Santander (SANB11) tem fome de rentabilidade, mas ROE de 20% não virá em 2025, diz CEO; ações saltam na B3
Para Mário Leão, 2024 foi o “ano da consolidação da transformação” do banco — mas os próximos meses pedirão cautela, especialmente em meio à volatilidade do cenário macroeconômico
O Santander (SANB11) encontra-se nos céus nesta quarta-feira (5). Após o balanço do quarto trimestre de 2024 superar as expectativas dos analistas, as ações subiram forte na bolsa brasileira.
Os papéis SANB11 avançaram 6,20%, a segunda maior alta do Ibovespa, cotados a R$ 27,08. No acumulado de 12 meses, porém, as units ainda acumulam perdas de 2,3% na B3.
Parte do otimismo veio da surpresa com a rentabilidade do banco. Diante da meta de longo prazo de reconquistar o patamar de 20% de ROE (retorno sobre o patrimônio investido), o Santander encerrou o trimestre com um retorno de 17,6%.
Nas palavras do CEO Mário Leão, a agenda da divisão brasileira do banco espanhol daqui para frente será de crescimento com foco em rentabilidade e gestão ativa de portfólio.
No entanto, apesar da fome pela recomposição da rentabilidade, esse nível de ROE não se materializará já em 2025, segundo declarações do executivo em conferência com jornalistas na sede do banco.
“Não dá para pensar em 2025. O banco vai buscar ser mais rentável e depois ser maior, nessa ordem. O patamar de 20% era algo que o Santander objetivava e essa narrativa continua exatamente intacta. Nós nunca imaginamos que seria em 2025, mas esperamos que aconteça no horizonte de curto e médio prazo”, disse o executivo.
Leia Também
Veja os destaques do balanço do Santander no 4T24:
| Indicador | Resultado 4T24 | Projeções - Bloomberg | Variação (a/a) | Evolução (t/t) |
| Lucro Líquido | R$ 3,85 bilhões | R$ 3,72 bilhões | +74,9% | +5,2% |
| ROAE | 17,6% | 16,6% | +5,3 p.p. | +0,6 p.p. |
| Margem financeira total | R$ 15,97 bilhões | — | +4,9% | +16% |
| Carteira de crédito ampliada | R$ 682,69 bilhões | — | +6,2% | +2,9% |
O que esperar do Santander (SANB11) em 2025
Na avaliação do CEO, 2024 foi o “ano da consolidação da transformação” do Santander (SANB11) para uma operação cada vez mais sólida e resiliente — mas os próximos meses pedirão cautela e rigor, especialmente em meio à volatilidade do cenário macroeconômico.
Segundo o executivo, as perspectivas incertas para 2025 não impactarão a essência da estratégia do banco, mas terão efeito direto no modo com o qual o Santander toma decisões, já que a inflação maior tende a corroer a renda disponível dos brasileiros.
“[O macro] terá, sim, algum efeito na velocidade de crescimento. Não será algo parecido com 2021, 2022 e 2023, que foi de fato uma crise de crédito mais profunda, mas teremos uma gestão cada vez mais ativa. Buscaremos navegar o banco com visão de médio e longo prazo, de forma com que o macro não tenha impactos significativos”, afirmou Leão.
De acordo com o diretor executivo, o Santander “sabe o quanto entregou em 2024 e acredita que é bastante improvável que o crescimento em 2025 seja superior ao ano passado”.
“Nós vamos ser seletivos ao escolher onde cresceremos e, em alguns negócios, vamos crescer menos. Esperamos crescer balanço sim, mas buscaremos ainda mais a expansão de linhas do balanço e aumento da margem com clientes mais do que a carteira”, acrescentou.
Uma das estratégias do Santander para os próximos anos é manter uma “expansão desproporcional” na carteira de PMEs (pequenas e médias empresas), vista como “negócio-chave” para o banco. Segundo o presidente da instituição, o objetivo é dobrar esse portfólio ao longo dos anos.
Durante a entrevista coletiva com jornalistas, o diretor financeiro (CFO), Gustavo Alejo, também endereçou um ponto de atenção no balanço: a queda de 39,5% na margem financeira com o mercado.
