O que Donald Trump e o tarifaço nos ensinam sobre negociação com pessoas difíceis?
Somos todos negociadores. Você negocia com seu filho, com seu chefe, com o vendedor ambulante. A diferença é que alguns negociam sem preparo, enquanto outros usam estratégias.
O tarifaço de Donald Trump e a reação dos líderes dos países afetados foi uma “aula prática de negociação” com transmissão multimídia. Que lições podemos tirar desse episódio para nossas vidas?
Somos todos negociadores. Você negocia com seu filho, com seu chefe, com o vendedor ambulante. Pode ser que já tenha comprado um carro, um apartamento ou até mesmo participado de negociações mais complexas, como a compra de uma empresa, um divórcio complicado ou uma dissolução societária. A diferença é que alguns negociam sem preparo, enquanto outros usam estratégias.
A primeira vez em que me lembro de negociar com estratégia foi na adolescência, quando eu e minha irmã precisávamos da autorização do nosso pai para ir a festas. Identificamos que, para conseguir o sim, precisávamos de algumas rodadas.
- VEJA MAIS: Onde investir em Agosto? O Seu Dinheiro conversou com analistas renomados para saber quais ações, FIIs e BDRs valem a pena agora
A estratégia começava na semana anterior. O primeiro passo era pedir autorização para ir a outra festa, só para que ele dissesse “não”. Fingíamos tristeza pela negativa. Na semana seguinte, pedíamos para ir à festa que queríamos de verdade. Percebemos também que, quando fazíamos pudim, sua sobremesa preferida, a chance de meu pai dar aval para a balada era maior. Então, adicionamos esse “item” à estratégia de negociação.
Antes de desenvolver essa tática, tivemos rodadas de negociação fracassadas e perdemos algumas festas. Cometemos o erro clássico, especialmente quando seu oponente é mais poderoso: encarar a negociação como uma “queda de braço”, na qual um ganha e outro perde.
Meu pai não é mais meu “oponente” e não creio que fazer pudim possa ajudar muita gente na mesa de negociação. Então, recorri ao livro “Supere o Não”, de William Ury, um dos fundadores do método de negociação de Harvard, para ajudar em negociações mais turbulentas.
Leia Também
A melhor estratégia para negociar com um oponente ‘difícil’
Ury discorre sobre como negociar com pessoas difíceis. A definição de quem é difícil é controversa, mas podemos fechar o conceito entre aqueles que usam algumas táticas de pressão para fazer valer sua posição.
A estratégia do ataque
- O que é: é uma forma de pressão, que geralmente envolve ameaças que se a outra parte não ceder haverá consequências terríveis.
- Como Trump usou: ameaçou tarifar ainda mais os países que reagissem com retaliação aos EUA.
A tática da muralha
- O que é: é uma estratégia de fingir que “o fato é consumado” e não é possível ser mudado.
- Como Trump usou: anunciou publicamente a imposição de tarifas contra seus parceiros comerciais, no chamado “Dia da Libertação”. Numa situação de negociação “normal”, o esperado é tentar, primeiro, negociar, antes de fazer qualquer anúncio.
O uso de truques:
- O que é: são táticas para induzir o outro a ceder, como promessas falsas, uso de dados forjados ou confusos para fazer valer uma posição ou outras pegadinhas.
- Como Trump usou: exibiu à imprensa uma “tabela” com as chamadas tarifas recíprocas dos EUA para seus parceiros no Dia da Libertação. O método para calcular as taxas de “reciprocidade” foi questionado.
Como virar o jogo em uma negociação
A primeira coisa a fazer é reconhecer essas táticas e buscar neutralizá-las. Muitas vezes, são apenas “jogo de cena” para assustar as outras partes. Trump recuou de suas ameaças muitas vezes, em uma atitude que ficou conhecida como “TACO” (“Trump Always Chickens Out").
Mas há casos em que as ameaças são reais. Mesmo assim, é possível, com habilidade, fazer o adversário recuar. No seu livro, Ury dá conselhos para virar o jogo em uma negociação:
1 - Não reaja: suba ao camarote
O conselho número 1 é não reagir de imediato, evitando ações como “revidar, ceder ou romper relacionamento”, que prejudicam o resultado da negociação. O que o autor chama de “suba ao camarote” é um convite para se distanciar do problema e observar a cena de cima, de um lugar mais estratégico, e ganhar tempo para pensar de cabeça fria.
