uma queda nos rendimentos ao se aposentar, o que não seria problema se esse corte fosse proporcional à redução nas despesas que geralmente ocorre nessa fase da vida.

Mas para os segurados do INSS que ganham acima do teto, a perda de poder aquisitivo pode ser brutal. O teto do INSS é o valor máximo que se pode receber ao se aposentar. E, como veremos adiante nesta matéria, é praticamente impossível ganhar exatamente o teto.

Para deixar a situação ainda mais incerta, passamos por uma reforma da Previdência Social em 2019, e não podemos descartar a possibilidade de passarmos por outras nos próximos anos ou décadas. Pode ser que as regras que hoje conhecemos estejam completamente diferentes daqui a algum tempo.

Não tem jeito: quem quer se aposentar com um rendimento próximo ao da vida ativa – e não recai na categoria de trabalhador que tem direito a aposentadoria equivalente ao valor do último salário – precisa recorrer à previdência privada.

Por previdência privada, entenda-se qualquer forma de poupança e investimento por conta própria, ok?

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Existem os planos de previdência privada, produtos financeiros com soluções prontas de investimento e planejamento tributário para quem quer poupar para o longo prazo. Mas planejar e poupar para a própria aposentadoria pode também levar em conta outros tipos de aplicações financeiras de longo prazo e com incentivos fiscais.

A parte mais difícil de poupar por conta própria é começar. E o mais difícil de começar é estabelecer exatamente quanto juntar para ter o rendimento necessário no futuro e quanto poupar por mês para chegar a esse montante.

Este texto é um guia para ajudar você a fazer todo esse passo a passo. O consultor atuarial Newton Conde me ajudou com as partes mais complicadas referentes ao INSS.

Quem precisa de previdência complementar

A Previdência Social é obrigatória e teoricamente assegura quem ganha até o teto do INSS. Como o próprio nome indica, portanto, a previdência complementar funciona como uma complementação da previdência pública para quem ganha – ou tem perspectivas de vir a ganhar – acima do teto.

Por previdência complementar, entende-se qualquer tipo de poupança de longo prazo com vistas a gerar renda na aposentadoria. Não é necessário que seja um plano de previdência privada tradicional, como os fundos de pensão, PGBL e VGBL.

É verdade que, dependendo de quanto você ganha na vida ativa, o valor da complementação pode ter de superar em muito o valor do benefício da Previdência Social. Mas você pode e deve levar em conta a aposentadoria pública na hora de planejar a sua previdência privada.

É claro que mesmo quem ganha abaixo do teto pode querer poupar por conta própria para a aposentadoria, a fim de se resguardar.

Afinal, no futuro os seus gastos com saúde podem ser bastante elevados. Deus sabe como vai ser (e quanto vai custar) o serviço de saúde daqui a 20, 30 anos.

Além disso, se você ainda tiver muitos anos de trabalho pela frente, é bem provável que as regras da Previdência Social passem por fortes mudanças até a sua aposentadoria.

Você corre o risco de não receber exatamente o valor que você ganhava na ativa, de os pagamentos ocorrerem de forma diferente do imaginado ou começarem mais tarde do que você esperava.

O planejamento da previdência complementar permite que você determine quanto quer ganhar e a partir de que idade. Isso já te dá uma grande autonomia.

Não deixe de contribuir para o INSS

Para quem contribui para o INSS e ganha até o teto, a contribuição para a Previdência Social é bastante vantajosa. O valor de contribuição é baixo em relação ao valor de benefício que você pode conseguir lá na frente.

Se você poupasse o mesmo valor de contribuição para o INSS em uma aplicação conservadora, dificilmente conseguiria resultado igual ou melhor.

Isso porque a previdência pública não usa o regime de capitalização, em que você forma uma poupança que gera renda na aposentadoria, mas sim o regime contributivo ou solidário, em que os trabalhadores da ativa sustentam os inativos com suas contribuições.

Inclusive, os especialistas com quem eu conversei para esta matéria desaconselham fortemente a estratégia de deixar de contribuir para o INSS para engordar a poupança para a aposentadoria.

