Conselho de administração da Mobly (MBLY3) recomenda que acionistas não aceitem OPA dos fundadores da Tok&Stok
Conselheiros dizem que oferta não atende aos melhores interesses da companhia; apesar de queda da ação no ano, ela ainda é negociada a um preço superior ao ofertado, o que de fato não justifica a adesão do acionista individual à OPA
O conselho de administração da Mobly (MBLY3) informou, na noite da última terça-feira (6), que decidiu recomendar que os acionistas da companhia não aceitem a Oferta Pública de Aquisição (OPA) feita pela família Dubrule, fundadora da sua controlada, Tok&Stok.
A reunião do conselho foi realizada em 30 de abril, mas o colegiado tinha até ontem para se manifestar acerca da decisão tomada.
Os conselheiros entendem que "a OPA não atende aos melhores interesses da companhia e que a sua aceitação pelos acionistas não é conveniente e nem oportuna." Assim, o conselho se manifestou contrariamente à aceitação da oferta pelos acionistas da Mobly.
- E MAIS: Calendário de resultados desta semana inclui Bradesco, PRIO, Itaú Unibanco, Ambev e outras empresas; acompanhe a cobertura completa de balanços
No entanto, o colegiado lembrou que a decisão quanto à aceitação ou recusa da OPA cabe a cada acionista individualmente.
Os acionistas da Mobly têm até as 18h do dia 14 de maio para definirem se vão aderir ao leilão da OPA, marcado para 15 de maio. O processo, no entanto, encontra-se indefinido, dado que as pré-condições para a realização da oferta ainda não foram preenchidas.
"Nesse sentido, o conselho de administração recomenda que os acionistas examinem atentamente o Edital e as informações publicamente disponíveis sobre a OPA, bem como analisem possíveis implicações financeiras, legais, fiscais e cambiais da OPA a que estão sujeitos, para tomada de uma decisão informada e refletida sobre a aceitação ou rejeição da OPA", orienta a ata da reunião.
Leia Também
Como alternativa à aceitação da OPA, os acionistas da companhia poderão optar por não aderir e manter suas ações ou vendê-las por meio de transações privadas ou na bolsa pelo preço de mercado atual, que é superior ao preço ofertado pelos Dubrule.
Embora acumule uma queda de 32% neste ano, a ação MBLY3 é hoje negociada a um preço próximo de R$ 1, enquanto o valor da OPA é de apenas R$ 0,68, não havendo de fato por que um acionista individual optar por vender suas ações na oferta, e não a mercado.
Em caso de realização da OPA, os acionistas que não tiverem aderido e desejarem vender suas ações poderão apresentar um pedido ao escriturador dos papéis para fazê-lo 30 dias após o leilão. Os ofertantes, neste caso, estarão obrigados a adquirir as ações pelo preço da OPA.
Os motivos da rejeição da OPA pelo conselho da Mobly (MBLY3)
Na ata da reunião realizada em 30 de abril, o conselho de administração da Mobly elenca os motivos para recomendar aos acionistas a rejeição à OPA, a qual tem sido cercada de polêmica. São eles:
Indícios de irregularidades na OPA
A administração da Mobly alega que, após investigação interna, apurou indícios de coordenação não divulgada ao mercado entre membros da família Dubrule — fundadora da Tok&Stok e autora da OPA — e a home24, uma das principais acionistas da Mobly, com 44,38% do capital social.
Segundo a acusação da administração, haveria uma coordenação para a família Dubrule adquirir ações da home24 em condições diferentes daquelas apresentadas na OPA aos demais acionistas, além de uma ação coordenada entre ambas para excluir a cláusula de poison pill do estatuto social da companhia, uma das pré-condições para a realização da OPA, já rejeitada pelos acionistas, embora a decisão tenha sido suspensa pela Justiça.
Ambas as ações configurariam irregularidades perante as regras estabelecidas pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e poderiam acarretar o cancelamento da OPA. A administração da Mobly inclusive fez uma denúncia à autarquia a respeito. Nós contamos mais detalhes desta história aqui.
