Com risco de calote da Rodovias do Tietê, 15 mil pessoas podem perder investimento
Popular entre as pessoas físicas, debênture RDVT11 era isenta de IR e prometia remuneração de 8% ao ano acima da inflação; mas agora, investidores podem ficar a ver navios. Entenda todo o caso

O pedido de recuperação judicial da concessionária Rodovias do Tietê colocou mais de 15 mil pessoas físicas diante de perdas que, se considerada a avaliação feita ontem pela XP Investimentos, podem chegar a 100% do investido em mais de R$ 1 bilhão de debêntures (títulos da dívida) emitidas pela concessionária. Este não é o primeiro calote de uma debênture emitida sob a Lei 12.431, mas certamente o que envolve o maior número de investidores pessoas físicas expostas à opção que ganhou enorme popularidade dada à isenção de imposto de renda.
Embora a deterioração da companhia fosse clara nos últimos anos, envolvendo inclusive alerta das agências de classificação de crédito, foi somente há três meses que uma possibilidade de perda de 60% ficou explícita na marcação de preço da XP Investimentos. Até então, a casa seguia sua política de marcar o investimento pelo preço que o investidor o adquiriu, apenas acumulando a variação do IPCA na remuneração, com a premissa de que o papel seria mantido até o vencimento.
À avaliação feita há cerca de três meses seguiu-se à apresentação de uma proposta da concessionária de alterar o prêmio do papel de 8% para 0,5%, além do IPCA. O vencimento da dívida iria de 2028 para 2036, quando também expira a concessão. A marcação a zero feita ontem reflete o fato de a companhia estar em recuperação judicial, mas não uma situação real futura, já o caminho agora é de negociação na Justiça para que os credores recebam parte de seus créditos.
Sinais
As perdas vinham sendo sinalizadas havia pelo menos dois anos, quando a concessionária começou a negociar com os donos de debêntures mudanças no fluxo de pagamento dos papéis, diante da necessidade de readequar sua projeção de investimentos à arrecadação menor do que a prevista nos pedágios.
Nesse período, a concessionária começou a usar a conta reserva para pagar os compromissos de juro das debêntures até que na sexta-feira passada, dia 8, alguns donos desses papéis pediram o vencimento antecipado da dívida. Na segunda-feira, 11, a empresa entrou com pedido de recuperação judicial, protocolado pelo escritório Munhoz Advogados, que está à frente do processo de recuperação judicial da Odebrecht.
Ao contrário de outros investimentos, como CDBs, as debêntures são ativos de crédito de maior risco e não estão protegidas pelo Fundo Garantidor de Créditos (FGC). Mas na maioria dos casos estão associadas a outras garantias. No caso da Rodovias do Tietê, as principais garantias são o fluxo de recebíveis dos pedágios e a participação nas Sociedades de Propósito Específico (SPEs).
Leia Também
Com renda fixa em alta, B3 lança índice que acompanha desempenho do Tesouro Selic
Na prática, porém, executar tais garantias é uma tarefa complexa. Em última instância, o grupo acabaria com a concessão em suas mãos, sem óbvia condição de mantê-la. O passo seguinte, provavelmente, seria a caducidade da concessão, por falta de capacidade de gestão. Na verdade, esse risco já existe dado que, em teoria, a recuperação judicial poderia provocar a perda da concessão.
Entre os debenturistas estão fundos de pensão, como o Serpro, gestoras de ativos, corretoras e fundos private equity (investimento em empresas de capital fechado), tendo a Pentágono como agente fiduciário dos papéis.
Busca por solução
A expectativa é de que, em recuperação judicial, as discussões entre os atuais acionistas controladores e o grupo de debenturistas representados pela XP Investimentos, pela assessoria financeira de ativos problemáticos Starboard e pelo escritório Felsberg Advogados seja rápida e leve a um desfecho positivo.
Organizado desde 2018, o grupo tende a aprovar a proposta apresentada pela empresa há cerca de três meses. Ela também envolve um aporte de R$ 360 milhões entre 2021 e 2022.
O fato de a votação ocorrer agora, obedecendo ao quórum da lei de recuperação judicial, também tende a facilitar a aprovação da proposta da empresa. Isso não foi possível fora da Justiça, até o momento, pela dificuldade de aglutinar um número suficiente de debenturistas nas assembleias. Enquanto antes era preciso que 100% dos presentes votassem a favor da proposta, agora uma aprovação é possível com 50% mais um dos debenturistas. Os donos desses papéis representam quase a totalidade da dívida da concessionária.
No entanto, antes da reunião de credores para votar o plano de recuperação da empresa, existe um encontro de debenturistas para acontecer, quando será votada a execução ou não das garantias. A previsão do grupo é de que eles votem a favor da não execução dos recebíveis dos pedágios e das participações, dado que ambos inviabilizam a concessão.
A Rodovias do Tietê estreou esse mercado em 2013, um ano após a Lei 12.431 sobre as debêntures de infraestrutura ter sido sancionada. O lançamento do papel foi turbulento, em meio à primeira sinalização do Banco Central norte-americano de virada na política de afrouxamento monetário. Isso provocou seu adiamento em mais de uma vez e elevação no retorno ao investidor para melhor remunerar o risco.
Mas, com uma agenda de investimento em infraestrutura grande e vários outros bons nomes vindo a mercado, as debêntures de infraestrutura foram ganhando espaço, com os bancos de investimento vendo uma oportunidade crescente no bolso das pessoas físicas, inicialmente de alta renda.
