Gestores não acreditam que tributação de títulos isentos vai passar, mas aumentam posição em debêntures incentivadas
Pesquisa exclusiva da Empiricus revela expectativa de grandes gestores de crédito sobre a aprovação da MP 1.303 e suas possíveis consequências

O mercado de crédito privado no Brasil está passando por um período de ajuste e expectativa, segundo a edição de julho do relatório "Perspectiva dos Gestores", elaborado pela Empiricus.
A pesquisa — que consultou 18 grandes gestoras, somando R$ 852 bilhões sob gestão — destaca a prudência dos gestores neste último mês, diante das incertezas em torno da Medida Provisória 1.303/25, que pode alterar a tributação de debêntures incentivadas, principal ativo de alocação dos fundos de crédito.
- VEJA MAIS: Já está no ar o evento “Onde investir no 2º semestre de 2025”, do Seu Dinheiro, com as melhores recomendações de ações, FIIs, BDRs, criptomoedas e renda fixa
Um dos pontos centrais do relatório de julho foi a "pergunta do mês", que questionou a probabilidade de aprovação da MP 1.303 no Congresso Nacional.
O texto — entregue pelo governo federal em 11 de junho — está em vigor, mas ainda precisa ser apreciado e validado pelos deputados e senadores para ter força de lei.
A medida provisória propõe uma alíquota de 5% de Imposto de Renda para ativos atualmente isentos, como as debêntures incentivadas, as Letras de Crédito do Agronegócio (LCA) e Imobiliárias (LCI), entre outros investimentos.
Embora a maioria dos gestores (55,6%) considere improvável a aprovação da MP, uma parcela significativa, quase 28% (22,2% provável e 5,6% muito provável), acredita que a tributação pode ser aprovada, evidenciando uma falta de consenso no mercado sobre o tema.
Leia Também
Prêmio das debêntures de infraestrutura é o menor em cinco anos — quem está comprando esse risco e por quê?
A nova jogada dos gestores de crédito para debêntures incentivadas em meio à incerteza da isenção do IR
As respostas foram coletadas entre os dias 2 e 7 de julho de 2025, e algumas das casas participantes foram Absolute, ARX, Capitânia, Ibiuna, Kinea, Legacy, Sparta e SPX.
Pelo menos 16,7% dos gestores preferiram “não opinar” sobre o assunto.
O que acontece se a MP 1.303 for aprovada?
Caso a MP seja aprovada, os gestores de crédito apontaram alguns pontos de atenção que poderiam impactar o mercado de títulos de renda fixa:
O primeiro grande efeito esperado é na maior demanda por títulos isentos, como debêntures incentivadas, LCI, LCA, CRI e CRA, no curto prazo.
Os gestores esperam uma forte busca dos investidores pessoa física pelos ativos emitidos até o fim de 2025, que manteriam a isenção, segundo as regras estabelecidas no texto original da MP 1.303.
Consequentemente, as ofertas após a vigência da tributação sofreriam com o baixo interesse.
Essa “corrida” pelos isentos também teria outro efeito: a compressão de spreads (diferença de retorno entre o título privado e o título público) das debêntures incentivadas e de outros títulos que perderiam a isenção.
No entanto, os gestores acreditam que esses spreads deveriam aumentar a partir de 2026 nas novas emissões, para compensar a perda da isenção e manter a atratividade dos títulos.
Também há uma expectativa de aumento no volume de emissões primárias de debêntures incentivadas neste ano, e maior liquidez nas negociações no mercado secundário.
Recentemente, grandes empresas como Petrobras e Vale anunciaram emissões bilionárias isentas de imposto de renda, o que pode estar alinhado a essa antecipação devido à MP.
- NO MÊS PASSADO: Estratégia dos gestores: títulos AAA e agro ficam em segundo plano; pitada de risco é bem-vinda para melhorar retornos
Sobrealocação em debêntures incentivadas agora
Mas não são apenas os investidores pessoas físicas que estão na “corrida dos isentos”.
Uma das principais mudanças nas carteiras dos gestores de crédito no último mês foi a sobrealocação em debêntures incentivadas, segundo a pesquisa da Empiricus.
Embora a maior posição dos fundos ainda esteja em caixa e em Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIDCs), a sobrealocação em debêntures incentivadas representa uma mudança notável e um movimento tático relevante.
Segundo os analistas da Empiricus, a lógica por trás dessa sobrealocação é que, se a MP 1.303 for aprovada e as debêntures incentivadas passarem a ser tributadas a partir de 2026, haverá um aumento na demanda por esses ativos até o final do ano.
Isso, por sua vez, geraria um fechamento de seus spreads e uma valorização no preço desses títulos para os gestores que os adquiriram antes da mudança tributária, o que pode representar um ganho significativo de capital.
De modo geral, a expectativa de captação para os próximos seis meses está mais concentrada em pessoas físicas, alocadores de fundos e gestão de patrimônio por meio de fundos private e family offices.