Segundo Alejo, a diminuição no indicador foi resultado da volatilidade do quarto trimestre, que demandou uma redução de risco na tesouraria do banco, e, consequentemente, resultou em menos dinheiro entrando na conta.
De acordo com o CFO, a decisão estratégica do Santander está tomada e o banco já realizou um ajuste de portfólio para aumentar o hedge (proteção) — mas os frutos desses esforços devem se materializar apenas nos próximos anos, quando o resultado se mostrar cada vez mais previsível.
- VEJA TAMBÉM: A temporada de balanços do 4T24 vem aí – veja como receber análises dos resultados das empresas e recomendações de investimentos
O que dizem os analistas
O balanço do quarto trimestre também foi bem recebido pelo mercado. Segundo a XP Investimentos, o Santander (SANB11) reportou resultados bons, com surpresas positivas na margem financeira e no lucro.
Para os analistas, o resultado foi impulsionado pela recuperação na atividade do cliente, por um bom gerenciamento de margem e pelo crescimento de todas as operações, principalmente no negócio principal de varejo.
Na avaliação do BTG Pactual, o banco apresentou um sólido crescimento do portfólio de empréstimos, que, combinado com uma melhor composição de crédito e maiores spreads de financiamento, ajudou o crescimento da margem financeira acima das expectativas.
Esse desempenho mais do que compensou os resultados mais fracos da tesouraria devido ao aumento da Selic, segundo os analistas.
Por outro lado, a receita de tarifas ficou abaixo das expectativas, pressionada pela desaceleração nas vendas de seguros de vida de crédito devido ao menor crescimento dos empréstimos consignados durante o período.
O Citi avalia que os resultados do Santander Brasil continuaram a mostrar uma melhora estrutural em termos de qualidade de ativos, com provisionamento ainda menor.
No entanto, os analistas consideram que as tendências de receita e o apetite ao risco parecem mornas, principalmente considerando que a margem com o mercado está — e deve continuar — pressionada, dado o alto nível de taxas de juros no Brasil.
“A disciplina do banco está se mostrando eficiente, mas vemos melhorias estruturais adicionais na rentabilidade (ROE) dependendo do apetite ao risco mais forte, o que não parece ser o caso para 2025”, avaliaram.
O Citi tem recomendação neutra para as units do Santander.
Para o Itaú BBA, ainda que os resultados do 4T24 devam ser lidos positivamente pelo mercado, especialmente diante do forte desempenho da margem financeira com clientes, todos os olhos estarão voltados para as perspectivas para 2025.
Nas contas dos analistas, as ações hoje negociam a um múltiplo de 1 vez o preço sobre o valor patrimonial, o que sustenta a recomendação “outperform”, equivalente a compra, para os papéis SANB11.
Por sua vez, o BB Investimentos (BB-BI) avalia que o resultado de hoje ajudará “a construir uma percepção mais pronunciada de que o Santander se encontra em um ciclo positivo de recuperação de rentabilidade e seletividade adequada ao contexto atual”.
O BB-BI possui recomendação de compra para os papéis SANB11.
Bancos oferecem uma mãozinha para socorrer os Correios, mas proposta depende do sinal verde do Tesouro Nacional
As negociações ganharam fôlego após a entrada da Caixa Econômica Federal no rol de instituições dispostas a emprestar os recursos
Mais de R$ 9 bilhões em dividendos e JCP: Rede D’Or (RDOR3) e Engie (EGIE3) preparam distribuição de proventos turbinada
Os pagamentos estão programados para dezembro de 2025 e 2026, beneficiando quem tiver posição acionária até as datas de corte
BRK Ambiental: quem é a empresa que pode quebrar jejum de IPO após 4 anos sem ofertas de ações na bolsa brasileira
A BRK Ambiental entrou um pedido na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para realizar um IPO; o que esperar agora?
Os bastidores da nova fase da Riachuelo (GUAR3), segundo o CEO. Vale comprar as ações agora?
