Como Jorge Paulo Lemann perdeu a liderança entre os bilionários brasileiros
Perda de valor da cervejaria AB Inbev e da produtora de alimentos Kraft Heinz tiraram o empresário do topo da lista. Veja cinco razões que levaram à queda
Quando Jorge Paulo Lemann assumiu a posição de homem mais rico do Brasil, em 2013, poucos diriam que o sócio da 3G Capital perderia a posição apenas seis anos depois para o banqueiro Joseph Safra.
Ao contrário, quando a firma de investimentos de Lemann anunciou a compra da Kraft Foods e a fusão com a Heinz, em 2015, o “sonho grande” do empresário e de seus sócios Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira estava em plena marcha.
Afinal, com a injeção da “fórmula mágica” do trio, que inclui o corte obsessivo de custos e a valorização dos principais executivos, a gigante de alimentos processados parecia fadada ao mesmo sucesso que fez Lemann dominar o mercado mundial de cervejas com a AB Inbev, a dona da Ambev aqui no Brasil.
Isso sem falar na união com Warren Buffett, o rei do “value investing”, cujo mantra é investir em empresas com valor considerado abaixo do justo. Ou seja, Lemann parecia ter criado um negócio à prova de falhas.
Em 2017, a 3G Capital e a Berkshire Hathaway de Buffett ainda tentariam uma investida sobre a Unilever, que acabou mal sucedida. Esse costuma ser considerado o ponto de virada para os negócios do brasileiro, cujo modelo começou a ser cada vez mais questionado. Inclusive pelo próprio Lemann, que já se declarou como um “dinossauro apavorado”.
A perda de valor de mercado da AB Inbev e, principalmente, da Kraft Heinz acabou tirando Lemann do topo da lista de bilionários brasileiros da revista Forbes. Das empresas controladas pela 3G, a única que vem passando ilesa à crise é a Restaurant Brands International, formada pela fusão do Burger King com a rede canadense Tim Hortons.
Leia Também
Mesmo com todo o “pavor”, o “dinossauro” ainda conta com uma fortuna de US$ 23,1 bilhões (R$ 87,2 bilhões), apenas US$ 1,7 bilhão atrás de Joseph Safra. Ou seja, Lemann pode voltar à liderança entre os bilionários se as empresas da 3G Capital recuperem parte do valor perdido no último ano.
Mas o que deu errado para Lemann? Enumerei a seguir cinco fatores citados mais frequentemente por analistas e pelos próprios sócios do empresário:
1 - Pagou caro pela Kraft
No papel, a união da Kraft Foods com a Heinz parecia perfeita. Mas não tão boa a ponto de valer os US$ 46 bilhões do negócio, segundo as estimativas da época. O próprio Warren Buffett reconheceu na semana passada que pagou caro demais pela empresa, embora diga que continua sendo um excelente negócio. A empresa combinada chegou a valer quase US$ 90 bilhões na época da fusão, mas despencou para os US$ 39,5 bilhões atuais.
2 - Mudança de hábito dos consumidores
A estratégia de Lemann e seus sócios é calcado na aposta em marcas consolidadas. Foi assim no mercado de cervejas com a histórica aquisição da Anheuser-Busch, dona da Budweiser. No ramo de alimentos, a 3G Capital se valeu da mesma tática ao adquirir marcas como o ketchup Heinz e o creamcheese Philadelphia.
Só faltou combinar com os consumidores, em particular os da nova geração. O avanço das cervejarias artesanais e rótulos “premium” afetou as vendas das bebidas da AB Inbev. A busca por alimentos mais saudáveis e o avanço de novos concorrentes também atingiram em cheio a Kraft Heinz.
3 - Cortou demais?
Será que a obsessão da 3G pelo corte de custos nas empresas que comanda foi longe demais? É o que parte do mercado passou a se questionar depois da perda de mercado das cervejas da AB Inbev e, principalmente, do terrível balanço da Kraft Heinz, que trouxe baixa contábil de US$ 15,4 bilhões relacionada à desvalorização das marcas.