Além de a aposentadoria pela Previdência Social ser relativamente vantajosa, as contribuições também garantem uma série de outros benefícios que funcionam como seguros: benefício de incapacidade temporária (auxílio-doença), auxílio-acidente, salário-maternidade e pensão por morte, por exemplo.

Quem trabalha com carteira assinada ou é servidor público estatutário não consegue fugir da contribuição, pois é automaticamente vinculado a algum regime de Previdência Social.

No entanto, para os autônomos, é possível burlar a contribuição. Embora sejam obrigados a contribuir para o INSS, a iniciativa precisa partir do próprio trabalhador.

Por onde começar

O primeiro passo do planejamento da poupança para a aposentadoria é determinar com que idade você quer se aposentar e quanto você vai precisar ganhar para atender aos seus desejos e necessidades no futuro.

A partir da estimativa de renda mensal, você consegue calcular o valor do patrimônio que deve ser acumulado até lá.

A sua renda na aposentadoria será composta pelo benefício da Previdência Social mais o valor advindo dos seus investimentos.

No planejamento mais conservador, você apenas deverá consumir a rentabilidade do seu patrimônio, nunca o principal.

Desta forma, a renda complementar vai durar até o fim da sua vida, e o principal será deixado para os seus herdeiros.

A sua renda na aposentadoria deve ser capaz de cobrir tanto as suas necessidades quanto os seus desejos. Para estimar seu valor, o mais indicado é projetar cada gasto separadamente.

De um lado, quanto você deve gastar com as suas próprias necessidades e as de sua família – alimentação, moradia, transporte, saúde e eventual educação dos filhos ou netos, por exemplo.

Do outro, quanto quer gastar com desejos, aquele “a mais” que você sonha em realizar na aposentadoria – viajar mais, estudar, comer fora e ir a espetáculos, por exemplo.

No total, é possível que o valor do seu rendimento na aposentadoria precise ser equivalente a cerca de 80% da sua renda na vida ativa. Isso porque, embora os custos com saúde subam, outros, como alimentação fora de casa, vestuário e transporte, tendem a diminuir.

Mas é bom ter em mente que esse percentual não é científico, mas fruto de algumas estatísticas consideradas pelas seguradoras. Apenas não subestime o peso do gasto com saúde.

Dependendo das circunstâncias, a renda necessária para manter o padrão de vida na aposentadoria pode ser até inferior a 80% da renda da ativa.

Por exemplo, se a pessoa vive em uma cidade com bom serviço público de saúde, ela pode nem precisar de plano de saúde. Já quem vai se aposentar com imóvel próprio quitado ou sem precisar arcar com as despesas dos filhos e netos também tem uma situação bastante confortável.

Quanto poupar?

Você deverá poupar o suficiente para gerar a renda complementar à sua aposentadoria pelo INSS. Para determinar o valor dessa renda complementar – e, consequentemente, da poupança – você primeiro deverá estimar quanto vai receber da Previdência Social.

Infelizmente, a ferramenta disponibilizada hoje no site da Previdência Social para efetuar este cálculo só funciona para quem está perto da aposentadoria. Para quem, como eu, ainda tem uns 30 anos pela frente, seria preciso trabalhar com uma série de estimativas, o que é bem mais trabalhoso, para não dizer difícil, para quem não é um especialista.

Você pode até recorrer a um consultor atuarial para tentar fazer essa conta para você. Mas, se quiser ser mais prático, você pode simular apenas duas situações: uma considerando que você vai receber o valor do teto do INSS e outra considerando que vai receber apenas metade do teto.

Só metade? Sim. A orientação é do consultor atuarial Newton Conde, que explica que é quase impossível receber o valor cheio, mesmo que você tenha contribuído pelo teto durante toda a sua vida ativa.

Isso porque o valor levado em conta no cálculo da média aritmética das maiores remunerações, que dá origem ao salário de benefício da aposentadoria, leva em conta o valor do teto o INSS.