Preço ofertado excessivamente baixo
O conselho da Mobly considera ainda o preço ofertado pela família Dubrule excessivamente baixo, e os compromissos assumidos pelos ofertantes em aumentar o preço, incompatíveis com a regulamentação.
"Além de apresentar potenciais vícios insanáveis que podem levar ao cancelamento da OPA, o conselho de administração entende que o preço oferecido é vil e incompatível com o preço justo das ações de emissão da companhia", diz a ata.
O preço oferecido pela família fundadora da Tok&Stok é de R$ 0,68 por ação, um desconto de mais de 50% frente à cotação de fechamento de 28 de fevereiro de 2025, dia anterior ao anúncio da oferta, e também sobre o preço médio ponderado de negociação das ações dos últimos 30 pregões até então.
Segundo o conselho, também se trata de um preço 82% inferior ao valor patrimonial da ação em 30 de setembro de 2024 e 83% menor que o valor patrimonial da ação em 30 de junho de 2024, os quais foram usados como parâmetros de preço de emissão no último aumento de capital da companhia.
- VEJA MAIS: A temporada de balanços do 1T25 começou – veja como receber análises dos resultados das empresas e recomendações de investimentos
De fato, OPAs geralmente oferecem prêmio em relação ao preço de mercado das ações, e não desconto. Mas a família Dubrule alega que o preço proposto na OPA se justificaria pela baixa liquidez das ações da Mobly e pelos riscos associados à gestão da companhia, “que carrega endividamento superior a R$ 600 milhões e, desde o seu IPO, não gera lucro.”
"Entretanto, as informações publicamente disponíveis sobre o desempenho econômico-financeiro da Mobly não suportam, na visão do conselho de administração, a fixação do preço por ação no patamar de R$ 0,68, que representa desconto excessivo em relação à percepção do próprio mercado sobre os negócios da companhia", diz a ata da reunião do conselho.
Além disso, o conselho critica a proposta feita pela família Dubrule quando rebateu as acusações de coordenação com a home24.
Na ocasião, os fundadores da Tok&Stok negaram as acusações de irregularidades e disseram que pagariam a todos os acionistas da Mobly que aceitassem a OPA um valor correspondente a duas vezes o valor por ação eventualmente pago a maior à home24 no suposto acordo feito com a empresa, do qual a Mobly a acusava.
Para o conselho de administração da Mobly, tal proposta não é adequada e sequer foi refletida em edital aditado, "de modo que não pode ser considerado um preço formalizado no âmbito da OPA e, portanto, não deve ser levado em consideração para a decisão a ser tomada pelo conselho de administração acerca da aprovação ou rejeição da oferta."
Os conselheiros consideram ainda que vincular o preço da OPA a um eventual acordo paralelo, cujos termos sequer são de conhecimento dos acionistas, "afronta diretamente a regulamentação aplicável às ofertas públicas de aquisição de ações."
- VEJA MAIS: Faltam menos de 30 dias para o fim do prazo da declaração; confira o passo a passo para acertar as contas com o Leão
Impacto na liquidez das ações MBLY3
Em caso de êxito da OPA, a família Dubrule poderá vir a adquirir uma participação da Mobly que varie de 50% + 1 ação até a totalidade das ações em circulação da companhia.
A Mobly acredita que a home24, detentora de 44,38% das ações aderirá à oferta, mas supõe que o grau de adesão dos demais acionistas será pequeno, em razão do baixo preço.
A companhia, porém, deverá manter ações em circulação para respeitar o regulamento do Novo Mercado, segmento de listagem da B3 do qual faz parte: 20% do capital social ou 15% do capital social, desde que o volume médio diário de negociação nos últimos 12 meses seja igual ou superior a R$ 20 milhões.
Caso deixe de manter o percentual mínimo de ações em circulação em decorrência da OPA, a companhia deverá solicitar à B3 um prazo de 18 meses para se reenquadrar ao regulamento do Novo Mercado.
