Até onde vai o otimismo do HSBC com o Brasil e a bolsa brasileira, segundo o chefe de pesquisa econômica, Daniel Lavarda
Head de research do banco gringo fala da visão “construtiva” em relação ao país, da atratividade do Brasil com os juros reais elevados e os valuations descontados, e também da falta de consistência nas decisões do governo Trump

A visão do HSBC em relação ao Brasil melhorou em relação ao começo do ano, segundo o chefe de pesquisa econômica, Daniel Lavarda.
Nos primeiros dias de 2025, o HSBC divulgou um relatório assinado por Alastair Pinder, Nicole Inui e Herald van der Linde rebaixando a classificação do país e de suas ações para o equivalente à “venda” (underweight).
Segundo o documento, o Brasil seria um caso clássico de “armadilha de valor”, ou seja, um mercado que parece estar com desconto, mas, na verdade, só está desvalorizado porque é realmente um mau negócio.
- LEIA TAMBÉM: Quer se atualizar do que está rolando no mercado? O Seu Dinheiro liberou como cortesia uma curadoria das notícias mais quentes; veja aqui
Mas muita água rolou debaixo da ponte desde então. A perspectiva mudou para o país e a bolsa brasileira, avalia Lavarda, que não participou da elaboração do relatório em questão.
“O que é o contexto do Brasil este ano? É o contexto de um mercado que sai de um valor muito baixo para os ativos domésticos em termos de valuation, ou seja, sai realmente do chão. E aí existe um movimento e uma certa expectativa de mercado de que alguns triggers possam adicionar valor a isso”, afirma Lavarda, em entrevista exclusiva ao Seu Dinheiro.
E quais foram esses triggers, segundo ele:
Leia Também
- Pesquisas de avaliação do governo negativas no começo do ano, que abriram espaço para expectativas de mudança de comando – “o que, para o mercado de equity, em particular, foi tomado como positivo”;
- Um período de enfraquecimento do dólar e valorização do real, abrindo espaço para uma política monetária não tão restritiva, somado ao arrefecimento gradual da inflação;
- As tarifas de Donald Trump, que afetaram pouco o Brasil e criaram espaço para exportações maiores para a China.
A expectativa do HSBC para o Brasil é de Selic fechando 2025 em 15% ao ano e só começando a cair em meados do ano que vem, encerrando 2026 a 12,5% a.a. Para o PIB, o banco estima crescimento de 2,7% neste ano e 2,5% no próximo. Já a inflação esperada é de 5,4% (2025) e 4,3% (2026).
Em tempo: o banco britânico vendeu suas operações de varejo no Brasil ao Bradesco em 2015 e hoje opera no país exclusivamente atendendo grandes clientes corporativos.
Novo relatório, visão atualizada
Em relatório divulgado a clientes na semana passada (18/6), logo após a decisão do Copom, desta vez assinado por Daniel Lavarda e equipe, o HSBC reafirma seu tom “construtivo” em relação ao Brasil.
“Temos mantido uma visão construtiva sobre o BRL neste ano, esperando que ele tenha um desempenho superior ao das moedas da América Latina (LatAm) e dos mercados emergentes (EMFX). Até agora, essa visão tem se concretizado”, afirmam os autores.
- LEIA MAIS: Hora de ajustar a rota – evento “Onde investir no 2º semestre” vai reunir gigantes do mercado financeiro para revelar oportunidades de investimento
Um dos motivos, escrevem, seriam os altos juros reais do país. Somado a isso, avaliam que “os avanços fiscais, apesar do ruído, têm caminhado na direção certa, enquanto o crescimento econômico tem sido mais forte do que o esperado, e o mercado está otimista quanto aos desdobramentos políticos futuros”.
E sentenciam: “Continuamos preferindo o BRL em relação às demais moedas de mercados emergentes”. Dizem também que “os investidores estrangeiros já estão posicionados em ações brasileiras e devem continuar assim”, já que a América Latina está mais isolada das turbulências da guerra comercial de Trump e dos riscos geopolíticos, além de que “as ações da região continuam com valuations bastante descontados.”
Otimista, pero no mucho
Lavarda tem, então, uma visão “mais construtiva” sobre o Brasil e a bolsa brasileira, mas a grande dúvida é: quanto tempo deve durar esse período de maior bonança para os ativos domésticos?
“Daqui até o final do ano, se tivermos um conjunto de soluções entre Executivo e Legislativo que seja um pouco mais construtivo, então podemos ter um embalo adicional dos ativos domésticos”, avalia ele.
