“Negócio pequeno, mas estratégico”: por que a Sabesp (SBSP3) decidiu comprar a Emae agora e o que dizem os analistas
Com Emae, Sabesp mira maior resiliência hídrica, redução de custos e operação integrada dos principais mananciais de São Paulo

“Foi um negócio pequeno, mas muito estratégico”. Foi assim que Carlos Piani, CEO da Sabesp (SBSP3), definiu a compra do controle da Empresa Metropolitana de Águas e Energia (Emae), anunciada neste domingo (5), em um negócio de R$ 1,1 bilhão.
Segundo o executivo, a Sabesp já vinha avaliando a transação há algum tempo, mas as condições não permitiram avançar com a compra. A oportunidade só surgiu há cerca de três semanas, levando a ex-estatal a agir de forma reativa. Veja os detalhes do negócio aqui.
O CEO ressaltou, ainda, que não pretende adquirir a fatia remanescente da Emae, já que a companhia de saneamento agora detém mais de 70% do capital. Além disso, segundo a Sabesp, não é a intenção apostar mais fichas na geração de energia elétrica — ou seja, não são esperadas mais aquisições nesse sentido daqui para a frente.
“Embora seja estratégico ter uma companhia de energia, considerando o quanto gastamos, não pretendemos investir mais pesado nisso”, afirmou o CFO da companhia, Daniel Szlak, em teleconferência com analistas nesta segunda-feira (6).
A compra ainda precisa passar pelas autoridades reguladoras e será feita com o caixa da Sabesp, não impactando na alavancagem da companhia.
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O que a Sabesp espera da Emae?
“Quando pensamos na Emae, pensamos em como podemos acrescentar segurança hidrológica em São Paulo, operando mais um sistema na região”, disse Szlak.
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Segundo a companhia, a operação integrada deve aumentar a eficiência e reduzir o risco de crises de abastecimento no médio e longo prazo, ao unificar a administração dos principais reservatórios da região metropolitana.
Cabe lembrar que a Emae é remanescente da cisão da Eletropaulo e nasceu com a antiga Light, em meio ao contexto de retificação do Rio Pinheiros e do aproveitamento das águas da bacia do Alto Tietê para geração de energia.
Sua atuação envolve tanto a operação de represas fundamentais para o abastecimento de água em São Paulo — como Billings e Guarapiranga — quanto a geração de energia elétrica.
E um dos destaques para a Sabesp é a plena integração do reservatório Billings, hoje subutilizado, segundo a companhia. Com a conclusão de obras previstas até 2027, a ex-estatal estima ampliar em 52% a capacidade de armazenamento de água para consumo humano e múltiplos usos.
Além disso, a Sabesp pretende explorar melhor o potencial hídrico da Bacia do Alto Tietê, de 60 m³/s a 90 m³/s, em conjunto com os programas de despoluição dos rios Pinheiros e Tietê, que devem ser concluídos até 2029.
A iniciativa também promete tornar o sistema mais resiliente.
Entre 2026 e 2029, está prevista a adição de cerca de 7 m³/s de flexibilidade operacional — equivalente a 10% da água tratada — graças a uma maior capacidade de realocação de fluxos. O uso mais eficiente dos reservatórios Billings e Guarapiranga, mais próximos dos polos de consumo, deve acelerar investimentos, reduzir custos e melhorar o atendimento à população, segundo a companhia.
O que a Emae tem a oferecer?
A Emae atua na geração de energia hidrelétrica e na gestão de recursos hídricos em São Paulo. A companhia tem uma base de ativos relevante e sinérgica, com capacidade instalada de 961 MegaWatts e garantia física de 162 MegaWatts médios, além de uma sobreposição geográfica estratégica com a Sabesp, operando quatro usinas no Estado.
“As receitas são estáveis e indexadas à inflação, sustentadas por três usinas que somam 391 MegaWatts em contratos de concessão de longo prazo. Esses acordos garantem fluxos de caixa previsíveis, com validade até 2043”, diz Szlak.
Em 2025, a Emae registrou uma receita líquida de R$ 514 milhões no acumulado dos últimos 12 meses e um Ebitda (lucro antes de impostos, juros, depreciação e amortização) ajustado de R$ 145 milhões no mesmo período.
O lucro líquido foi de R$ 67 milhões até o segundo trimestre deste ano. A companhia opera com um quadro de 290 empregados.
O que os analistas acham do negócio?
Na visão do UBS BB, a transação deve aproximar a Sabesp de uma estrutura de capital mais eficiente, já que a segurança hídrica almejada pela empresa com a aquisição é um mecanismo de geração de valor.
“Direitos de decisão unificados reduzem a latência de resposta e ampliam as alternativas para pré-posicionar água entre bacias — construindo reserva utilizável antes de períodos de seca e minimizando perdas em episódios de chuva intensa”, escreveram os analistas da casa em relatório.
O banco também ressalta que o bombeamento em horários de menor demanda se torna uma alavanca diária para criar colchões operacionais, equilibrar pressões na rede em subsistemas vulneráveis e garantir continuidade em picos de consumo.
Na prática, isso significa usar a energia mais barata da madrugada para armazenar água com antecedência, reduzindo custos e deixando o sistema mais preparado para momentos de maior consumo.
Indicadores como a quantidade de dias em que o sistema consegue resistir a uma seca, o custo de energia por metro cúbico e o tempo de resposta em situações críticas servem de base para a prestação de contas, mostrando de forma concreta a eficiência e a resiliência operacional.
Além disso, protocolos integrados de qualidade da água para Billings e Guarapiranga — com monitoramento de cianobactérias e cargas difusas — reduzem riscos sanitários.
“Em resumo, a co-otimização água–energia compra resiliência climática por meio da eficiência operacional”, diz o relatório.
No entanto, o UBS BB manteve a recomendação neutra para as ações da Sabesp.
Já o Citi ficou de olho no valor do negócio. “Considerando o Ebitda ajustado dos últimos 12 meses de R$ 155 milhões, vemos um múltiplo EV/Ebitda implícito de 8,8 vezes para a transação, acima do que observamos em outras geradoras negociadas hoje”, escreveram os analistas.
O Itaú BBA, por sua vez, viu o negócio como positivo, apesar de pequeno — representando cerca de 1,3% do valor de mercado da Sabesp.
“A transação fortalece de forma significativa a capacidade da companhia de gerir e captar recursos hídricos de dois dos reservatórios mais críticos de São Paulo, Billings e Guarapiranga, ao mesmo tempo em que integra ativos de energia de baixo risco e geradores de caixa”, escreveu o time de análise do banco.
O Itaú BBA tem recomendação de compra para os papéis, com preço-alvo de R$ 147, potencial de alta de 15% frente ao fechamento da última sexta-feira (3).
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