Embora não seja possível precisar a eventual necessidade de se recompor a dispersão acionária após a OPA, pois tudo depende do percentual final de ações mantidas em circulação, o conselho da Mobly acredita que tal recomposição, se necessária, pode ser desafiadora para a companhia, "considerando especialmente a situação atual do mercado de capitais brasileiro."
- SAIBA MAIS: Mesmo investimentos isentos de Imposto de Renda não escapam da Receita; veja por que eles precisam estar na sua declaração
Rebate às alegações da família Dubrule para a OPA
O conselho da Mobly criticou, ainda, os planos estratégicos divulgados pela família Dubrule para a Mobly. Ao expressar o desejo de fazer a OPA, os Dubrule afirmaram acreditar “firmemente em sua capacidade de mudar a trajetória tortuosa que a Mobly vem traçando desde o seu IPO, criando um projeto de varejo de móveis e decoração bem-sucedido no Brasil, como foi o da Tok&Stok ao longo do período em que foi conduzida pelos ofertantes.”
O conselho da Mobly rebate essa afirmação, chamando-a de "retórica e genérica", além de "sem respaldo na realidade."
Além disso, questionam a afirmação dos ofertantes de que, quando à frente da Tok&Stok, a empresa teria tido uma trajetória de sucesso.
Segundo o conselho, enquanto controlada pela família Dubrule, a empresa apresentou alto endividamento, e os membros da família que permaneceram na administração da companhia após a venda do controle para a Mobly foram "posteriormente desligados após não conseguirem aprimorar a sua situação financeira."
"Desde a aquisição do controle da Tok&Stok pela Mobly, a administração da companhia tem implementado uma série de mudanças na empresa, visando a redução de custos e despesas, otimizando a sua estrutura administrativa, e espera obter sinergias relevantes e aumentar a geração de caixa do grupo, a partir da implementação de mudanças adicionais no modelo operacional da Tok&Stok", defende o conselho.
No edital da OPA, os Dubrule também propuseram uma capitalização da Mobly no valor de R$ 100 milhões, mas o conselho diz que a esse respeito não foi apresentado qualquer estudo ou análise de viabilidade e adequação da medida à realidade da companhia.
"É de se relembrar que a Família Dubrule também apresentou tais medidas como uma alternativa à alienação do controle da Tok&Stok para a Mobly, o que foi considerado inviável e foi rejeitado pelos então controladores e credores da Tok&Stok", diz a ata da reunião do conselho.
Gol (GOLL54) é notificada pelo Idec por prática de greenwashing a viajantes; indenização é de R$ 5 milhões
No programa “Meu Voo Compensa”, os próprios viajantes pagavam a taxa de compensação das emissões. Gol também dizia ter rotas neutras em carbono
Se todo mundo acha que é uma bolha, não é: veja motivos pelos quais o BTG acredita que a escalada da IA é real
Banco aponta fundamentos sólidos e ganhos de produtividade para justificar alta das empresas de tecnologia, afastando o risco de uma nova bolha
Produção de cerveja no Brasil cai, principalmente para Ambev (ABEV3) e Heineken (HEIA34); preço das bebidas subiu demais, diz BTG
A Ambev aumentou os preços de suas marcas no segundo trimestre do ano, seguida pela Heineken, em julho — justamente quando as vendas começaram a encolher
Vale (VALE3) desafia a ordem de pagar R$ 730 milhões à União; mercado gosta e ações sobem mais de 1%
Em comunicado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a mineradora alega que a referida decisão foi proferida em primeira instância, “portanto, seu teor será objeto de recursos cabíveis”
De seguro pet a novas regiões: as apostas da Bradesco Seguros para destravar o próximo ciclo de crescimento num mercado que engatinha