- LEIA TAMBÉM: Onde investir no 2º semestre de 2025? Evento gratuito do Seu Dinheiro reúne as melhores recomendações de ações, FIIs, BDRs, criptomoedas e renda fixa
Mas o otimismo dele não é de longa duração. “No final do ano, o caldo pode entornar de uma maneira muito clara, porque a gente entra num processo eleitoral. E o processo eleitoral para ativo doméstico fatalmente é negativo. Ele é um destruidor de valor.”
Um dos motivos dessa preocupação, aponta ele, é o cenário eleitoral ainda muito tumultuado, com baixa popularidade da situação, mas falta de articulação na oposição.
“Existe uma série de caciques, todos de uma maneira desarticulada. Não existe um candidato. Os nomes dos governadores que são citados comumente nas pesquisas não são conhecidos nacionalmente, então eles não têm, de fato, um apelo muito forte nesse sentido”, comenta o executivo.
E quanto ao governo atual, teria chances de recuperar terreno até as eleições? Para Lavarda, essa possibilidade existe, sim. “O governo tem ampla possibilidade de recuperar aprovação, e efetivamente é o que acontece nos períodos eleitorais. Por quê? Porque o incumbente sempre tem muita vantagem.”
- VEJA MAIS: Você pode receber um 'cardápio' semanal de títulos que podem render acima da Selic em 15%, disponibilizado como cortesia pelo Seu Dinheiro
De todo modo, a questão que permanece em aberto é o ajuste fiscal necessário, e é aí que “nosso otimismo com o Brasil é barrado”.
“Tem uma série de soluções que todo economista sabe de cor, governo sabe de cor também. Alguém tem que de fato bancar o custo politico de fazer esses ajustes. Enquanto isso não acontecer, a gente continua tendo, apesar do otimismo momentâneo, um backdrop de risco muito significativo.”
Para não dizer que não falamos de Trump
Sobre o cenário internacional, Lavarda prefere não cravar muitas afirmações. “Para mim, é bastante especulativo falar sobre isso. Para que você consiga, pelo menos, estabelecer uma trajetória do que vai acontecer, é preciso ter algum tipo de consistência nessa mudança. E a gente não tem uma consistência porque o Trump muda bastante de opinião”, explica ele.
Segundo Lavarda, parece haver na nova gestão de Donald Trump uma estratégia de mostrar uma constante ruptura.
- VEJA TAMBÉM: Saiba quais são as melhores ações, fundos imobiliários, títulos de renda fixa, ativos internacionais e criptomoedas para o 2º semestre de 2025
“O que parece pra mim é que existe uma ideia nos EUA, ou dentro da Casa Branca, de você fazer uma administração que coloque de uma maneira constante a ideia de que alguma coisa está sendo feita. Então, gerar uma ruptura aqui, uma ruptura lá, uma coisa meio tumultuada, turbulenta”, afirma ele. “Mas, ao mesmo tempo, a gente não consegue ter uma ideia a respeito do alcance efetivo e prático disso”, diz o executivo.
“Não parece que existe um cálculo geopolítico muito consolidado por trás disso, não. Então, a gente está meio que à mercê das notícias da semana.”