O incômodo foi tão grande que o presidente da AB Inbev, o brasileiro Carlos Brito, procurou se distanciar da linha da empresa-irmã e negou a estratégia de corte indiscriminado de custos. Tanto que a cervejaria anunciou que pretende ampliar os gastos com marketing.
4 - Perda de confiança dos investidores
Como era de se esperar, as perdas na Kraft Heinz enfureceram os acionistas minoritários da companhia. Ainda depois que foi revelado que a empresa de Lemann transferiu US$ 1,23 bilhão em ações seis meses antes do anúncio das baixas contábeis. O caso rendeu uma ação na Justiça americana contra a companhia e a 3G Capital.
Não bastasse o descontamento dos acionistas, a Kraft anunciou ainda que enfrenta uma investigação da Securities and Exchange Commission (SEC, a xerife do mercado de capitais nos Estados Unidos).
5 - Alto endividamento
Outra estratégia vencedora que se voltou contra Lemann em tempos de crise foi o uso de dívida para financiar as aquisições bilionárias. Os empréstimos não só viabilizaram as maiores tacadas da 3G, como a compra da dona da Budweiser como multiplicaram o retorno dos investimentos.
Só que no caso da Kraft Heinz o retorno esperado não veio e o que ficou foi a dívida, agora na casa dos US$ 30 bilhões. O que colocou a 3G Capital na rara posição de vendedora, já que a empresa terá se livrar de ativos para melhorar a situação financeira.
E você, acredita que Jorge Paulo Lemann voltará a ser o homem mais rico do Brasil ou o modelo de negócios do empresário está ultrapassado? Deixe seu comentário logo abaixo ou lá no meu Twitter.
Mais um presente aos acionistas: Axia Energia (AXIA6) vai distribuir R$ 30 bilhões em bonificação com nova classe de ações
A distribuição ocorrerá com a criação de uma nova classe de ações preferenciais, a classe C (PNC). Os papéis serão entregues a todos os acionistas da Axia, na proporção de sua participação no capital social
Do campo de batalha ao chão da sala: a empresa de robôs militares que virou aspirador de pó — e acabou pedindo falência
Criadora dos robôs Roomba entra em recuperação judicial e será comprada por sua principal fabricante após anos de prejuízos
É para esvaziar o carrinho: o que levou o JP Morgan rebaixar o Grupo Mateus (GMAT3); ações caem mais de 2%
Embora haja potencial para melhorias operacionais, o banco alerta que o ruído de governança deve manter a ação da varejista fora do radar de muitos investidores
Sabesp (SBSP3), C&A (CEAB3), Hypera (HYPE3), Sanepar (SAPR11), Alupar (ALUP11), Ourofino (OFSA3) e outras 3 empresas anunciam R$ 2,5 bilhões em dividendos e JCP
Quem lidera a distribuição polpuda é a Sabesp, com R$ 1,79 bilhão em JCP; veja todos os prazos e condições para receber os proventos
Com dívidas bilionárias, Tesouro entra como ‘fiador’ e libera empréstimo de até R$ 12 bilhões aos Correios
Operação terá juros de 115% do CDI, carência de três anos e prazo de 15 anos; uso dos recursos será limitado em 2025 e depende de plano de reequilíbrio aprovado pelo governo
Banco Inter (INBR32) vai a mercado e reforça capital com letras financeiras de R$ 500 milhões
A emissão das “debêntures dos bancos” foi feita por meio de letras financeiras Tier I e Tier II e deve elevar o índice de Basileia do Inter; entenda como funciona a operação
Sob ameaça de banimento, TikTok é vendido nos EUA em um acordo cheio de pontos de interrogação
Após anos de pressão política, TikTok redefine controle nos EUA, com a Oracle entre os principais investidores e incertezas sobre a separação da ByteDance
