Um café e a conta: o que abertura do Blue Box Café da Tiffany em São Paulo diz sobre o novo mercado de luxo
O café pop-up abre hoje (27) e fica até o dia 30 de abril; joalheria segue tendência mundial de outras companhias de luxo

Nas avenidas e bairros mais disputados das grandes metrópoles, você verá estabelecimentos com logos de marcas como Louis Vuitton, Gucci, Ralph Lauren e Dior.
Mas não são lojas.
São os novos cafés e restaurantes, fundados por essas empresas de luxo para oferecer aos clientes e para os aspirantes algo que vai além do consumo do produto em si.
A tendência mundial já chegou no Brasil, através de ativações temporárias. A mais recente é o Blue Box Café, da joalheria Tiffany, responsável por causar um burburinho, tanto entre os consumidores de luxo, quanto naqueles que sonham com um Breakfast at Tiffany's desde que viram o filme com Audrey Hepburn.
O café pop-up abre hoje (27) e fica até o dia 30 de abril, em frente à flagship da joalheria no shopping Iguatemi, com preços que podem chegar a R$ 500 por pessoa para o chá da tarde completo.
O gatilho de escassez é claro: o café vai ficar por pouco tempo e só funciona mediante reservas. Isso não é à toa, já que a ideia de “raridade” é um dos princípios do mercado de bens de alto padrão.
Leia Também
“O luxo gera mais luxo através da escassez”, explica o especialista de marketing de luxo, Ricardo Piochi.

Na visão de Piochi, o lançamento do café representa uma aposta no mercado de luxo brasileiro. Aposta esta que também causou o reposicionamento da flagship na arquitetura do shopping. Após negociações, a Tiffany saiu da fachada e entrou na “área nobre” do Iguatemi.
Nesse sentido, o formato pop-up pode ser lido também como uma aposta, um teste do modelo.
Ainda mais considerando o alto investimento que um estabelecimento como esse demanda. Afinal, São Paulo não é Londres, Nova York ou Hong Kong – cidades globais com muitos clientes de luxo, que têm “volume suficiente de pessoas passantes para manter esse padrão de qualidade da marca em todos os aspectos”, diz Piochi.
O custo de ter um café ou restaurante é alto quando se trata de uma marca de luxo que precisa manter o “sarrafo alto” em todo o ecossistema. A Tiffany que o diga: o projeto arquitetônico de Humberto Campana e o menu pelo restaurante Piselli estão longe de serem baratos.
“Essa conta não vai ser paga vendendo café e croissant”, afirma Piochi.
Por que, então, investir tanto dinheiro?
O café é o ‘de menos’
Por mais altos que sejam os preços nesse cafés de luxo (o menu Breakfast at Tiffany’s sai por, no mínimo, R$ 350), as marcas não estão querendo entrar no negócio de gastronomia para aumentar a receita.
O que essas empresas estão mirando é um recurso também escasso, tanto no mercado de luxo quanto fora dele: a atenção das pessoas.
- LEIA TAMBÉM: Existe ‘luz no fim do túnel’ para Louis Vuitton, Hermès e Gucci? Mercado de luxo deve ter crescimento morno até 2027
A exposição gerada através da mídia, dos influenciadores e das redes sociais é o que faz a marca se fortalecer na cabeça das pessoas, atraindo potenciais clientes e consolidando a relação com quem já foi conquistado pela marca.
Não é por acaso que esses cafés e restaurantes têm até os mínimos detalhes milimetricamente calculados, desde a bandeja em que é servido o prato até o guardanapo.
“É totalmente pensado para o ser o mais instagramável possível, porque essas marcas precisam criar esse desejo sobre elas, para gerar esse interesse do cliente”, explica Ricardo Piochi.
“Queremos que nossos clientes se sintam imersos no universo da Tiffany & Co., como se estivessem em uma cena do filme clássico Bonequinha de Luxo, vivendo o encanto e a sofisticação que a marca representa”, diz Satomi Nanba, diretora executiva de Mix, Varejo e Relacionamento da Iguatemi S.A..