- Exemplo prático: os países que não reagiram de imediato e não retaliaram os EUA, tiveram suspensão de tarifas e melhores condições para negociar acordos.
2 - Não discuta: passe para o lado do oponente
Em vez de focar nas diferenças, tente encontrar pontos de concordância. A estratégia é criar um bom relacionamento para conseguir concessões e explorar novas alternativas de acordo.
Exemplo prático: muitos países focaram em buscar acordos com tarifas menores para produtos que os EUA têm interesse em importar.
3 - Não force: construa uma ponte dourada
Depois de expor argumentos que mostram que seu oponente tem algo a ganhar com o acordo (ou a perder em não fechar o acordo), é mais positivo criar uma “saída honrosa” do que obrigá-lo a se humilhar e recuar. É o que o autor chama de “ponte dourada”.
Exemplo prático: É conhecido o desejo de Trump de se declarar vitorioso em qualquer situação. Em vez de tentar fazê-lo desistir das tarifas de 50% impostas às exportações do Brasil, a estratégia de Geraldo Alckmin foi engordar a lista exceções. Trump pode dizer que tarifou o Brasil. Mas a verdade é que 65% das exportações brasileiras escaparam das novas tarifas.
4 - Não intimide: use o poder para instruir
É uma estratégia quase instrutiva. O segredo é fazer o seu oponente entender as consequências negativas para ele de não fechar um acordo com você.
Exemplo prático: a China conseguiu neutralizar as ameaças de Trump e colocá-lo na mesa de negociação quando restringiu as exportações para os EUA de “terras raras”, tipos de metais usados para fabricação de componentes tecnológicos.
O mundo está cheio de exemplos para nos inspirar. Mas lembre-se: cada negociação é única. Então, antes de qualquer ação, faça uma boa leitura de cenário, pense seus objetivos, prepare-se… e boa sorte!
Aproveito também para desejar um Feliz Dia dos Pais a todos os leitores, especialmente para o meu pai, Cesar.
Um abraço!
Eleição no Chile confirma a guinada política da América do Sul para a direita; o Brasil será o próximo?
Após a vitória de Javier Milei na Argentina em 2023 e o avanço da direita na Bolívia em 2025, o Chile agora caminha para um segundo turno amplamente favorável ao campo conservador
Os CDBs que pagam acima da média, dados dos EUA e o que mais movimenta a bolsa hoje
Quando o retorno é maior que a média, é hora de desconfiar dos riscos; investidores aguardam dados dos EUA para tentar entender qual será o caminho dos juros norte-americanos
Direita ou esquerda? No mundo dos negócios, escolha quem faz ‘jogo duplo’
Apostar no negócio maduro ou investir em inovação? Entenda como resolver esse dilema dos negócios
Esse número pode indicar se é hora de investir na bolsa; Log corta dividendos e o que mais afeta seu bolso hoje
Relação entre preço das ações e lucro está longe do histórico e indica que ainda há espaço para subir mais; veja o que analistas dizem sobre o momento atual da bolsa de valores brasileira
Investir com emoção pode custar caro: o que os recordes do Ibovespa ensinam
Se você quer saber se o Ibovespa tem espaço para continuar subindo mesmo perto das máximas, eu não apenas acredito nisso como entendo que podemos estar diante de uma grande janela de valorização da bolsa brasileira — mas isso não livra o investidor de armadilhas
Seca dos IPOs ainda vai continuar, fim do shutdown e o que mais movimenta a bolsa hoje
Mesmo com Regime Fácil, empresas ainda podem demorar a listar ações na bolsa e devem optar por lançar dívidas corporativas; mercado deve reagir ao fim do maior shutdown da história dos EUA, à espera da divulgação de novos dados
Rodolfo Amstalden: Podemos resumir uma vida em uma imagem?