O “presente de Natal” do Itaú (ITUB4): banco distribui ações aos investidores e garante dividendos turbinados
Enquanto os dividendos extraordinários não chegam, o Itaú reforçou a remuneração recorrente dos investidores com a operação; entenda
Petrobras (PETR4) e Braskem (BRKM5) fecham contratos de longo prazo de quase US$ 18 bilhões
Os contratos são de fornecimento de diferentes matérias primas para várias plantas da Braskem pelo país, como nafta, etano, propano e hidrogênio
Bradesco (BBDC4), Cemig (CMIG4), PetroRecôncavo (RECV3), Cogna (COGN3) e Tenda (TEND3) pagam R$ 5 bilhões em proventos; Itaú (ITUB4) anuncia bônus em ações
A maior fatia dessa distribuição farta ficou com o Bradesco, com R$ 3,9 bilhões, enquanto o Itaú bonifica acionistas em 3%; confira todos os prazos e condições para receber
CVM reabre caso da Alliança e mira fundo de Nelson Tanure e gestora ligada ao Banco Master 2 anos depois de OPA
O processo sancionador foi aberto mais de dois anos após a OPA que consolidou o controle da antiga Alliar, na esteira de uma longa investigação pela autarquia; entenda
Dona do Google recebe uma forcinha de Zuckerberg na ofensiva para destronar a Nvidia no mercado de IA
Com o TorchTPU, a Alphabet tenta remover barreiras técnicas e ampliar a adoção de suas TPUs em um setor dominado pela gigante dos chips
Casas Bahia (BHIA3) aprova plano que estica dívidas até 2050 e flexibiliza aumento de capital; ações sobem mais de 2%
Plano aprovado por acionistas e credores empurra vencimentos, reduz pressão de caixa e amplia a autonomia do conselho
Brava Energia (BRAV3) salta mais de 10% após rumores de venda de poços e com previsão de aumento nos investimentos em 2026
Apesar de a empresa ter negado a venda de ativos para a Eneva (ENEV3), o BTG Pactual avalia que ainda há espaço para movimentações no portfólio
Agora é lei: cardápios de papel serão obrigatórios em bares e restaurantes de São Paulo, dando adeus à hegemonia dos ‘QR Codes’
Cardápios digitais, popularizados durante a pandemia, permaneceram quase que de forma exclusiva em muitos estabelecimentos – mas realidade pode mudar com projeto de lei aprovado pela Alesp
Presente de Natal da Prio (PRIO3)? Empresa anuncia novo programa de recompra de até 86,9 milhões de ações; confira os detalhes
O conselho da Prio também aprovou o cancelamento de 26.890.385 ações ordinárias mantidas em tesouraria, sem redução do capital social
Exclusivo: Oncoclínicas (ONCO3) busca novo CEO e quer reestruturar todo o alto escalão após a crise financeira, diz fonte
Após erros estratégicos e trimestres de sufoco financeiro, a rede de oncologia estuda sucessão de Bruno Ferrari no comando e busca novos executivos para a diretoria
Copasa (CSMG3): lei para a privatização da companhia de saneamento é aprovada pelo legislativo de Minas Gerais
O texto permite que o estado deixe de ser o controlador da companhia, mas mantenha uma golden share, com poder de veto em decisões estratégicas
B de bilhão: BB Seguridade (BBSE3) anuncia quase R$ 9 bi em dividendos; Cemig (CMIG4) também libera proventos
Empresas anunciam distribuição farta aos acionistas e garantem um fim de ano mais animado
Vale (VALE3) e Petrobras (PETR4) estão entre as rainhas dos dividendos no 4T25; Itaú BBA diz quais setores vão reinar em 2026
Levantamento do banco aponta que ao menos 20 empresas ainda podem anunciar proventos acima de 5% até o final do ano que vem