Se, antes, a estratégia de luxo de entrada era baseada em oferecer produtos mais acessíveis como óculos, lenços e perfumes, depois da pandemia, as marcas perceberam que só o produto pelo produto não era mais suficiente para manter os consumidores fiéis e fazê-los sentirem pertencentes.
Somado a isso, o contexto de crise econômica global fez com que mesmo esses produtos clássicos de entrada se tornassem caros.
“Os cafés e os restaurantes acabam sendo uma forma da pessoa experimentar a marca, aumentar esse desejo e conseguir criar uma relação, que começa nos itens mais baratos”, explica o especialista em luxo.
A executiva da Iguatemi S.A. reforça que o café da Tiffany é uma oportunidade para o cliente vivenciar o universo da marca.
“O Blue Box Café representa um movimento global do mercado de luxo: a valorização da experiência. Hoje, o cliente busca muito além de produtos exclusivos; ele deseja momentos memoráveis, imersivos e sensoriais. E, no Brasil, onde o consumidor já está habituado a um atendimento altamente personalizado, esse fator se torna ainda mais essencial”, explica.
Não há mais como negar: a economia da experiência chegou ao luxo. E a criatividade pode correr solta.
- É importante lembrar que as novas gerações já estão mostrando interesse mais pelo “viver” do que pelo “ter”, o que fortalece a oferta de experiências como uma estratégia vencedora para conquistar essa nova base de clientes, que têm padrões de comportamento e consumo diferentes das gerações anteriores.
A Miu Miu fez um clube do livro para ler clássicos da literatura italiana e fez também um sorvete; a Prada fez um carrinhos de flores; a Ralph Lauren tem um café próprio desde o começo dos anos 2000; no último verão europeu, as marcas de luxo encheram os beach clubs da costa francesa, italiana e portuguesa com patrocínios. Aqui no Brasil, a Carolina Herrera estampou o rooftop do luxuoso Fera Hotel, em Salvador, com as cores da marca.
A Louis Vuitton, maior marca de luxo do mundo, já tem mais de 20 estabelecimentos gastronômicos, entre cafés, restaurantes e salas VIP.
Os exemplos são vários e não param de aparecer, o que só confirma o quão aquecido está esse mercado. As marcas querem construir uma relação de longo prazo com os potenciais clientes, mesmo aqueles que não têm dinheiro para comprar os produtos no atual momento, explica Piochi.
E tudo começa com o convite para um café.

Por que abrigar um restaurante de luxo?
O local onde as marcas resolvem alocar os cafés e restaurantes também passa por um processo de decisão criteriosa. Algumas têm alocado os espaços gastronômicos dentro das próprias lojas, enquanto outras têm preferido se associar a hotéis e outros estabelecimentos.
No caso do Blue Box, o café ficará logo em frente à joalheria, consolidando ainda mais a aproximação com os potenciais clientes. Segundo Piochi, para o Iguatemi, trata-se de uma relação“ganha-ganha. “O shopping vai atrair novas pessoas dispostas a comprar, aumentando o fluxo”, diz.
A visão é corroborada por Satomi Nanba: “sempre que trazemos novidades desse porte, percebemos um aumento no fluxo de visitantes interessados em viver algo novo”. Apesar de não comentar sobre as perspectivas de aumento de vendas, Nanba afirma que tem uma expectativa positiva com a novidade.
Em Roma, o luxuoso Hotel de la Ville recebe neste mês o primeiro café Ginori, do grupo Kering (dono da Gucci).
- LEIA MAIS: O upgrade da Air France: primeira classe ganha pijamas Jacquemus, transfer Porsche e mais
O estabelecimento gastronômico será aberto tanto para os hóspedes quanto para o público geral e terá o menu assinado pelo chef da Rocco Forte Hotels, dona do Hotel de la Ville, o que reforça a conexão entre o café e a hospedagem.

