De debêntures incentivadas a fundos de infraestrutura, investidores raspam as prateleiras para garantir títulos isentos — e aceitam taxas cada vez menores
A Medida Provisória 1.303/25 tem provocado uma corrida por ativos isentos de imposto de renda, levando os spreads dos títulos incentivados a mínimas históricas

O mercado de crédito privado vive um momento de efervescência e reajuste. Estimulados pela Medida Provisória (MP) 1.303/25, investidores e gestores de fundos correm para garantir ativos de renda fixa isentos de imposto de renda, redefinindo a dinâmica de volumes e rentabilidades dos títulos incentivados.
A MP, em vigor desde a sua publicação em 11 de junho, propõe uma alíquota de 5% de Imposto de Renda sobre títulos como Letras de Crédito Imobiliário (LCIs), Letras de Crédito do Agronegócio (LCAs), Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs), Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRAs), debêntures incentivadas e também sobre os fundos que investem nesses ativos.
- LEIA TAMBÉM: Analistas da Empiricus Research estão disponibilizando gratuitamente uma carteira para buscar gerar renda passiva com investimentos; acesse já
Essa tributação se aplicaria às emissões realizadas a partir de 2026. Ou seja, segundo o texto original, a isenção de IR se mantém para o estoque já investido por pessoas físicas, desde que a emissão tenha ocorrido até o fim de 2025.
Apesar de a MP ainda precisar da apreciação do Congresso Nacional para manter sua validade, o mercado já demonstra uma "corrida dos isentos".
Roberto Dumke, head de research do Banco ABC Brasil, afirma em relatório que “os investidores estão raspando as prateleiras na tentativa de garantir ativos cuja tributação pode mudar a partir de 2026”.
Diante da nova demanda, junho foi o mês com o maior volume mensal de emissões de crédito privado. Levantamento do BTG Pactual mostra que os títulos isentos totalizaram R$ 19 bilhões em emissões, alta de 35% em relação a maio.
Leia Também
- LEIA TAMBÉM: Gestores não acreditam que tributação de títulos isentos vai passar, mas aumentam posição em debêntures incentivadas
Debêntures impulsionam FI-Infras
A forte demanda por títulos isentos já é uma realidade e gestores esperam uma busca intensa por esses ativos emitidos até o fim de 2025. Isso porque eles manterão a isenção de IR conforme a regra proposta na MP 1.303/25.
Acontece que essa busca não se restringe às debêntures incentivadas, CRIs, CRAs, LCIs e LCAs. Os fundos de infraestrutura (FI-Infras) também estão na mira.
Em junho, esses fundos, que investem em debêntures incentivadas, registraram uma captação notável de R$ 10,4 bilhões, segundo levantamento do banco ABC Brasil — o melhor resultado desde outubro de 2024.
Em análise recente, a gestora Sparta afirma que os FI-Infras representam uma oportunidade para "manter a isenção de IR no longo prazo". Já os títulos como LCIs e LCAs são mais interessantes para quem busca travar a isenção no curto prazo.
Segundo a MP, as cotas de FI-Infras emitidas até o final de 2025 manterão sua isenção de IR, ainda que sejam adquiridas em anos posteriores.
A Sparta, inclusive, reabriu seus fundos de debêntures incentivadas de plataforma que estavam fechados há mais de um ano para captar nesse momento de demanda intensa.
A dança dos spreads dos títulos isentos
Acontece que uma procura tão alta não vai passar despercebida na remuneração desses ativos. O spread — diferença de retorno entre um título privado e um título público de mesmo vencimento — dos títulos isentos diminuiu consideravelmente em junho.
Em outras palavras, os retornos extras desses papéis em relação aos retornos dos títulos do Tesouro ficaram bem menores.
Segundo o levantamento do BTG, o spread das debêntures indexadas ao CDI diminuiu 3 pontos-base em junho, encerrando o mês em CDI+1,46%. No acumulado do ano, o spread contraiu 36 pontos-base.
Já as debêntures incentivadas indexadas ao IPCA passaram por uma compressão de spread mais acentuada, de 13 pontos-base em junho. Elas fecharam o mês com uma diferença de 24 pontos-base em relação ao Tesouro IPCA+ de referência, na faixa de IPCA + 7,96%.
Segundo o BTG, a compressão maior das debêntures incentivadas é por causa da MP 1.303/25. Tanto que a tendência de aperto continuou em julho, com uma nova contração de 5 pontos-base até o dia 15 do mês, diminuindo a diferença em relação ao título público para 19 pontos-base.
Na pesquisa com gestores de crédito de julho, o time da Empiricus verificou que, mesmo diante de prêmios menores nesses títulos, a corrida dos isentos ainda representa uma estratégia de ganhos futuros.
Isso porque, a aprovação da MP levaria a uma valorização no preço desses títulos emitidos até o fim de 2025. Com isso, existe um potencial ganho de capital para quem os adquirir antes da mudança e vender no mercado secundário futuramente.
Mercado secundário mais forte
O mercado secundário é onde os ativos são negociados após a emissão inicial, entre investidores. Este mercado vem crescendo aos poucos para os títulos de crédito privado, isentos ou não.
Em junho, até mesmo este volume de negociações disparou. As negociações de debêntures incentivadas, em particular, registraram o maior volume histórico, com R$ 37,3 bilhões, segundo o banco ABC Brasil.
A participação dos títulos incentivados no volume total negociado no secundário subiu para 41% em junho, ante 39% em maio e 37% em abril, informa o BTG.
Um maior protagonismo do mercado secundário também é esperado pelos gestores, principalmente a partir de 2026, caso a tributação dos investimentos hoje isentos se confirme.