Em entrevista ao Money Times, André Farber apresenta os novos projetos de expansão da varejista, que inaugura loja-conceito em São Paulo
O rombo de R$ 4,3 bilhões que quase derrubou o império de Silvio Santos; entenda o caso
Do SBT à Tele Sena, o empresário construiu um dos maiores conglomerados do país, mas quase perdeu tudo no escândalo do Banco Panamericano
Citi corta recomendação para Auren (AURE3) e projeta alta nos preços de energia
Banco projeta maior volatilidade no setor elétrico e destaca dividendos como diferencial competitivo
De sucos naturais a patrocínio ao campeão da Fórmula 1: quem colocou R$ 10 mil na ação desta empresa hoje é milionário
A história da Monster Beverage, a empresa que começou vendendo sucos e se tornou uma potência mundial de energéticos, multiplicando fortunas pelo caminho
Oi (OIBR3) ganha mais fôlego para pagamentos, mas continua sob controle da Justiça, diz nova decisão
Esse é mais um capítulo envolvendo a Justiça, os grandes bancos credores e a empresa, que já está em sua segunda recuperação judicial
Larry Ellison, cofundador da Oracle, perdeu R$ 167 bilhões em um só dia: veja o que isso significa para as ações de empresas ligadas à IA
A perda vem da queda do valor da empresa de tecnologia que oferece softwares e infraestrutura de nuvem e da qual Ellison é o maior acionista
Opportunity acusa Ambipar (AMBP3) de drenar recursos nos EUA com recuperação judicial — e a gestora não está sozinha
A gestora de recursos a acusa a Ambipar de continuar retirando recursos de uma subsidiária nos EUA mesmo após o início da RJ
Vivara (VIVA3) inicia novo ciclo de expansão com troca de CEO e diretor de operações; veja quem assume o comando
De olho no plano sucessório para acelerar o crescmento, a rede de joalherias anunciou a substituição de sua dupla de comando; confira as mudanças
Neoenergia (NEOE3), Copasa (CSMG3), Bmg (BMGB4) e Hypera (HYPE3) pagam juntas quase R$ 1,7 bilhão em dividendos e JCP
Neoenergia distribui R$ 1,084 bilhões, Copasa soma R$ 338 milhões, Bmg paga R$ 87,7 milhões em proventos e Hypera libera R$ 185 milhões; confira os prazos
A fome pela Petrobras (PETR4) acabou? Pré-sal é o diferencial, mas dividendos menores reduzem apetite, segundo o Itaú BBA
Segundo o banco, a expectativa de que o petróleo possa cair abaixo de US$ 60 por barril no curto prazo, somada à menor flexibilidade da estatal para cortar capex, aumentou preocupações sobre avanço da dívida bruta
Elon Musk trilionário? IPO da SpaceX pode dobrar o patrimônio do dono da Tesla
Com avaliação de US$ 1,5 trilhão, IPO da SpaceX, de Elon Musk, pode marcar a maior estreia da história
Inter mira voo mais alto nos EUA e pede aval do Fed para ampliar operações; entenda a estratégia
O Banco Inter pediu ao Fed autorização para ampliar operações nos EUA. Entenda o que o pedido representa
As 8 ações brasileiras para ficar de olho em 2026, segundo o JP Morgan — e 3 que ficaram para escanteio
O banco entende como positivo o corte na taxa de juros por aqui já no primeiro trimestre de 2026, o que historicamente tende a impulsionar as ações brasileiras
Falta de luz causa prejuízo de R$ 1,54 bilhão às empresas de comércio e serviços em São Paulo; veja o que fazer caso tenha sido lesado
O cálculo da FecomercioSP leva em conta a queda do faturamento na quarta (10) e quinta (11)
Nubank busca licença bancária, mas sem “virar banco” — e ainda pode seguir com imposto menor; entenda o que está em jogo
A corrida do Nubank por uma licença bancária expõe a disputa regulatória e tributária que divide fintechs e bancões
Petrobras (PETR4) detalha pagamento de R$ 12,16 bilhões em dividendos e JCP e empolga acionistas
De acordo com a estatal, a distribuição será feita em fevereiro e março do ano que vem, com correção pela Selic
Quem é o brasileiro que será CEO global da Coca-Cola a partir de 2026
Henrique Braun ocupou cargos supervisionando a cadeia de suprimentos da Coca-Cola, desenvolvimento de novos negócios, marketing, inovação, gestão geral e operações de engarrafamento