Mesmo quando há uma recomposição deste valor, como já aconteceu, os tetos antigos, que são menores, puxam essa média das remunerações para baixo, reduzindo também o valor do benefício.

Por exemplo, em 2018, portanto, antes da reforma da Previdência de 2019, o teto do INSS era de R$ 5.645. Mas, de acordo com os cálculos do consultor, quem se aposentasse naquela época, tendo contribuído apenas pelo teto, só conseguia um benefício máximo de R$ 5.380.

Mas há um segundo motivo para fazer uma simulação mais conservadora: o imponderável – e, em se tratando de Brasil, este é o mais importante.

Mesmo que as regras da Previdência Social não mudem mais até você se aposentar, é possível que ocorram novas recomposições do teto do INSS até lá.

“Projetar pela metade do valor do teto é a tendência. Numa situação mais conservadora, quem hoje contribui pelo teto, superior a R$ 5 mil, deve se preparar para receber uns R$ 3 mil de aposentadoria no futuro”, orienta Newton Conde, lembrando que o teto do INSS já foi o equivalente a 20 salários mínimos, caiu para dez e continua em queda.

No caso dos servidores públicos estatutários, o “teto”, nas regras atuais, é o valor da sua última remuneração. Aqueles que não têm o direito de se aposentar com o valor integral do último salário podem fazer seus cálculos levando em conta que irão receber 50% ou 80% da última remuneração.

Como exemplo, vamos imaginar um segurado do INSS que receba, durante a sua vida ativa, uma remuneração de R$ 10 mil e deseje se aposentar com o equivalente a essa quantia no futuro (corrigida, é claro, pela inflação).

Supondo que o teto do INSS, no momento em que ele está se planejando, seja de R$ 7.600, ele deve supor que, na aposentadoria, receberá R$ 3.800 da Previdência Social (o equivalente à metade desse teto), devendo complementar os R$ 6.200 restantes com seus investimentos.

Fazendo a conta de trás para frente

Depois de definir a renda da aposentadoria, a porção dela que deverá vir dos seus investimentos e a idade em que você quer parar de trabalhar, é chegada a hora de calcular o valor do patrimônio que você deve acumular e o valor da poupança mensal para chegar lá.

Lembre-se de que esta poupança mensal é apenas um valor inicial, que deverá ser corrigido anualmente pela inflação.

Afinal, por mais que os seus investimentos estejam rendendo acima da inflação, se você investir sempre o mesmo valor, é como se estivesse poupando cada vez menos.

A conta para calcular quanto você deve investir para a aposentadoria é feita de trás para frente. A partir da renda que você deseja receber no futuro, do prazo de acumulação e de uma estimativa de rentabilidade real (acima da inflação), você deve calcular o montante e, em seguida, o valor da poupança mensal.

Se quiser fazer essa conta no Excel, eu te ensino o caminho das pedras neste outro texto sobre como viver de renda. Você também pode utilizar a nossa calculadora viver de renda.

Mas você pode também utilizar os simuladores das próprias seguradoras. Eles costumam ser bem intuitivos e geralmente já consideram rentabilidades acima da inflação. O da Icatu, chamado de “Renda de Aposentadoria”, é uma opção interessante entre aqueles que já testei.

Você só precisa tomar cuidado com certos pontos ao usar o simulador de uma seguradora:

  • Alguns simuladores calculam apenas a renda que você vai receber a partir de quanto deseja poupar hoje, não fazendo o cálculo inverso;
  • Alguns simuladores consideram apenas que você vai contratar um plano de previdência privada tipo PGBL ou VGBL, sendo que há muitas outras formas de poupar para a aposentadoria.
  • Alguns simuladores consideram rentabilidades altíssimas. Para ser conservador, não convém considerar que seus investimentos vão render, no longo prazo, mais que 5% ou 6% acima da inflação.

E se eu não conseguir poupar tudo isso?

Feita a simulação, você pode concluir que não tem, hoje, capacidade financeira para poupar todo mês o valor necessário. Não tem problema. Comece com um valor menor. O importante é não deixar de poupar para a aposentadoria.