Poucos dias atrás me deparei com um gráfico absolutamente pavoroso, e quase imediatamente meu cérebro fez a estranha conexão: “ora, mas essa imagem que você julga horripilante à primeira vista nada mais é do que a história da vida da Empiricus”
Shutdown nos EUA e bolsa brasileira estão quebrando recordes diariamente, mas só um pode estar prestes a acabar; veja o que mais mexe com o seu bolso hoje
Temporada de balanços, movimentos internacionais e eleições do ano que vem podem impulsionar ainda mais a bolsa brasileira, que está em rali histórico de valorizações; Isa Energia (ISAE4) quer melhorar eficiência antes de aumentar dividendos
Ibovespa imparável: até onde vai o rali da bolsa brasileira?
No acumulado de 2025, o índice avança quase 30% em moeda local — e cerca de 50% em dólar. Esse desempenho é sustentado por três pilares centrais
Felipe Miranda: Como era verde meu vale do silício
Na semana passada, o mitológico investidor Howard Marks escreveu um de seus icônicos memorandos com o título “Baratas na mina de carvão” — uma referência ao alerta recente de Jamie Dimon, CEO do JP Morgan, sobre o mercado de crédito
Banco do Brasil (BBAS3) precisará provar que superou crise do agro, mercado está otimista com fim do shutdown nos EUA no horizonte, e o que mais você precisa saber sobre a bolsa hoje
Analistas acreditam que o BB não conseguirá retomar a rentabilidade do passado, e que ROE de 20% ficou para trás; ata do Copom e dados de inflação também mexem com os mercados
Promovido, e agora? Por que ser bom no que faz não te prepara para liderar pessoas
Por que seguimos promovendo técnicos brilhantes e esperando que, por mágica, eles virem líderes preparados? Liderar é um ofício — e como todo ofício, exige aprendizado, preparo e prática
Novo nome da Eletrobras em nada lembra mercado de energia; shutdown nos EUA e balanço da Petrobras também movem os mercados hoje
Depois de rebranding, Axia Energia anuncia R$ 4 bilhões em dividendos; veja o que mais mexe com a bolsa, que bate recorde depois de recorde
Eletrobras agora é Axia: nome questionável, dividendos indiscutíveis
Mesmo com os gastos de rebranding, a empresa entregou bons resultados no 3T25 — e há espaço tanto para valorização das ações como para mais uma bolada em proventos até o fim do ano
FII escondido no seu dia a dia é campeão entre os mais recomendados e pode pagar dividendos; mercado também reflete decisão do Copom e aprovação da isenção de IR
BTGLG11 é campeão no ranking de fundos imobiliários mais recomendados, Copom manteve Selic em 15% ao ano, e Senado aprovou isenção de Imposto de Renda para quem recebe até R$ 5 mil
É bicampeão! FII BTLG11 volta ao topo do ranking dos fundos mais recomendados em novembro — e tem dividendos extraordinários no radar
Pelo segundo mês consecutivo, o BTLG11 garantiu a vitória ao levar quatro recomendações das dez corretoras, casas de análise e bancos consultados pelo Seu Dinheiro
Economista revela o que espera para a Selic em 2025, e ações ligadas à inteligência artificial sofrem lá fora; veja o que mais mexe com o mercado hoje
Ibovespa renovou recorde antes de decisão do Copom, que deve manter a taxa básica de juros em 15% ao ano, e economista da Galapagos acredita que há espaço para cortes em dezembro; investidores acompanham ações de empresas de tecnologia e temporada de balanços
O segredo do Copom, o reinado do Itaú e o que mais movimenta o seu bolso hoje
O mercado acredita que o Banco Central irá manter a taxa Selic em 15% ao ano, mas estará atento à comunicação do banco sobre o início do ciclo de cortes; o Itaú irá divulgar seus resultados depois do fechamento e é uma das ações campeãs para o mês de novembro
Política monetária não cede, e fiscal não ajuda: o que resta ao Copom é a comunicação
Mesmo com a inflação em desaceleração, o mercado segue conservador em relação aos juros. Essa preferência traz um recado claro: o problema deriva da falta de credibilidade fiscal
Tony Volpon: Inteligência artificial — Party like it’s 1998
Estamos vivendo uma bolha tecnológica. Muitos investimentos serão mais direcionados, mas isso acontece em qualquer revolução tecnológica.