Segundo Francesco Roccato, diretor geral do hotel, a parceria já está dando frutos. “As reservas aumentaram significativamente, refletindo a crescente demanda pelo novo ponto de alimentação e bebidas do Hotel de la Ville”, diz.
A expectativa é que essa parceria impulsione também o fluxo de pessoas no hotel, já que “a colaboração entre o Café Ginori e o Hotel de la Ville está preparada para atrair não apenas os moradores locais, mas também turistas que já estão na cidade em busca de uma experiência culinária única e sofisticada”, explica.
Vinho com propósito: entenda as diferenças entre naturais, orgânicos e biodinâmicos
Impulsionado por uma nova geração de consumidores e pela busca por sustentabilidade e autenticidade, o mercado de vinhos de mínima intervenção se expande; especialistas explicam o que define cada categoria e por que este movimento veio para ficar
Vai a Paris? Coloque um restaurante bouillon, com menu completo a menos de 20 euros, no roteiro
Criados no século 19 para servir caldos a pobres e enfermos, os restaurantes ‘bouillon’ voltaram a fazer sucesso em Paris nos últimos anos – e agora servem escargot a 5 euros
O reinado inabalável da Cabernet Sauvignon, a rainha das uvas tintas e a celebração do #CabernetDay
De um cruzamento acidental em Bordeaux a um império global que movimenta mais de 300 bilhões de dólares, a jornada da uva mais plantada do planeta revela uma saga de resiliência, poder e uma celebração que nasceu no universo digital
Qual o vinho do inverno 2025? E qual vai ser o vinho do verão? Especialistas indicam suas apostas
Frente a uma indústria oscilante e tendências de consumo, especialistas brasileiros apontam os rótulos que vão marcar o inverno deste ano e indicam suas escolhas para o verão
Como Igor Marquesini usa a inovação como ingrediente ao renovar a cara da gastronomia curitibana
Com menus de curto prazo e combinações inusitadas, chef Igor usa inovação como destaque frente à tradição gastronômica sólida da capital paranaense
O vinho sem álcool é só hype ou veio para ficar? Entre a saúde e o trend, especialistas respondem
Impulsionado por uma nova geração de consumidores e pela crescente preocupação com o bem-estar, o mercado de bebidas não alcoólicas se expande; entenda o que é e como é feito o vinho que preserva a experiência, mas deixa o álcool de fora
Da torneira à taça, como Gabriela Monteleone repensou a indústria brasileira de vinhos naturais
Após fazer sucesso com formato mais durável e sustentável de servir vinhos no Brasil, Gabriela Monteleone cruzou o Atlântico para abrir no Porto o terceiro endereço de sua Casa Tão Longe, Tão Perto
De São Paulo ao Rio: 8 wine bars que realmente valem a visita
Com propostas e rótulos que vão além do tradicional, wine bars conquistam o público e democratizam o consumo de vinho no Brasil
Como “tempestade perfeita” ajudou este Chardonnay a ser eleito o melhor vinho branco do Chile em 2025
Com estratégia, solo raro e névoa excepcional, Amelia Chardonnay 2023 conquistou a pontuação mais alta do relatório de Tim Atkin para o Chile
Com fila de Cybertrucks e robô pipoqueiro, Tesla abre o primeiro restaurante em Los Angeles
Espaço retrofuturista de Elon Musk em Los Angeles reuniu milhares de fãs e curiosos em busca dos hambúrgueres da Tesla
Angus, wagyu e mais: o luxo encontra o fogo e nós detalhamos o churrasco premium
Guiados por especialistas, desvendamos o que define a qualidade e o sabor de cada uma das carnes mais desejadas do momento
Vinhos da Califórnia: como o coração vitivinícola dos EUA se renova em 2025?
Produtores e sommeliers analisam o cenário atual da produção vinícola californiana e apontam os caminhos para um futuro incerto, mas que aposta na resiliência e na reinvenção
Melhor bartender do Brasil não é contra drinks instagramáveis nem julga nova geração; conheça Ariel Todeschini
Ariel Todeschini se prepara agora para a etapa internacional do World Class, torneio mundial de bartenders organizado pela Diageo
Quanto custa comer a ‘comida de avião estrelada’ da Air France em Paris?
Com menu completo que inclui bebidas, o restaurante temporário da companhia aérea fica no rooftop das Galeries Lafayette e traz pratos assinados por um chef francês dono de 3 estrelas Michelin
Rafael Cagali, chef brasileiro que virou referência em Londres, mira agora em São Paulo e Brighton
De Bethnal Green à Vila Olímpia: chef brasileiro consagrado em Londres, Rafael Cagali, anuncia novos projetos em Brighton e na capital paulista.
Origem, destino: o futuro do restaurante que levou Salvador ao topo da gastronomia brasileira
Fabrício Lemos e Lisiane Arouca transformaram união em identidade e voltaram às raízes baianas com o Origem; hoje entre os melhores do Brasil, eles preparam seus próximos passos
Maido: como é a experiência no melhor restaurante do mundo, em Lima, no Peru
Elevando a cozinha Nikkei, espaço do chef Mitsuharu “Micha” Tsumura foi eleito o melhor do mundo em 2025; aqui, contamos o porquê
Na mesa com Alex Atala: menu comemorativo do D.O.M. entra nas últimas (e melhores) semanas
Com ajuda do concierge exclusivo do Cartão Ultrablue BTG Pactual, conseguimos uma reserva no restaurante estrelado de Alex Atala, que oferece até o fim de agosto seu menu degustação de 25 anos; em conversa com o chef, ele nos guia pelos sabores e bastidores do cardápio
Melhores restaurantes para tomar vinho no mundo: 11 brasileiros entram em ranking de revista especializada
Restaurant Awards da Wine Spectator reconhece restaurantes com boas cartas de vinho e serviço de qualidade
Vinho de Meghan Markle esgota em 1h; confira outras celebridades que também estão brindando ao sucesso
Com lançamento de rosé esgotado, duquesa de Sussex entra para a realeza das celebridades que fazem sucesso entre taças