Segundo simulações feitas pela SulAmérica, é possível receber uma renda equivalente a 35% dos seus rendimentos atuais poupando apenas 7%, 14% ou 22% do salário, a depender da idade em que se começa a poupar (25, 35 ou 45 anos, respectivamente).

Antes tarde do que mais tarde. O importante é começar. Há planos de previdência que aceitam contribuições a partir de R$ 100 por mês.

Onde investir para a aposentadoria

Depois de definir quanto poupar por mês, só falta decidir onde investir. Os planos de previdência privada tipo PGBL e VGBL são produtos criados especificamente para a aposentadoria. Mas há uma série de outros investimentos adequados à poupança de longo prazo.

A parcela destinada a cobrir as necessidades futuras pode ser destinada a aplicações de baixo risco, com boa previsibilidade de retorno. Já a porção dos recursos destinada aos desejos pode ser direcionada a aplicações de maior risco, desde que adequadas ao perfil do investidor.

Para a parcela de menor risco da carteira, uma boa pedida é o investimento em títulos públicos atrelados à inflação, chamados Tesouro IPCA+ (NTN-B Principal) e Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais (NTN-B). Ambos podem ser comprados pelo Tesouro Direto, com quantias a partir de R$ 30.

A vantagem desses títulos é que eles pagam uma rentabilidade já conhecida acima do IPCA. Se levados até o vencimento, esses papéis garantem a preservação do poder de compra do investidor e um ganho acima da inflação oficial.

Existem títulos públicos atrelados à inflação de prazo muito longo. Em geral, o mais longo tem prazo de cerca de 30 anos. O ideal é tentar casar o prazo do título com a data da aposentadoria.

No início de 2023, porém, o Tesouro Direto passou a oferecer um novo tipo de título público similar ao Tesouro IPCA+, mas voltado especificamente para os investidores pouparem para a aposentadoria: o Tesouro RendA+ Aposentadoria Extra (NTN-B1).

Remunerado da mesma maneira que o Tesouro IPCA+ (com indexação à inflação) e com prazos também longos, o Tesouro RendA+ permite ao investidor fazer aportes durante vários anos, sem receber qualquer remuneração e, numa data futura (a chamada data de conversão) começar a receber pagamentos mensais, também corrigidos pelo IPCA, durante 20 anos, nos moldes de um plano previdenciário.

Eu explico tudo sobre o Tesouro RendA+ aqui.

Para investir no Tesouro Direto, você precisa abrir conta numa corretora de valores. Lembre-se apenas de optar por uma corretora que não cobre taxa de administração para este tipo de investimento. Assim, você ficará sujeito apenas à taxa de custódia obrigatória de 0,20% ao ano e ao imposto de renda sobre os rendimentos.

O restante dos investimentos pode ser distribuído por outros produtos financeiros. O ideal é priorizar aqueles que contam com algum tipo de incentivo fiscal.

É o caso das debêntures incentivadas, títulos de dívida emitidos por empresas para financiar projetos de infraestrutura e isentos de imposto de renda. Elas também costumam pagar uma remuneração prefixada acima de um índice de inflação.

Outra opção são os fundos imobiliários (FII), que investem em imóveis ou títulos de dívida atrelados ao mercado imobiliário e que pagam rendimentos isentos de imposto de renda.

Quem é mais afeito ao risco e ainda é jovem pode até destinar uma pequena parte da poupança para a aposentadoria às ações que pagam bons dividendos. Elas costumam ser mais defensivas, variando menos do que a média do mercado. Além disso, dividendos são isentos de IR, assim como o lucro com a venda de ações em valor inferior a R$ 20 mil por mês.

Mas e os planos de previdência privada?

Quem tem acesso a um plano de previdência oferecido pelo empregador, em que este também faça contribuições, deve aproveitar o benefício, que é muito vantajoso.

Mas quem não tem essa possibilidade pode optar por um PGBL ou VGBL oferecido por seguradora. Esses planos aceitam a adesão de qualquer investidor e oferecem soluções prontas de investimento e planejamento tributário, pois contam com incentivos fiscais.