Apostador sortudo embolsa quase R$ 10 milhões sozinho na Quina; Lotofácil tem 4 vencedores, mas ninguém ficou milionário com a loteria
Após diversos sorteios acumulando, a Quina finalmente pagou quase R$ 10 milhões ao único vencedor do concurso 6775. Veja as dezenas sorteadas
Aumento do IOF volta a valer com decisão de Alexandre de Moraes, mas exclui risco sacado da cobrança; entenda os efeitos
O decreto havia sido suspenso após votação do Congresso Nacional para derrubar a alteração feita pelo presidente Lula
De olho na conta de luz: Aneel aprova orçamento bilionário da CDE para 2025 com alta de 32% — e cria novo encargo
Novo orçamento da agência regula impacto de R$ 49,2 bilhões no setor elétrico — quase tudo será pago pelos consumidores
Governo Trump apela até para a Rua 25 de março e o Pix na investigação contra o Brasil. Aqui estão as seis acusações dos EUA
O governo norte-americano anunciou, na noite da última terça-feira (15), investigações contra supostas práticas desleais do comércio brasileiro. Veja as seis alegações
Ganhador da Mega-Sena fatura prêmio de mais de R$ 45 milhões com aposta simples; Lotofácil também faz um novo milionário
Em uma verdadeira tacada de sorte, o ganhador foi o único a cravar todas as dezenas do concurso 2888 da Mega-Sena; confira os resultados das principais loterias da Caixa
Copom vai cortar juros ainda em 2025 para seguir o Fed, mas não vai conseguir controlar a inflação, diz Fabio Kanczuk, do ASA
O afrouxamento monetário deve começar devagar, em 25 pontos-base, mesmo diante da possível tarifação dos EUA
Lula tira do papel a Lei da Reciprocidade para enfrentar Trump, mas ainda aposta na diplomacia
Medida abre caminho para retaliação comercial, mas o governo brasileiro segue evitando o confronto direto com os Estados Unidos
Temporada de balanços 2T25: Confira as datas e horários das divulgações e das teleconferências
A temporada de balanços do 2T25 começa ainda em julho e promete mostrar quem realmente entregou resultado entre as principais empresas da B3
Tarifas de Trump jogam balde de água fria nas expectativas para a economia brasileira; confira os impactos da guerra tarifária no país, segundo o Itaú BBA
O banco ressalta que o impacto final é incerto e que ainda há fatores que podem impulsionar a atividade econômica do país
Agenda econômica: Inflação, Livro Bege, G20 e PIB chinês; confira os indicadores mais importantes da semana
Com o mercado ainda digerindo as tarifas de Trump, dados econômicos movimentam a agenda local e internacional
É improvável que tarifa de 50% dos EUA às importações brasileiras se torne permanente, diz UBS WM
Para estrategistas do banco, é difícil justificar taxação anunciada por Trump, mas impacto na economia brasileira deve ser limitado
Bolsonaro é a razão da tarifa mais alta para o Brasil, admite membro do governo dos EUA — mas ele foge da pergunta sobre déficit comercial
Kevin Hassett, diretor do Conselho Econômico Nacional dos Estados Unidos, falou em “frustração” de Trump em relação à situação do ex-presidente Jair Bolsonaro ante a Justiça brasileira, mas evitou responder sobre o fato de os EUA terem superávit comercial com o Brasil
Sem milionários, só Lotofácil fez ganhadores neste sábado (12); Mega-Sena acumula em R$ 46 milhões. Veja resultados das loterias
Lotofácil fez quatro ganhadores, que levaram R$ 475 mil cada um. Prêmio da +Milionária agora chega a R$ 128 milhões
Banco do Brasil (BBAS3), ataque hacker, FII do mês e tarifas de 50% de Trump: confira as notícias mais lidas da semana
Temas da semana anterior continuaram emplacando matérias entre as mais lidas da semana, ao lado do anúncio da tarifa de 50% dos EUA ao Brasil
Tarifas de Trump podem afastar investimentos estrangeiros em países emergentes, como o Brasil
Taxação pode ter impacto indireto na economia de emergentes ao afastar investidor gringo, mas esse risco também é limitado
Lula afirma que pode taxar EUA após tarifa de 50%; Trump diz que não falará com brasileiro ‘agora’
Presidente brasileiro disse novamente que pode acionar Lei de Reciprocidade Econômica para retaliar taxação norte-americana
Moody’s vê estatais como chave para impulsionar a economia com eleições no horizonte — e isso não será bom no longo prazo
A agência avalia que, no curto prazo, crédito das empresas continua sólida, embora a crescente intervenção política aumenta riscos de distorções
O UBS WM reforça que tarifas de Trump contra o Brasil terão impacto limitado — aqui estão os 4 motivos para o otimismo
Na última quarta-feira (9), o presidente dos EUA anunciou uma tarifa de 50% sobre os produtos brasileiros, que devem entrar em vigor em 1º de agosto
Governo vai abrir crédito de R$ 3 bilhões para ressarcir vítimas da fraude do INSS; confira como vai funcionar o reembolso
Entre os R$ 3 bilhões em crédito extraordinário, R$ 400 milhões vão servir para ressarcir as vítimas em situação de vulnerabilidade e que não tenham questionado os valores descontados
Trump é a maior fonte de imprevisibilidade geopolítica e econômica da atualidade — e quem diz isso pode surpreender
Gustavo Loyola, ex-presidente do BC, falou com exclusividade ao Seu Dinheiro sobre a imposição, por Donald Trump, da sobretaxa de 50% às exportações brasileiras para os EUA