Problemas de Ambipar (AMBP3) e Braskem (BRKM5) podem contaminar títulos de dívida de outras empresas, indica Fitch
Eventos de crédito envolvendo essas duas empresas, que podem estar em vias de entrar em recuperação judicial, podem aumentar a aversão a risco de investidores de renda fixa corporativa, avalia agência de rating
Tesouro Direto: retorno do Tesouro IPCA+ supera 8% mais inflação nesta quinta (2); o que empurrou a taxa para cima?
Trata-se de um retorno recorde para o título de 2029, que sugere uma reação negativa do mercado a uma nova proposta de gratuidade do transporte público pelo governo Lula
Brasil captou no exterior com menor prêmio da história este ano: “há um apetite externo muito grande”, diz secretário do Tesouro
Em evento do BNDES, Rogério Ceron afirmou que as taxas dos títulos soberanos de cinco anos fecharam com a menor diferença da história em relação aos Treasurys dos EUA
Isentas de imposto de renda ou não, debêntures incentivadas continuarão em alta; entenda por quê
A “corrida pelos isentos” para garantir o IR zero é menos responsável pelas taxas atuais dos títulos do que se pode imaginar. O fator determinante é outro e não vai mudar tão cedo
Renda fixa: Tesouro IPCA+ pode render 60% em um ano e é a grande oportunidade do momento, diz Marília Fontes, da Nord
Especialista aponta que as taxas atuais são raras e que o fechamento dos juros pode gerar ganhos de até 60% em um ano
Quanto rendem R$ 10 mil na renda fixa conservadora com a Selic estacionada em 15% — e quais são os ativos mais atrativos agora
Analistas de renda fixa da XP Investimentos simulam retorno em aplicações como poupança, Tesouro Selic, CDB e LCI e recomendam ativos preferidos na classe
Tesouro Selic deve ser primeiro título do Tesouro Direto a ter negociação de 24 horas, diz CEO da B3
Rogério Ceron, secretário do Tesouro Nacional, também falou sobre o que esperar do próximo produto da plataforma: o Tesouro Reserva de Emergência
Nada de 120% do CDI: CDB e LCA estão pagando menos, com queda de juros à vista e sem o banco Master na jogada; veja a remuneração máxima
Levantamento da Quantum Finance traz as emissões com taxas acima da média do mercado e mostra que os valores diminuíram em relação a julho
Chamada final para retornos de 15% ou IPCA + 7%? Analistas indicam o melhor da renda fixa para setembro, antes de a Selic começar a cair
BTG Pactual, BB Investimentos, Itaú BBA e XP recomendam travar boa rentabilidade agora e levar títulos até o vencimento diante da possibilidade de corte dos juros à frente
CDB do Banco Master a 185% do CDI ou IPCA + 30%: vale a pena investir agora? Entenda os riscos e até onde vai a garantia do FGC
Os títulos de renda fixa seguem com desconto nas plataformas de corretoras enquanto a situação do banco Master continua indefinida
Liquidação no mercado secundário dispara retorno de CDBs do Banco Master: de IPCA + 30% a 175% do CDI
Sem a venda para o BRB, mercado exige prêmio maior para o risco aumentado das dívidas do banco e investidores aceitam vender com descontos de até 40% no preço
Como ficam os CDBs do banco Master e do Will Bank após venda ao BRB ser barrada? Retornos chegam a 25% ao ano ou IPCA + 19%
A percepção de risco aumentou e investidores correm para vender seus títulos novamente, absorvendo prejuízos com preços até 40% menores
SPX diminui aposta no Banco do Brasil e vê oportunidade rara no crédito soberano da Argentina
Com spreads comprimidos travando o mercado local de títulos de dívida, a SPX afina a estratégia para preservar relação risco-retorno em fundos de crédito
Braskem, Vale, Mercado Livre… onde estão os riscos e oportunidades no crédito para quem investe em debêntures, na visão da Moody’s
Relatório da agência de risco projeta estabilidade na qualidade do crédito até o próximo ano, mas desaceleração da atividade em meio a juros altos e incertezas políticas exigem cautela
Prêmio das debêntures de infraestrutura é o menor em cinco anos — quem está comprando esse risco e por quê?
Diferença nas taxas em relação aos retornos dos títulos públicos está cada vez menor, diante da corrida aos isentos impulsionada por uma possível cobrança de imposto
A nova jogada dos gestores de crédito para debêntures incentivadas em meio à incerteza da isenção do IR
Com spreads cada vez mais apertados e dúvidas sobre a isenção do imposto de renda, gestores recorrem ao risco intermediário e reforçam posições em FIDCs para buscar retorno
Tesouro Direto vai operar 24 horas por dia a partir de 2026
Novidades incluem título para reserva de emergência sem marcação a mercado e plataforma mais acessível para novos investidores
Tesouro Direto IPCA ou Prefixado: Qual a melhor opção de renda fixa para lucrar na virada de ciclo dos juros?
Com juros em queda e inflação sob controle, entenda como escolher a melhor opção de rentabilidade para proteger e potencializar os investimentos
Debêntures da Petrobras (PETR4) e prefixados com taxa de 13% ao ano são destaques. Confira as recomendações para renda fixa em agosto
BTG Pactual, Itaú BBA e XP recomendam travar boa rentabilidade agora e levar títulos até o vencimento diante das incertezas futuras
Tesouro Educa+ faz aniversário com taxas de IPCA + 7% em todos os vencimentos; dá para garantir faculdade, material e mais
Título público voltado para a educação dos filhos dobrou de tamanho em relação ao primeiro ano e soma quase 160 mil investidores