Só que facilidade tem seu preço, e não faltam por aí planos de previdência privada caros e pouco rentáveis. A escolha de um plano requer alguma atenção.

Primeiramente, escolha um plano que invista em um bom fundo de investimento. Hoje em dia, diversas gestoras renomadas contam com versões previdenciárias de seus principais fundos, tanto na versão PGBL quanto VGBL.

Eles não necessariamente são espelhos perfeitos dos fundos principais dessas gestoras, mas seguem as estratégias e premissas de investimento da casa.

E engana-se quem pensa que esses produtos são voltados apenas para investidores abastados e clientes do segmento private. Eles são oferecidos em corretoras e distribuidoras de valores, bem como em seguradoras de plataforma aberta – isto é, que oferecem produtos de várias gestoras diferentes –, como as próprias Icatu e SulAmérica, já citadas neste texto. Além disso, o investimento inicial costuma ser de apenas alguns poucos milhares de reais.

Lembre-se também de olhar para o histórico de rentabilidade do fundo no longo prazo, para avaliar a consistência do gestor. Afinal, ele vai cuidar do seu dinheiro por um bom tempo.

Em segundo lugar, escolha planos em que não haja cobrança de taxa de carregamento. É mais fácil encontrá-los em corretoras ou seguradoras de plataforma aberta, mas até grandes bancos têm isentado seus planos de previdência dessa taxa.

Finalmente, é importante ficar de olho nas regras para aproveitar corretamente os incentivos tributários.

Um deles está disponível para qualquer investidor. Uma das vantagens dos PGBL e VGBL em relação aos fundos de investimento comuns é a ausência da tributação semestral conhecida como come-cotas. Nos planos de previdência, o imposto de renda só é pago quando o investidor recebe o benefício.

Os outros incentivos, contudo, requerem atenção. Um deles é a possibilidade de escolher entre duas tabelas de tributação, a progressiva e a regressiva. Na tabela regressiva, a menor alíquota de IR é de apenas 10%, inferior à alíquota mínima das demais aplicações não previdenciárias, que é de 15%.

Porém, para ter direito a essa alíquota, é preciso ficar no plano por mais de dez anos. Resgates efetuados no curto ou no médio prazo são “punidos” com alíquotas bem mais altas.

Finalmente, há a diferença fundamental entre PGBL e VGBL. Os PGBL são indicados apenas para quem entrega a declaração completa do imposto de renda, pois permitem a dedução das contribuições feitas ao plano em um limite de até 12% da renda bruta tributável anual.

Quem entrega a declaração simplificada, porém, deve optar por um VGBL, que não permite esse abatimento. Do contrário, acabará pagando imposto duas vezes.

O pulo do gato dos seguros

Uma dica para quem ainda está na fase de juntar dinheiro para a aposentadoria é aliar esse processo à contratação de um seguro de vida com cobertura para invalidez.

Esse seguro vai complementar a Previdência Social caso você venha a falecer ou fique inválido durante a fase de acumulação.

A lógica é a seguinte: se você tiver que juntar R$ 1 milhão para gerar renda para a aposentadoria, você começa a sua jornada de acumulação contratando uma apólice de R$ 1 milhão.

As apólices de seguro geralmente são renovadas anualmente. À medida em que suas reservas para a aposentadoria forem crescendo, o valor segurado da apólice pode ir diminuindo. Por exemplo, quando você tiver acumulado R$ 200 mil, seu seguro pode ser de R$ 800 mil, e assim por diante.

Algumas seguradoras fazem isso automaticamente para o cliente, mas há um custo. Fazer por conta própria ou com o auxílio de um assessor é melhor, para não sacrificar a rentabilidade. O ideal é combinar o seguro mais barato possível com o melhor investimento previdenciário possível.

“Dessa forma, você está fazendo um seguro para o seu fluxo de caixa futuro. Caso eu sofra um acidente e precise parar de trabalhar, eu não vou conseguir mais gerar renda. Se eu não tiver um seguro, não terei capacidade de me aposentar nem agora, nem no futuro”, explica Hoffman, da Icatu.

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