Executivos da seguradora revelaram as metas para 2026 e descartam possibilidade de IPO
Itaú com problema? Usuários relatam falhas no app e faturas pagas aparecendo como atrasadas
Usuários dizem que o app do Itaú está mostrando faturas pagas como atrasadas; banco admite instabilidade e tenta normalizar o sistema
Limpando o nome: Bombril (BOBR4) tem plano de recuperação judicial aprovado pela Justiça de SP
Além da famosa lã de aço, ela também é dona das marcas Mon Bijou, Limpol, Sapólio, Pinho Bril, Kalipto e outras
Vale (VALE3) fecha acima de R$ 70 pela primeira vez em mais de 2 anos e ganha R$ 10 bilhões a mais em valor de mercado
Os papéis VALE3 subiram 3,23% nesta quarta-feira (3), cotados a R$ 70,69. No ano, os ativos acumulam ganho de 38,64% — saiba o que fazer com eles agora
O que faz a empresa que tornou brasileira em bilionária mais jovem do mundo
A ascensão de Luana Lopes Lara revela como a Kalshi criou um novo modelo de mercado e impulsionou a brasileira ao posto de bilionária mais jovem do mundo
Área técnica da CVM acusa Ambipar (AMBP3) de violar regras de recompra e pede revisão de voto polêmico de diretor
O termo de acusação foi assinado pelos técnicos cerca de uma semana depois da polêmica decisão do atual presidente interino da autarquia que dispensou o controlador de fazer uma OPA pela totalidade da companhia
Nubank (ROXO34) agora busca licença bancária para não mudar de nome, depois de regra do Banco Central
Fintech busca licença bancária para manter o nome após norma que restringe uso do termo “banco” por instituições sem autorização
Vapza, Wittel: as companhias que podem abrir capital na BEE4, a bolsa das PMEs, em 2026
A BEE4, que se denomina “a bolsa das PMEs”, tem um pipeline de, pelo menos, 10 empresas que irão abrir capital em 2026
Ambipar (AMBP3) perde avaliação de crédito da S&P após calote e pedidos de proteção judicial
A medida foi tomada após a empresa dar calote e pedir proteção contra credores no Brasil e nos Estados Unidos, alegando que foram descobertas “irregularidades” em operações financeiras
A fortuna de Silvio Santos: perícia revela um patrimônio muito maior do que se imaginava
Inventário do apresentador expõe o tamanho real do império construído ao longo de seis décadas
UBS BB rebaixa Raízen (RAIZ4) para venda e São Martinho (SMTO3) para neutro — o que está acontecendo no setor de commodities?
O cenário para açúcar e etanol na safra de 2026/27 é bastante apertado, o que levou o banco a rever as recomendações e preços-alvos de cobertura
Vale (VALE3): as principais projeções da mineradora para os próximos anos — e o que fazer com a ação agora
A companhia deve investir entre US$ 5,4 bilhões e US$ 5,7 bilhões em 2026 e cerca de US$ 6 bilhões em 2027. Até o fim deste ano, os aportes devem chegar a US$ 5,5 bilhões; confira os detalhes.
Mesmo em crise e com um rombo bilionário, Correios mantêm campanha de Natal com cartinhas para o Papai Noel
Enquanto a estatal discute um empréstimo de R$ 20 bilhões que pode não resolver seus problemas estruturais, o Papai Noel dos Correios resiste
Com foco em expansão no DF, Smart Fit compra 60% da rede de academias Evolve por R$ 100 milhões
A empresa atua principalmente no Distrito Federal e, segundo a Smart Fit, agrega pontos comerciais estratégicos ao seu portfólio
Por que 6 mil aviões da Airbus precisam de reparos: os detalhes do recall do A320
Depois de uma falha de software expor vulnerabilidades à radiação solar e um defeito em painéis metálicos, a Airbus tenta conter um dos maiores recalls da sua história
Os bastidores da crise na Ambipar (AMBP3): companhia confirma demissão de 35 diretores após detectar “falhas graves”
Reestruturação da Ambipar inclui cortes na diretoria e revisão dos controles internos. Veja o que muda até 2026