Tesouro Educa+ faz aniversário com taxas de IPCA + 7% em todos os vencimentos; dá para garantir faculdade, material e mais
Título público voltado para a educação dos filhos dobrou de tamanho em relação ao primeiro ano e soma quase 160 mil investidores
De debêntures incentivadas a fundos de infraestrutura, investidores raspam as prateleiras para garantir títulos isentos — e aceitam taxas cada vez menores
A Medida Provisória 1.303/25 tem provocado uma corrida por ativos isentos de imposto de renda, levando os spreads dos títulos incentivados a mínimas históricas
De SNCI11 a URPR11: Calote de CRIs é problema e gestores de fundos imobiliários negociam alternativas
Os credores têm aceitado abrir negociações para buscar alternativas e ter chances maiores de receber o pagamento dos títulos
Renda fixa capta bilhões em dólar e em real e consolida ‘novo normal’ no primeiro semestre de 2025, diz Anbima
Debêntures incentivadas ganham cada vez mais destaque, e até mesmo uma “alternativa exótica” cresce como opção
Ficou mais barato investir em títulos do Tesouro dos EUA e renda fixa global: Avenue amplia variedade de bonds e diminui valor mínimo
São mais de 140 novos títulos emitidos por companhias de países como Canadá, França e Reino Unido
Perdeu a emissão primária de debêntures da Petrobras (PETR4)? Títulos já estão no mercado secundário e são oportunidade para o longo prazo
Renda fixa da Petrobras paga menos que os títulos públicos agora, mas analistas veem a possibilidade de retorno ou ganho de capital no futuro
Renda fixa vai ganhar canal digital de negociação no mercado secundário com aval da CVM; entenda como vai funcionar
O lançamento está previsto para acontecer neste mês, já com acesso a debêntures, CRIs, CRAs, CDBs, LCIs, LCAs e LIGs
Isa Energia e CPFL são compra em julho. Confira as recomendações de debêntures, CRI e CRA, LCD e títulos públicos para o mês
BB Investimentos, BTG Pactual, Itaú BBA e XP recomendam travar boa rentabilidade na renda fixa agora, diante da perspectiva de taxas menores no futuro
CDB ou LCA: títulos mais rentáveis de junho diminuem taxas, mas valores máximos chegam a 105% do CDI com imposto e 13,2% ao ano isento de IR
Levantamento da Quantum Finance traz as emissões com taxas acima da média do mercado e mostra que os valores diminuíram em relação a maio
“Uma pena o Brasil ter entrado nessa indústria de isento”: por que Reinaldo Le Grazie, ex-BC, vê a taxação de títulos de renda fixa com bons olhos?
MP 1.303 reacende uma discussão positiva para a indústria, segundo o sócio da Panamby, que pode melhorar a alocação de capital no Brasil
Nem toda renda fixa, mas sempre a renda fixa: estas são as escolhas dos especialistas para investir no segundo semestre
Laís Costa, da Empiricus, Mariana Dreux, da Itaú Asset, e Reinaldo Le Grazie, da Panamby, indicam o caminho das pedras para garantir os maiores retornos na renda fixa em evento exclusivo do Seu Dinheiro
Crédito privado conquistou os investidores com promessas de alto retorno e menos volatilidade; saiba o que esperar daqui para frente
Ativos de crédito privado, como FIDCs e debêntures, passaram a ocupar lugar de destaque na carteira dos investidores; especialistas revelam oportunidades e previsões para o setor
Petrobras (PETR4) emite R$ 3 bilhões em debêntures, com taxas que pagam menos que os títulos públicos — mas são consideradas atrativas
A renda fixa da Petrobras, com isenção de imposto de renda, tem apelo significativo neste momento, segundo avaliação da Empiricus
Subiu mais um pouquinho: quanto rendem R$ 100 mil na poupança, em Tesouro Selic, CDB e LCI com a Selic em 15%
Copom aumentou a taxa básica em mais 0,25 ponto percentual nesta quarta (18), elevando ainda mais o retorno das aplicações pós-fixadas; ajuste deve ser o último do ciclo de alta
Acabou a isenção: como as mudanças propostas no imposto de renda dos investimentos podem mexer com os mercados
Investidores podem esperar mudanças nas taxas, nos prazos e nos retornos se propostas da MP 1.303/25, que estabelece imposto de 5% para isentos e alíquota única de 17,5% para demais investimentos, forem aprovadas
LCI, LCA, CRI, CRA e debêntures incentivadas devem perder isenção de IR e passar a ser tributadas; veja regras completas
Governo publicou texto da Medida Provisória com novas regras de tributação para investimentos que inclui tributação de 5% para títulos de renda fixa antes isentos
Estratégia dos gestores: títulos AAA e agro ficam em segundo plano; pitada de risco é bem-vinda para melhorar retornos
Enquanto investidores colocam cada vez mais fichas no crédito privado, gestores enfrentam cenário mais difícil para retornos acima da curva
O que esperar da renda fixa com o fim das altas na Selic e a possível tributação de isentos, como LCI e LCA?
No Touros e Ursos desta semana, Ulisses Nehmi, CEO da gestora de renda fixa Sparta, fala sobre estratégias e riscos diante de um juro tão alto e ameaças de tributação
Renda fixa em junho: Tesouro IPCA+ e debênture da Sabesp são destaques; indicações incluem títulos isentos como CRIs, LCAs e a nova LCD
Veja o que BB Investimentos, BTG Pactual, Itaú BBA e XP recomendam comprar na renda fixa em junho
Não são só as LCIs e LCAs! CRI, CRA e debêntures incentivadas também devem perder isenção; demais investimentos terão alíquota única
Pacote de medidas para substituir o aumento do IOF propõe tributação de 5% em todos os títulos de renda fixa hoje isentos, além de alíquota única de 17,5% nas demais aplicações