A nova jogada dos gestores de crédito para debêntures incentivadas em meio à incerteza da isenção do IR
Com spreads cada vez mais apertados e dúvidas sobre a isenção do imposto de renda, gestores recorrem ao risco intermediário e reforçam posições em FIDCs para buscar retorno
Tesouro Direto vai operar 24 horas por dia a partir de 2026
Novidades incluem título para reserva de emergência sem marcação a mercado e plataforma mais acessível para novos investidores
Tesouro Direto IPCA ou Prefixado: Qual a melhor opção de renda fixa para lucrar na virada de ciclo dos juros?
Com juros em queda e inflação sob controle, entenda como escolher a melhor opção de rentabilidade para proteger e potencializar os investimentos
Debêntures da Petrobras (PETR4) e prefixados com taxa de 13% ao ano são destaques. Confira as recomendações para renda fixa em agosto
BTG Pactual, Itaú BBA e XP recomendam travar boa rentabilidade agora e levar títulos até o vencimento diante das incertezas futuras
Tesouro Educa+ faz aniversário com taxas de IPCA + 7% em todos os vencimentos; dá para garantir faculdade, material e mais
Título público voltado para a educação dos filhos dobrou de tamanho em relação ao primeiro ano e soma quase 160 mil investidores
De SNCI11 a URPR11: Calote de CRIs é problema e gestores de fundos imobiliários negociam alternativas
Os credores têm aceitado abrir negociações para buscar alternativas e ter chances maiores de receber o pagamento dos títulos
Renda fixa capta bilhões em dólar e em real e consolida ‘novo normal’ no primeiro semestre de 2025, diz Anbima
Debêntures incentivadas ganham cada vez mais destaque, e até mesmo uma “alternativa exótica” cresce como opção
Ficou mais barato investir em títulos do Tesouro dos EUA e renda fixa global: Avenue amplia variedade de bonds e diminui valor mínimo
São mais de 140 novos títulos emitidos por companhias de países como Canadá, França e Reino Unido
Perdeu a emissão primária de debêntures da Petrobras (PETR4)? Títulos já estão no mercado secundário e são oportunidade para o longo prazo
Renda fixa da Petrobras paga menos que os títulos públicos agora, mas analistas veem a possibilidade de retorno ou ganho de capital no futuro
Renda fixa vai ganhar canal digital de negociação no mercado secundário com aval da CVM; entenda como vai funcionar
O lançamento está previsto para acontecer neste mês, já com acesso a debêntures, CRIs, CRAs, CDBs, LCIs, LCAs e LIGs
Gestores não acreditam que tributação de títulos isentos vai passar, mas aumentam posição em debêntures incentivadas
Pesquisa exclusiva da Empiricus revela expectativa de grandes gestores de crédito sobre a aprovação da MP 1.303 e suas possíveis consequências
Isa Energia e CPFL são compra em julho. Confira as recomendações de debêntures, CRI e CRA, LCD e títulos públicos para o mês
BB Investimentos, BTG Pactual, Itaú BBA e XP recomendam travar boa rentabilidade na renda fixa agora, diante da perspectiva de taxas menores no futuro
CDB ou LCA: títulos mais rentáveis de junho diminuem taxas, mas valores máximos chegam a 105% do CDI com imposto e 13,2% ao ano isento de IR
Levantamento da Quantum Finance traz as emissões com taxas acima da média do mercado e mostra que os valores diminuíram em relação a maio
“Uma pena o Brasil ter entrado nessa indústria de isento”: por que Reinaldo Le Grazie, ex-BC, vê a taxação de títulos de renda fixa com bons olhos?
MP 1.303 reacende uma discussão positiva para a indústria, segundo o sócio da Panamby, que pode melhorar a alocação de capital no Brasil
Nem toda renda fixa, mas sempre a renda fixa: estas são as escolhas dos especialistas para investir no segundo semestre
Laís Costa, da Empiricus, Mariana Dreux, da Itaú Asset, e Reinaldo Le Grazie, da Panamby, indicam o caminho das pedras para garantir os maiores retornos na renda fixa em evento exclusivo do Seu Dinheiro
Crédito privado conquistou os investidores com promessas de alto retorno e menos volatilidade; saiba o que esperar daqui para frente
Ativos de crédito privado, como FIDCs e debêntures, passaram a ocupar lugar de destaque na carteira dos investidores; especialistas revelam oportunidades e previsões para o setor
Petrobras (PETR4) emite R$ 3 bilhões em debêntures, com taxas que pagam menos que os títulos públicos — mas são consideradas atrativas
A renda fixa da Petrobras, com isenção de imposto de renda, tem apelo significativo neste momento, segundo avaliação da Empiricus
Subiu mais um pouquinho: quanto rendem R$ 100 mil na poupança, em Tesouro Selic, CDB e LCI com a Selic em 15%
Copom aumentou a taxa básica em mais 0,25 ponto percentual nesta quarta (18), elevando ainda mais o retorno das aplicações pós-fixadas; ajuste deve ser o último do ciclo de alta
Acabou a isenção: como as mudanças propostas no imposto de renda dos investimentos podem mexer com os mercados
Investidores podem esperar mudanças nas taxas, nos prazos e nos retornos se propostas da MP 1.303/25, que estabelece imposto de 5% para isentos e alíquota única de 17,5% para demais investimentos, forem aprovadas
LCI, LCA, CRI, CRA e debêntures incentivadas devem perder isenção de IR e passar a ser tributadas; veja regras completas
Governo publicou texto da Medida Provisória com novas regras de tributação para investimentos que inclui tributação de 5% para títulos de renda fixa antes isentos